Wednesday, August 06, 2008

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BREVE HISTÓRIA ECONÓMICA RECENTE de MONTARGIL
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Nos meados do séc. passado a economia de Montargil assentava na grande propriedade em toda a freguesia e nas pequenas fazendas e hortas nos arredores da vila. O porco doméstico era rei, e, o burro, e cavalo pelos mais ricos, muito usado.A actividade económica predominante era, como ainda é hoje, a produção, extracção e venda de cortiça, uma das melhores do país, não só preta, como de falca, das “esgalhas” ou podas, então frequentes. Também era notável a actividade do aproveitamento e venda de lenha das árvores mortas e fabrico de carvão, o que acontece ainda hoje, mas menos intensamente. E, viam-se por vezes grandes varas de porcos e vacadas. Também havia/há zonas de olival, e de pinheiro manso e bravo.Naquela época fazia-se também muito arroz e milho, não só na área posteriormente inundada pela Barragem, como por exemplo, nos vales e baixas de herdades como as da Pernancha de Cima e de Baixo, Machoqueira, Montalvo, Salgueiro, Sagolga, etc., e até em zonas de pequena propriedade, como as da Terra Preta e Vale da Areia.Não tinha ainda chegado a mecanização aos campos, e tirando pedreiros, ferreiros, carpinteiros, barbeiros e demais ofícios, comerciantes e pessoal dos Correios, Casa do Povo, G.N.R., Hospital, Junta de Freguesia, Santa Casa da Misericórdia, etc., quase toda a gente trabalhava na agricultura, para os grandes e médios latifundiários e seareiros.Sobre o horário de trabalho de sol a sol na agricultura, e, a luta bem sucedida pelas 8 horas de trabalho, tudo já estará dito.Naquele tempo chegou a existir em Montargil cerca de meia dúzia de lagares de azeite, agora só há um, e existia quem vivesse da caça, coelho, lebre, perdiz e pombo e sua venda, no respectivo período. Hoje há muito menos caça, talvez com a excepção do javali, e muitos mais caçadores. Também conviveram pelo menos duas serrações.Ainda nos anos cinquenta e sessenta era frequente deslocarem-se “ranchos” de trabalhadores rurais de Montargil, tanto para as regiões de Santarém e Almeirim, para as vindimas, e para a de Fronteira, por exemplo, para a colheita da azeitona.Depois, começaram a surgir os tractores e ceifeiras debulhadoras, e, muitas das pessoas que trabalhavm na agricultura e enchiam ruas e tavernas da terra aos domingos à tarde à procura de “patrão”, passaram a ir trabalhar para as “obras” na grande Lisboa.Nos meados dos anos 60 surgiu o ciclo do tomate, de colha ainda manual, tendo sido mesmo construída a única fábrica de Montargil, a do tomate, no Pintadinho, para fabrico de concentrado de tomate pelado e embalagem de tomate pelado, para consumo interno e para exportação. Chegaram a vir pessoas de fora, nomeadamente da Tramaga, para trabalhar na dita fábrica, que, talvez por questões de gestão, não teve vida longa.Entretanto, com a mecanização, todos os pequenos vales, antes verdes de arroz no Verão, deixaram de ser cultivados.Já nos anos 70 o ciclo do tomate ou ouro vermelho, deu lugar ao do pêssego. O eng. Canelas, de Cabeção, promoveu a plantação de centenas de hectares de pessegueiros em muitas zonas onde antes se fizera tomate. Outras dezenas de agricultores locais fizeram o mesmo, em particular nos solos arenosos, regados não só com água da Barragem como a partir de águas subterrâneas, existentes em certa abundância. O pêssego de Montargil era/é considerado muito bom, dos melhores do país, tendo atingido enorme fama e ganho prémios.Surgiu também nessa ocasião a contraditória cultura do tabaco (Governo a mandar escrever nos maços de cigarros que tabaco mata e a dar bons subsídios para a sua plantação – com grande parte do produto da venda do tabaco a ser para o governo!).Também por este tempo um alemão, senhor Peter, instalou um hotel e restaurante de algum luxo junto da Barragem, com passeios de avioneta na freguesia – chegava o turismo.Entretanto, aí pelos anos 80, ou antes, pessoas da classe média e alta de Lisboa começaram a comprar terrenos perto da Barragem e a construir casas de fim de semana.Já há cerca de 10/15 anos surgiu o ciclo do pinheiro manso – onde antes se fizera o pêssego, e não só, (actualmente só se faz numas poucas dezenas de hectares) há agora áreas de pinhal manso intensivo que brevemente começará a produzir.Quantos aos não poucos olivais tradicionais existentes, uma grande parte está abandonada, como em muitas regiões do país, de resto, por não haver quem colha a azeitona.Durante todo este período também se produziu/produz mel.No sector bancário, há alguns anos havia delegações de dois Bancos em Montargil, mas, actualmente só existe uma, e, duas caixas de multibanco.Ultimamente mais um Hotel de luxo (Charcas Lagoon) se instalou junto da Barragem, no Rasquete. E, no Lugar do hotel do senhor alemão, entretanto falecido, está a surgir outro grande hotel.
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