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As pútegas (Cytinus hypocistis), raro nome, formam outro interessante género de plantas, da família das raflesiáceas, parasitas das estevas (género Cistus), plantas que invariavelmente enchem a paisagem mental da minha infância e que são de todo ausentes aqui no Norte húmido de Portugal.
São plantas pequenas, amarelo-avermelhadas, de caules muito curtos, com
folhas escamiformes, densamente imbricadas. São monóicas, ou seja, têm flores hermafroditas. Vivem a maior parte do tempo enterradas, aflorando, junto às raízes das estevas de que se alimentam, apenas para florescer. As folhas, carnudas, são comestíveis, mas era o néctar doce das flores que punha as crianças à sua procura. Entre os seis quilómetros que separavam a escola do Sardoal e o perímetro da minha aldeia, quando não tínhamos paciência para esperar pelo autocarro, era frequente ir, com os meus colegas, às pútegas. E ríamos com a piada fácil. Mas eu raramente as encontrava. Entre o xisto e as resinas dos pinheiros e das estevas, entre o Vale da Amarela e o Vale de Carvalho, hoje calvas cabeças roídas pelo fogo, apenas encontrava a inocência de quem não sabia que aquele mundo estava a acabar.
http://literaturas.blogs.sapo.pt/79214.html
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