Monday, May 10, 2010

“As palavras “vós” e “eu” distinguem as coisas. Essa divisão não existe nesta quietude e neste estranho silêncio. À medida que olhávamos pela janela parecia que o tempo e o espaço tinham chegado ao fim, e o espaço que divide não tinha qualquer realidade. Aquela folha, o eucalipto, a água resplandecente não eram diferentes de vós.
A meditação é realmente muito simples. Nós complicámo-la movendo uma teia de ideias em torno disso – em termos do seja ou deixe de ser – porém não se trata de nenhuma dessas coisas. Mas porque é bastante simples escapa-nos, devido às nossas mentes se terem tornado demasiado complicadas e de se encontrarem gastas, fundadas como estão no tempo. Essa mente define a atividade do coração, o que faz com que o problema surja. Contudo a meditação sobrevém naturalmente e com extraordinária facilidade quando caminhamos pela areia (almoçamos à beira mar, lemos estas coisas…), ou olhamos por uma janela ou percebemos as colinas maravilhosas queimadas pelo sol do verão passado.
Porque somos seres humanos torturados de lágrimas nos olhos e riso constrangido nos lábios? (Talvez pelo estúpido egoísmo de tantos ainda; pelo amor incondicional de outros…) Se pudésseis percorrer a sós aquelas colinas ou os bosques, as extensas areias brancas, nessa solidão saberíeis o que é a meditação. O êxtase da solidão sobrevém quando deixamos de estar assustados por nos sentirmos sós – não mais percebendo o mundo ou o que quer que seja, por causa do apego. Então, à semelhança do despontar do dia que sucedeu hoje, ele sobrevém silenciosamente traça um trilho dourado no próprio silêncio, silêncio que existia no princípio (se é que houve princípio), que ocorre agora e que sempre existirá” K e J

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