Wednesday, August 17, 2011

Não contactarmos com a imagem que criámos da morte, mas, sentirmos realmente o estado da morte é o único modo de perder o medo de morrer.
Se amássemos profundamente tudo e todos será que teríamos medo de morrer?
Medo de morrer, medo de viver...
Se não compreendermos a causa do medo, se não nos libertarmos dele pouco importa se estamos vivos ou mortos...
Sentir o estado de morte é pormos fim, a cada momento, a tudo o que conhecemos, à imagem que temos construído de nós mesmos por meio dos prazeres e das suas dores, da nossa família, dos nossos relacionamentos... de tudo.
Alma que somos capazes de pensar faz ainda parte do tempo, não é verdadeiramente espiritual, não está para além do tempo.
O que continua não se renova: o que continua morre e, o que morre renasce. Morrendo em vida, renascemos em vida, e, morte física e reencarnação são naturais. Resistindo à morte renovadora sofremos, vivemos mal, não experimentamos a incrível Realidade.
Sentir o estado da morte é morrermos a cada momento, e, sem argumentação (afinal a morte quando chega não argumenta conosco) para tudo - para a agonia,a solidão, a tristeza, os relacionamentos, o pensamento, os hábitos, a mulher, os pais, os filhos, os países... para que, ressuscitados, novos, fortes, jovens... possamos olhar e tratar a todos e a tudo sem medo e com todo o amor.
Muito dificilmente quem não morre em vida a cada momento resistirá à morte física. Só quem morre em cada momento para nome, estatuto, propriedades, causas... contacta com a vida, renascendo também a cada momento gloriosamente.
Não é, portanto, que não haja reencarnação. Mas, como podem vidas tristes, insensíveis, estúpidas... reencarnar alegres, sensíveis, inteligentes... se primeiro não morrerem para a tristeza, para a insensibilidade, para a estupidez, o egoísmo? Não podem, não é?
Enquanto tivermos medo da morte do eu individualista, separado, constituído pelas conclusões prévias, memórias, experiências, e, não só egoístas, continuaremos morrendo. Mas, no morrer do eu a cada segundo existe eternidade, imortalidade, algo a ser extraordinariamente experimentado, reencarnação gloriosa mesmo até em adultos - não meras especulações filosóficas ou outras.
Deixando assim de ter medo entramos na dimensão do conhecido-desconhecido, de todo o Real, da morte-renascimento-reencarnação, não numa continuidade: o que continua morre, mas o que morre renasce, é eterno.
Mas, a questão não é o carma ou a reencarnação: o importante é a plena realização em cada momento. Apesar de de existir a reencarnação, claro.

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