quinta-feira, 17 de junho de 2010
Nota anterior Todas as notas Próxima nota Crise global, EUA, Sem categoria, brics, politica economica | 20:51
O que é (des)alavancagem?Compartilhe: Twitter Alavancagem Financeira quer dizer endividamento….
Consumidores se alavancam quando tomam dinheiro emprestado para financiar seus gastos de consumo e de investimento. Empresas se alavancam para financiar seus investimentos de capital através de empréstimos bancários ou de emissões de papéis de dívida ( ex: debentures, bonds, etc) no mercado de capitais. Bancos se alavancam ao captar recursos via depósitos ou emitir papéis de longo prazo para poderem emprestar. Governos se alavancam ( se endividam…) ao emitir títulos da dívida pública (ex: NTN, LTN) no mercado para financiar seu excesso de gastos sobre arrecadação de impostos.
Vejam abaixo o gráfico da taxa anual de crescimento ( ou decrescimento ) do endividamento nos EUA, medida a cada trimestre desde 99….
As barras cinzas representam a taxa de crescimento da dívida privada bruta ( bancos, famílias e empresas) anualizada…. O pico antes da crise chegou a mais de 5 tri por ano ou seja 40 % pib deles por ano…. haja crédito…
Vejam que a crise fez com que setor privado começasse a mostrar barras negativas, isto é, uma queda no seu endividamento a taxas de mais de 2 tri por ano, ou seja 15% do pib aprox… Empresas começaram a reduzir suas dívidas e seus investimentos com medo da perda de lucros. Consumidores reduziram suas dívidas com medo do desemprego. Bancos reduziram seus balanços para diminuir seu risco total, reduzindo assim sua necessidade de captação. Isto é desalavancagem.
Vejam aqui o que aconteceu com endividamento das famílias, que crescia a mais de us$ 1 tri por ano e agora cai a mais de 400 bi por ano:
Fica claro aí a forte aceleração no endividamento das famílias que antecedeu a crise de 2008....
Já as empresas americanas tem hoje um volume record de caixa ( ativos líquidos ) dos últimos 30 anos, como vemos no gráfico abaixo que mostra o caixa como proporção dos ativos totais das empresas não financeiras desde 1964:
Pode-se notar que empresas americanas começaram a crise com caixa acima do padrão histórico em 2008. Porém aumentaram sua liquidez em quase 50% durante a crise ao reduzir seus investimentos de capital e cortar custos.
Porém as barras vermelhas mostram a elevação no endividamento do estado ( dívida pública) que explodiu após a crise em virtude dos déficits públicos gerados para amortecer o impacto da crise no setor privado.…ou seja, o governo aumentou seus gastos para compensar a queda dos gastos privados e o aumento da poupança privada ( redução de dívida ) . A linha azul mostra isto através da soma do endividamento público + privado, que parou de crescer após a crise, porém mostra uma queda relativamente pequena quando comparada ao ritmo de crescimento anterior a crise….
O setor privado está fazendo sua parte e reduzindo os excessos de dívidas acumulados até 2007… Porém o setor público está servindo de amortecedor impedindo uma contração maior no endividamento total que geraria uma recessão com deflação como a que aconteceu em 1929 . Porém em algum momento o setor público vai ter que começar a reduzir sua dívida, ou por que setor real já estará crescendo normalmente ou se o mercado financeiro der um basta e não mais financiar a dívida pública, como o corrido na Espanha e na Grécia recentemente. Por enquanto a coisa está tranquila, pois há espaço de sobra no balanço dos bancos americanos para comprar títulos públicos devido ao excesso de liquidez no sistema, aos juros baixos ( pela baixa inflação ) e à baixa demanda por crédito. Além disto, os países exportadores emergentes ( principalmente China e outros Asiáticos) e os exportadores de petróleo continuam acumulando reservas internacionais, que em sua maioria são investidas em títulos públicos americanos. Logo, existe hoje espaço para governo americano crescer sua dívida, apesar dos déficits públicos trilionários..
Se este cenário mudar, aí podemos ver taxas de longo prazo nos USA subirem bastante o que forçaria uma rápida redução no endividamento do estado americano exigindo um corte violento nos gastos públicos….
A crise européia adiou este evento, na medida que as reservas internacionais dos governos que estavam sendo investidas cada vez mais em euro´s passaram a voltar para o US$, devido as incertezas com relação aos títulos soberanos na Europa. Além disto, como a demanda nos USA cresce moderadamente, a liquidez por lá deve continuar abundante por mais tempo e a demanda por crédito bancário deve continuar caindo.
Mas algum dia isto tudo acaba… Espero que este dia esteja bem distante….
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