Pois quando, com uma irreversível intenção,
A mente abraça o bodhichita,
Desejando libertar as infinitas multidões de seres,
Nesse preciso instante, desse momento em diante,
.
Um grande e incessante caudal,
Uma força de vigoroso mérito,
Mesmo durante o sono e a desatenção,
Ergue-se igual á vastidão do céu.
.
Isto o Tathagata,
No Sûtra solicitado por Subãtu,
Afirmou com demonstração racional
Para aqueles inclinados para vias menores.
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Se, com bondosa generosidade,
Temos meramente o desejo de apaziguar
As dores de cabeça de outros seres,
Tal mérito não conhece limites.
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.
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Se o simples pensamento de ajudar os outros
Excede em valor o culto dos Budas,
Que necessidade há de falar de actos efectivos
Que causam a felicidade e o benefício dos seres?
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Pois os seres anseiam libertar-se da aflição,
Mas a própria aflição seguem e perseguem.
Aspiram à alegria, mas na sua ignorância
Destroem-na, como fariam ao seu inimigo.
.
Mas aqueles que enchem de felicidade
Todos os seres desprovidos de alegria,
Que afastam toda a dor e sofrimento
Daqueles que a aflição oprime,
.
Que afastam as trevas da sua ignorância –
Que virtude se poderia irmanar com as suas ?
Que amigo se poderia comparar com eles ?
Que mérito há semelhante a este ?
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Se alguém que retribui um favor
É merecedor de algum louvor,
Porque precisamos de falar dos Bodhisattvas,
Aqueles que fazem o bem mesmo não solicitados ?
.
As pessoas louvam como doadores virtuosos
Aqueles que, desdenhosos, sustentam
Uns poucos com comida simples e comum,
Dom momentâneo que alimenta apenas metade de um dia.
.
Que necessidade há de falar daqueles
Que por muito tempo conferem a ilimitadas multidões
A incomparável alegria da bem-aventurada Budeidade,
A realização última das suas esperanças ?
.
Todos aqueles que acalentam maldade nas suas mentes
Contra tais senhores da generosidade, os herdeiros do Buda,
Permanecerão no inferno, disse o poderoso Sábio,
Durante tantas eras quantos os momentos da sua malícia.
.
Mas pensamentos jubilosos e devotos
Produzirão abundantes frutos com maior vigor.
Mesmo em grandes dificuldades, os Bodhisatvas
Nunca causam o mal; as suas virtudes naturalmente aumentam.
.
Perante aqueles nos quais esta preciosa jóia do espírito
Se gerou, eu me prosterno !
Entro em refúgio nessas fontes de felicidade
Que levam os seus próprios inimigos à perfeita beatitude.
.”
Fonte : “A Via do Bodhisattva”, de Shantideva, da Ésquilo
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