Monday, December 01, 2008

As sensações não podem ser transmitidas. Se o homem conhece este ou aquele sentimento, isso pode ser despertado nele a partir do exterior, mas não, ser feito novamente. As sensações (prazeres) espirituais são particularmente indescritíveis porque somente aquele que as alcança pode senti-las. Tanto em nosso mundo, quanto no mundo espiritual, o homem que sente alguma coisa não pode nem transmitir nem provar suas sensações para mais ninguém. É uma experiência intensamente pessoal.
Nós sentimos somente aquilo que entra em nós. Nós não conhecemos o que há fora de nós, aquilo não passa através dos nossos sentidos. A ciência constantemente descobre algo novo, mas nós não sabemos o que ainda não foi descoberto, e não há nenhuma maneira de sabermos disso antecipadamente. Isso ainda está além de nós, em volta de nós; isso ainda não entrou em nossa mente e em nossas sensações.
Por meio dessas ‘descobertas’, a ciência apenas afirma a existência de certos fatos na natureza. O domínio encoberto continua a existir à nossa volta e fora de nossas sensações. A Kabbalah também é uma ciência; porém, ela não pesquisa nosso mundo, mas o mundo espiritual, fornecendo ao homem um sentido adicional. Entrando no mundo espiritual, nós podemos compreender melhor o nosso. Todos os eventos que acontecem no mundo espiritual descem a nós, enquanto os efeitos de nosso mundo ascendem ao mundo espiritual de acordo com a lei da constante circulação e interação de toda a informação.
Nosso mundo é o último, o nível mais baixo de todos os mundos existentes. Por isso, o Kabbalista, que entra no mundo espiritual, pode ver as almas descendo e ascendendo, as causas e efeitos de todos os processos espirituais e materiais.
A ciência da Kabbalah é verificável? Olhando para o nosso mundo do alto, é possível ver que todos os ensinamentos e religiões acabam onde o mundo interior do homem, sua psicologia interior chega ao limite. Enquanto for impossível demonstrar qualquer coisa espiritual no nível de nosso mundo, será impossível provar seja o que for. Somente aquele que ascende verá isto. Por isso, a Kabbalah é chamada uma ciência secreta. Se o homem nascer cego em nosso mundo, será impossível explicar para ele o significado da ‘visão’.
Na Kabbalah, há um método de auto-realização estritamente científico, razoável e crítico. Quando emerge um sentido adicional, o homem começa a falar com o Criador, a senti-Lo. O Criador começa a abrir o próprio mundo interior do homem – a única coisa que ele consegue sentir e compreender. Assim como qualquer outra criatura, o homem só pode sentir o que desce a ele vindo do Criador.
Será que o Criador tem algo mais, de que Ele não fale? Claro que sim. Nos também recebemos mais e mais nova informação, novas sensações, que Ele não havia introduzido em nós, antes. Porém, não se pode emitir um julgamento sobre algo que ainda não tenha sido recebido do Criador.
O homem atinge tudo na Kabbalah através dos 6000 níveis, ou os assim chamados ‘seis mil anos’. Completando sua ascensão espiritual, consistente de 6000 níveis, o homem chega ao mais alto nível de realização – o 7º milênio, ou ‘Shabbat’.
Então acontecem três outras ascensões – o 8º, o 9º e o 10º milênios, em que o homem atinge as mais altas Sefirot: Binah, Chochmah e Keter. Esses níveis estão acima da criação. Eles pertencem completamente ao Criador, que dá tais realizações às almas corrigidas, através da fusão com Ele.
Não há nada escrito sobre isso em parte alguma; não há linguagem capaz de descrever isto – pois se refere aos segredos da Torah. Por isso, quando alguém pergunta sobre o Próprio Criador, não podemos responder nada. Falamos somente da luz que emana dEle. Nós atingimos a luz e então, atingimos o Criador. O que quer que nós alcancemos, chamamos ‘O Criador’, algo que nos criou. Portanto, de fato nós atingimos a nós mesmos, nosso mundo interior, e não, o Criador.
Sendo completamente preenchida com a luz, Malchut sentiu que, embora tenha agradado ao Criador recebendo a Sua luz, ela é completamente oposta a Ele em suas propriedades. Ela somente quer receber prazer, enquanto o único desejo do Criador é dar prazer.
Nesse estágio do desenvolvimento, Malchut, pela primeira vez, sentiu uma ardente vergonha, porque ela viu o Doador e Suas propriedades, e toda a vasta diferença entre o Criador e ela mesma. (Não há portanto que sentir vergonha, mas dar ao criador, só querer para lhe dar!!!)

Como resultado dessa sensação, Malchut decidiu livrar-se completamente da luz, como na fase 2 (Binah), com a única diferença que aqui, a criação deseja apaixonadamente receber prazer, e sente o quanto esse desejo é contrário ao do Criador.
A expulsão da luz para fora de Malchut é chamada ‘Tzimtzum Alef’ (TA). Por causa do TA, Malchut ficou completamente vazia. O Criador agiu até à fase quatro. A partir do sentimento da vergonha, a criação começa a agir como que ‘independentemente’, sendo o sentimento de vergonha, sua força propulsora.
Após a restrição, Malchut não quer receber mais nenhuma luz. Ela sente seu contraste com o Criador, Que lhe dá esse prazer. Sendo preenchida com a luz, e assim, satisfazendo o desejo do Criador, Malchut agora finalmente tornou-se contrária ao Criador. O que ela deve fazer para não sentir vergonha, e ser similar ao Criador, isto é, receber, porque Ele quer que ela faça isso, e doar, da mesma forma que Ele doa?
Malchut pode atingir esse estágio se não receber em prol de si mesma, não para satisfazer seu próprio desejo de receber prazer, mas em prol do Criador. Isso significa que ela daqui por diante receberá a luz somente porque, fazendo assim, ela dá prazer ao Criador. Isso é similar ao convidado que, mesmo estando com muita fome, recusa-se a receber o banquete para si mesmo, mas o recebe, para dar prazer ao anfitrião.
Com esse propósito, Malchut cria uma tela – uma força que resiste àquele desejo egoísta de receber prazer para si mesma, que não presta atenção ao Doador. Essa força expulsa toda a luz que vem a Malchut. Então, com a ajuda dessa mesma tela, Malchut calcula qual a quantidade de luz que ela pode receber em prol do Criador.
Malchut abre-se somente na proporção da luz medida pela tela, que possa ser recebida em prol do Criador. A parte restante de Malchut, isto é, o resto de seus desejos, fica vazia. Se Malchut pudesse se preencher completamente com a luz e receber em prol de doar, ela se tornaria similar ao Criador em suas propriedades. Isso finalizaria a correção de seu egoísmo, e ela começaria a usá-lo somente para dar prazer ao Criador.
Tal estado de absoluta correção de Malchut é ‘o propósito da criação’, e é chamado ‘O Fim da Correção’ (do desejo egoísta de receber prazer). Mas é impossível alcançar um tal estado de uma vez só, com uma só ação, porque ele é completamente contrário à natureza egoísta de Malchut. Malchut recebe a sua correção em partes, em porções, ao longo de um período de tempo.
“Criado e Criador
São um para mui prazer
Mútuo, mas sofredor
Pensa que Deus não é comedor!”

A luz que entra no Kli é chamada ‘Or Yashar’ (a Luz Direta). A intenção do Kli de receber a luz somente em prol do Criador é chamada ‘Or Chozer’ (a Luz Refletida). Com a ajuda de nossa intenção, o Kli reflete a luz. A parte do Kli que recebe a luz é chamada ‘Toch’ (parte interior). A parte do Kli que fica vazia é chamada ‘Sof’ (o fim). Juntos, Toch e Sof formam o ‘Guf’ (corpo) – o desejo de receber prazer. Deve-se considerar que, quando os livros de Kabbalah falam do ‘corpo’, sempre estão se referindo ao ‘desejo de receber’.
A não ser o nosso mundo, todo o Universo espiritual é construído sobre esse único princípio – receber em prol do Criador. Então, o Universo equipara-se a meras variações de Malchut, esvaziada no TA, que agora se preenche com a ajuda da tela. A parte exterior dessa Malchut, menos significativa, é chamada dos mundos de Adam Kadmon, Atzilut, Beriah, Yetzirah e Assiyah. Porém, a parte interior restante de Malchut é chamada ‘a alma’, Adam.

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