Thursday, May 20, 2010

“Mas uma vez lá – dependendo da qualidade da vossa mente – ela (a beatitude, alegria serena) permanece sem tempo nem causa, como algo que não é mensurável pelo tempo.
A meditação não é a perseguição do prazer nem a busca da felicidade. Pelo contrário, a meditação é um estado da mente em que não existe conceito nem fórmula, e, é, portanto, total liberdade. Somente a uma mente assim pode sobrevir a beatitude – de modo imprevisto e sem ser convidada. Uma vez em existência, conquanto possamos viver neste mundo com todo o seu ruído, prazer e brutalidade, essas coisas não tocam a mente. E uma vez existente, o conflito cessa. Mas o fim do conflito não representa necessariamente a liberdade total. A meditação é um movimento da mente nesta liberdade. Nesta explosão de bênção os olhos são tornados inocentes, e então o amor torna-se bênção.
A meditação não é um mero controle do corpo e do pensamento nem um sistema de respiração. O corpo deve achar-se calmo, saudável e sem tensão; a sensibilidade do sentir deve ser aguçada, e a mente deve pôr um término a toda a sua tagarelice, perturbação e tactear. Não é pelo organismo que devemos começar mas antes tendo consideração pela mente, com suas opiniões, preconceitos e auto-interesse.
Quando a mente se acha saudável e cheia de vitalidade e vigor, então a sensibilidade é elevada e torna-se extremamente apurada. Então o corpo, com toda a sua inteligência natural, não é deteriorado nem pelo hábito nem pelo gosto e funciona como deve ser.
Assim, devemos começar pela mente e não pelo corpo, sendo que a mente é o pensamento estreito, limitado e frágil, quebradiço, mas a concentração acontece como uma coisa natural, quando temos consciência dos processos do pensar. Essa consciência não procede do pensador que escolhe e descarta, que mantém e rejeita. Essa consciência sem escolha é tanto o externo como o interno; trata-se de uma mistura de ambos de tal modo que a divisão entre externo e interno desaparece.
O pensamento destrói a sensibilidade do amor. O pensamento pode oferecer prazer, mas, na busca do prazer o amor é empurrado para fora. O prazer de comer, de beber… tem a sua continuidade no pensamento; controlar ou suprimir meramente esse prazer que o pensamento produziu não faz sentido, só cria variadas formas de conflito e compulsão. O pensamento, como matéria (energia?) que é não pode buscar aquilo que está além do tempo, porque o pensamento é lembrança e a experiência associada a essa lembrança é tão morta quanto a folha do Outono que passou. Da consciência de tudo isso vem a atenção, que não pode vir da desatenção. Não podemos mudar a desatenção para atenção; mas a consciência da desatenção transforma-se em atenção. Perceber todo este processo complexo é meditação, o único meio pelo qual vem ordem a esta confusão. Uma ordem tão exata e absoluta como a ordem da matemática; a partir disto há ação – atitude imediata. Ordem não é arranjo, nem planificação, nem proporção; essas vêm muito mais tarde. A ordem vem de uma mente que não se acha abarrotada com as coisas do pensar. Quando o pensamento está silencioso existe um vazio (um princípio), que é ordem.” – K e j

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