Thursday, November 06, 2008

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BABAJI e CRISTO
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CAPÍTULO 33

Babaji, o iogue crístico da Índia moderna

Os penhascos da região norte dos Himalaias, próximos de Badrinaryan, são abençoados pela presença viva de Babaji, guru de Lahiri Mahasaya. O mestre, que vive em reclusão, conserva o seu corpo físico há séculos, talvez milénios. O imortal Babaji é um avatar, palavra que em sânscrito significa «descida»; a raiz dessa palavra é ava «descer» e tri, «passar». Nas Sagradas Escrituras hindus, avatar significa a descida de Deus ao corpo físico.
«O estado espiritual de babaji está para além da compreensão humana. A visão limitada do homem não pode penetrar na sua estrela humana. É inútil tentar imaginar o alcance de um avatar, pois é algo inconcebível», explicou-me Sri Yukteswar.
Os Upanishads classificam de maneira minuciosa cada etapa do progresso espiritual. Um siddha («ser perfeito») é aquele que avançou do estado de jivanmukta («liberto em vida») para o de paramukta («supremamente livre» - com poder total sobre a morte, o paramukta livrou-se inteiramente da servidão de maia e da roda das reencarnações. Raras vezes volta a um corpo físico e, se o faz, vem como um avatar, um ser designado por Deus para ser o emissário de bênçãos sublimes para o mundo.
Uma avatar não está sujeito à ordem universal; o seu corpo, visto como uma imagem de luz, encontra-se livre de qualquer dívida para com a natureza. A olhos menos atentos, a apar~encia de um avatar pode não Ter nada de extraordinário, mas na verdade não projecta sombra nem deixa a marca dos pés no chão, duas provas simbólicas externas de que se trata de um ser internamente livre de sombras e laços materiais. Só esses seres divinos conhecem a Verdade subjacente á relatividade da vida e da morte. No Rubaiyat, o seu texto imortal, Omar Khayyam, um poeta tão mal interpretado, canta a respeito desse homem livre:
Ah, Lua do meu Deleite que nunca mingua,
A Lua do céu já vai subindo uma vez mais;
Quantas vezes ela aqui renascerá então,
Neste mesmo jardim, a procurar-me, em vão.
A «Lua do meu Deleite» é Deus, a eterna estrela Polar, nunca anacrónica. A «Lua do Céu» é o universo exterior, preso á lei do retorno periódico. Os seus grilhões foram rompidos para sempre pelo sábio persa através da sua própria realização do self. «Quantas vezes ela aqui renascerá... a procurar-me, em vão!» Que busca frustrante, num universo desvairado, por uma omissão absoluta!
Cristo expressou a sua liberdade de outro modo: «E, aproximando-se dele um escriba, disse-lhe: ‘Mestre, onde quer que fores, eu te seguirei?. E respondeu Jesus ‘As raposas têm covis e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça’» (109)
Infinito na sua omnipresença, poderia Cristo ser seguido se não em espírito?
Krishna, Rama, Buda e Patanjali encontram-se entre os antigos avatares indianos. Há um considerável acervo de literatura poética em língua tamil constituído em torno de Agastya, um avatar do sul da Índia que realizou muitos milagres em séculos anteriores e posteriores à era cristã. Acredita-se que conserva o seu corpo físico até hoje.
Na Índia, a missão de Babaji tem sido ajudar outros profetas a cumprir as suas respectivas missões. De acordo com as Sagradas Escrituras, ele pode ser considerado um Mahavatar (grande avatar). Babaji revelou ter dado iniciação em ioga a Shankara, fdundador da ordem dos Swamis, e a Kabir, famoso santo medieval. Como sabemos, o seu principal discípulo no século XIX foi Lahiri Mahasaya, que resgatou a arte do Kriya ioga, antes perdida.
O Mahavatar encontra-se em comunhão com Cristo. Juntos, enviam vibrações redentoras e planearam a técnica espiritual de salvação para esta era. A obra desses dois mestres totalmente iluminados, um encarnado e o outro não, consiste em inspirar as nações a renunciarem às guerras suicidas, ao ódio racial, ao sectarismo religioso e aos malefícios do materialismo, que actuam como um bumerangue. Consciente das...
209 Mateus 8: 19-20
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... Sabemos que o homem é habitualmente impotente perante a emergência avassaladora e nefasta das paixões; no entanto, estas tornam-se inofensivas quando, ao desenvolver através do Kriya ioga a consciência de uma felicidade mais sublime e duradoura, o homem deixa de encontrar motivos para se lhes entregar. A renúncia, a negação das paixões inferiores, sincroniza-se com a aceitação, a comprovação da felicidade. Sem esse direcionamento, as centenas de proibições contidas nas regras de conduta são inúteis. A forte inclinação que sentimos pelas actividades mundanas anula a nossa reverência espiritual. Somos incapazes de compreender a Grande Vida subjacente a todos os nomes e formas porque a ciência nos diz como lidar com as forças da natureza; essa familiaridade com a natureza provocou um desprezo pelos seus segredos mais profundos, transformando a nossa relação com ela num assunto de ordem prática. Interferimos na Natureza para descobrirmos a maneira de a fazer cumprir os nossos objectivos e utilizamos as suas energias, cuja Fonte permanece desconhecida. Sob o ponto de vista científico, a nossa relação com a natureza é idêntica à que existe entre um homem e o seu servo, ou, num sentido filosófico, à de um prisioneiro no banco dos réus. Na nossa abordagem da natureza, examinamo-la cuidadosamente; desafiamo-la e avaliamos com precisão as evidências que ela oferece com base nos critérios humanos, incapazes de medir os seus valores ocultos. Por outro lado, quando o self se encontra em comunhão com uma energia mais subtil, a natureza obedece à vontade do homem automaticamente, sem nenhum stresse ou esforço. Incapaz de entender como isso acontece, o materialismo considera esse domínio sobre a natureza algo miraculoso..."
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Fonte: "Autobiografia de um IOGUE", de Paramahansa Yogananda, da Dinalivro, Lisboa

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