Pticha (Ptirra)01
‘Preâmbulo à Sabedoria da Kabbalah’:
Esta é uma das 3 introduções que o Baal haSulam escreveu para o Zohar, que estamos traduzindo, junto com os comentários de Rav Laitman. … Agora vamos começar a estudar o próprio artigo, ‘Preâmbulo à Sabedoria da Kabbalah’.
Do Baal HaSulam:
1) Três conceitos principais na Kabbalah:
A intenção do Criador era dar prazer às criaturas. Para isso, Ele preparou um enorme desejo nas almas para receber esse prazer contido na Shefa (a abundância que o Criador deseja nos doar). O ‘desejo de receber’ é um vaso para a recepção do prazer contido na Shefa.
Quanto maior o ‘desejo de receber’, mais prazer entra no vaso. Essas duas noções se interconectam de um tal modo que é impossível separá-las.
Isto somente é possível para apontar que o prazer se refere á Shefa (isto é, ao Criador), enquanto o ‘desejo de receber’ refere-se à Criação.
Ambas essas noções vêm diretamente do Criador e estão incluídas no Pensamento da Criação. Enquanto a abundância descende diretamente do Criador, o ‘desejo de recebê-la’, também incluído na Shefa, é a raiz, a fonte das criaturas.
O ‘desejo de receber’ é algo essencialmente novo, algo que nunca existiu antes, porque não há o menor traço de ‘desejo de receber’ no Criador. Resulta que o ‘desejo de receber’ é a essência da criação, do começo ao fim, o único ‘material’ de que a criação é feita. Todas as criaturas são apenas porções diferentes do ‘desejo de receber’. Além disso, todos os eventos que acontecem a elas são mudanças que acontecem nesse ‘desejo de receber’.
Tudo o que preenche as criaturas e satisfaz seu ‘desejo de receber’ vem diretamente do Criador. Assim, tudo o que existe á nossa volta, de fato, vem do Criador, seja diretamente como abundância, seja indiretamente, como por exemplo, o ‘desejo de receber’, que não existe no Próprio Criador (será?), mas foi criado por Ele para dar prazer às Suas criaturas.
Comentário de Rav Laitman:
Como o desejo do Criador é doar às criaturas, Ele teve que criar alguém capaz de receber Sua abundância. Consequentemente, Ele integrou na Criação o desejo de receber prazer. Por que? Há uma regra: o Criador criou tudo o que existe em nossa natureza. A questão ‘por quê eu recebi uma tal natureza’? refere-se ao estado do ser, anterior ao começo da Criação, e está além de nossa capacidade de apreensão. Nós só somos capazes de atingir aquilo que se refere à Criação, mas não antes, ou depois disso. (Será?) Assim, nossa natureza nos permite receber apenas o prazer que está em equilíbrio com nosso desejo por isto.
Por exemplo, se um homem estiver com fome, ele tem prazer na refeição, enquanto se lhe for oferecida comida, mas se ele não estiver com fome, ele não terá nenhum prazer. Tudo é uma combinação da ausência e de seu preenchimento. Quanto mais forte o desejo, maior será o prazer de satisfazê-lo
Pticha 02 e 03
Do Baal haSulam:
02) Assim, o desejo de receber, em toda a sua variedade, foi incluído no Pensamento da Criação desde o começo. Ele sempre esteve inseparavelmente ligado ao prazer que o Criador preparou para nós. O desejo de receber é um vaso, enquanto a Shefa é a luz que preenche o vaso. Essas luzes e vasos são somente componentes dos mundos espirituais. Eles estão inseparavelmente conectados uns aos outros. Juntos, eles descem do alto, nível a nível.
Quanto mais distantes do Criador esses níveis estejam, maior e mais grosseiro torna-se o desejo de receber (será?). Por outro lado, quanto maior e mais grosseiro se torne o desejo de receber, mais distante ele estará do Criador. Isso acontece até que ele chegue ao ponto mais baixo, em que o desejo de receber chegue à sua medida máxima. Essa condição é desejável e necessária (não é, pois, aqui já há muita dor! Tem de ser antes!) para que tenha início a ascensão em direção à correção.
Esse lugar é chamado o ‘Mundo de Assiya’. Nesse mundo o desejo de receber é definido como ‘o corpo do homem’, enquanto a luz é chamada ‘a vida do homem’. A diferença entre os mundos Superiores e este mundo (Olam Hazeh) é que nos mundos Superiores o desejo de receber ainda não é grosseiro o suficiente, e ainda não está completamente separado da luz (talvez aqui o maior prazer não seja então o de receber, mas o da paz ou outro!). Em nosso mundo, o desejo de receber alcança seu desenvolvimento final e torna-se completamente separado da luz.
03) A ordem descendente (e ascendente, e lateral…) do desenvolvimento do desejo de receber, mencionada acima, divide-se em quatro níveis (Bechinot). Essa ordem está codificada no mistério do Nome do Criador. O Universo submete-se à ordem dessas quatro letras, HaVahYaH (Yud-Hei-Vav-Hei). Essas letras correspondem às dez Sefirot: Chochmah, Binah, tifferet (ou Zeir Anpin), Malchut e sua raiz. Por que são dez? Porque a Sefirah Tifferet inclui 6 Sefirot: Chessed, Gvurah, Tifferet, Netzach, Hod e Yessod.
A raiz de todas essas Sefirot é chamada Keter, mas freqüentemente ela não é incluída na conta das Sefirot; por isso, diz-se ChuB (Rub)-TuM. Essas quatro Bechinot correspondem aos quatro mundos: Atzilut, Beriah, Yetzirah e Assiyah. O mundo de Assiyah também inclui este mundo (Olam HaZeh). Não há uma única criatura neste mundo cuja raiz não esteja no mundo da Infinidade, no plano da criação. O plano da criação é o desejo do Criador de dar prazer a todas as criaturas.
Isso inclui a ambos, a luz e o vaso. A luz vem diretamente do Criador, enquanto o desejo de receber prazer foi criado pelo Criador como algo novo, extraído do nada. Para que o desejo de receber chegue ao seu desenvolvimento final, ele precisa passar junto com a luz através dos quatro mundos, Atzilut, Beriah, Yetzirah e Assiyah (ABYA). Então o desenvolvimento da criação se completa, com a criação, nela, da luz e do vaso, chamados ‘o corpo’ e ‘a luz da Vida’.
Comentários de Rav Laitman:
A conexão entre o Criador e a criação é chamada ‘o mundo da Infinidade’ (Ein Sof). Objetos espirituais inferiores, enquanto vão compreendendo isto, dão os nomes à Luz Superior. Como o desejo do Criador foi dar prazer às critauras, Ele criou alguém que seria capaz de receber esse prazer d’Ele, e a criação do desejo de receber prazer chamada ‘Malchut’ ou ‘o mundo da Infinidade’ foi suficiente para isto.
Como nesse estado, Malchut recebe para si mesma, sem fazer nenhuma restrição sobre a recepção, mais tarde Malchut faz uma restrição sobre a recepção da luz-prazer.
Foi dito que o ‘desejo de receber’ finalizou-se no mundo de Assiyah. Então, isso significa que o maior ‘desejo de receber’ existe nesse mundo de Assiyah? Porém, embora o mundo de Assiyah seja somente Bechinat Shoresh e tenha a luz mais fraca, há a luz de Keter no mundo de A”K. A noção do mundo de Assiyah tem dois significados:
a) A Bechinat Dalet inteira, que é chamada o mundo de Assiyah, e
b) O mundo de Assiyah, em si.
Para entender o significado da primeira noção, é preciso saber que o vaso acabado é chamado “Bechina Dalet’; mas, de fato, o verdadeiro vaso (o Kli) já estava presente na Bechina Alef. Keter é o ‘desejo de doar’ prazer à criação; Chochmah é o ‘desejo de receber’ esse prazer, e é completamente preenchido pela luz. Porém, o Kli precisa passar por mais quatro níveis até o seu desenvolvimento final.
Nós estudamos tudo sob o ponto de vista da nossa natureza porque todas as leis vêm de raízes espirituais. Em nosso mundo, o valor do prazer do homem depende da intensidade do seu esforço por esse prazer. Uma paixão insuportável (cuidado!) traz um prazer maior, enquanto um desejo mínimo traz somente um pequeno prazer. Para que o homem capte um verdadeiro desejo, são necessárias duas condições:
a) O homem não consegue se esforçar por algo de que ele nunca tenha ouvido falar antes. Ele precisa saber o que ele quer, isto é, uma vez que ele já tenha visto?.
b) Mas ele não pode se esforçar por algo que ele já tem. Assim, quatro níveis de desenvolvimento do Kli são necessários, para que ele receba a forma final.
Malchut tem toda a luz no mundo da Infinidade. Porém, o vaso se caracteriza pela diferença entre suas propriedades e aquelas do Criador, que não existiam no mundo da Infinidade. Com o desenvolvimento seguinte do vaso, nós compreendemos que o verdadeiro vaso é a falta da luz.
No mundo de Assiyah, o Kli não recebe nada, porque ele quer somente receber; por isso, ele é definido como um genuíno vaso. Ele está tão longe (estará?) do Criador, que não sabe nada sobre a sua raiz. Como resultado, o homem precisa acreditar que ele foi criado pelo Criador, embora seja incapaz de sentir (compreender e sentir…) isto.
Conclusão: o vaso não é alguém ou algo que tenha muito; ao contrário, é alguém ou algo extremamente distante. Ele está totalmente desconectado da luz. Enquanto recebe somente para si mesmo, o vaso não tem ‘desejo de doar’; tudo o que ele pode fazer é acreditar que um tal desejo exista... O homem não consegue entender por quê ele precisa se esforçar para doar.
Qual é o objetivo da existência de um tal vaso, que não tem nem uma centelha da luz e que está extremamente distante do Criador? Tais vasos devem começar a trabalhar em prol de doar usando objetos que são, até então, irreais.
O Baal haSulam dá o seguinte exemplo. No passado, tudo era muito caro, e por isso as crianças eram ensinadas a escrever primeiro no quadro-negro com um pedaço de giz. Assim elas podiam apagar o que tivessem escrito errado, e somente aquelas que tivessem aprendido a escrever corretamente recebiam papel de verdade.
O mesmo se aplica a nós. Primeiro, nós recebemos brinquedos e então, se nós aprendemos a acrescentar a intenção em prol do Criador ao nosso desejo, nós seremos capazes de ver a verdadeira luz. O Kli é criado de forma a que se acostume com o trabalho real.
Antes que as almas apareçam todas as ações são praticadas pelo Criador. Assim Ele mostra às almas como elas devem agir. Por exemplo, como alguém aprende a jogar xadrez? Os movimentos são feitos para o aluno e desse modo, ele aprende. É por isso que os mundos descem do alto. O Criador transmite todas as ações relativas tanto aos níveis superiores, quanto aos inferiores. Então no segundo estágio, as almas começam a ascender por si mesmas.
Enquanto isso, nós nos esforçamos com os brinquedos, e não com a espiritualidade; por isso, a luz da Torah está oculta de nós. O homem (ainda) não seria capaz de receber os enormes prazeres (totais)que lhe são oferecidos, em prol do Criador.
O Baal haSulam nos dá um exemplo. Um homem põe todos os seus valores sobre uma mesa: ouro, prata, diamantes. De repente, estranhos entram na sua casa. Ele teme que eles possam roubar seus tesouros. O que ele pode fazer? Ele apaga a luz, e assim ninguém pode ver que há coisas preciosas na casa.
Nós não sentimos falta do desejo pela espiritualidade porque o ‘desejo de receber’ está ausente em nós; na verdade, (nós não sentimos falta do desejo pela espiritualidade) porque não conseguimos ver nada. Nós não conseguimos ver o bosque, por causa das árvores. Quanto mais o homem se ‘purifica’(dá a quem lhe dá e até ao egoista), melhor ele começa a ver. Então o seu Kli (o desejo de receber) cresce gradualmente, porque ele quer sentir prazeres maiores.
Por exemplo, se alguém dá um jeito de receber 0,5kg de prazer em prol da doação, ele recebe 1,0kg. Então, se essa quantidade também for recebida com a intenção em prol do Criador, ele recebe 2,0kg de prazer(ou mais), e assim por diante.
Sobre isto, os sábios disseram: ‘Aquele que alcançou os níveis mais altos da Torah tem desejos maiores’. Apesar disso, nós não conseguimos ver nada até que nossos desejos adquiram a intenção de receber para doar. Nesse sentido, a única diferença entre uma pessoa secular e uma pessoa religiosa é que o primeiro aspira por receber somente os prazeres deste mundo, enquanto o último também deseja a luz .. sabedoria e vida … do mundo vindouro(e de agora e do passado).
O poder do desejo de receber sobre todas as criaturas é tão grande que sobre isso, os sábios disseram: “ A lei que governa as pessoas é esta: ‘o meu é meu, e o seu é seu’; e somente o medo impede o homem de dizer ‘o seu émeu’ ”.
Pticha (ptirra?)04
04) A necessidade de desenvolver o ‘desejo de receber’ em quatro níveis (Bechinot) através dos quatro mundos de ABYA tem causa na regra existente, de acordo com a qual, somente a expansão da luz, seguida por sua subseqüente expulsão (doação, de preferência), faz com que o vaso se torne apropriado para o uso.
Uma explicação: quando o vaso é preenchido com a luz, eles se conectam inseparavelmente. O vaso, na verdade, é inexistente; ele se anula, como a chama de uma vela desaparece diante da chama de uma tocha.
O desejo é satisfeito, então ele deixa de existir. Ele somente pode reaparecer depois que a luz saia dele, pare de satisfazê-lo. A razão para essa auto-aniquilação do vaso reside em seu total contraste com a luz. A luz vem diretamente da essência do Criador, do Pensamento da Criação. Essa luz é um ‘desejo de doar’ e não tem nada a ver com o ‘desejo de receber’ (só o princípio, claro) O vaso é absolutamente oposto (temos de unir todos os opostos)a ela – ele é um tremendo ‘desejo de receber’ a luz.
O vaso é uma raiz, uma fonte de algo muito novo, inexistente antes da criação. O vaso não tem ‘desejo de doar’. Quando a luz e o vaso se conectam inseparavelmente, o ‘desejo de receber’ é anulado pela luz. O vaso adquire uma certa forma somente após a expulsão da luz de dentro dele. Esse desejo apaixonado determina a forma necessária de seu ‘desejo de receber’. Quando a luz entra novamente no vaso, eles se tornam dois objetos separados – o vaso e a luz, ou o corpo e a vida. (Verdadeiramente, nada mudou desde a infância!)Tomem nota disso cuidadosamente, porque são noções muito profundas.
Comentários de Rav Laitman:
Quando o Kli começa a receber, ele precisa sentir: ‘Agora eu recebi prazer’. Mas a luz que traz esse prazer não deixa que esse ‘Eu’ se abra e seja sentido pelo Kli. Por isso o ‘Eu’ se anula. Isso significa que o Kli não sente que ele está recebendo, embora esteja.
O Rabbi Baruch Ashlag dá o seguinte exemplo. Um homem velho ganha cem mil dólares na lotaria. Seus amigos têm medo de contar a ele a novidade, pensando que ele possa ter um ataque do coração e morrer por causa do excesso de excitação.
Um deles disse que poderia transmitir a informação sem causar nenhum dano. Ele foi até o velho e perguntou: ‘Se você ganhasse dez dólares na lotaria, você dividiria comigo? – Claro que sim!’ o velho respondeu. ‘E se você ganhasse cem dólares na lotaria, você ainda assim desejaria dividir o prémio comigo? – Por que não?’ respondeu o velho. E assim por diante até que a soma alcançasse os cem mil dólares, e então o amigo perguntou: ‘Você está pronto para assinar nosso contrato? – Claro que sim!’ exclamou o velho. Nesse exato momento o amigo teve um colapso e caiu morto no chão.
Nós vemos então que o homem pode morrer por causa de uma grande alegria, pois quando a luz é muito poderosa, anula o ‘desejo de receber’. Nesse caso, o Kli desaparece e a luz se limita a sair para encorajar o Kli a se esforçar por ela.
Por que então a luz não anula o vaso, a Bechina Dalet, quando volta para ele? Quando a Or e o Kli estão juntos na Bechina Alef, ambos o ‘desejo de receber’ e o ‘desejo de doar’ precisam se expandir ali. Porém, como eles são opostos um ao outro, o ‘desejo de doar’ anula o ‘desejo de receber’, isto é, evita que ele se expanda.
Depois que a Bechina Dalet se forma, a luz não pode anulá-la, pois elas representam duas forças existentes. Na Bechina Alef a luz não deixa que o ‘desejo de receber’ se expanda e cresça; mas uma vez que ele se tenha desenvolvido, a luz não pode mais interferir com ele.
Por exemplo, dois homens estão lutando. Um deles impede que o outro entre na sua casa. O que importa se eles estão lutando fora da casa, ou se o invasor já estiver dentro da casa? Se nós dissermos isto, que não existe nada além do Criador, que deseja doar prazer, e a criação, que se esforça por este prazer, isto é suficiente para ter Keter como doador e Chochmah como receptor!
Na fase de Chochmah o ‘desejo de receber’ é um com a luz, esta, evitando que ele sinta o que recebe. Porém, esse estado não é perfeito, pois o Kli precisa sentir tudo o que recebe. Por exemplo, o homem dá algo ao seu amigo, mas o amigo não consegue sentir isto. Nesse caso, o doador está violando o mandamento de ‘não destruir’.
Por isso, está clara a razão pela qual nós não recebemos coisas importantes (preciosas). Como ficamos contentes com prazeres pequenos, nós não merecemos receber coisas valiosas. Assim, o desenvolvimento das 4 fases é necessário para o nascimento do Kli, que sente o que recebe.
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Pticha 05
Do Baal haSulam:
Como foi dito, a criação se desenvolve de acordo com quatro fases, Bechinot, codificadas no nome HaVahYaH e chamadas Chochmah, Binah, Tifferet e Malchut. A Bechina Alef (1) é chamada ‘Chochmah’, e contém tanto a luz quanto o vaso, feito do desejo de receber. Esse vaso contém toda a luz, chamada Or Chochmah (a luz da sabedoria) e Or Chayah (a luz da vida), porque essa é toda a luz da vida dentro da criação.
No entanto, a Bechina Alef ainda é vista como a luz, e o vaso ainda não se manifestou nela, existindo potencialmente. Ele ainda está inseparavelmente conectado com a luz, num estado de auto-anulação. Após, a Bechina Bet (2) vem a existir, porque no fim de seu desenvolvimento, Chochmah desejou adquirir a equivalência de propriedades com a luz que está dentro dela. O ‘desejo de doar’ ao Criador despertou nela.
A natureza da luz é um puro ‘desejo de doar’. Em resposta ao despertar desse desejo, o Criador enviou uma luz nova e diferente, chamada Or Chassadim (a luz da misericórdia). Por isso, a Bechina Alef livrou-se quase completamente da Or Chochmah, dada pelo Criador. A Or Chochmah somente pode estar presente no vaso apropriado, isto é, o ‘desejo de receber’. Ambas, a luz e o vaso, na Bechina Bet, são totalmente diferentes do que há na Bechina Alef, pois o vaso na Bechina Bet é o ‘desejo de doar’, e a luz é Or Chassadim. A Or Chassadim é o prazer de ser como o Criador.
O ‘desejo de doar’ leva à equivalência de propriedades com o Criador, o que, nos mundos espirituais, leva à fusão com Ele. Emerge a Bechina Guimel. Depois da luz dentro da criação ter passado pelo nível de Or Chassadim, na quase completa ausência de Or Chochmah (como sabemos, Or Chochmah é a principal força de vida na criação), a Bechina Bet sentiu sua deficiência. No fim de seu desenvolvimento, ela atrai uma porção da Or Chochmah, de modo a que esta possa começar a brilhar dentro de sua Or Chassadim.
Nesse extremo, ela despertou novamente uma porção de seu desejo interior para receber, e formou um novo vaso chamado Bechina Guimel, ou Tifferet. A luz dentro dela é Or Chassadim, com a luminescência de Or Chochmah, pois a parte principal dessa luz é Or Chassadim, sendo a Or Chochmah menos significativa. Segue-se a Bechina Dalet, porque o vaso da Bechina Guimel também quer atrair Or Chochmah no final de seu desenvolvimento – mas desta vez, ele quer toda a Or Chochmah, assim como aconteceu na Bechina Alef.
Resulta que esse desejo recém-desperto leva a uma situação em que a Bechina Bet sente o desejo apaixonado que a Bechina Alef tinha. Além disso, agora, após ter expelido a luz uma vez, a criação sabe o quanto isso a faz sentir-se mal, por isso deseja a luz muito mais que no estado inicial da Bechina Alef.
Assim, a emanação da luz e sua subseqüente expulsão criam um vaso. Se o vaso agora receber a luz novamente, ele precederá a luz. Assim, a Bechina Dalet é uma fase final na criação do vaso chamado Malchut.
Comentários de Rav Laitman:
Por que a própria luz tornou-se a razão para o desejo de doar, do Kli? Observamos uma lei na nossa natureza: cada ramo anseia por ser como a sua raiz. É por isso que, assim que vem a luz de Chochmah, o Kli a recebe. Porém, quando ele sente que a luz veio do Doador, ele quer ser como a Fonte, e não, receber (Quer dar e receber, assim é que é!!). Isso significa que duas ações vêm de Keter:
a) o desejo de doar prazer à criação, que criou o ‘desejo de receber’, que é Bechina Alef;
b) o desejo de doar ações à criação, porque esta última sente que a luz que ela recebe vem do doador superior, e por isso, também quer doar.
Podemos ver um exemplo disto em nosso mundo material. Uma pessoa dá a outra um presente, e esta o recebe. Então o que recebeu começa a pensar e compreende: ‘Ele é um doador e eu sou um receptor! Eu não deveria aceitar isto!’ É por isso que ele devolve a doação. No começo, quando ele recebeu o presente, ele estava sob a influência do doador e não sentia que era um receptor. Porém, após a recepção, ele começou a sentir que era um receptor, o que fez com que ele recusasse o presente.
É necessário salientar que essa pessoa tem um ‘desejo por receber’, porque de fato ele recebeu o presente no início. Mas ele não pediu o presente! Por isso, isso não é considerado um Kli. O Kli é um estado no qual ele sente que há prazer, pede e apela ao doador para que lhe dê esse prazer.
Por que a Aviut de Bina é maior que a de Chochmah, isto é, por que ela tem um ‘desejo de receber’ maior, embora só queira doar? Chochmah é o vaso que não sentiu ainda que ele recebe; o doador o controla completamente. Porém, Binah já sentiu a si mesma como um receptor; assim, sua Aviut é maior.
Há duas espécies de luz:
a) a luz do Propósito da criação, chamada ‘Or Chocghmah’, vem direto do Criador (o ‘desejo de doar’ à criação); isto é Bechina Alef.
b) a luz da Correção (ou desenvolvimento ou aperfeiçoameto) da criação, chamada Or Chassadim, que se expande graças à criação; esta é denominada Bechina Bet.
Por que se diz que Or Chassadim se expande graças à criação? Não é o Criador a fonte da luz e do prazer? É porque o prazer do Criador vem à criação graças à fusão desta com a Fonte do prazer.
O começo da criação acontece como segue:
A luz vem do Criador, a Or-prazer. Essa emanação da luz do Criador é chamada fase zero, ou a raiz (Shoresh).
A luz cria o Kli, que é capaz de sentir, absorver todo o prazer contido na luz. Suponhamos que o Criador queira doar à criação 1kg de prazer. Nesse caso, ele deveria ter criado o ‘desejo para receber’ esse prazer (Kli) com a capacidade de 1kg, que pudesse absorver todo o prazer.
Tal estado do Kli sendo completamente satisfeito pela luz do Criador é chamado fase Alef (1). Essa fase se caracteriza pelo desejo de receber prazer. A luz que transmite o prazer é chamada ‘Or Chochmah’. O Kli, nessa fase, recebe a Or Chochmah; por isso, a própria fase é chamada Chochmah.
O Kli recebe a luz do Criador, sente absoluto prazer e adquire essa propriedade – o ‘desejo de doar’(e de receber), para dar prazer. Como resultado, em vez de receber, o Kli agora deseja doar, e pára de receber a luz. Como um novo desejo, contrário ao inicial, surgiu no Kli, ele passa para um novo estado, que é chamado a fase Bet (2), o ‘desejo de doar’, ou Binah.
O Kli parou de receber a luz. A luz continua a interagir com o Kli e diz a ele que, recusando a receber a luz, ele não cumpre nem o Propósito da Criação, nem o desejo do Criador. O Kli analisa essa informação, e chega à conclusão de que ele realmente não está satisfazendo o desejo do Criador.
Mais ainda, o Kli sente que a luz é uma força vital, e que ele não pode prosseguir sem ela. Por isso, o Kli, ainda desejando doar, decide começar a receber uma porção essencial da luz. Resulta que o Kli concorda em receber a luz por duas razões: primeiro, porque quer satisfazer o desejo do Criador, essa sendo a razão principal; e segundo, ele sente que não pode existir sem a luz.
O aparecimento de um novo, embora ínfimo, desejo de receber a luz no Kli, cria uma nova fase que é chamada Behina Guimel (3), ou Zeir Anpin.
Enquanto simultaneamente dá e recebe um pouco na fase Guimel, o Kli começa a compreender que o desejo do Criador é satisfazê-lo completamente com a luz, de modo que ele seja capaz de ter prazer nela, infinitamente. Como o Kli já adquiriu um pouco da Luz Chochmah, necessária para sua existência, ele agora decide receber o restante da luz. Este é o desejo do Criador, e o Kli decide receber a luz do Criador como fez na fase 1.
A nova fase é chamada Bechina Dalet (4). Ela difere da fase 1, por expressar independentemente o seu ‘desejo de receber’.
A primeira fase era preenchida inconscientemente com a luz, pelo desejo do Criador. Ela não tinha desejo próprio. A 4ª fase é chamada ‘o reino dos desejos’, ou Malchut. Esse estado, Malchut, é chamado ‘o mundo da Infinidade’ (o Olam Ein Sof) – um desejo infinito, ilimitado para receber prazer, para ser preenchido com a luz.
Bechinat Shoresh (0) é o desejo do Criador de criar a criação e dar a ela o máximo de prazer. Nesta fase, como numa semente, ou embrião, está incluída toda a criação subseqüente, do começo ao fim, compreendendo a atitude do Criador para com a futura criação.
Bechinat Shoresh (0) é o Pensamento da criação inteira. Todos os processos subseqüentes são somente a realização desse Pensamento. Cada fase subseqüente é a conseqüência lógica da anterior. O desenvolvimento prossegue desde o alto e cada fase precedente é mais ‘elevada’ que a seguinte, isto é, a fase precedente inclui todas as seubsequentes.
Ao longo desse desenvolvimento, desde o Criador até nosso mundo, novos mundos vêm a ser; tudo se desenvolve da perfeição, para a imperfeição. O Criador criou a luz, o prazer, a partir de Si Mesmo, a partir de Sua Essência. Por isso, diz-se que a luz foi criada ‘Yesh mi Yesh’ (existência da existência), isto é, que a luz existiu desde sempre. Porém, com o aparecimento da fase 1 do desejo de receber prazer, o vaso, o Kli, é chamado ‘Yesh mi Ayn’ (existência da não-existência), isto é, o Criador fez isto a partir do nada; porque não pode haver nem mesmo o mínimo ‘desejo de receber’ no Criador ???.
Pticha 06 a 09
Do Baal haSulam:
06) As quatro fases mencionadas acima correspondem às dez Sefirot, de que consiste todo o ser que foi criado. Essas quatro fases correspondem aos quatro mundos de ABYA, que incluem todo o Universo, e todos os detalhes existentes na realidade. A Bechina Alef é chamada Chochmah, ou o mundo de Atzilut. A Bechina Bet é chamada Binah, ou o mundo de Beriah. A Bechina Guimel é chamada Tifferet, ou o mundo de Yetzirah. A Bechina Dalet é chamada Malchut, ou o mundo de Assiyah.
Agora vamos entender a natureza dessas quatro Bechinot existentes em todas as almas. Cada alma (Neshamah) tem origem no mundo da Infinidade e descende do mundo de Atzilut, adquirindo as propriedades da Bechina Alef ali. No mundo de Atzilut, ela ainda não é chamada uma ‘Neshamah’, pois esse nome designa um certo grau de separação do Criador, e leva a uma queda do nível da Infinidade, de um estado de completa união com o Criador, e adquire alguma ‘independência’. Porém, este ainda não é um vaso completamente formado, e assim, nada o separa da Essência do Criador, até então.
Como nós já sabemos, enquanto na Bechina Alef, o vaso ainda não é propriamente um vaso, pois nesse estágio ele se anula com relação à luz. Por isso, no mundo de Atzilut, diz-se que tudo é absolutamente Divino – ‘Ele é um e Seu Nome é um’. Mesmo as almas de outras criaturas, passando através desse mundo, fundem-se ao Criador.
07) A Bechina Bet governa o mundo de Beriah; isto é, o seu vaso é o ‘desejo de doar’. Conseqüentemente, quando a alma chega ao mundo de Beriah, ela alcança esse estágio do desenvolvimento do vaso e já é chamada ‘Neshamah’. Isso significa que ela está separada da Essência do Criador e adquiriu um certo grau de independência. Todavia, esse vaso ainda é muito ‘puro’, ‘transparente’, isto é, muito próximo ao Criador em suas propriedades. Portanto, ele é considerado completamente espiritual.
08) A Bechina Guimel governa o mundo de Yetzirah; este contém uma certa quantidade de ‘desejo de receber’. Assim, quando a alma vem ao mundo de Yetzirah, alcança esse estágio do desenvolvimento do vaso – ela existe no estado de ‘Neshamah’, e agora é chamada ‘Ruach’. Esse vaso já possui uma certa Aviut, isto é, uma certa porção do ‘desejo de receber’. No entanto ele ainda é considerado espiritual, pois essa quantidade e qualidade do ‘desejo de receber’ é insuficiente para ser completamente separado, em suas propriedades, da Essência do Criador. Uma separação completa da Essência do Criador é um corpo, que seja completa e claramente ‘independente’.
09) A Bechina Dalet governa o mundo de Assiyah; este é o estágio final do desenvolvimento do vaso. Nesse nível, o ‘desejo de receber’ alcança o máximo de sua evolução. O vaso torna-se um corpo totalmente separado da Essência do Criador. A luz dentro da Bechina Dalet é chamada ‘Nefesh’. Esse nome designa a falta de movimento independente nessa espécie da luz. Além disso, lembrem-se que nada existe no Universo que não consista de seu próprio ABYA (quatro Bechinot).
Comentários do Rav Laitman:
Qual é a diferença entre o ‘desejo de receber’ e a alma? O ‘desejo de receber’ é chamado Bechina Dalet. Isto é o coração de todas as coisas; ele sente e atinge todos os níveis. Como regra, a ‘luz’ é chamada ‘alma’. Uma luz sem aquele que a contenha é chamada ‘luz’ (*simplesmente). A luz junto com aquele que a atinge é chamada de ‘alma’.
Por exemplo, cinco pessoas estão olhando para um avião, através de binóculos, e cada uma tem um binóculo melhor que as outras. Então, a primeira diz que o avião mede 20cm. A segunda sustenta que o avião mede 1m. Cada uma delas diz a verdade, porque suas bases são especulações sobre o que elas vêem, mas suas opiniões de modo algum afetam o avião.
A razão para a diferença de opiniões consiste na diferença de qualidade das lentes dos binóculos. O mesmo ocorre conosco; não há mudança na luz, todas as mudanças ocorrem naqueles que a atingem, e seja o que for que nós captemos, é chamado ‘alma’. Em nosso exemplo os binóculos são a equivalência de propriedades, e nesse sentido, há diferenças entre aqueles que atingem, e em tudo o mais que é atingido - a alma
Pticha 22
Do Baal haSulam:
22) Os cinco níveis (Bechinot) das 10 Sefirot da Luz Refletida emergem por causa das cinco espécies de Zivugey de Haka’a (Contatos de Colisão) da Luz Superior com os cinco níveis da Aviut da tela. Essa luz não é percebida ou atingida por ninguém se não houver vaso para recebê-la.
Essas cinco fases emergem das cinco Bechinot da Aviut da Bechinah Dalet, que eram cinco vasos de recepção antes do TA; elas envolvem as 10 Sefirot: Keter, Chochmah, Binah, Tifferet e Malchut. Após o TA, essas mesmas cinco Bechinot fundem-se com as cinco Bechinot da tela, e com a ajuda da Luz Refletida, tornam-se novamente vasos de recepção, no lugar das cinco Bechinot da Bechinah Dalet, que desempenhava esse papel antes do TA.
Agora podemos compreender que se a tela tiver todas essas cinco Bechinot de Aviut, então ela possuirá cinco vasos para envolver as 10 Sefirot, isto é, para receber a Luz Superior. Se a Aviut da Bechinah Dalet estiver ausente na tela, ela terá somente quatro vasos e poderá receber somente as quatro luzes correspondentes a Chochmah, Binah, Tifferet e Malchut, mas não poderá receber a luz de Keter.
Se a Aviut da Bechinah Guimel estiver ausente na tela, ela terá somente três vasos e poderá receber somente as três luzes correspondentes a Binah, Tifferet e Malchut. As luzes correspondentes a Keter e Chochmah, assim como os vasos correspondentes às Bechinot Guimel e Dalet estarão ausentes nela.
Se a tela tiver somente dois níveis de Aviut, Shoresh e Bechinah Alef, ela possuirá somente os dois vasos correspondentes às luzes de Tifferet e Malchut. Resulta que num tal Partzuf, faltam as três luzes de Keter, Chochmah e Binah, assim como os três vasos correspondentes às Bechinot Bet, Guimel e Dalet. Se a tela tiver somente a Aviut Shoresh, então ela terá somente um vaso, com somente a luz de Malchut (Nefesh).
As luzes remanescentes, Keter, Chochmah, Tifferet e Malchut, estarão ausentes nele. Assim, a medida de cada Partzuf depende somente da Aviut da tela (espessura). A tela com a Aviut de Bechinah Dalet cria um Partzuf consistente de cinco níveis incluindo Keter. A tela com a Aviut de Bechinah Guimel cria um Partzuf consistente de quatro níveis até Chochmah, e assim por diante.
Comentários de Rav Laitman:
Há cinco níveis do desejo de receber prazer na tela, isto é, cinco níveis de força anti-egoísta de resistência ao prazer. Duas dessas forças, a espessura (Aviut) e a força (Kashiut), precisam ser balanceadas. Então Malchut tem a liberdade de escolha e pode tomar suas próprias decisões, pois ela é independente de todos os seus próprios desejos e prazeres.
A Or Yashar é igual à Or Chozer, o que significa que a criação deseja doar ao Criador o mesmo prazer que Ele preparou para ela. A Or Chozer (intenção) reveste, por assim dizer, o prazer do Criador; isso demonstra que o Kli não quer esse prazer para si mesmo, mas devolve o prazer ao Criador.
Na ausência de mais um desejo (significa a ausência do ‘desejo de doar’, e não um ‘desejo de receber’ egoísta, pois este nunca desaparece), Guimel, a tela pode envolver apenas três luzes em sua Luz Refletida. Assim, ela não será capaz de ‘ver’ as luzes de Yechidah e Chayah. É por isso que nós não podemos sentir a luz do Criador em nosso mundo. Inicialmente, nós não possuímos a tela e a luz refletida por ela, sem a qual é impossível ver ou sentir a luz do Criador.
A quantidade da Luz Refletida depende da força da tela: quanto mais forte for a tela, mais alto será o nível da Luz Refletida, mais longe o Kli verá, e mais ele poderá receber em prol do Criador. Quando a tela torna-se mais fraca, o Kli vê menos e assim, pode receber menos em prol do Criador.
Não há mudanças na tela. Todas as mudanças são somente na Aviut. A tela é a força de resistência ao egoísmo; ela está presente em cada propriedade. A diferença está na Aviut, no número de desejos egoístas providos com a tela. Nós estudamos somente quatro níveis de Aviut, pois Keter não tem Aviut (o ‘desejo de receber’); ela somente quer doar.
O desejo de dar prazer às criaturas – Keter – evocou o ‘desejo de receber’ nas Sefirot interiores; assim, Keter é a raiz da Aviut. Quando o objeto espiritual inferior é incapaz de receber com a intenção em prol do Criador , ele usa a Aviut shoresh, isto é, ele somente pode praticar atos de doação com a intenção em prol do Criador.
Há a luz – prazer, o Kli – o ‘desejo de receber’, e a tela – a força de resistir ao prazer. O Kli cria a tela para tornar-se semelhante ao Criador. Não há nada além disso em todo o universo!
Lembrem-se disso constantemente e tentem interpretar a Kabbalah com a ajuda desses três componentes.
Nós não podemos sentir nenhum prazer espiritual porque nos falta até mesmo uma tela mínima. O poder da vontade da tela determina com qual prazer o Kabbalista trabalha. Após o TA, o Kli inclui não somente o ‘desejo de receber’, mas também o ‘desejo de receber’ com a tela, isto é, não para auto-satisfação, mas para o Criador.
Quando não há tela para um certo desejo, isso significa que o Kabbalista não pode trabalhar com ele, isto é, ele é inapto a ser preenchido com a luz; por isso dizemos que ele está ausente. Ele não desaparece: somente não é usado. O nível espiritual (Koma) de um Partzuf depende da intensidade do desejo ajustado à tela.
A oposição ao desejo mais intenso – Dalet, dá nascimento ao Partzuf do nível mais alto – Keter. A oposição ao desejo do nível Guimel dá nascimento ao Partzuf de Chochmah, que é um grau abaixo de Keter. A força de oposição ao desejo Bet cria o Partzuf do nível de Binah, um grau mais baixo que o precedente, isto é, ele pode se assemelhar ao Criador ainda menos do que com a tela Guimel.
Se a tela pode resistir ao desejo Alef, isso significa que o nível espiritual do Kabbalista é Tifferet. Se ela pode resistir ao menor desejo – Shoresh, então isso dá nascimento ao Partzuf mais tênue, Malchut.
Os desejos egoístas devem ser usados apenas na extensão do poder da vontade para resistir a eles. Não se pode trabalhar com desejos incorrigidos sem a tela; eles precisam ser neutralizados e restritos. Os desejos nem aparecem nem desaparecem; eles são criados pelo Criador. Somente seu uso depende do homem.
Tudo depende da força de resistência da tela, a intenção, que torna o receptor em doador. É isso que significa o ‘jogo’ entre o Criador e a criação: transformar um desejo egoísta em um desejo altruísta, isto é, dirigi-lo ao Criador.
Todos os desejos estão em Malchut do mundo da Infinidade; ela os usa de acordo com a tela, que emerge nela em cada caso. Há as telas com a ajuda das quais Malchut constrói mundos, e aquelas que formam vários Partzufim. Certos tipos de tela promovem o aparecimento das almas. Todas essas são partes do Malchut do mundo da Infinidade.
Desistir de um certo prazer é mais fácil do que recebê-lo de alguém, que o dá a você. A pessoa pode sempre receber menos luz em prol do Criador, do que aquela de que consegue desistir. Ou pode-se escolher não ‘trabalhar’ com a luz de modo algum.
Se um Kli decide receber egoisticamente, isto é, se ele tem um desejo sem uma tela, a luz primeiro se aproxima do Kli (o Kli atrai a luz), mas assim que a luz tenta entrar, a lei do TA entra em ação e a luz se retrai.
Quando Malchut do mundo da Infinidade fez o TA, o Criador aceitou essa lei. Por isso, nós não podemos usar abertamente o nosso egoísmo. Estamos sob a influência dessa lei; assim, não podemos sentir nenhum prazer espiritual até que tenhamos conseguido criar uma tela para ele.
Adicionalmente, o que são os prazeres deste mundo? Eles constituem a micro-dose da luz (a Ner Dakik) de toda a Malchut do mundo da Infinidade, que teve permissão para ser sentida por nós e pode existir fora do TA. Transcender este mundo somente é possível adquirindo-se uma tela.
Se houver uma tela para um prazer maior, então ela também estará disponível para um prazer menor. Para parar de receber prazer para si mesmo, é preciso adicionar uma intenção a esse prazer (a Or Chozer), e recebê-lo em prol do Doador.
Movimento, no mundo espiritual, ocorre somente por causa do fortalecimento ou do enfraquecimento da tela. Toda a criação, Malchut do mundo da Infinidade, gradualmente adquire a tela para todos os seus desejos. Quando todos os desejos de Malchut estiverem ajustados à tela, Malchut atingirá o estado da ‘Correção Final’ (Gmar Tikkun). Esse é o significado de todas as ações da criação.
A criação da tela, sua interação com a luz, a Or Chozer envolvendo a luz, é chamada ‘mandamento’, Mitzvah. A luz recebida é chamada ‘Torah’. Em resumo há 620 níveis, degraus, medidas da interação da tela com a luz, de modo a receber todas as partículas da luz em todos os desejos de Malchut. Quando Malchut estiver completamente preenchida com a luz do Criador, isso significará que ela recebeu a Torah inteira e alcançou a perfeição.
Origem:
http://www.kabbalah.info/brazilkab/Pticha/pticha_22.htm
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