Tuesday, September 20, 2005


Ao chegarem ao Brasil, os Portugueses depararam-se com “ … gentes desnudas como en le primera inocência, mansas e pacíficas… “ ( Carta de D. Manuel I, de Portugal, a D. Carlos V, de Espanha – Verão de 1501 )

Possivelmente, antes dos Descobrimentos, no mínimo, há muito tempo que, na Europa, não se punha a hipótese do nu, pelo menos nos climas quentes, generalizado, ( o nu de Génesis, havia sido só de um casal, Adão e Eva, nada diferente, afinal, do nudismo de todos os casais de todos os tempos em todos os lugares ). Aliás, permitam-me citar, de memória, alguns dos importantes pontos iniciais de Génesis: 1) primeira inocência – Adão e Eva antes de errarem/pecarem não separavam bem e mal e não se envergonhavam um do outro, não só sexualmente, como em todos os sentidos, pois eram felizes; 2) Adão e Eva puseram nomes a todos os animais e cuidavam da terra, não a destruindo; 3) primeiro e segundo pecados\erros – Lúcifer/serpente quis ser igual ou superior a Deus e Adão e Eva, induzidos pelo primeiro fizeram o mesmo; 4) Deus amaldiçoou a terra; 5) A maldição é tirada se o homem voltar à inocência; 6) assassinato de Abel por seu irmão Caim; 7) enorme longevidade; 8) erros e pecados aumentam cada vez mais, cada vez mais sofrimento; 9) castigo quase universal pelo dilúvio (não esquecer, a este propósito a Atlântida); 10) reinício com Noé e família…

Conclusão: podemos voltar não só à inocência, como à mansidão originais, isto é, ao paraíso. Há todavia, no Budismo, uma coisa que me parece deveras importante que não encontramos na Bíblia: uma grande preocupação em evitar o sofrimento (injusto, acrescento eu) de todos os seres com capacidade para o prazer e dor, não só dos humanos, portanto. Isto talvez ajude a compreender por que os paraísos, possivelmente tanto ocidentais como orientais têm durado tão pouco tempo.

Já sobre a mansidão dos habitantes do Brasil quando lá chegamos, os Portugueses, nesta perspectiva Budista ela não parece muito famosa: caçavam/caçam e comiam\comem macacos, eventualmente sem necessidade alguma disso, fazendo-os sofrer, com as más consequências que tal pode acarretar.

Outra conclusão: o mundo não só se expande e cresce como colapsa fisicamente, em resultado de um bom ou mau evoluir moral. Isto é: épocas de expansão da riqueza, do comércio e do bem estar sempre coincidem com uma elevada moral e uma grande preocupação pela justiça.

Quanto ao entusiasmo exagerado, nada benéfico, consiste ele precisamente em só vermos o que desejamos, esquecendo-nos de ver se o merecemos, se nos é mesmo útil, ou, se outro(a) o não merece mais, isto quando as necessidades são mais do que os recursos, se é que tal é possível. Já o paradoxo pode ser dizermos ou fazermos duas coisas seguidas que se contradizem. Por exemplo: dizer agora que o outro(a) somos nós e daqui a pouco que o outro(a) é ele próprio(a). Mas a verdade é que ambas as coisas são verdade. Isto é: identificamo-nos com o que há de bom, belo e justo no outro(a), e, afastamo-nos no que tem de mau, feio e injusto…

O meu email: Jmm52@sapo.pt

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