Wednesday, December 03, 2008

INTRODUÇÃO

O método cabalístico é a arte prática de entrar em mundos mais elevados e de participar neles. Quer seja através da acção, da devoção ou da contemplação, o seu objectivo é sempre servir Deus e colaborar no grande Trabalho de Unificação.
Este Trabalho é a perfeição da humanidade de modo a que Adão, a imagem do Divino, possa compreender que o universo exterior e interior é o reflexo de Deus a olhar para Deus.
Antes deste estado penúltimo de ser, antes da união total com o Absoluto, o universo e a humanidade têm que passar por muitas fases. De acordo com um ponto de vista, a raça humana como um todo está a menos de meio caminho do seu desenvolvimento. Na verdade, a história e os acontecimentos do nosso século indicam que a grande maioria dos seres humanos na Terra se situam algures entre a infância e a juventude. Depois de duas guerras globais, a possibilidade da
ocorrência de uma terceira continua a ser bastante real, na medida em que as chamadas nações avançadas ainda reagem, em relação a questões territoriais, como gangs de adolescentes, enquanto as restantes discutem entre si por causa dos feijões do poder e da riqueza. Felizmente, ainda que em todas as sociedades haja uma minoria de seres infantis com uma visão primitiva das coisas, sempre existiu uma fracção da humanidade com mais maturidade. Esta ponta de lança
evoluída da humanidade ocorre em todo o mundo e em todos os períodos da História. Pode ser vista corporizada em figuras messiânicas, grandes profetas e professores, ou nas tradições de um elevado desenvolvimento espiritual. A sua influência indirecta pode ser testemunhada nas religiões vivas da humanidade
e nos períodos de cultura avançada em que o impulso criativo do influxo cósmico se conjugou com um momento de florescimento numa sociedade, produzindo civilizações como os primeiros tempos do Islão ou a China antiga. Essas grandes
épocas, tal como o período dos construtores de catedrais da Idade Média, não podiam ter emergido sem a presença de pessoas que não só tinham conhecimento dos mundos superiores, como possuíam a capacidade de atrair a sua substância
e poder, concentrando-os nas actividades da Terra. Tal como outras tradições espirituais, este é o Trabalho da Cabala. No entanto, antes de esta tarefa poder ser levada a cabo por um indivíduo, grupo ou escola, existe todo um processo de
formação e compreensão o que está envolvido. E necessário que assim seja, caso contrário a operação de unificação não passará de um exercício de magia preocupado com a inflação pessoal e interesses privados que são exactamente o oposto do objectivo do Trabalho de Unificação, como a Cabala é por vezes chamada.
A Cabala é uma das muitas tradições envolvidas em actividades deste tipo. Se olharmos para a sua linha antiga, veremos que a Cabala, embora nem sempre fosse conhecida por este nome, foi praticada em muitos dos grandes centros
culturais da Médio Oriente e do Ocidente. Encontramo-la em Israel antes do exílio, em Babilónia, no Egipto Helénico e na Judeia ocupada pelos romanos. Existia na Mesopotâmia islâmica antes de ser transferida para a Provença e para
Espanha na Idade Média, e foi praticada na Flandres e na Boémia, bem como na Polónia, na Itália e na Inglaterra isabelina, onde Shakespeare conhecia indubitavelmente judeus secretos que viviam nessa altura em Londres. A Cabala foi estudada na Holanda do século XVII e na Alemanha do século XVIII, bem como na Inglaterra vitoriana, embora o sistema então praticado se tivesse distanciado da linha judaica que continuou a ser seguida na Europa Oriental e na Ásia Ocidental.
Conforme se poderá observar, o mero contacto com a teoria de uma tradição espiritual não é suficiente para transformar um indivíduo, quanto mais uma sociedade. A acção deve ser tomada de acordo com a sequência dos quatro níveis de existência. Para desejar, conceber, formar e levar a cabo um projecto espiritual, ou transmitir uma influência cósmica, é necessário não apenas compreender princípios esotéricos, mas também possuir a capacidade de os implementar. Este livro tenta estabelecer um processo de aquisição desse conhe-
cimento e das técnicas de como este poderá ser utilizado para diferentes objectivos e a vários níveis. Ele utilizará material tradicional que vai de encontro a situações actuais, porque a Cabala sempre se adaptou ao presente. Se isso não tivesse acontecido, a linha teria morrido no Israel da antiguidade, em vez de ainda estar viva e de ser praticada em todo o mundo sob formas apropriadas a cada período e local. E, assim, começamos com o Eterno e traduzimo-lo para o nosso tempo.
Nota: qual o maior prazer? Não é o do amor, o da união física e espiritual com a alma gémea? Ou será o da riqueza e do poder? Ou da liberdade? Ou do conhecimeto, ou da paz?

Fonte: “O Caminho do Cabalista” , de Z’ EV BEN SHIMON HALEVI, das Pulicações Europa América

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