Friday, January 16, 2009

Corpo e alma 2lição de 02 de agosto de 2004
Já discutimos as teorias desenvolvidas pela humanidade para responder à questão ‘quem somos nós?’
Nós nos identificamos:
- somente com o espírito que está dentro de nós;
- com o espírito e o corpo (isso se refere à presença do espírito dentro do corpo), ou
- somente com o corpo?
Nós não sabemos o que é o espírito; nós não o vemos ou sentimos, e não podemos pesquisá-lo cientificamente. Então, há milhares de teorias diferentes que se substituem dependendo da moda ou de outras razões. Essas teorias não trazem nenhum benefício para a humanidade.
Para que nossa teoria sobre nós mesmos possa nos ajudar, é preciso que ela seja absolutamente científica e autêntica. Autenticidade pode ser encontrada somente na terceira teoria, cuja essência é que a pessoa não tem nada melhor que seus próprios olhos, e que com a ajuda deles, ela precisa pesquisar a realidade. Isso resulta na conclusão de que não há espírito; há apenas o corpo humano que vive de acordo com suas leis materialistas, e isso é tudo o que nós pesquisamos de acordo com essa teoria. Há algo além disso? Nós não sabemos e não levamos isto em consideração, porque percebemos somente a nossa realidade, que dividimos em duas partes:
A parte revelada de nossa ciência, ou aquela que nós alcançamos hoje: esta, é científica, bem elaborada, respeitável e pesquisável; nós podemos agir dentro desses limites e nessa extensão;
A parte oculta, que nós não conhecemos: ela contém possivelmente algumas conjeturas, teorias e fantasias, porém, nada disso é científico e nós não temos o direito de aceitar isto como fato nem de operar com esses dados, até que eles entrem no domínio de nosso conhecimento e sentimento.
É por isso que a segunda parte é chamada ‘oculta de nós’, e a Ciência da Kabbalah nos adverte a não nos preocuparmos com ela absolutamente, porque nós nos confundiríamos e começaríamos a aceitar essa parte como a revelada. Em outras palavras, nós aceitaríamos nossas conjeturas como fatos e correspondentemente, não somente começaríamos a construir várias outras teorias, mas também, tentaríamos colocá-las em prática a nossa vida. Conseqüentemente, sofremos, e nos forçamos a praticar essas espécies de ‘comunismo’, ‘kibbutz’ etc., e depois não conseguimos sair deles.
Isto é, na realidade, precisamos ser claramente materialistas, porém...
Crítica à Terceira Teoria (a materialista).
A terceira teoria é estranha ao espírito da pessoa educada, porque ela caminha com a individualidade e apresenta a pessoa como uma máquina que é ativada por forças externas. De acordo com essa teoria, segue-se que a pessoa não tem livre escolha em seus desejos – em vez disso, ela está sob o total controle das forças da natureza. Todas as suas ações são forçadas e, naturalmente, ela não é recompensada nem punida por suas próprias ações, pois a lei da recompensa e castigo aplica-se somente a uma pessoa com livre escolha.
Se nós agimos de acordo com nossos hormônios e genes (nós amamos, roubamos etc.), se nossa personalidade e caráter são impressos dentro de nós, se eu não determino originalmente nada dentro ou fora de mim mesmo, tal como em qual família eu fui destinado a nascer, em que sociedade, durante que época, qual escola eu vou freqüentar, o que me acontecerá etc., então, naturalmente, e não tenho nenhuma liberdade de escolha e, assim como um animal, eu simplesmente cumpro as ordens que emergem dentro de mim e as considero como sendo minhas próprias.
Por que eu as considero como sendo minhas próprias?
Porque eu não vejo de modo algum de onde elas vêm. Nenhuma máquina biológica pode ser programada desse modo; nenhuma criancinha ou adulto pode ser programada com algum comando, ou recebendo diversos sinais de longe, e assim a pessoa pensará que eles emergem dentro dela, por si mesmos, e que isso vem dela, porque ela está destacada da percepção de sua Fonte e não compreende de onde tudo isso emerge dentro dela: ou há uma máquina dentro dela, ou o Criador. Se ela não percebe a ‘vontade externa’, então, ela a considera como sendo sua própria vontade.
É assim que nós pensamos sobre nós mesmos quando nós nos pesquisamos do modo como a ciência nos permite. Gradualmente, começamos a revelar que não há nada dentro de nós que seja propriamente nosso. Cada um de nós é somente um pequeno mecanismo executante.
Essa teoria é alheia às massas religiosas que acreditam na recompensa e na punição do Criador, e que confiam no Seu bom propósito, assim como às pessoas não-religiosas. De acordo com essa teoria, nós, que possuímos a mente, somos brinquedos nas mãos da natureza cega que está nos levando a um destino desconhecido.
Nós não queremos aceitar essa teoria, que estabelece que nós somos mecanismos absolutamente pré-programados.
As pessoas religiosas não querem aceitar isto porque elas têm uma idéia, um conceito, ou uma fantasia, sobre recompensa e castigo: eu sofro aqui, e de algum modo isso será compensado.
Porém, há uma certa referência ao homem como algo que tem sua própria vontade e que supostamente influencia seu próprio destino. Isto é, há algo que diz que há um parâmetro livre em nossa vida, que nós podemos mudar por nós mesmos e no qual eu sou um indivíduo e não, meramente, um mecanismo pré-programado.
Os religiosos pensam que se eu agir de algum modo mais nobremente neste mundo, mais corretamente, e de acordo com umas certas leis, então uma recompensa me esperará, por causa das ações corretas que são determinadas pelos limites dessas leis.
O Baal haSulam diz que os não-religiosos também não querem aceitar essa teoria que considera a pessoa um mecanismo total, porque isso destrói, neles, toda a sua alegria de viver. Se eu me avalio como um mecanismo executante então eu não sou capaz de receber nenhum contentamento de nenhuma ação. Isso é suficiente para remover qualquer prazer que haja nas minhas ações. O fato sobre esse prazer é que ele somente se manifesta no desejo, se o desejo for percebido como meu próprio. Se eu não perceber o desejo como meu próprio, então eu não percebo o prazer, por causa do meu egoísmo, isto é: eu não o percebo como Chisaron (desejo, falta de alguma coisa; *pronuncia-se o Ch como o ‘j’ espanhol). E assim, eu não posso perceber a satisfação desse desejo de receber como prazer.
Porém, se nós revelarmos o estado em que o desejo dentro de nós vem do Criador, então, seja o desejo o que for, e seja como for que eu possa satisfazê-lo, eu não perceberei nenhum prazer nele, se eu souber que o desejo não é meu. Porém, pode ser que isso seja bom: a única coisa de que eu preciso agora é unir-me ao Criador, de tal modo que Seus desejos se tornem meus, e então eu terei prazer especificamente no fato de que eu satisfaço Seus desejos dentro de mim mesmo.
Nesse caso, será que especificamente na terceira teoria, há um caminho para a satisfação correta e infinita?
Porém, nós estamos indo um pouco adiante de nós mesmos. O Baal haSulam diz, muito gentilmente, que essa teoria é alheia, tanto aos religiosos, quanto aos não-religiosos, porque ela nos apresenta como mecanismos completamente desprovidos de espírito, que não têm liberdade de escolha.
Por isso, a terceira teoria não é aceita pelo mundo.
Foi decidido que o corpo, que é uma máquina, de acordo com a terceira teoria, não constitui a pessoa genuína. Em vez disso, a essência da pessoa, ou o seu ‘Eu’, é uma essência espiritual eterna, invisível e imperceptível, que está localizada no corpo, de um modo oculto – isto é, ela o acompanha.
Desse modo, no final das contas, há um ‘Eu’ dentro da pessoa, que é uma espécie de essência que não está originalmente localizada dentro do corpo, mas em vez disso, que acompanha o corpo.
Porém como essa essência pode ativar o corpo, se de acordo com as afirmações da própria filosofia, o espiritual não tem contato com o material, e de modo algum influencia o corpo? Desse modo, nem a filosofia nem a metafísica são capazes de fornecer a solução para a questão da alma.
Conclusão.
1. Tudo o que a pessoa percebe, ela percebe em seus cinco órgãos sensoriais. A imagem combinada de tudo o que nós percebemos em nossos cinco sentidos é processada e analisada em nosso cérebro, e torna-se comparável àquilo que já conhecemos (isto é, nós comparamos o que nós vemos com todas essas imagens que foram impressas no cérebro), e baseados nisto, nós nos conscientizamos, e é transmitida para a nossa consciência a imagem de nós mesmos e do mundo circundante.
A cada vez nós construímos tudo a partir daquilo que nós percebemos em nossos órgãos sensoriais, e isso, que nós resumimos automaticamente, entra em nosso mecanismo de comparação com nossa experiência (ou aquilo que aconteceu durante a vida), e o resultado é produzido na forma de uma imagem. Tudo é determinado e alcançado apenas por comparação.
Às vezes acontece o seguinte: de repente, algum aroma ou visão evoca uma imagem de minha memória, de algo que aconteceu décadas atrás. De todas as imagens fixadas em minha cabeça, ela escolhe especificamente esta, porque não encontrou outra que seja mais precisa ou similar. Então, eu me torno consciente de que esta comparação com o que está acontecendo hoje vem de muito longe.
Todas essas imagens permanecem fixadas em nosso computador interno, e ele funciona somente por comparação. Se não há comparação, então nós não percebemos de modo algum aquilo que nossos órgãos de percepção captam, e nossa consciência não fixa isto, porque ela funciona somente por comparação entre o que aconteceu no passado e o que existe no presente.
Então, a pessoa percebe tanto seu próprio corpo, quanto o mundo circundante, como resultado das percepções de seus cinco órgãos sensoriais. Nem o corpo nem o mundo existem por si, mas sim, são conseqüência de nossas percepções.
Já falamos do fato de dividirmos nossa percepção do mundo entre a percepção de nós mesmos e a percepção do mundo externo, porque nosso Kli está dividido em duas partes: a interna, e a externa. ‘Shoresh-Neshamah-Guf’, ou ‘raiz-alma-corpo’, é a parte interna do Kli. O ‘Levush ve Eihal’, ou ‘revestimento e construção’, é a parte externa do Kli. Essa divisão do Kli em duas partes aconteceu como conseqüência do Tzimtzum Bet (a Segunda Restrição), isto é, como conseqüência do fato de que nos falta uma tela para unificar todas as partes em um único total. Porém, no futuro, quando formos capazes de criar uma tela para ambas as partes, elas se unirão em um único Kli completo e nós não perceberemos mais o universo como dividido em ‘eu’, e ‘aquilo que me cerca’ – em vez disso, nós o perceberemos como uma impressão unificada.
No TES (*Talmud Esser Sefirot, ‘Estudo das Dez Sefirot’), nós estudamos o porquê da percepção do mundo dividi-lo em duas partes, e como no Gmar Tikkun (*Correção Final) essas duas partes se reunirão em um Kli que consiste de cinco partes, quando ocorrer a anulação do Tzimtzum Bet e o retorno ao Tzimtzum Alef. Não estamos dizendo que há um mundo em volta do Galgalta ou de qualquer Partzuf espiritual; nada existe. A única coisa que existe é o que está no Partzuf. Isso é o que nós percebemos quando nos tornamos completamente corrigidos, em vez de estarmos divididos em Kli Pnimi e Kli Hitzon (* Vaso interior, Vaso exterior).
O Baal haSulam escreveu: ‘Eu sinto a mim mesmo como sólido, e como tendo uma certa medida, porque minhas sensações se apresentam a mim deste modo...’
2. Se a pessoa não tivesse nenhum órgão sensorial, então ela não perceberia a si mesma. Se nossos sentidos fossem diferentes, quantitativa e qualitativamente, então a pessoa se perceberia, ao seu corpo e ao mundo à sua volta de um modo diferente, correspondente à percepção que os órgãos sensoriais lhe dariam.
Tudo muda com relação a nós; não há nada absoluto, imóvel e imutável. Quando dizemos que há a luz Superior, que está em total repouso (a luz Superior que nós não percebemos), estamos nos referindo ao nosso teórico estado final. Porém, quanto a nós, não há um único parâmetro que não esteja sujeito a mudança, e tudo depende somente da combinação desses parâmetros em nós.
3. Tudo o que nós sentimos em nossos cinco sentidos chama-se ‘revelado’. Naturalmente, toda pessoa tem sua própria medida de informação revelada, dependendo de seu desenvolvimento emocional e intelectual. O revelado, isto é, aquilo que está precisa e claramente determinado e é percebido em nossos órgãos, e é reproduzível como um fato, pode ser particular, individual, ou então, geral. O geral é o que é comumente revelado para toda a humanidade em cada estágio concreto de seu desenvolvimento.
No estágio atual do desenvolvimento geral da humanidade, nós podemos ver a diferença que existe entre povos, nações, raças etc. em seu desenvolvimento, e o tipo e o estilo de seus desenvolvimentos. Isto é, todos esses processos são absolutamente individuais.
4. O ‘oculto’ é a informação que ainda não está revelada, mas é potencialmente sujeita a tornar-se revelada no futuro. Nada está oculto. O termo ‘oculto’ refere-se àquilo que está oculto hoje e está pronto a tornar-se revelado amanhã.
O oculto divide-se em dois tipos:
O oculto que nós seremos capazes de revelar em nossos cinco órgãos sensoriais em alguma ocasião no futuro, e
O oculto que nós nunca seremos capazes de revelar em nossos cinco órgãos sensoriais.
O que é isso, o ‘oculto’? A ‘Introdução ao livro do Zohar’ explica que nossa realização inclui a matéria, a forma que a matéria toma, a forma abstrata e a essência. Nós sempre tomamos a matéria e a forma que a matéria assume como um fato. Por outro lado, nós não percebemos, e de modo algum atingimos a forma abstrata e a essência. Isto é o que está fora de nós, ou aquilo que é prévio a nós. Nesse caso, o que é isso, que é chamado o oculto? ‘Oculto’ é o nome da matéria e das formas que estão revestidas na matéria, que ainda não foram atingidas (* NT: a palavra ‘atingir’, aqui, correspondente à palavra hassagah, em hebraico, é utilizada no sentido de alcançar, compreender, discernir, realizar, captar).
Desse modo, o revelado e o oculto referem-se somente aos primeiros dois níveis de compreensão: forma e matéria. É por isso que há uma parte contida no ‘oculto de nós’, que nunca se tornará revelada para nós, porque nós percebemos tudo em nossos órgãos sensoriais e não podemos perceber nada que esteja fora. É possível sentir algo que está fora, através de nossos órgãos sensoriais, somente na medida em que nossos órgãos sensoriais sejam equivalentes a algo que está fora.
Como eu poderia conhecer o que está fora, e ao que eu deveria me tornar equivalente? As pessoas que já percorreram esse caminho me dizem: ‘torne-se equivalente a isto ou aquilo, ou seja, faça essas correções ou mudanças em você mesmo e você sentirá o que está fora’. Se eu não tivesse livros de Kabbalah e conselhos dos Kabbalistas diante de mim, então eu não saberia como mudar, de modo a sentir algo que está no exterior. Por conseqüência, o oculto somente pode tornar-se revelado em correspondência ao conselho daqueles que já o compreenderam (*NT: those who already exist in attainment, ‘já existem em compreensão’).
O mesmo existe em nosso mundo: fala-se à pessoa sobre coisas que ela não percebe ou entende, e então ela revela isto a si mesma.
5. O que não pode ser revelado em nossos cinco órgãos sensoriais pode ser revelado no órgão do sexto sentido. Cada pessoa traz em si o embrião do órgão do sexto sentido, que ela pode desenvolver. A metodologia para desenvolver o órgão do sexto sentido é chamada Kabbalah.
Similarmente às percepções do corpo e da realidade circundante nos cinco órgãos sensoriais, a sensação experimentada no sexto sentido também consiste de dois componentes: o corpo, chamado a ‘alma’ ou ‘Kli’, e o ambiente, chamado o ‘externo’ ou ‘Mundo Superior’.
A alma percebe o Mundo Superior como um sentimento de eternidade, perfeição e conhecimento de tudo.
O que são, então, o corpo e a alma?
O corpo é aquilo que é atingido (*NT: ver nota anterior sobre ‘attain’) em nossos cinco órgãos sensoriais físicos. Vamos supor eu nós estamos em um estado inconsciente, isto é, completamente ‘desligados’; e então nós começamos a perceber. Isso que nós percebemos em nosso estado normal, dentro dos limites de nosso mundo, é feito de duas partes: Eu (meu corpo) e o mundo ao meu redor. Eu posso atingir a mim mesmo e ao mundo ao meu redor desenvolvendo meu conhecimento. Eu posso e preciso desenvolver meu conhecimento e a capacidade de atingir, somente na medida em que isto seja absolutamente real, isto é, o conhecimento entra nos meus cinco órgãos sensoriais e é completamente pesquisado por mim.
Além disso, nós temos algo que pode ser desenvolvido em nós através da metodologia especial da Kabbalah. As pessoas que percebem a dimensão oculta e que simultaneamente existem em corpos do nosso mundo, dão-nos conselhos sobre como fazer isto. Os desejos que me ajudam a perceber a dimensão exterior são chamados a ‘alma’, o ‘corpo da alma’, ou ‘Kli’. Isso, que se percebe no interior do Kli, é chamado ‘luz’. Em resumo, quem não tiver uma tela sobre o desejo de obter prazer do Criador, e quem não receber simultaneamente a luz do prazer, ou o próprio Criador, dentro de seu desejo, de modo a dar prazer a Ele, essa pessoa não terá uma alma. E nesse caso ela é considerada um animal.
Desse modo, os desejos por tipos especiais de prazer correspondem aos cinco níveis de Aviut: desejos corporais, desejos por riqueza, fama, poder e conhecimento. Tudo o que eu obtiver por meio desses desejos é chamado minha vida, meu corpo e minha existência.
Porém, se o desejo de obter prazer do Criador emerge na pessoa (há outra fonte de prazer referida como o "Faraó’, ou ‘Klipa’, mas este é o desejo de obter prazer especificamente no Criador), então isso a leva à Kabbalah. Então a pessoa precisa criar uma tela sobre seu desejo de obter prazer nEle (na percepção do Anfitrião que me serve o alimento). Não no alimento em si, mas na percepção do Anfitrião, e assim, Ele não estará me servindo.
Conseqüentemente, a alma não são os desejos terrenos, mas sim, o desejo pelo Criador, isto é, o desejo por usar o Criador, ou obter prazer nEle. A tela é criada especificamente sobre esses desejos, e então eles são usados para dar prazer a Ele. Como conseqüência disto, alcança-se uma conformidade, isto é, uma equivalência de forma com Ele, ou equivalência a Ele. Enquanto o desejo de obter prazer no Criador não se tornar emergente na humanidade, isto é, enquanto o ponto no coração não emergir, a pessoa não terá nada a corrigir senão seu comportamento neste mundo, que é de alguma forma regulado pela sociedade.
É por isso que corpo e alma são categorias completamente diferentes. A alma, em contraste com o corpo, é o desejo por uma fonte diferente, ou pelo prazer que vem especificamente dEle. Você poderia dizer, ‘mas não há ninguém além dEle, e todos os prazeres vêm dEle’. Sim, vêm dEle. Esses prazeres são corporais, sociais, ou do conhecimento, e embora eles venham do Criador, estão situados numa forma específica para nós, e é por isso que nós os definimos como terrenos. Eu não os relaciono diretamente ao Criador.
Em resumo, é impossível trabalhar pelo Criador, criar uma tela, ou praticar ações de doação, enquanto Ele não se tornar percebido em mim como a fonte do prazer. É por isso que a pessoa cresce sob o sistema dos mundos impuros ou Klipot, e somente quando os desejos impuros pelo Criador emergem nela (os desejos de usá-LO para si mesma), somente então a pessoa adquire a possibilidade de correção. Não há nada a corrigir antes disto. Em princípio, nós sempre dizemos apenas isto, ‘a única coisa que precisa ser corrigida é nossa relação com o Criador’.
Pergunta: quando o interior e o exterior se unificam em um único Partzuf, o corpo (a ‘concha’) desaparece?
Um não afeta o outro. Enquanto eu existo em meu corpo animal, eu posso simultaneamente estar em qualquer dos mundos: no estado da Correção final, assim como no estado mais incorreto. É possível que o órgão de outra pessoa seja implantado em mim, ou o sangue de outro seja infiltrado em mim, ou que eu perca uma parte de meu corpo, ou que o corpo cesse de todo de existir biologicamente. Nada disso pode afetar minha alma de modo algum, ou minha relação com o Criador.
Na realidade isto tem um efeito, isso eleva o nível... Nós vamos discutir esse aspecto em outra ocasião, o que a pessoa adquire após ter-se separado do corpo animal em nosso mundo. Porém, em princípio, esses dois Kelim são completamente desconectados um do outro. Eles influenciam um ao outro enquanto a pessoa percebe simultaneamente ambos os desejos: os desejos deste mundo, isto é, os mais baixos possíveis, e os desejos do mundo superior - isto é, quando ela está na escada dos níveis espirituais e em nosso mundo (*NT: ao mesmo tempo).
Nosso mundo é imutável. Se você picar qualquer Kabbalista com uma agulha ele sentirá a dor; e se você lhe der algo delicioso, ele sentirá prazer. Essas coisas são completamente independentes do seu nível espiritual; elas não mudam, e são determinadas somente por seus componentes animais, tais como onde ele nasceu e como ele foi educado... Todo o seu nível animal é determinado do mesmo modo que qualquer pessoa, isto é, o corpo exige as mesmas coisas que todos os outros corpos exigem.
Por outro lado, o corpo espiritual que se desenvolve nele é o desejo pelo Criador. Isto é algo muito diferente.
Um corpo pode trabalhar através do outro? Praticamente, não. O corpo animal precisa receber tudo o que é preciso para uma existência normal, e ao mesmo tempo a pessoa precisa se dedicar ao desenvolvimento do corpo espiritual, ou Kli.
Pergunta: As percepções do ‘Eu’ e a liberdade referem-se ao corpo ou à alma?
A percepção do meu ‘Eu’ e a percepção da liberdade podem se referir a ambas as coisas:
- aos desejos do nosso corpo, que eu não posso satisfazer, significando então que eu não sou livre para realizá-los;
- aos desejos relativos ao Criador, quando eu estou, por exemplo, sob o controle das Klipot.
Em nosso mundo eu me sinto como um escravo da sociedade ou de meus desejos terrenos, que eu não posso rejeitar; por exemplo, fumar.
No mundo espiritual eu percebo claramente que eu sou escravo de meus desejos espirituais, porque além de mim mesmo e do Criador eu não revelo nenhuma outra fonte de forças e desejos que exista em volta de nós.
Pergunta: Se eu entendi corretamente, o desejo de experimentar prazer em prol de mim mesmo é o corpo, enquanto o desejo de experimentar prazer em prol de doar é a alma? (*NT: for the sake of <=> em prol de).
Nós estamos estudando o Partzuf espiritual. O desejo de experimentar prazer compreende o desejo primordial do Partzuf. Não estamos dizendo que isto já seja o corpo ou Kli. O Kli se forma completamente pela tela e a luz refletida, isto é, o desejo de experimentar prazer em prol do Criador, ou o desejo de realizar esse desejo pelo Criador. Mais precisamente, a intenção de usar o desejo de experimentar prazer, pelo Criador, é o corpo do Kli (Guf). A alma dentro desse corpo é a luz NRNHY que o preenche (*NT: sigla para Nefesh, Ruach, Neshamah, Chayah, Yechidah). É isto que nós estudamos sobre o espiritual, ou que é relatado no TES, isto é, aquilo que a pessoa revela.
Como isto se relaciona com o corpo? Nosso corpo biológico existe por si mesmo; isto também são desejos, mas desejos dos níveis inanimado, vegetativo e animal. Além disso, nós temos desejos humanos e sociais, mas esses desejos não se dirigem ao Criador de forma alguma.
O desejo pelo Criador somente pode existir quando traz alguma relação com Ele. Se alguém em nosso mundo pensa, ‘agora mesmo eu vou comer em prol do Criador’, bem, boa sorte... Porém, isto não é correção. Primeiro é preciso emergir um desejo por Ele, ou o desejo de experimentar prazer dEle, como a fonte do prazer. Somente após, torna-se possível trabalhar contra o desejo que foi dado, isto é, usá-lo com a intenção oposta.
Até que o Criador torne-Se revelado, nós não teremos adquirido o desejo de experimentar prazer dEle, ou a Klipa não vai emergir em nós. Enquanto a Klipa não aparecer em nós, nós não temos nada a corrigir. A Klipa está acima de nosso mundo, ela não corresponde aos nossos desejos terrenos.
O egoísmo de nosso mundo tem necessidade somente de coisas normais, que são comuns a todas as pessoas. Quando nós estudarmos o que é a sociedade do futuro, e como nós podemos regular desejos e relacionamentos entre nós, então nós compreenderemos que eles são todos construídos somente para se tornarem um trampolim para a construção da relação correta com o Criador, ou o caminho para o Kli espiritual.
Para entrar no nível da relação com o Criador, a partir de nosso mundo, nós precisamos trabalhar com livros, o grupo e um Professor. Nós examinaremos isto mais tarde; esses tópicos não são simples.
Pergunta: A única coisa que eu faço neste mundo é meramente escolher o ambiente, e isso é tudo?
Sim. A única realização correta em nosso mundo pode ser atingida somente através da escolha do ambiente, e não porque ele seja espiritual em si, mas porque ele mostra a direção correta do espiritual em mim.
Pergunta: O que significa em nosso mundo ‘o desejo de obter prazer no Criador’?
Em nosso mundo, isto é, no domínio do desejo em eu nós estamos colocados, não há aspiração por obter prazer no Criador. Eu não O vejo. Primeiro, mostrem o Criador a mim, e quando alguma imagem aparecer diante de mim, alguma fonte de prazeres, então eu desejarei ter prazer nEle.
Enquanto eu não tornar isto claro para mim mesmo, enquanto eu não tiver sentido o prazer da Luz Superior (o Criador), e não O tiver experimentado, pois como foi dito, "Taamu ve-reu Ku Shov a-Shem" (‘experimentem, e vejam como o Criador é maravilhoso’); enquanto eu não tiver percebido essa Luz Superior como a fonte do prazer, eu não terei nenhuma relação com ela – eu simplesmente, não a sinto. Ela existe, mas eu não a capto, porque o desejo relacionado a ela ainda não emergiu em mim; eu não tenho nem mesmo uma Klipa.
Quando as pessoas passam o Machsom? No livro ‘Pri Chacham – Cartas’, na carta que está na página 70, o Baal haSulam escreve que as pessoas passam o Machsom quando adquirem o desejo de um amante pela mulher que ele ama: ele não consegue dormir, ele quer tanto estar com ela que nada mais existe para ele, ele precisa somente desse prazer. Esse desejo ainda é animalístico, mais é o maior deste mundo, isso é, ‘eu não preciso de nada neste mundo, seja o que for que você seja capaz de me dar; eu quero apenas a Ele’. Isto já é o começo do desejo da Klipa. A partir desse desejo nós já podemos dizer que, obviamente, você está merecendo o Mundo Superior.
A Klipa são desejos grosseiros de obter prazer no Criador. A Klipa sabe o que o Criador é; ela sabe que espécie de prazer é este. Klipa são os nossos desejos que ainda não se revelaram em nós; eles se dirigem e orientam precisamente na direção dEle. A pessoa já pode corrigi-los; já pode fazer um Tzimtzum (*NT: restrição) sobre eles, ou um Masach (*NT: tela). Porém, nós ainda precisamos crescer para ter esses desejos (os desejos da Klipa). É por isso que eu sempre digo que a coisa mais importante no grupo e em nossos estudos é a grandeza e a importância do Criador.
Não estou dizendo que vocês devam pensar sobre como fazer algo agradável para Ele. Em vez disso, pensem em como fazer com que fique claro, que Ele é a fonte do maior prazer possível. Isto é tudo! Ad she lo Maniah li Lishon (o desejo é tão imenso que não me deixa dormir). É por isso que a importância do Criador é a coisa mais importante. Essa é a única coisa que precisa aparecer diante de meus olhos, para que um me incendeie apenas por isso. Então haverá o que corrigir. Porém, se em vez disso eu começar a observar várias dietas, considerar-me como um homem religioso, rejeitar a vida pessoal, excluir-me da sociedade etc., então eu não realizarei nada. Mesmo em nosso mundo, essa espécie de ações não é aprovada. A Torah proíbe todas as espécies de restrições. Esses não são, de forma alguma, os desejos que precisam ser suprimidos – ao contrário, eles precisam ser desenvolvidos.
Quando eu desenvolvo minha relação com o Criador, e adquiro um louco desejo por Ele, então involuntariamente todos esses desejos terrenos vão recuar para o chão. Porém, eles exigirão sua realização e satisfação, pois o corpo precisa funcionar – ele é construído dessa forma. Nosso corpo não pode ser satisfeito pelo Criador. Você pode pensar nEle o quanto quiser, mas o alimento espiritual não é alimento para o corpo biológico. Eu ainda preciso dar ao corpo tudo o que ele exige em qualquer nível.
Pergunta: O corpo da alma, soa como uma limitação. O corpo da alma deve ter algum tamanho específico?
O corpo da alma é o Guf haPartzuf. Ele é exatamente igual à luz ou o Criador que precisa tornar-se revelado para nós.
Estamos falando sobre fato de que a luz geral, que emana do Criador e precisa nos preencher, separa-se depois nas cinco luzes NaRaNChaI que entram nos cinco Kelim: Keter, Chochmah, Binah, ZA e Malchut, ou 613 partes em que esses 5 Kelim se dividem, o que é a mesma coisa.
Desse modo, nós temos a luz ou o Criador, e em face dEle o Kli ou a alma. Isto é tudo.
Pergunta: A alma é infinita do mesmo modo que o Criador?
Com a palavra ‘infinito’ nós queremos dizer que o preenchimento do Kli pela luz dá ao Kli a percepção de satisfação sem limites, sem começo ou fim. É por isso que esse estado é chamado ‘infinito’, ou ‘sem fim’.
Às vezes há um estado em que eu sinto que estou preenchido... sem fim. Então esse sentimento passa. Um pequeno Kli que tenha sido completamente preenchido por uma pequena luz é por assim dizer ‘obturado’ por ela, e percebe a si mesmo como tendo sido satisfeito infinitamente, sem limites, até a borda. Então ele cresce e percebe que não há luz suficiente, e começa novamente a se mover em perseguição da luz.
Quando nós atingirmos o estado em que o Kli nunca mais muda, isto é, ele corresponderá completamente à luz, isto será a Correção Completa (Gmar Tikkun), do ponto de vista do Kli, e o completo preenchimento pela Luz: o Mundo da Infinidade.
Fonte: Centro Mundial de estudos de kabbalah

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