Friday, January 15, 2010

Com todo o cuidado

A verdade é fluída, sempre nova
a cada momento, viva: fixá-la
é transformá-la em mera opinião, e, matá-la!
Sempre nova quer dizer desconhecida, não é?
Não pode então ter nada a ver com a mente
que é o velho, o passado, o conhecido, o tempo, não é?
Isto é, a nível transcendental, o mais importante, de resto,
o pensamento não só não adianta, como só confunde: é impossível
o pensamento, o conhecido pensar sobre Deus, que é O Desconhecido.
Deus tão pouco é para ser buscado: quem o busca só encontra
a sua auto-projeção, um deus à sua imagem, e, só se auto-adora.
E, todavia, Deus, a Verdade estão em todo o gesto
de verdadeiro carinho, em todo o equilíbrio,
em toda a justiça, em todo o sorriso...
Em toda a mente que não está torturada pelo conhecido
e seus efeitos, o tempo, a memória, a busca, o esforço...
Em todo o que faz, ouve com todo o cuidado, toda a calma...
Não há um caminho, não há intermediários para chegar a Deus,
porque caminho é igual a exclusão,
porque Deus é também o caminho e o(a) intermediário.
Como podia ser de outro modo?
A Verdade é um estado, Deus, que brota
quando mente pára. Não havia de ser necessária
a morte física para experimentar Deus,
se é que tal morte o experimenta.

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