Sunday, March 23, 2008

O LIVRO DO SEXO
O NASCIMENTODE UMA NOVA HUMANIDADE

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“…O que sabemos sobre o sexo não é mais do que a maneira de acender e apagar o interruptor - nada mais. No entanto, como temos a ideia falsa de que sabemos tudo sobre ele, deixa de haver a possibilidade de qualquer investigação, descoberta, pensamento ou reflexão sobre o sexo.
Se toda a gente sabe tudo acerca desse assunto, qual é a necessidade de pensar nele? Nem discutimos a questão uns com os outros, nem sequer pensamos nela. E devo dizer-lhe que não há na vida nenhum mistério, segredo ou fenómeno mais profundo do que o sexo.
Apenas recentemente soubemos da existência do átomo, e o mundo sofreu uma enorme revolução. No dia em que conseguirmos saber alguma coisa sobre o átomo do sexo, a raça humana entrará numa nova era de sabedoria. É impossível prever o impacto, a dimensão a
que poderemos chegar quando compreendermos o processo e a técnica de criar consciência. Porém, uma coisa é certa: a energia sexual e os seus processos são a coisa mais misteriosa, mais profunda e preciosa no mundo - e nós não falamos acerca dela. Uma coisa que
é a mais preciosa de todas constitui um tabu. As pessoas dedicam-se rotineiramente ao sexo durante toda a vida, e no fim da vida continuam sem saber o que é o sexo.
Por isso, quando afirmei que o sexo nos permite experimentar a ausência de ego e de pensamento, houve muitas pessoas que não ficaram convencidas; sentiram que era impossível. Contudo, mais tarde, um amigo disse-me: "Nunca tinha pensado nisso, mas aconteceu aquilo que tinhas dito." Uma mulher veio ter comigo e comunicou-me: "Nunca
senti isso. Quando o ouvi falar no assunto lembrei-me que era verdade, que a mente fica um pouco parada e em silêncio. Porém, nunca senti a ausência de ego nem qualquer outra experiência profunda do género." É possível que a minha afirmação tenha levantado questões na mente de muitas outras pessoas, por isso, é conveniente explicar
alguns pontos em mais pormenor.
Em primeiro lugar, uma pessoa não nasce com conhecimento de toda a ciência sexua. É possível que muito poucas pessoas à face da Terra, as que retiveram as experiências de muitas vidas passadas, sejam capazes de entender a arte, o processo e a ciência do sexo.
Essas são as pessoas que alcançam o verdadeiro celibalo, pois, quando algém acaba por saber tudo sobre o sexo este torna-se inútil. Essa pessoa limita-se a ultrapassá-lo; essa pessoa transcende-o. Contudo, há alguns pontos que nunca foram referidos a este respeito e
em relação aos quais há que ser muito claro. Um deles - o primeiro ponto em relação ao qual é fundamental que sejamos claros - é que devemos pôr de lado a ilusão de que
única e simplesmente por termos nascido já sabemos o que é o sexo e já sabemos fazer amor. Não, ignoramo-lo. E, devido a essa ignorância, a vida de toda a gente fica enredada e envolvida no sexo até à morte. .Já afirmei que os animais têm uma época fixa para o sexo,
têm uma temporada, e os seres humanos não têm nenhum período específico para isso. Porquê? Talvez porque os animais sejam capazes de entrar mais profundamente no sexo(???); os seres humanos não são capazes. Os investigadores que analisaram o sexo, que entraram profundamente nele e recolheram muitas experiências de vida, chegaram à
conclusão de que, se o orgasmo durar apenas um minuto, a pessoa desejará ter novamente sexo no dia seguinte. Porém, se o orgasmo. Porém, se o orgasmo poder ser prolongado durante três minutos, a pessoa nem sequer nem sequer pensará em sexo durante uma semana. Observaram que, se alguém conseguir prolongar este estado orgástico, esta libertação em relação ao ego e ao tempo durante sete minutos, ficará tão livre do sexo
que ele nem passará pela sua cabeça durante os próximos três meses. ,E, se se conseguir prolongar esse período durante três horas, a pessoa ficará livre do sexo para sempre; nunca mais o desejará.
Contudo, essa experiência geralmente dura apenas alguns instantes; é mesmo difícil imaginar um período de três horas. No entanto, posso dizer-lhe que, se uma pessoa conseguir manter-se no estado de fazer amor, se conseguir manter-se nessa ausência de ego e nesse envolvimento durante três horas, então, um único acto sexual bastará para a libertar do sexo até ao fim da vida. Esse acto deixará tanto contentamento, uma tal experiência de bem-aventurança, uma tal atenção, que durará uma vida inteira. Após este único acto sexual, é possível alcançar-se o estado de verdadeiro celibato.
No entanto, nunca podemos chegar ao celibato após uma vida inteira de prazer sexual. Chegamos à velhice, ao fim da vida, mas nunca nos libertamos da luxúria sexual, da paixão sexual. E por que motivo? Porque não compreendemos a arte e a ciência do sexo. Ninguém nunca no-la explicou nem nunca pensámos, reflectimos ou discutimos isso. Nas nossas vidas, nenhuma pessoa com experiência nos envolveu num diálogo, numa comunhão acerca disso. Ainda estamos em pior situação do que os animais.
Pode duvidar que uma experiência que dura habitualmente alguns instantes possa prolongar-se por três horas. Vou oferecer-lhe algumas chaves para a questão. Se prestar atenção, elas facilitar-lhe-ão a viagem até ao celibato.
Quanto mais rapidamente se respira durante o acto sexual, menor é a sua duração; quanto mais calma e tranquila for a respiração, maior é a duração do acto sexual. Se conseguirmos atingir um estado de respiração totalmente descontraído, a duração do acto sexual pode
ser prolongada sem qualquer limite. E quanto mais durar o acto sexual, mais facilmente ocorre a experiência dos elementos de superconsciência - a ausência de ego e de tempo que já referi. A respiração deve ser muito descontraída. À medida que ela se descontrai, novas profundidades, significados e percepções serão revelados.
Outra coisa a reter: se, durante o acto sexual, a atenção estiver focada entre os olhos, onde o ioga afirma que se encontra o terceiro olho, a duração do acto de amor pode ser prolongada até três horas. E essa experiência de relação sexual pode enraizar uma pessoa no
celibato - não só durante esta vida, mas também durante a próxima.
Uma mulher escreveu-me: "Você não é casado, é um celibatário nato. Isso significa que também não teve a experiência da superconsciência ?"
Se essa mulher estiver aqui presente, quero dizer-lhe que nem eu nem ninguém pode concretizar o estádio de celibato sem a experiência sexual. Também quero dizer-lhe que a experiência pode ser desta vida ou de uma vida passada. Só se pode alcançar o celibato à
nascença nesta vida com base nas experiências de profunda união sexual em vidas anteriores, e em nada mais. Não existe outra hipótese. Se uma pessoa teve uma experiência sexual profunda numa vida anterior, nascerá livre do sexo nesta vida; o sexo não a irá perturbar, nem em pensamentos. Pelo contrário, a pessoa ficará surpreendida pelo comportamento das outras pessoas em relação ao sexo; ficará espantada por se preocuparem tanto com o sexo. Essa pessoa terá, inclusivamente, de fazer um esforço para distinguir, para diferenciar o homem e a mulher.
Se alguém pensa que se pode ser pura e simplesmente um “celibatário nato", sem qualquer experiência sexual, essa pessoa está enganada. Essa pessoa ficará louca e não celibatária. Uma pessoa que tente impor o celibato a si própria acaba por dar em doida e não chega a lado nenhum. O celibato não pode ser imposto; o celibato evolui a partir da experiência sexual. É o resultado de uma profunda experiência, que é a experiência do sexo. Se essa experiência puder ser feita uma vez que seja, a pessoa fica livre do sexo até ao fim de
todas as suas vidas.
Até aqui, referi os dois factores que podem levá-lo a atingir essa experiência profunda: a respiração deve ser descontraída, tão desconntraída como se não existisse, e a sua atenção deve centrar-se no terceiro olho, no ponto médio entre os dois olhos. Quanto mais a sua atenção se aproximar desse centro, automaticamente mais profunda será a relação sexual. E a duração da relação sexual aumentará de modo proporcional em relação ao relaxamento da respiração.Então, pela primeira vez, aperceber-se-á de que não sentimos atracção pela relação sexual em si; sentimo-nos atraídos pela iluminação ,pela superconsciência. Se conseguirmos obter uma única visão dela, se o clarão brilhar uma vez que seja e reconhecermos o caminho que estava oculto na escuridão, então poderemos facilmente
progredir nele.
Um homem está sentado num quarto lúgubre e sujo, cheio de bafio. As paredes encontram-se rachadas e manchadas. Porém, ele pode levantar-se e abrir a janela. De pé, pela janela do quarto sujo, o homem pode ver o céu límpido no horizonte; pode ver o Sol e as aves a voarem no céu. Este homem, que acaba de saber da existência do vasto céu, do Sol e da Lua, das aves que voam, das árvores a abanar ao vento e das flores aromáticas, não permanecerá no quarto escuro e bafiento durante muito mais tempo. Em breve sairá
Para o céu aberto.
Do mesmo modo, no dia em que você tiver uma visão que seja do samadi, da ausência de pensamento no sexo, por mais fugaz que seja esse momento, paredes escuras e sujas em torno do sexo deixarão de o atrair; e em breve sentirá vontade de sair de lá de dentro. É necessário que compreendamos que, em geral, todos nascemos dentro de uma casa escura e suja, e é de dentro dos limites dessa casa que temos de experimentar algo que se encontra para lá…”

Fonte: “O Livro do Sexo – do Sexo à Superconsciência”, de OSHO, da Pergaminho, Lisboa

1 comment:

J said...

Não percebo muito bem como é que Osho pode admitir que os animais estarão mais evoluidos em termos sexuais do que os humanos...