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BRIAN ARTHUR (em 1999, quando faleceu meu último pai, Artur Maurício Machoqueira)
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" A visão de Arthur abrange a suspensão e o redirecionamento, mas também associa esses fatores a um modo inusitado de agir, a um processo que ele chama de "tipo diferente de saber"". "Você observa e continua observando e deixa essa experiência verter em algo apropriado. Em certo sentido, não há tomada de decisões", explica ele. "O que deve ser feito torna-se óbvio. Não há como apressá-lo. Muito disso depende de onde você parte e de quem é como pessoa. Resta-lhe posicionar-se de acordo com sua visão aguçada daquilo que está por vir. Aplica-se aqui um conjunto totalmente diferente de regras. Você precisa "farejar" o que fazer. Você dá um passo atrás, observa. Você se parece mais com um surfista ou com um bom piloto de carros de corrida. Não age por dedução e sim com base num sentimento interior, que vai fazendo sentido à medida que você avança. Você nem mesmo pensa. Você se funde com a situação.
"Tradicionalmente, os artistas chineses e japoneses se sentam e começam a contemplar uma paisagem. Podem permanecer ali uma semana inteira, examinando o panorama; de repente levantam-se e vão pintar com rápidas pinceladas. Dá-se o mesmo com as artes marciais: se durante a luta você tiver de pensar, está morto. Os vinte ou trinta anos de seu treinamento significam que você internalizou incontáveis padrões possíveis e pode concentrar toda a sua atenção naquilo que está ocorrendo no momento."
Assinalou também paralelos com a ciência, dizendo que "muitos cientistas tomam padrões já existentes e os sobrepõem a uma situação qualquer", mas os "de primeira linha se contêmc, estudam o problema por todos os ângulos e perguntam: "O que, no fundo, está-se passando aqui?" Pelo que pude observar, esses homens conceituados não possuem mais inteligência que os "bons" cientistas, apenas desenvolvem uma outra capacidade, que faz toda a diferença.
"Há muitos tipos de compreensão. O mais simples é uma espécie de perceção reflexa, quando se diz: "Oh, eles estão é com um problema de estoques!" E há o tipo mais profundo, que pegunta: "Qual é, de facto, o problema aqui? O primeiro tipo de compreensão tende a ser o cognitivo, padrão que você pode trabalhar com sua mente consciente. Mas existe um nível mais profundo que é mais importante – e mais gratificante. Em vez de chamá-lo de "compreensão", vou chamá-lo de "saber".
Quando Otto perguntou que "saber" é esse e como surge, Arthur respondeu: "Esse saber interior surge daqui" e apontou para o coração. "Todos nós já vivenciamos isso de diferentes maneiras, consciente ou inconscientemente."
Em resposta à pegunta de Joseph sobre como esse processo funcionaria no caso de administradores e líderes sob forte pressão para agir com presteza, Arthur replicou que o tipo de observação ao qual se referia pode "levar dias ou horas, ou frações de segundo nas artes marciais e nos (d)esportes. A meu ver, se você preferir o método da reação automática, estará aplicando uma solução convencional a uma situação nova. Neste país, os administradores acham que uma decisão rápida é o que vale. Ora, se a situação é inusitada, convém ir devagar. Dê um tempo. Observe. Tome posição. E então aja rápido, com um fluxo natural que vem de um saber mais profundo. É preciso diminuir o ritmo até realmente perceber o que é necessário. Quando se tem uma visão nova há a possibilidade de uma ação inovadora; e a resposta abrangente no nível colectivo pode ser mais rápida do que tentar implementar decisões precipitadas, que não entusiasmam as pessoas."
In: pgs. 87 e 88, de: "Presença – propósito humano e o campo do futuro", de: Peter Senge, C. Otto Scharmer, Joseph Jaworski e betty Sue Flowers, Sol Brasil, da Cultrix
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