MESTRES?
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“… A verdade que é comunicada por outro, que é descrita ou ensinada por outro (daí a importância de todos participarmos, mui seriamente…) – por muito sábio ou inteligente que seja – não é a Verdade. Somos NÓS que temos de ir descobri-la, de compreendê-la. Retiro a expressão «ir descobri-la»… não podemos pôr-nos à procura consciente e deliberadamente para a encontrar… Temos de a encontrar inesperadamente… Mas não podemos encontrá-la… se a nossa psique (alma, espírito ou seja o que for…) não estiver completa e totalmente livre…
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… temos não apenas de ouvir a palavra… mas também de escutar, sem concordar ou discordar, sem comparar, sem interpretar (sem traduzir), temos realmente de dar toda a atenção. Então, veremos, por nós mesmos , imediatamente (vividamente) o significado de tudo o que a palavra LIBERDADE implica… A COMPREENSÃO, o acto de compreender é imediato, quer aconteça amanhã ou hoje. O estado de compreensão é, portanto, INTEMPORAL (pelo menos psicologicamente, mas neste MOMENTO também fisiológica e cronologicamente, ou não?); não é um processo gradual, … acumulativo.
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… Tendes assim uma dupla tarefa – ouvir as palavras e escutar. Naturalmente a palavra que ouvis tem um significado e esse significado evoca certas respostas, certas lembranças, certas reações. Mas, ao mesmo tempo, tendes de escutar (ler com atenção) sem (ou com, mas geralmente sem, depende, digo ), opinião, sem julgamento, sem comparação…
… Quando uma pessoa é verdadeiramente séria… exige-se uma ATENÇÃO completa, aprofundada, que vai até ao fim… Essa pessoa sabe certamente a ARTE DE ESCUTAR (todos os factos, toda a Vida, O que é, não as opiniões/ideias/projectos seja de quem for). E se sabeis esta arte, não é preciso dizer mais nada…
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… e precisamos mesmo de escutar assim…em absoluta liberdade…sem as quais é impossível a COMPREENSÃO da Verdade (e da Realidade). E, sem esta compreensão, a vida é muito superficial e vazia e não passamos de meros autómatos (cuidado que isto também acontece na natureza, ainda hoje vi um melro a cantar mecanicamente e no entanto outro (eu?) que chegou a mim…). E, no de compreender o (toda a vida) que é verdadeiro – ou seja, no ato de escutar – A VIDA COMEÇA (e recomeça) de MANEIRA NOVA. (pode ser mesmo de maneira incrivelmente nova!).
de: “O Despertar da Sensibilidade”, de Krishnamurti, da Editorial Estampa, Lisboa, 1992
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