Somos filhos da vida e da morte,
somos vida e somos morte:
comemos para viver,
e,o próprio ato de comer
nos desgasta, nos faz morrer.
E, todavia, não falta o desejo de viver!
Mas, vejamos bem, somos morte
precisamente por vivermos pelo desejo
mecânico da sensação, até da de Deus,
da nossa mente e da nossa memória
que são um centro morto. A mente
apega-se a palavras como "Deus",
"amor", "democracia",
"comunismo", "social-democracia"
por estas lhe darem sensações, embora moribundas (símbolos
são morte).
Ao reduzir-se toda a experiência que possa ser espontânea,
criativa, viva, eterna, poderosa, singularmente nova
à sensação, é a morte à nascença da Vida, da experiência...
É o triunfo da(do) morte.
Por vezes, no resto da vida que detém, a mente tenta ir além,
projetando a ideia de Deus e da verdade, criando
uma nova ideia que pensa ser o amor, sonhando com uma mudança vital...
Tudo cenários em que, trágica e mortiferamente, ela representa
o papel principal.
Este é pois o processo do desejo mecânico, repetitivo, morto,
sem criatividade espontânea!
Entretanto, quem o não experimentou já, nem que tenha sido na infância,
há também momentos súbitos de criação, que não pertencem à mente, que nada têm
a ver com a memória, nem com a sensação, nem com o desejo.
É urgente portanto compreendermos todo o processo do desejar e do não desejar,
das esperanças e das desesperanças, dos apetites e dos não apetites.
Deus não pode ser experienciado como sensação, e, vida não tem nada a ver com sensações, com desejos ou não desejos. Nossa experiência produz sensações agradáveis e queremos mais e mais fortalecendo assim o centro morto das mentes que está sempre a ansiar por novas experiências.
Por isso, a mente é incapaz de experienciar o novo: o novo, a vida , a verdade, a criação,que é algo sempre novo momento a momento, a realidade, o desconhecido, a própria morte e o que está para lá dela são muito pouco da mente, a qual normalmente se limita a re-conhecer a sensação que é sempre velha. Por isso a mente tem muito pouco a ver com o novo, que a transcende.
No entanto, cessando todo o desejo de mais, de procura de símbolos, de palavras, de imagens com suas sensações, então é possível a mente ser sempre nova e estar sempre no estado de criatividade em que o novo pode surgir momento a momento.
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