Pticha(ptirra) 17 e 18
Do Baal haSulam:
17) Há 3 definições básicas que agora estão claras para nós:
1) A Or é uma emanação direta da luz do Criador, enquanto o Kli é um ‘desejo por receber’ criado pela luz. A luz inicialmente contém um ‘desejo de receber’ não expresso, mas à medida em que esse desejo se desenvolve, o vaso (Malchut) separa-se dela. Malchut é chamada ‘Seu Nome’ (Shemo – ‘Ele e Seu Nome são um’). O valor numérico da palavra ‘Shemo’ é idêntico ao da palavra ‘Ratzon’ (desejo).
2) As 10 Sefirot ou os 4 mundos de ABYA correspondem às 4 Bechinot(Berrinot) (fases) Elas precisam estar presentes em qualquer criatura. O ‘desejo por receber’, ou o Kli, ‘desce’ do nível do Criador através desses 4 mundos e atinge seu completo desenvolvimento em nosso mundo.
3) A Primeira Restrição e o Masach(massár) da Bechinah Dalet produzem um novo vaso, no lugar da Bechinah Dalet. O vaso é uma intenção de doar ao Criador, que é chamada ‘Or Chozer (rózer)’. A quantidade de luz recebida depende da intensidade do desejo.
(Rav não fez comentários a este item).
Do Baal haSulam:
18) Agora esclareceremos as cinco Bechinot da tela, de acordo com as quais a medida do Kli é modificada durante o Contato de Choque com a Luz Superior.
Após a Primeira Restrição, a Bechinah Dalet deixa de ser um vaso de recepção. A Luz Refletida (Or Chozer), que ascende acima da tela por causa do Contato de Choque, agora desempenha esse papel, no seu lugar. Porém, a Bechinah Dalet, com seu poderoso ‘desejo de receber’, precisa acompanhar a Or Chozer. Sem isto, a Or Chozer é absolutamente incapaz de ser um vaso de recepção (quem só quer receber, ou, recebe 90% e só dá 10%, deixa de receber – quanto mais damos, mais recebemos: "dai e ser-vos-á dado, boa medida, recalcada...." - Evangelhos).
Lembrem-se da situação entre o anfitrião e o seu convidado. A força do convidado para recusar-se a comer tornou-se um vaso de recepção, que tomou o papel da fome, que perdeu sua função por causa da vergonha. Durante essa recusa, a recepção de fato transformou-se em um ato de doação. Porém, não podemos dizer que o convidado não tenha necessidade dos vasos habituais de recepção. Sem eles, ele não seria capaz de agradar ao anfitrião, comendo suas iguarias.
Através da recusa, a fome (o ‘desejo de receber’) adquiriu uma nova forma – o ‘desejo de receber’ para doar ao anfitrião, o Criador. A vergonha agora se tornou um mérito. Resulta que os vasos habituais de recepção mantêm-se funcionando como antes, mas adquirem uma nova intenção, isto é, receber em prol do Criador. A brutalidade da Bechinah Dalet, o estado de ser oposta ao Criador, proibe agora que ela seja um vaso de recepção.
Porém, graças à tela disposta na Bechinah Dalet, que se choca com a Luz e a reflete, a luz toma uma nova forma chamada Or Chozer – a Luz Refletida – enquanto a recepção se transforma em doação, como no exemplo entre o anfitrião e o convidado. Todavia, a essência da forma permanece a mesma, porque o convidado não comeria se não tivesse apetite. Porém todo o poder do desejo da Bechinah Dalet, de receber prazer, é incluído na Or Chozer, fazendo com que ela seja um vaso apropriado.
Há duas forças sempre presentes na tela. A primeira é a Kashiut, a força de resistência à recepção da luz; a segunda é a Aviut, a força do ‘desejo de receber’ da Bechinah Dalet. Por causa do Contato de Choque da Kashiut com a luz, a Aviut muda completamente suas propriedades, transformando recepção em doação. As duas forças funcionam em todas as cinco partes da tela: Keter, Chochmah, Binah, Tifferet e Malchut.
Comentários de Rav Laitman:
Cinco partes estão na tela, através das quais, ela recebe a luz (cinco Zivugey de Haka’a). A Or Chozer não é um vaso genuíno; ela somente pode ajudar na recepção da luz. O desejo de receber prazer, Bechinah Dalet, que era um vaso antes da Primeira Restrição, ainda retém esse papel; somente, a sua intenção muda.
Quanto maior for o egoísmo do homem, mais luz ele é capaz de receber, desde que haja uma tela correspondendo ao seu egoísmo. Em vez de lamentar seus desejos sem valor, o homem deve apenas pedir ao Criador por uma tela que corrigirá esses desejos, fazendo-os altruístas.
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"Egoísta, não deixes
de querer muito, bom;
tão só ouve o som
gritante: dá, ‘té aos peixes!"
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Frequentemente nós não sabemos nem o que motiva nossas ações, nem quais são nossos reais desejos. Às vezes nós sentimos a necessidade de algo, mas não temos ideia do que seja. O homem está constantemente em um estado semelhante ao sonho, até que a Kabbalah (ou outro semelhante) o desperte e abra seus olhos. Inicialmente, nós nem mesmo possuímos um genuíno desejo de receber prazer. A Kabbalah trabalha com os desejos espirituais (eternidade, poder, saber, vitória, justiça, amor, paz, harmonia, perfeição, beleza...) e, materiais também, digo eu, que são muito mais poderosos do que aqueles do nosso mundo.
Graças à nova intenção do Kli, o ‘desejo de receber’ obtém uma nova forma: um ‘desejo de doar’, ou mais precisamente, um ‘desejo de receber’ em prol do Criador. O homem agora começa a receber para agradar ao Criador. Descobrindo a diferença entre suas próprias propriedades, e aquelas do Criador, a Bechinah Dalet sente vergonha. A tela instalada por Malchut reflete a luz e então, muda a intenção. A essência do ‘desejo de receber’ permanece, mas agora, isto significa receber em prol do Criador.
A Kabbalah é uma ciência lógica. Todo fenômeno leva a uma certa consequência, que por si, torna-se uma razão para a próxima, formando então uma cadeia de conexões de causa e efeito. Nosso problema, porém, consiste em que nós ainda não estamos realmente conectados àquilo que estudamos. Enquanto lemos sobre os mundos espirituais, os Partzufim e as Sefirot, nós ainda não podemos senti-los.
Há dois níveis nos estudos de Kabbalah. O primeiro é para os principiantes, em que não há sensação alguma do material que está sendo estudado. Após estudos mais adiantados, porém, o Kabbalista recebe o sentimento dos fenómenos e termos descritos no livro.
É preciso salientar que a luz, de fato, não tem movimento; ela nem entra em coisa alguma, nem sai de lugar algum. Porém, dependendo de suas propriedades interiores, o vaso sente a luz diferentemente, distinguindo nela diferentes ‘sabores’, ou prazeres. Se o vaso goza da recepção direta da luz, então um tal prazer é chamado Or Chochmah. Se a criação recebe prazer da semelhança entre suas propriedades e aquelas do Criador, então essa espécie de delícia é chamada Or Chassadim. A recepção alternada de Or Chochmah e Or Chassadim cria ‘movimento’.
Quando o homem inicia seu caminho espiritual, ele de início compreende o quanto a sua natureza é má. Esse pensamento o leva ao início da correção. Como resultado, ele ascende, e começa a sentir influências das forças superiores, cada vez mas sutis.
A luz que desce do Criador após a Primeira Restrição representa um ténue raio de luz vindo da Infinidade até o ponto central do universo. Todos os mundos espirituais (AK e ABYA) são revestidos por esse raio. Desde o ponto da influência do Criador, nós somos o centro de todos os mundos.
A providência pessoal do Criador é implementada com a ajuda do raio de luz. Esse raio desce para uma certa alma, revestindo, nela, todos os mundos, começando por Adam Kadmon (AK) e então, continuando até Atzilut, Beriah, Yetzirah e no final, Assiyah.
Uma pessoa comum é diferente de um Kabbalista porque não tem tela, e por isso não pode sentir, nem refletir a luz, nem criar seu próprio vaso espiritual. Esse vaso é o Toch (tor), a parte interna do Partzuf, em que a criação recebe a luz do Criador. Falando estritamente, aquilo a que nós chamamos o Criador é a Sua luz, pois nós somos incapazes de atingir a Essência do Criador.
O Criador influencia todas as pessoas como se elas nunca tivessem saído do mundo da Infinidade (Ein Sof), isto é, elas estão em um estado inconsciente. Tal influência é chamada ‘Derech Igulim’, com a ajuda de círculos e esferas, isto é, através da luz geral que circunda a criação inteira. A disseminação da luz em forma de círculo significa a falta da força delimitadora, a tela.
A tarefa do homem é tomar em suas próprias mãos um controle parcial sobre seu destino, tornando-se assim um sócio do Criador.
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"Homem, mulher, vá lá,
deixa de adorar
ídolos, de lhes dobrar
teus joelhos: há Deus, há!"
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Então o Criador não mais o tratará como trata todas as outras criaturas, mas individualmente, com a ajuda do raio de luz (Derech Kav). Nesse caso, o próprio homem toma controle, no lugar do Criador.
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