Friday, April 23, 2010

“Compreendendo este complexo problema de viver, e dando-nos conta do processo do nosso próprio pensamento e percebendo que ele realmente não leva a lado algum – quando percebmos isso, profundamente, então sem dúvida acontece um eatdo de INTELIGÊNCIA, que não é individual nem coletivo. Então o problema do indivíduo com a sociedade, do indivíduo com a comunidade, do indivíduo com a Realidade deixa de existir; porque então existe apenas Inteligência, que não é pessoal nem impessoal. Só esta inteligência, sinto eu, pode resolver os nossos imensos problemas. A inteligência não pode ser um resultado. Ela surge apenas quando compreendemos como um todo este processo de pensar, não só no nível consciente mas também nos níveis mais profundos e escondidos da consciência.
Para compreendermos qualquer destes problemas precisamos de ter uma mente muito silenciosa, muito tranquila, para que possa olhar o problema sem interpor ideias ou teorias, sem qualquer distração. É essa uma das nossa dificuldades – porque o pensamento se tornou uma distração. Quando quero compreender, olhar alguma coisa, não tenho de pensar nela – OLHO-A (cheiro-a, toco-a, saboreio-a, ouço-a) apenas. No momento em que começo a pensar, a ter ideias, opiniões sobre ela, já estou num estado de distração, afastando-me da coisa que quero compreender. Assim, o pensamento, quando temos um problema, é uma distração – sendo o pensamento uma ideia, uma opinião, um juízo, uma comparação – que nos impede de observar e portanto de compreender e de resolver o problema.
Infelizmente, para quase todos nós, o pensamento tornou-se demasiado importante. Diz-se: «como posso eu existir, ser, sem pensar (ou esquecendo o passado!? Como posso ter a mente vazia?» Ter uma mente vazia é o mesmo que dizer, estado de idiotia, ou uma coisa parecida, e a nossa reação instintiva é a de rejeitar isso. Mas, sem dúvida a mente que está muito serena, a mente que não está distraída pelo seu próprio pensamento, que está aberta, pode olhar o problema muito diretamente e de modo muito simples. E é esta capacidade para olharmos os nossos problemas (TODOS OS NOSSOS PROBLEMAS, individuais ou de grupo, muito complexos ou simples) sem distração alguma que é a única solução possível. Para isso é preciso que a mente esteja muitos serena, muito tanquila.
Uma mente assim não é um resultado, não é um produto final de um treino, da «meditação», do controlo. Ela não nasce de qualquer «disciplina», nem de constrangimento ou de sublimação; nasce sem qualquer esforço do eu, do pensamento; nasce quando COMPREENDEMOS TODO O PROCESSO de PENSAR – quando somos capazes de ver um fato sem qualquer distração.
Nesse estado de tranquilidade da mente que está realmente silenciosa, há AMOR. E só este vero Amor pode resolver todos os nossos problemas humanos.

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