INTERIOR
.
Espaço interior,
Consciência vital,
Serenidade, senhor
E senhora, e frontal.
.
Essência divinal,
Andorinha em rasante
Voo; chilreia pardal:
Mais sentindo que pensante.
.
Esse pensar te destrói:
Cria e deixa criar,
Se não cada vez te dói
Mais e te falta o ar.
.
Silêncio divinal
Que cria o belo som
E também o infernal:
Silêncio é tão bom!
.
E o amor paternal,
(Tantas terminam em al!)
Mais carinho maternal:
Não mates o animal!
.
Calaram-se os gemidos,
Os gritos de dor. Tu sabes
Fazer chorar, e, os idos
Somos nós: também cá cabes.
.
Observa atentamente
Esta pequenina dor,
Sente-a profundamente:
Prazer quando se for!
.
A Vânia é Fernandes
E “A Senhora do Mar”
Tu que voltaste dos Andes:
Deixa lá de te queixar!
.
Não aposto, não trabalho:
Faço o que há p’ra fazer;
Posso ganhar sem o malho:
Que mal me podes fazer?
.
Tu és eu e não és doida(o)
Como eu não sou: o medo
Acabou. E, se és doido(a)
Mesmo, observo meu medo.
.
E o medo se vai mesmo
P’ra com dor noutro lugar
Actuar, obrigar sesmo
A cultivar, ‘té a amar.
.
Faço o que tu mui queres,
Trabalho e ‘té aposto:
Vida é homens e mulheres,
Somos um com o oposto!
.
Ver Deus e a(o) escondida(o)
E sem medo do prazer,
Somos o gozo da vida:
Claro que podes fazer.
.
Que interessa se não
É verdade? Se efeito
É incrível? Não vão?
E leva tudo a eito!
.
Tão sorridente! Que graça,
Que gozo, felicidade!
Mais, só o céu, Graça,
Mostrado com a idade!
.
Não futuro mas presente,
Em tudo, e, não existo:
Para teu e meu bem, ente
De lá sou, não tens tu visto?
.
O que não posso dizer
Tens de procurar ouvir
E aceitar com prazer:
Pensar menos, mais sentir!
.
Tão bonita e perdida?
Ou, estão demasiado
Avançados? E a ida
Dor voltou, oh desvairado!
.
Mexe-te, observa tudo.
Escolhe a melhor parte:
Também podes ser sortudo,
Também podes comer tarte!
.
Vai mesmo fazer o chá,
De morrer não tenhas medo,
Teme é não seres de cá:
Tarde igual a cedo.
.
Vai também o chá colher,
‘stá tudo interligado,
Todo quando morrer
Sabe, se não for matado.
.
Com sexo nós nascemos,
Com sexo nós vivemos,
Com sexo nós morremos,
Com sexo renascemos.
.
Medo no dormir, no sonhar…
Que ‘stupidez! Observo!
Que ‘stupidez! Há acordar
Sempre: observo, observo.
.
Era o medo da dor.
Claro, mesmo a dormir!
Mas, Deus não és tu amor,
Deus é prazer sem ferir!
.
Novo dia; chilrear
Continua. E eu canto
Também e a assobiar
Me ponho: é um encanto!
.
E, bato palmas, escrevo
Para ti e para mim,
Ou para ninguém escrevo:
Sou um com pardal sem fim!
.
E a gata lembro: pouco
Pensa mas muito vive!
E, um gato meio louco
Aparece e também vive!
.
E sorrio e até rio:
Bom humor e um palhaço
Pobre p’ra combater frio
Só pode ser bom, ricaço!
.
E tomo banho, e ouço
Práticos e sonhadores,
E faço até um poço,
Oiço regatos faladores!
.
Medo de estar só tu não
Tenhas: Deus é o só
Acompanhado: anão
E gigante: vastidão!
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment