Monday, April 12, 2010

“…O que é que impede os seres humanos de serem realmente bons? Qual é a barreira? Qual é o obstáculo? Por que é que nós, seres humanos, não somos verdadeiramente, lucidamente bons? Aquele que é capaz de observar compreende o que o mundo é, e que ele é o mundo, que o mundo não é diferente dele: é ele que (como ser humano) tem criado esta sociedade, que tem criado as religiões com os seus inumeráveis dogmas, crenças e rituais, com as suas separações, com as suas fações. Os seres humanos têm criado tudo isto.
Será tudo isto que nos impede de sermos verdadeiramente bons? Será porque temos crenças, ou porque somos tão egocêntricos, tão preocupados com os nossos problemas de sexo, medo, ansiedade, isolamento, sempre a querermos obter sucesso pessoal, a querermos identificar-nos com isto ou com aquilo? Se são estas coisas que de facto impedem um ser humano de ser realmente bom, então não as podemos deixar ter qualquer influência na nossa vida. Se percebemos que, para fazer nascer a bondade, todas as pressões, vindas de qualquer direção – incluindo as nossas próprias crenças, os nossos princípios, os nossos ideais – impedem totalmente que essa bondade exista em nós, então naturalmente pomos de lado todas essas pressões, sem qualquer hesitação ou conflito, porque não têm sentido.
O enorme caos e a grande desordem existentes em todo o mundo são um perigo para a vida. Estão a espalhar-se por todo o lado. Assim, todo o sério observador de si mesmo e do mundo precisa de pôr estas questões.
Os políticos, os cientistas, os filósofos, os psicanalistas, os gurus (quer venham da Índia, do Tibete ou de outro país qualquer) não têm resolvido os nossos problemas humanos; têm oferecido todas as espécies de teorias, mas não têm realmente resolvido os problemas que temos. E ninguém a não sermos nós os resolverá. Temos de ser nós mesmos a resolvê-los, porque quem tem criado esses problemas somos nós. Infelizmente, porém, não nos dispomos a olhar para os nossos próprios problemas e a examina-los profundamente, para investigarmos por que é que vivemos as nossas vidas egoisticamente, totalmente centrados em nós próprios.
Perguntamos então se cada um de nós será capaz de viver uma vida de bondade, com a sua beleza e o seu carácter sagrado. Se não formos capazes, então aceitaremos o crescente perigo de caos nas nossas próprias vidas, nas vidas dos nossos filhos, e tudo o mais de degradará.
Estaremos dispostos a investigar a questão do autoconhecimento? Porque cada um de nós é o mundo. Os seres humanos por todo o lado – qualquer que seja a sua cor, a sua religião, as suas crenças, a sua nacionalidade – sofrem psicologicamente, interiormente. Passam por grandes ansiedades e grande isolamento, têm um desespero e uma depressão intensos e um sentimento da ausência de sentido da vida, tal como a vivemos.
Em todo o mundo as pessoas são psicologicamente semelhantes. É uma realidade, é um fato. Assim, psicologicamente somos o mundo e o mundo é nós. E quando nos compreendemos a nós mesmos, estamos a compreender toda a estrutura e toda a natureza humanas. Não se trata de uma mera investigação egoísta, porque quando nos compreendemos a nós mesmos passamos para além de nós, e surge uma dimensão diferente.
O que é que nos fará mudar? Mais choques? Mais catástrofes? Outras formas de governo? Ideias diferentes? Temos tido uma grande variedade de tudo isso e no entanto não temos mudado. Quanto mais sofisticada é a nossa civilização, quanto mais civilizados nos tornamos – civilizados no sentido de mais afastados da natureza – mais desumanizados vamos ficando.

Meditação, da Dinalivro - K.

1 comment:

Geek Anônima said...

Amo seu blog!
Conheci onteeem!
Liindo e legaal!
Olha os meeeeus!
Bjos