Reconhecer é voltar a conhecer algo antes experienciado, mas, a verdade, o real são sempre novos, nunca são o que aconteceu ontem.
Estarmos sempre recordando o antes é portanto impedirmo-nos de experienciar o presente, o real, a beleza.
Ninguém nos pode dar a luz que nunca morre: ela só acontece com o auto-conhecimento.
Seguir é imitar e bloquear a lucidez, a investigação, a integridade e a seriedade nossas e dos seguidos.
A Verdade, Deus tão pouco é um prémio: se queremos compreendê-Los, todas as formas de recompensa, de disciplina e de punição têm de ser postas de lado.
A verdade pode ser a um, a dois, a infinitos: não nos condicionemos nem sequer admitindo a velada sugestão de que tem de ser de um só modo.
Pensamento afastado da realidade é sem valor, e, não aceitamos nem negamos.
Inconsciente não é nem mais nem menos importante do que consciente:o primeiro é resíduo/reserva cultural e técnica em memória, o segundo é o mesmo em ação.Também não afastemos pois consciente de inconsciente.
Todos os esforços, todas as compulsões, todas as direções distorcem a mente e impedem a lucidez.
A ordem, que é fundamental, é virtude e moralidade. Mas, não falamos nem da moral, nem da ética, nem na virtude, nem na deontologia comuns, que admitem a ambição, o conflito, a inveja, a competição, o matar em nome de Deus, dos países, das famílias, e, esta virtude, esta ética, esta moralidade, esta deontologia não são praticáveis como um hábito mecânico e rotineiro.
Sermos ordem, virtude, integridade significa conhecermos profundamente as nossas desordens interiores e exteriores, as nossas contradições, as opressões dos nossos prazeres, dores, ambições, orgulhos, invejas, imprudências, medos: "na profunda recusa da desordem, há ordem".
Não podemos sentir ódio por uns e amor por outros: se temos amor amamos todos os seres, não fazemos mal a nenhum, e fazemos bem a todos.
A beleza verdadeira, profunda não é do homem, não está no quadro, no edifício, na máquina na estátua, na escrita... Nem sequer na nuvem, na luz, na árvore, na água, na natureza, no mineral, no animal, na pessoa... A beleza profunda "reside onde há ordem, na ordem da mente que não está em confusão, que tem ordem completa. E só pode haver ordem onde há uma total ausência de egoísmo, quando o «eu» não é importante (cessa)".
Morrermos a cada momento para o passado, para todo o conhecido é sermos sempre novos, eternos mesmo:só do que morre para o passado e para o futuro nasce o novo. Morremos pois para dores e prazeres, para amigos e inimgos, familiares e distantes, para casas, carros, aviões, terras, animais, nomes, livros, filmes,contas bancárias, dinheiro, insultos, agressões, ofertas, ideias, elogios, ideais... naturalmente, sem medo algum, tornando-nos completamente anónimos, que é sermos sem violência alguma.
Quando existe apego, há medo que se torna autoritário, possessivo, dominante, opressivo, não podendo pois haver amor. O medo mata o amor.
O que acende portanto em nós a luz eterna é a grande, profunda compreensão da vida e da morte, que também são unas.. E, ninguém pode compreender por nós!
O amor é inocência, silêncio, frescura, juventude, serenidade, luz, ordem, lucidez, beleza e ação, nada disto sendo só do pensamento.
Esta ação é sempre nova, não é do tempo, logo não podendo ser medida/avaliada pelo pensamento: é o Imenso que não podemos alcançar, que não é descritível nem por palavras nem por símbolos que são destrutíveis, mas, que vem à ordem, à beleza e ao amor completos.
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