Wednesday, May 05, 2010

“Deste modo a mente aprende coisas incríveis. Mas para isso não pode haver fragmentação mas imensa estabilidade, ligeireza, mobilidade. Para uma mente assim não existe espaço e desse modo o viver possui um sentido completamente diferente.
Uma vez tenhais lançado o fundamento da virtude – o qual representa ordem no relacionamento – pode chegar a ocorrer essa qualidade de amor e morte, que perfaz toda a vida. Então a mente torna-se extraordinariamente silenciosa – naturalmente e não forçada ao silêncio pela supressão, disciplina ou controlo, e esse silêncio é imenso rico. Para lá disso nenhuma descrição ou palavra é importante. Então a mente deixa de inquirir sobre o absoluto por não necessitar de o fazer, porque nesse silêncio existe aquilo que é. E tudo isso constitui a bênção da meditação.
Aquela varanda perfumada, com a madrugada ainda longínqua e as árvores silenciosas, era a essência da beleza. Porém, essa essência não é passível de ser de ser experimentada; todo o experimentar deve cessar porque a experiência só fortalece o conhecido. O conhecido nunca é essa essência.
A meditação não representa um acréscimo de experiência; não só constitui o término da experiência – que é a resposta ao desafio – grande ou pequeno - como é também a abertura da porta a essa essência, como que expondo um forno que destrói completamente sem deixar cinzas nem nada. Nós somos os resíduos, a afirmação de um milhar de ontens passados, uma contínua série de memórias sem fim, feita de escolhas e desespero. O “eu”, grande ou pequeno, é o padrão da nossa existência, com a sua infinita dor. O pensamento consome-se na chama da meditação, e com ele o sentimento pois que, de ambos, nenhum é amor. Sem amor não existe essência; sem isso só existem cinzas – no que se baseia nossa existência. O amor está fora desse vazio.” – K.

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