Monday, December 01, 2008

Somente alguém que sente o Criador pode adquirir essa propriedade. Usando a linguagem da Kabbalah, quando a luz entrar no Kli, ela passará suas propriedades altruístas para ele. O homem não pode se corrigir por si mesmo, e não se exige isso dele. Sob a direção do seu Professor, durante as lições do grupo, ele precisa despertar desejos espirituais tais, que farão com que a luz entre nele.
Para conseguir isto, a pessoa deve trabalhar duro sobre seus pensamentos e desejos, para saber exatamente o que é necessário, embora ela ainda não possa desejá-lo. Se o homem pratica uma ação em nosso mundo que parece exteriormente altruísta, isso de fato significa que ele calculou previamente sua futura recompensa.
Qualquer movimento, mesmo o menor, é feito com base em um cálculo. Como resultado, parece ao homem que ele poderia estar melhor do que está agora. Se o homem não fizesse esses cálculos, ele não seria capaz de se mover, pois é necessária uma certa porção de energia para o movimento, mesmo no nível molecular da natureza, e essa energia é o nosso egoísmo, isto é, o desejo de receber prazer. Essa lei então se ‘reveste’ nas leis gerais físicas e químicas. Em nosso mundo, o homem somente pode receber ou doar em prol de receber.
Vale anotar aqui que os desejos de fazer a humanidade inteira feliz também são egoístas, pois o homem, vendo a si mesmo como uma parte da humanidade, deseja dar prazer a essa mesma parte dele...
A Kabbalah permite a descrição tanto das ações praticadas interiormente pelo homem, quanto daquelas que o Criador pratica sobre ele, isto é, suas interações. A Kabbalah é uma descrição físico-matemática dos objetos espirituais e suas ações, expressas em fórmulas, gráficos e tabelas.
Tudo isso descreve as ações espirituais interiores do Kabbalista, e somente aquele que pode reproduzir essas ações em si mesmo, e assim entende o que essas fórmulas significam, pode entender o que está por trás delas.
Um Kabbalista pode passar essa informação para seu discípulo somente quando este alcança no mínimo o primeiro nível espiritual. Tal informação é passada ‘boca a boca’ (mi Peh le Peh), porque a tela está no nível de ‘Peh’ no Partzuf espiritual. Se o estudante ainda não adquiriu a tela, ele realmente não pode entender nada; ele não pode ainda receber nada de seu professor.
Quando um Kabbalista lê um livro de Kabbalah, ele deve sentir cada palavra, cada letra internamente, assim como pessoas cegas sentem cada letra do alfabeto usando o sistema Braile.
Nós estudamos quatro fases da formação do Kli (0 – Shoresh ou Keter; 1 – Chochmah; 2 – Binah e 3 – Tifferet). Por que são quatro, e não cinco? Porque a quinta é o próprio Kli, e não uma fase da sua formação. Começando por Malchut, não há mais fases; o Kli está completamente criado, nascido, formado em seu desejo egoísta de receber prazer da luz do Chochmah. O Kli é independente não só em seu desejo, mas na implementação desse desejo em ação.
Porém, se a luz, o prazer, preenche o Kli, ela dita ao Kli o modo como ele deve agir, porque ela o suprime, preenchendo-o com prazer. É por isso que o Kli é realmente livre em sua intenção, somente quando ele não está preenchido com a luz. E nem isso, ainda não é suficiente; a luz precisa não ser sentida nem mesmo de longe, isto é, o Criador precisa ocultar-se completamente do Kli. Somente então Malchut pode ser independente, livre em suas decisões e ações.
Quando o Kli pode compreender seus desejos independentemente, quando ele está completamente livre da influência da luz e do prazer, e a luz não pode ditar suas condições ao Kli, tal estado é chamado ‘nosso mundo’, ou ‘este mundo’. Esse estado pode ser atingido se a luz é removida não somente da parte interior do Kli, mas gradualmente se distancia do exterior do Kli, Em nosso mundo, o homem não sente o Criador, nem no interior, nem no exterior, isto é, ele não acredita na Sua existência.
A expulsão da luz do Kli é chamada a restrição do desejo de receber prazer, ou simplesmente a restrição, Tzimtzum Alef. Distanciar a luz para longe do exterior do Kli é algo que se obtém com a ajuda de um sistema de telas obscurecedoras que são chamadas mundos. Há somente cinco dessas telas, isto é, há cinco mundos. Cada um desses mundos consiste de cinco partes chamadas ‘Partzufim’ (plural de Partzuf). Cada Partzuf inclui cinco partes chamadas Sefirot (plural de Sefirah). Como resultado, Malchut está tão distanciada da luz que não a sente de modo algum. Isto é o homem em nosso mundo.
Na Kabbalah, nós estudamos as propriedades dos mundos, Partzufim e Sefirot, isto é, as propriedades das telas que ocultam o mundo espiritual, o Criador, de nós. O propósito desse estudo é conhecer quais propriedades o homem deve adquirir para neutralizar as ações ocultadoras de todos esses mundos, Partzufim e Sefirot, e ascender ao nível desse ou daquele nível espiritual de Sefirah, partzuf ou mundo.
Adquirindo as propriedades de um certo Partzuf em um certo mundo, o homem imediatamente neutraliza a ação ocultadora desse nível, e o atinge.
Agora, somente os níveis mais altos ocultam do homem o Criador, a luz. Gradualmente ele deve atingir todas as propriedades de todos os níveis, começando pelo mais baixo imediatamente acima de nosso mundo, e acima até o nível mais alto, sua correção final.
Vamos retornar para Malchut, a 5ª fase do desenvolvimento do Kli. Quando Malchut sente que recebe, enquanto o Criador doa, ela percebe esse contraste entre seu estado e o estado do Criador como algo tão revoltante que ela decide parar de receber prazer. Como não há compulsão no mundo espiritual, e o prazer não pode ser sentido se não houver um desejo por ele, a luz desaparece, e pára de ser sentida no Kli.
Malchut faz o Tzimtzum Alef (TA). Nas fases anteriores, o Kli não se sentia, a si mesmo, como receptor; somente na 5ª fase, quando ele decide independentemente receber, o Kli sente sua oposição ao Criador. Somente Malchut pode fazer TA, pois para fazer o Tzimtzum, é preciso primeiro sentir sua oposição ao Criador.
Outro nome para Malchut é alma, mas o nome ‘alma’ pode se referir tanto ao Kli, quanto à luz dentro dele. Enquanto se lê um texto, é preciso sempre lembrar se ele fala da criação ou sobre o aquilo que a preenche. No primeiro caso, trata-se de uma parte da própria criação, um desejo. No segundo caso, é uma parte do Criador, a luz.
Quando uma alma desce para o mundo de Atzilut, vindo do mundo da Infinidade, ela se torna a alma da fase Alef, mas não a alma real. A distinção entre ela e o Criador ainda não é sentida. É um bebê no útero da sua mãe; ela ainda não pode ser chamada independente, embora já exista. Ela ainda está numa fase intermediária.
O mundo de Atzilut é absolutamente espiritual, porque o Kli não é sentido nele; ele é completamente suprimido pela luz e é um único total com a luz. As almas do resto das criaturas, por exemplo, animais, descendo do alto através do mundo de Atzilut, também são consideradas um com o Criador. Porém, em nosso mundo, as criaturas são completamente esvaziadas da luz, e infinitamente distantes do Criador.
Os mundos são níveis de proximidade com o Criador na ascensão do homem e as medidas de sua distância dEle na descida das almas. Não importa de que espécie de alma nós falamos. Embora toda a natureza represente um único total, algumas espécies de criaturas, que diferem no grau de sua liberdade de escolha, podem ser individualizadas como mais ou menos livres na escolha do Objetivo.
De todas as criaturas, somente o homem tem uma verdadeira liberdade de escolha; o resto da natureza ascende ou desce com ele, porque tudo em nosso Universo é relacionado com o homem. É impossível falar sobre um certo número de almas que passam por esse modo, pois é difícil estimar quantitativamente.
Partículas de outras almas mais fortes e mais altas podem aparecer em cada um de nós. Elas começam a falar dentro de nós, e a nos impulsionar adiante. De fato, a alma não é algo predeterminado, permanente, algo que acompanha nosso corpo fisiológico durante toda a sua vida corporal. Por exemplo, o Ari, em seu livro ‘Shaar haGilgulim’ (Portais das Reencarnações) descreve a espécie de almas e em que sucessão elas se enraizavam nele.
A alma não é algo indivisível. Ela se funde e se separa constantemente, cria novas partes de acordo com as exigências da correção da alma comum. Mesmo durante a vida do homem, algumas das partes da alma se enraízam nele ou o deixam; as almas ‘fluem’ constantemente umas nas outras.
O mundo de Beriah corresponde à fase Bet-Binah, o ‘desejo de doar’, de dar prazer. O Kli no mundo de Beriah é chamado ‘Neshamah’; pela primeira vez ele tem seu próprio desejo, embora seja um ‘desejo de doar’; por isso, ele é muito ‘claro’, não-egoísta em seus desejos, e é considerado absolutamente espiritual.
O mundo de Yetzirah corresponde à fase Guimel-Tifferet, ou ZA, na qual emergem tanto o ‘desejo de doar’ (aproximadamente 90%) quanto o ‘desejo de receber’ (aproximadamente 10%). Há uma pequena parte da luz de Chochmah no brilhante cenário da Or Chassadim. O Kli nessa fase passa pelo estado de Neshamah, para Ruach. Embora os desejos do Kli já sejam egoístas num certo grau, ainda assim o ‘desejo de doar’ prevalece; assim, o Kli no mundo de Yetzirah é ainda quase completamente espiritual.
A quarta fase, completamente egoísta, Malchut, governa no mundo de Assiyah. Aqui o ‘desejo de receber’ é o próprio Guf (corpo), que é absolutamente distante do Criador. A luz que preenche o Kli no mundo de Assiyah é chamada ‘Nefesh’; esse nome sugere que o Kli e a luz são espiritualmente sem movimento, de modo semelhante à natureza inanimada de nosso mundo.
O Kli torna-se cada vez mais bruto, na medida em que desce gradualmente através dos níveis dos mundos, e distancia-se da luz até que esteja completamente vazio, isto é, ele não sente a luz de modo algum. Assim, ele se torna completamente livre da luz e do Criador em seus pensamentos e ações.
Agora, se o Kli preferir o caminho do desenvolvimento espiritual, em vez dos mesquinhos prazeres egoístas, ele gradualmente se tornará capaz de ascender através dos níveis dos mundos de Assiyah, Yetzirah, Beriah, Atzilut, Adam Kadmon, e alcançar o mundo da Infinidade, isto é, fundir-se infinitamente com o Criador, tornando-se igual a Ele.
Cada homem tem um assim chamado ponto preto em seu coração, um embrião do futuro estado espiritual, Em pessoas diferentes, esse ponto está em estágios diferentes de prontidão para a percepção espiritual. Há pessoas que não podem captar noções espirituais de modo algum; elas não têm interesse nelas. Porém, há pessoas que acordam de repente, e ficam perplexas pelo fato de se terem interessado de repente por assuntos tão ‘abstratos’.
Assim como com outros animais, o homem vive sob a influência de seus pais, do ambiente, dos traços de caráter. Sem ter liberdade de escolha, ele somente processa a informação disponível de acordo com fatores externos e internos. Então ele pratica as ações que lhe parecem melhores.
No entanto, tudo muda quando o Criador começa a despertar o homem. No início, a pessoa caminha sob a influência de uma pequena porção da luz que o Criador lhe envia. Depois de receber essa porção, esse ponto interno começa a exigir mais preenchimento, forçando o homem a procurar por luz. Assim, ele começa a procurar em diferentes ocupações, idéias, filosofias, doutrinas, estudos de grupo, até que ele venha à Kabbalah. Cada alma na terra precisa percorrer o mesmo caminho!
Até que, com a ajuda da tela, esse ponto preto alcance o tamanho de um pequeno Partzuf, o homem é considerado como sem alma, sem Kli, e naturalmente, sem luz. A presença do menor Partzuf, tendo as luzes de Nefesh, Ruach, Neshamah, Chayah e Yechidah (NaRaNHay) indica o nascimento do homem e sua partida do estado animal (que, a propósito, nós nos acostumamos a considerar humano).
‘Humano’ significa esse estado espiritual em que a pessoa já passou a barreira espiritual (Machsom) que separa este mundo do mundo espiritual, o mundo de Assiyah; isto é, aquele que adquiriu o Kli espiritual chamado alma.
A experiência acumulada pela alma em cada uma de suas encarnações neste mundo permanece com ela, e passa de geração a geração, somente mudando seus corpos fisiológicos, assim como se troca uma camisa. Todos os sofrimentos físicos, corporais, são registrados na alma, e em um certo momento, levam o homem a desejar atingir a espiritualidade.
O revestimento de uma alma em um corpo de mulher significa que ela não tem que passar por nenhuma correção espiritual nesta encarnação. A mulher não avança espiritualmente por si mesma, a não ser ajudando a circular a sabedoria da Kabbalah e recebendo elevação espiritual através de seu marido.
A Torah diz que os corações daqueles que governam o mundo estão nas mãos do Criador. Isso se refere a todos os políticos, chefes de estado, ditadores – todos de quem a humanidade depende. Todos não são mais que marionetes nas mãos do Criador, que através deles, controla tudo.
Há somente uma lei no domínio espiritual – a lei da equivalência de propriedades espirituais. Se as propriedades de duas pessoas são iguais, similares, elas estão espiritualmente próximas. Se as pessoas diferem em seus pensamentos, pontos de vista, elas se sentem separadas, distantes uma da outra, mesmo que estejam fisicamente próximas.
Proximidade ou distância espiritual depende da similaridade das propriedades dos objetos. Se os objetos coincidem completamente em suas propriedades, desejos, eles se fundem. Se dois desejos são contrários um ao outro, diz-se que eles estão distantes um do outro. Quando mais similares sejam dois desejos, mais próximos eles estarão no mundo espiritual.
Se somente um, entre numerosos desejos dos objetos, coincide, esses dois objetos têm contato em apenas um ponto. Se não há nem mesmo um desejo em nós que seja similar ao do Criador, isso significa que nós estamos absolutamente distantes dEle, e não temos nada que possamos usar para senti-Lo. Se aparecer apenas um desejo em mim, que seja similar ao Criador, então ele será capaz de sentir o Criador.
A tarefa do homem é gradualmente fazer todos os seus desejos similares àqueles do Criador. Então o homem se fundirá completamente com Ele, em um único objeto espiritual/material, e não haverá distinção entre eles. O homem alcançará tudo o que o Criador tem: eternidade,gozo total, absoluto conhecimento, e perfeição. Esse é o extremo propósito da correção de todos os desejos do homem.
Malchut, expelindo a luz no TA, decidiu receber essa luz com a ajuda de uma tela. A Luz Direta vem a ela, pressiona a tela, querendo entrar. Malchut recusa-se a receber a luz, lembrando a ardente vergonha que sentiu quando era preenchida pela luz. Recusar-se a receber a luz significa refleti-la com a ajuda da tela. Tal luz é chamada ‘Or Chozer’ (Luz Refletida). O reflexo em si é chamado ‘Haka’a’ (batida) da luz na tela.
O reflexo do prazer (a luz) acontece dentro do homem com a ajuda da intenção de receber esse prazer apenas em prol do Criador. O homem calcula o quanto ele pode receber para dar prazer ao Criador. Então ele reveste o prazer que ele quer receber com a intenção de doar ao Criador; receber, ter prazer em prol do Criador.
O revestimento da Luz Direta na Luz Refletida permite que Malchut, após o TA, expanda-se e receba uma porção da luz. Isso significa que, nesse ponto, ela se torna similar ao Criador, fundindo-se com Ele. O Propósito da criação é preencher Malchut completamente com a luz do Criador. Então, toda a recepção da luz será igual a doação, e significará total fusão de toda a criação com o Criador.
Revestindo o prazer que chega com a sua intenção (a Luz Refletida), Malchut anuncia que quer sentir esse prazer somente porque, assim fazendo, dá prazer ao Criador. Nesse caso, a recepção é igual à doação, pois o significado de uma ação é determinado pela intenção do Kli, e não pela direção mecânica da ação, interior ou exterior. O prazer sentido nesse caso será duplo: de recebê-lo, e de doá-lo ao Criador.
O Rabbi Ashlag ilustra maravilhosamente essa situação com o exemplo da relação entre um convidado e seu anfitrião, o convidado, recebendo prazer do anfitrião, e recebendo esse prazer, transforma-o em doação. Ele faz uma visita ao anfitrião, que sabe exatamente do que ele gosta mais. O convidado senta-se em frente ao anfitrião, e o anfitrião põe na mesa diante dele seus cinco pratos favoritos, na exata quantidade para satisfazer seu apetite.
Se o convidado não visse o doador, o anfitrião, ele teria agarrado a comida sem a menor vergonha e engolido todas as delícias sem deixar nem um pouquinho no prato, pois elas são exatamente o que ele deseja. Porém, o anfitrião, sentado à sua frente, o embaraça, e por isso o convidado se recusa a comer. O anfitrião insiste, explicando o quanto ele quer agradar ao convidado, e dar-lhe prazer.
Finalmente, tentando dizer ao convidado que coma, o anfitrião diz que a recusa do convidado faz com que Ele sofra. Compreendendo que ao comer o jantar ele dará prazer ao anfitrião, tornando-se então um doador, em vez de um receptor, isto é, tornando-se igual ao anfitrião em suas intenções e propriedades, somente então, o convidado concorda em comer.
Se acontece uma situação em que o anfitrião quer agradar ao convidado colocando o banquete à sua frente, e o convidado, em troca, come com a intenção de devolver o prazer ao anfitrião, tendo prazer nisto, essa condição é chamada interação pela ‘batida’ (Zivug de Haka’a - * NT: ‘batida’ aqui significando o conflito de duas forças opostas que vêm uma na direção da outra, que se ‘pressionam’ em direções contrárias). Porém, isso só pode acontecer após o convidado ter recusado completamente a receber prazer.
O convidado somente aceita o banquete quando ele tem certeza de que ele dá prazer ao anfitrião recebendo esse banquete, como se lhe fizesse um favor. Ele recebe somente na medida de sua capacidade de pensar não sobre seu próprio prazer, mas sobre o meio de agradar ao anfitrião, em outras palavras, o Criador.
Então, para que nós precisamos de todos esses prazeres em nosso mundo, se eles estão baseados no sofrimento? Quando um desejo é satisfeito, o prazer ‘se extingue’, e desaparece.
O prazer é sentido somente quando há um ardente ‘desejo de receber’. Com a ajuda da correção de nossos desejos, juntando a eles a intenção ‘em prol do Criador’, nós podemos ter prazer infinitamente, sem sentir ‘fome’ diante da recepção do prazer. Nós podemos receber enormes delícias, dando prazer ao Criador, com a ajuda do constante aumento, em nós mesmos, do sentimento da Sua grandeza.
Como o Criador é eterno e infinito, nós, quando sentimos Sua grandeza, criamos em nós mesmos o Kli eterno e infinito – desejo (* ‘fome’) por Ele. Portanto, nós podemos ter prazer eterna e infinitamente. No mundo espiritual, cada recepção de prazer promove um ainda maior ‘desejo de receber’ esse prazer, e isso prossegue para sempre.
A satisfação torna-se igual à doação: o homem doa, vê o quanto o Criador gosta disso, e adquire um ‘desejo de receber’ ainda maior. Porém, o prazer de doar também precisa ser perfeito, isto é, em prol de doar, tanto como em prol de receber prazer da doação. Porém, o prazer de doar também precisa ser perfeito, isto é, em prol de doar, tanto como de receber prazer da doação. Porém, o prazer de doar também precisa ser perfeito, isto é, em prol de doar, tanto como de receber prazer da doação.De outro modo, isso seria doar para ter prazer para si mesmo, como quando nós doamos perseguindo nossos próprios objetivos.
A Kabbalah ensina ao homem a receber prazer da luz com a intenção em prol do Criador. Se o homem puder (* to screen: filtrar, conter numa tela) todos os prazeres deste mundo, ele será capaz de sentir o mundo espiritual instantaneamente. Então o homem cai sob a influência das forças espirituais impuras. Elas gradualmente acrescentam ao homem um egoísmo espiritual. Ele constrói uma nova tela sobre esse egoísmo espiritual com a ajuda das forças puras, e então ele pode receber uma nova porção da luz, que corresponde à quantidade de egoísmo corrigida por ele. Portanto, o homem sempre tem a liberdade de escolha.
A noção de ‘tela’ contém a diferença entre o espiritual e o material. Receber prazer sem uma tela é um prazer egoísta comum do nosso mundo. O ponto é preferir prazeres espirituais aos materiais, desenvolvendo a tela, para receber o prazer eterno, que nos é oferecido de acordo com o Pensamento da Criação.
Porém, a tela somente pode aparecer sob a influência da luz do Criador, sobre o desejo egoísta do Kli. No momento em que o Criador Se revela ao homem, essa questão sobre quem precisa dos seus esforços desaparece instantaneamente. Assim todo o nosso trabalho ‘borbulha’ (*boils down) em torno de uma única coisa: sentir o Criador.
Para vencer qualquer nível de ocultamento, o homem precisa adquirir as propriedades desse nível. Fazendo isto, ele ‘neutraliza’ a restrição, toma a si a influência do nível ocultador, de modo que o ocultamento se transforme em revelação e realização.
Vejamos por exemplo uma pessoa cujas propriedades pertençam todas ao nosso mundo. Suas propriedades são tão rudimentares que essa pessoa está sob a influência de todos os cinco mundos. Se, por causa da correção, suas propriedades se tornarem similares àquelas do mundo de Assiyah, então esse mundo deixará de ocultar a luz do Criador, para essa pessoa, o que significa que o homem ascendeu espiritualmente ao nível de Assiyah.
Uma pessoa, cujas propriedades e sensações já estejam em Assiyah, sente o ocultamento do Criador no nível do mundo de Yetzirah. Corrigindo suas propriedades de acordo com aquelas de Yetzirah, ela neutraliza o ocultamento da luz do Criador nesse nível e começa a senti-Lo no nível de Yetzirah. Resulta que os mundos são as telas que ocultam o Criador de nós. Porém, quando o homem coloca a tela sobre seu egoísmo, assemelhando-se a esses níveis, por fazer isto ele revela a parte da luz do Criador que essa tela, esse mundo, estava ocultando.
Aquele que está em um certo mundo espiritual sentirá o ocultamento desse nível e do nível acima dele, mas não o ocultamento no nível abaixo. Assim, se o homem está no nível da Sefirah Chesed do Partzuf ZA do mundo de Beriah, então desse nível abaixo, todos os mundos, todos os Partzufim e todas as Sefirot já estão nele em seu estado corrigido. Esses níveis passados são os níveis da revelação para ele; ele absorveu seus egoísmos, corrigiu-os com a ajuda da tela, e então revelou o Criador neste nível.
Orem, o Criador ainda está oculto dele em todos os níveis superiores. No total, há 125 níveis desde nosso mundo até o Criador: cinco mundos, com cinco Partzufim em cada mundo, com cinco Sefirot em cada Partzuf.
O principal é dar o primeiro passo no mundo espiritual; depois, isso se torna muito mais simples. Todos os níveis são semelhantes um ao outro, e a diferença entre eles está apenas no material, não no design. O mundo de Adam Kadmon consiste de cinco Partzufim: Keter (Galgalta), Chochmah (AB), Binah (SAG) ou Abba ve Ima, ou AVI (abreviado), ZA (às vezes é chamado Kadosh Baruch Hu, Israel), Malchut (Shechinah, Leah, Rachel).
Em cada nível espiritual, o homem (*que está lá) muda seu nome, e de acordo com o local em que ele está agora, é chamado seja Faraó, Moshe (Moisés) ou Israel. Todos esses são nomes do Criador, níveis de alcance do Criador por parte do homem. Em geral, os livros de Kabbalah são escritos por Kabbalistas que passaram por todos esses níveis da correção.
Os níveis que seguem não são níveis de correção, mas sim o alcance individual e o contato pessoal com o Criador. Eles não são estudados; pertencem aos assim chamados ‘segredos da Torah’ (Sodot Torah), eu são presenteados àquele que se corrigiu completamente. Por outro lado, os níveis de correção pertencem aos sabores da Torah (Ta’amey Torah); eles precisam ser estudados para serem alcançados.
A transmissão de informação sobre a Kabbalah é a transmissão de luz. A transferência de propriedades do nível espiritual mais alto para o nível espiritual mais baixo é chamada ‘descida’, ou ‘influência’, e do nível mais baixo para o mais alto, é chamada de ‘pedido’, ou ‘prece’, MAN (* não é ‘homem’ em inglês, mas uma sigla que designa o estado de prece). A conexão existe somente entre dois Partzufim adjacentes, um acima do outro. Não é possível nenhuma comunicação entre dois níveis descontinuados. Cada nível mais alto é chamado o Criador, com relação ao mais baixo; sua relação com o nível mais baixo pode ser comparada com a razão entre o Universo e um grão de areia.

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