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Pticha 11 a 16
Do Baal haSulam:
11) Agora podemos entender a diferença entre o espiritual e o material. Se o ‘desejo de receber’ tiver alcançado seu desenvolvimento final, isto é, o estágio de Bechinah(berriná) Dalet, isto é chamado ‘material’ e pertence ao nosso mundo (Olam Hazeh). Se o ‘desejo de receber’ ainda não tiver alcançado seu desenvolvimento final, então tal desejo é considerado espiritual e corresponde aos quatro mundos de ABYA, que estão acima do nível deste mundo.
Vocês devem compreender que todas as ascensões e declínios nos mundos Superiores não são, de modo algum, movimentos em algum espaço imaginário, mas meras mudanças na magnitude do ‘desejo de receber’. O objeto mais distante da Bechinah Dalet está no ponto mais alto. Quanto mais próximo um objeto esteja da Bechinah Dalet, mais baixo é o seu nível.
Comentários do Rav Laitman:
Aqui o nome ‘Olam Hazeh’ significa o mundo de Assiyah.
O ‘desejo de receber’ na Bechinah Dalet é absolutamente completo; este é o desejo de apenas receber, sem dar nada em troca. Todas as ascensões e declínios no mundo espiritual de modo algum se referem à noção de lugar; falam somente do aumento ou diminuição da similaridade das propriedades internas do homem com as do Criador.
Se alguém comparar isto com o nosso mundo, então a ascensão pode ser imaginada como uma explosão de alegria e de vivacidade, enquanto o declínio pode ser um desânimo. No entanto, falamos da similaridade de propriedades, enquanto o estado de ânimo apenas acompanha a realização da ascensão espiritual. Na Kabbalah, todas as ações se referem aos sentimentos interiores do homem.
Depende do próprio homem qual propriedade ele deve utilizar. O que realmente importa é a medida do egoísmo com que o homem consegue trabalhar agora, e ‘em prol de quem’, isto é, em prol do Criador, o que será uma ascensão, ou em prol de si mesmo, o que corresponde a uma queda. É importante como ele usa o seu egoísmo e em qual direção.
Do Baal haSulam:
12) A pessoa deve entender que a essência de cada vaso e toda a Criação é somente o ‘desejo de receber’. Além da estrutura desse desejo, nada tem coisa alguma a ver com a criação, mas refere-se ao Criador. Então por que nós consideramos o ‘desejo de receber’ como algo grosseiro, repugnante, que requer correção? Nós somos instruídos a ‘purificar’ o desejo de receber com a ajuda da Torah e dos Mandamentos; de outro modo, nós não seríamos capazes de alcançar o máximo propósito da Criação.
Comentários do Rav Laitman:
O desejo de receber prazer foi formado pelo Criador e assim, não está sujeito a mudança. O homem somente pode escolher a medida do desejo que ele pode usar agora, e ‘em prol de quem’. Se ele usar cada um de seus desejos somente em seu próprio benefício, então isso é egoísmo, ou ‘impureza espiritual’. Se ele quer usar seus desejos de receber prazer, deliciando o Criador ao mesmo tempo, então ele precisa escolher somente aqueles desejos com os quais ele realmente pode fazer isto.
Assim, desejando agir altruisticamente, o homem deve primeiro verificar que espécie de desejos ele pode usar para receber prazer, de modo que esse prazer retorne ao Criador. Somente então ele poderá começar a preenchê-los com prazer. Todos os desejos do homem são desejos de Malchut. Eles se dividem em 125 partes chamadas níveis. Gradualmente, usando desejos egoístas cada vez maiores, em prol do Criador, o homem ascende espiritualmente. O uso dos 125 desejos privativos de malchut é chamado ‘a completa correção do egoísmo’.
Às vezes é mais conveniente dividir os desejos de Malchut em 620, em vez de 125 partes. Tais partes do desejo, ou melhor, seu uso em prol do Criador, são chamadas ‘mandamentos’, ações em prol dEle. Praticando essas 620 ações, mandamentos, o homem ascende ao mesmo 125º nível.
Do Baal haSulam:
13) Assim como todos os objetos materiais são separados uns dos outros pela distância no espaço, os objetos espirituais também se separam uns dos outros devido à diferença em suas propriedades interiores. Algo assim pode ser observado em nosso mundo. Por exemplo, dois homens têm pontos de vista semelhantes, simpatizam um com o outro, e nenhuma distância pode influenciar a empatia entre eles. Ao contrário, quando seus pontos de vista são muito diferentes, eles se odeiam um ao outro, e nenhuma proximidade pode uni-los.
Assim, a similaridade de pontos de vista atrai e une as pessoas, enquanto as diferenças as separam. Se a natureza de uma pessoa é absolutamente oposta à natureza da outra, essas pessoas estão tão distantes uma da outra como o Leste está do Oeste. O mesmo ocorre nos mundos espirituais: distanciar-se, aproximar-se, fundir-se – todos esses processos acontecem somente de acordo com a diferença ou semelhança entre as propriedades interiores dos objetos espirituais. A diferença de propriedades os separa, enquanto sua similaridade os aproxima.
O ‘desejo de receber’ é o principal elemento da criação; esse é o vaso necessário para a realização do Propósito incluído no Pensamento da Criação. Esse é o desejo que separa a criação do Criador. O Criador é o absoluto ‘desejo de doar’; Ele não tem nem um traço do ‘desejo de receber’. É impossível imaginar um contraste maior do que este: entre o Criador e a criação, entre o ‘desejo de doar’ e o ‘desejo de receber’.
Comentários do Rav Laitman:
O lugar espiritual significa estar, com as suas propriedades, em um dos 125 níveis da escada espiritual. Disto, segue-se que a noção de ‘lugar’ significa qualidade, propriedade, medida da correção. Mesmo em nosso mundo, proximidade no espaço físico não faz com que dois caracteres diferentes se aproximem um do outro; é somente a similaridade em suas propriedades, pensamentos e desejos que pode criar uma ponte sobre a separação entre eles. Ao contrário, a diferença em propriedades, pensamentos e desejos, move os objetos para longe um do outro.
14) De modo a salvar a criação de uma tal distância do Criador, o Tzimtzum Alef (TA, a Primeira Restrição) aconteceu e separou a Bechinah Dalet dos objetos espirituais. Isso aconteceu de tal modo que o ‘desejo de receber’ transformou-se em um espaço vazio de luz. Após o Tzimtzum Alef, todos os objetos espirituais têm uma tela sobre seus vasos-Malchut, de modo a evitar receber a luz dentro da Bechinah Dalet.
No momento em que a Luz Superior tenta entrar na criação, a tela a expulsa. Esse processo é chamado o Colisão (Haka’a) entre a Luz Superior e a tela. Por causa desse impacto, a Luz Refletida sobe e reveste as 10 Sefirot da Luz Superior. A Luz Refletida, revestida na Luz Superior, torna-se um vaso, em vez da Bechinah Dalet.
Após, Malchut expande-se de acordo com a altura da Luz Refletida, e então se dissemina abaixo, deixando a luz entrar. Diz-se que a Luz Superior se reveste na Luz Refletida. Isso é chamado o ‘Rosh’ (cabeça) e o ‘Guf’ (corpo) de cada nível. O Contato de Colisão entre a Luz Superior e a tela causa a elevação da Luz Refletida. A Luz Refletida reveste-se nas 10 Sefirot da Luz Superior, formando assim as 10 Sefirot de Rosh.
As 10 Sefirot de Rosh não são ainda os vasos reais; elas apenas passam por suas raízes. É somente depois que Malchut, com a Luz Refletida, dissemina-se abaixo, que a Luz Refletida se transforma nos vasos para a recepção da Luz Superior. Então as luzes se revestem nos vasos, chamados ‘o corpo’ desse nível particular. Os vasos reais, completos, são chamados ‘o corpo’.
Comentários do Rav Laitman:
A criação foi formada como absolutamente egoísta. Além disso, de acordo com sua propriedade, ela está o mais distante que é possível estar do Criador. Para ajudar a criação a sair desse estado, o Criador pôs em Malchut um desejo de fazer o TA, isto é, de separar a Bechinah Dalet de todas as Bechinot puras, deixando-a absolutamente vazia no espaço preenchido com nada.
Em seu caminho rumo à criação, a Luz Superior (Or Elion) colide com a tela, que está diante do desejo da Bechinah Dalet de receber prazer, e que empurra a Luz Superior de volta, completamente. Esse fenômeno é definido como uma interação através da colisão entre a Luz Superior e a tela, e é chamado Haka’a (colisão). Dividida pela tela em 10 partes, Sefirot, a Luz Refletida reveste-se na Luz Superior, então dividindo-a em 10 Sefirot. A combinação das 10 Sefirot da Luz Refletida com as 10 Sefirot da Luz Superior forma o Rosh (cabeça) do Partzuf (objeto espiritual).
"Deus está em todo o lado,
mas, muito mais num que noutros;
quem não crê, mui mau bocado
passa, não por causa doutros."
Então a Luz Refletida, isto é, o desejo de devolver ao Criador o prazer que se receba dEle, torna-se a condição para receber esse prazer, isto é, o vaso de recepção (Kli Kabbalah), em vez da Bechinah Dalet. A Bechinah Dalet é incapaz de receber prazer sem a tela, por causa dos seus desejos egoístas. Vemos que a tela pode mudar sua intenção, de egoísta para altruísta, transformando-a no ‘desejo de receber’ em prol do Criador. Somente depois que a criação construa tal intenção, a luz mais alta poderá disseminar-se dentro do vaso e revesti-lo nos desejos- Kelim, formados pela Luz Refletida.
Do Baal hasulam:
15) Após a Primeira Restrição, aparecem novos vasos de recepção no lugar da Bechinah Dalet. Eles são formados por causa do Contato de Colisão entre a luz e a tela. Porém, nós ainda precisamos entender como é que essa luz se transformou em um vaso de recepção, após ter sido refletida de um tal vaso. Resulta que a luz torna-se um vaso, isto é, começa a desempenhar o papel oposto.
Para explicar isto, vamos tomar um exemplo deste mundo. O homem naturalmente respeita um ‘desejo de doar’, e ao mesmo tempo, ressente-se quando está recebendo sem dar algo em troca. Vamos supor que uma pessoa vá à casa do seu amigo, onde lhe oferecem uma refeição. Naturalmente, ela recusar-se-á a comer, não importa quanta fome ela esteja sentindo, porque ela detesta ser um receptor que não dá nada em troca.
Seu anfitrião, porém, começa a persuadi-la, deixando claro que comendo a sua comida, essa pessoa o agradará imensamente. Quando o convidado sente que aquilo que o anfitrião está dizendo é verdade, consente em aceitar a refeição, pois assim, não se sentirá mais como um receptor. Além disso, agora o convidado sente que está doando ao anfitrião, deliciando-o com sua prontidão para comer. Resulta que apesar de sua fome – um vaso genuíno para receber comida – o convidado não poderia sequer tocar as iguarias, até que sua vergonha fosse aplacada pelas persuasões do anfitrião.
Agora podemos ver como é que vem à vida um novo vaso para receber alimento. O poder gradualmente crescente da persuasão do anfitrião e a resistência do convidado finalmente transformam recepção em doação. O ato de receber permanece intocado; somente a intenção se transformou. Apenas a força da resistência e não a fome (o verdadeiro vaso de recepção) transformou-se na razão para aceitar o banquete.
Comentários do Rav Laitman:
Onde quer que a Bechinah Dalet seja mencionada, isso significa Malchut, isto é, recepção em prol de receber. Existe a ação, e a razão para essa ação. Qual é a razão para receber, após a Restrição? É o desejo de receber prazer. Isso significa que receber é uma ação em prol de receber. Após a Restrição, os Partzufim não usam da Bechinah Dalet; a única luz que eles recebem é aquela que vem da tela e a Luz Refletida.
A razão para receber, que existia antes da Restrição, permanece após também, porque sem um desejo e um esforço por algo, é impossível receber. Todavia, essa razão não é suficiente para a recepção; ela deve ser acompanhada por uma razão adicional, isto é, a intenção em prol de doar.
Malchut está pronta para renunciar aos seus prazeres animais; ela faz a Restrição sobre eles. Ela recebe somente porque este é o desejo do Criador. Assim, a recepção em prol de receber parece diferente. O ato de receber não resulta da primeira razão, mas da segunda – receber em prol de doar; porém, a primeira razão precisa acompanhar a segunda, pois se não houver desejo para receber prazer, como ela será capaz de sentir prazer?
Por exemplo, há um mandamento para ter prazer na refeição do Shabbat; mas se não houver fome, como se pode receber prazer do ato de comer? Por isso a primeira razão – o ‘desejo de receber’ – deve permanecer (mesmo que por causa da vergonha, seja incapaz de receber), mas deve permanecer somente, na presença da razão adicional – o ‘desejo de doar’.
Do Baal haSulam:
16) Com a ajuda do exemplo do anfitrião e do convidado, podemos agora entender o que é um Zivug de Haka’a (Contato pela Colisão), que resulta no nascimento de novos vasos de recepção da Luz Superior, em vez da Bechinah (Berriná) Dalet (Dálet). A interacção acontece porque a luz bate na tela, querendo entrar na Bechinah Dalet. Isso se parece com o anfitrião que tenta convencer seu convidado a comer. A força da resistência do convidado corresponde à tela. Assim como a recusa a comer transforma-se em um novo vaso, assim a Luz Refletida torna-se um vaso de recepção em vez da Bechinah Dalet, que desempenhou esse papel antes da Primeira Restrição.
Porém, precisamos ter em mente que isso aconteceu somente nos objetos espirituais dos mundos de ABYA (Ábiá), enquanto nos objetos relacionados com as forças impuras e com o nosso mundo, a Bechinah Dalet continua a ser um vaso de recepção. Por isso, nem nas forças impuras (egoistas), nem no nosso mundo, há luz alguma: por causa da diferença entre as propriedades da Bechinah Dalet e aquelas do Criador. Assim, as Klipot (forças impuras, o ‘desejo de receber’ a luz sem a tela e sem dar) e os pecadores são considerados mortos, pois o desejo de receber a luz (prazer e vida) sem a tela os separa da Vida das Vidas, a luz do Criador.
(Rav Laitman não acrescentou comentários a este item).
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