Uma boa parte da vida consiste em resolvermos problemas. No mínimo um pouco estranho, não é? Algures, uma , duas vezes no passado nos deixamos enganar, deixando nascer problemas que não cessamos/cessaram de se reproduzir. Havendo hoje até quem pense que se não existissem problemas, dores não poderíamos apreciar as coisas boas.
Sobre a não necessidade em absoluto do sofrimento para valorizarmos o gozo, o bem estar recordamos que um bem menor, que não pode ser considerado dor, isso seria cinismo, é mais do que suficiente para a dita valorização.
Por outro lado, boa parte do ensino de Krishnamurti foi no sentido de que, em boa e verdadeira relação, podemos não só resolver os problemas como eventualmente partirmos para uma vida sem problemas. E note-se bem, as propostas de K são novas. Podem muito bem ser a solução definitiva para o “problema” dos problemas. De modo que, e sem excluirmos alguma inovadora/velha discordância com K, mas atendendo até a que, comparativamente com outros, se foi ainda há muito pouco tempo, a urgência, parece-me, continua a ser divulgar as suas descobertas extraordinárias.
Quantos, por exemplo, é que ainda não compreenderam que os símbolos, as letras\palavras, por exemplo, sendo embora uma grande invenção, não podem sobrepor-se à realidade, que a coisa descrita é sempre muito mais do que a descrição, que pode nem haver palavras para descrever a “coisa”, que pode ser melhor não a descrever? Neste sentido louvo os inventores de novas palavras. Neste sentido, não é incompreensível que, p.e., “no contexto da religião e da política, as palavras não são olhadas como algo que se aplica, um pouco inadequadamente, a coisas e a acontecimentos; pelo contrário, as coisas e os acontecimentos são vistos como ilustrações particulares das palavras.”: in prefácio de Aldous Huxley ao livro de Krishnamurti “O Sentido da Liberdade”.
Depois temos o fato da observação/audição muito atenta, sem grandes análises, resolver os problemas: a solução está no problema. Conjuntamente com o de que, vista a solução pela percepção imediata, total, profunda, instantânea… a ação imediata, nada de adiamentos.
Depois ainda o apelo à vivência e à observação do agora, sem condenações nem escolhas: só o todo faz sentido, Deus é o todo. O que não quer dizer conformismo com a dor, com o que está mal. Mas, só assim as coisas melhoram (Krish. Não gostava muito de usar esta palavra). E, realmente, o que é que se tem melhorado com a continuada atitude da crítica, em particular dos outros, e, de que da outra maneira, no outro lado é que seria melhor?
Depois ainda a indicação de que a Causa de todos os males é o “egoísmo” – se realmente fosse só um(a) no universo podia ser egoísta, mas assim, como é que podemos? Não podemos ser egoístas, não é, pois só nos estaremos a fazer mal?
E por fim, por agora, o Amor. Krishnamurti é claro: só o amor incondicinal acaba com todos os problemas: não devemos ferir nem sentirmos ofensa, e, temos de fazer ativamente o bem.
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