“A ambição e o amor não podem coexistir. Como pode a beleza estar relacionada com o homem ambicioso? Só há beleza quando a vista não é contaminada pelo pensamento, pois a beleza é a própria essência do vazio do pensamento. A beleza não é uma experiência nem uma sensação de prazer. A beleza, do mesmo modo que o amor, é um abandono total do centro. A beleza, o amor e a morte (e a vida?) são inseparáveis; num estão os outros.
A austeridade não é cruel, agressiva ou brutal; a sua expressão exterior não é discernível; se for, pode fazer parte integrante desse circo que o homem cultiva com tanta diligência. A austeridade é um movimento interior e não uma condição. Uma coisa viva é difícil de estudar, mas uma morta não; uma coisa morta pode ser copiada. Necessitamos de austeridade interior se quisermos abandonar completamente toda a maquinaria do conflito – o eu. Sem total liberdade não pode haver amor; e sem amor não pode existir beleza.
Exclusão não é privacidade; onde existe privacidade não há exclusão. Construirmos um muro de resistência em torno de nós é isolarmo-nos, porém isso não confere a privacidade que se necessita. Porque, com a privacidade começamos a descobrir os movimentos dos nossos próprios pensamentos e sensações. Nessa privacidade as portas da percepção abrem-se completamente.
Existe uma beleza além daquela que os olhos percebem. A beleza que o olho percebe é bastante pobre e superficial; os seus juízos são estreitos e limitados. Aquilo que ele vê é condicionado por memórias (e esperanças), e é comparativo. A beleza que não é mera beleza da vista não se encontra na natureza nem nos livros, nos retratos, no templo, nem na Igreja, mas está fora, além disso tudo. Para a poderdes alcançar tendes de avançar para onde nem o pensamento nem o prazer podem chegar.
O amor jamais equivale ao prazer; no prazer subsistem a dor e o medo, porém, o prazer jamais é beleza. A mente que procura divertimento no amor encontra a excitação do pensamento e as imagens que ele construiu. O amor não pode ser induzido pelo pensamento, mas quando o é, é sensação e desejo. Mas o desejo não é amor. O desejo procura a sensação sensorial ou intelectual, porém não é amor. O pensamento e o amor jamais se podem encontrar; são movimentos diferentes e um destrói o outro.
A crença (toda a crença) é superstição. Aquilo que é, o facto, não necessita de crença nem de conclusão alguma. Contudo isso impede a percepção do que é. O facto importa infinitamente, e não a conclusão daí tirada. As atividades da conclusão são totalmente diferentes da ação do que é. Esta ação traz liberdade; a outra é sujeição ao tempo.
A meditação não é a acção da experiência. Se procurais experiências mais amplas e intensas, segui e obedecei. Toda a experiência chega ao fim, porém a ânsia e a dor permanecem. O fim do sofrimento é o começo da sabedoria.
No nosso próprio conhecimento – das nossas vidas, dos diálogos sem fim das nossas imaginações e caprichos, toda a rede da sua ação – está o fim do sofrimento. O sofrimento impede a clareza. A meditação é essa clareza em que não existe divisão. O oposto é produto da confusão.
O sentimento é coisa do pensamento; não pode existir separado do pensamento. Mas existe mesmo sentimento? O amor não tem sentimento pois este é emotividade, sentimentalismo, devoção, apego, fúria, etc.. O amor não possui qualidade nem atributos. O amor não é sensação nem prazer; nele não existe a labuta do tempo. O amor constitui a sua própria ação e a sua própria eternidade.
Eu poso continuar a descrever a meditação, porém a meditação não é a coisa descrita. Se vos chegardes a ela, pode ser a coisa mais maravilhosa. Cabe a vós aprender ou não sobre ela, olhando para vós, mas nenhum livro nem professor pode ensinar-vos acerca disso. Não dependais de ninguém nem vos associeis a organizações espirituais, pois temos de aprender tudo isso por nós mesmos.” – K e j
jhttp://www.esnips.com/doc/1088413e-9239-4fe1-973d-0d00b4047884/Krishnamurti---A-Arte-da-Medita%C3%A7%C3%A3o
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