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Alguns "DESAFOROS", de Prates Miguel
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DEUS NÃO ESTAVA A DORMIR A SESTA
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O meu constituinte vinha acusado de praticar transporte de aluguer não licenciado e e concorrência desleal.Em viatura de nove lugares recolhia na serra camponeses que coduzia em magotes, aos sábados para o mercado e aos domingos para a missa, também lhes assegurando a viagem de retorno.Segundo a denúncia do vizinho taxista, Hilário praticava preços de saldo compatíveis com a lotação acrescida da sua Hiace e assim lhe vinha subtraindo fraudulentamente a clientela.Presente a julgamento, o Réu, proclamando-se benfazejo, negou qualquer receita cobrada aos utentes do seu veículo, porque sempre e só dava boleias, naturalmente gratuitas, conforme meia dúzia deles arrolados testemunhas de defesa, asseguraram perate Juiz e assistência.Absolvido ao abrigo do beneficio da dúvida, foi em cortejo triufal pagar o almoço aos seus apoiantes, posto o que no pirotécnico da Fonte Galega adquiriu um braçado de foguetes.Deslumbrado pela represália exibicionista, dali foi para a porta do viziho desolado bricnar com o fogo solto a estralejar na ponta das canas voadoras.Porém, ério de gozo e cego de vingança, a detonação precoce de um morteiro esfaceloulhe amas as mãos, pelo que nuca mais pôde agarrar num volante.Deus não estava a dormir a sesta!
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Fonte: pgs 74 e 78, de “Desaforos”, de Prates Miguel, da Edição Horizonte, 2002
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