Monday, December 31, 2007

O que é o tempo/espaço?

--- O tempo dos relógios e dos calendários é o da organização e da ordem?
--- O tempo da idade é o do nascimento, do crescimento, do envelhecimento, da morte, do renascimento…
--- Desejar que o(a) filho(a) seja mais feliz do que nós é sermos mais felizes também.
--- Desejarmos que todos os seres, sensitivos e não sensitivos, sejam felizes, também.
--- Não há um Deus fora de nós e de toda a realidade: Deus está presente!
--- A imagem e a realidade completam-se!
--- Adaptarmo-nos uns aos outros, ou impormo-nos uns aos outros?!
--- Tudo roda, se move e se desenvolve em espiral, e, do simples para o complexo, com sucessivos retornos\recuos e avanços?...
--- Ajudar o tempo a não parar, fazendo rituais de passagem de anos e outros tempos, como ele nos ajuda a nós… Gosto mesmo desta! É fundamental! Talvez mesmo divinal!
--- O tempo psicológico pode passar depressa demais, se há gozo, ou demorar uma eternidade, se há dor? Mas, o tempo real andará sempre à mesma velocidade, se é que anda!
--- Podemos estar fisicamente num local e mentalmente noutro. Quem o não sabe?
--- O bom, o belo e o justo são da vontade de Deus. Quem nos poderá impedir de os concretizar, mesmo se ausentes fisicamente, mesmo dormindo ou em fraqueza?

Sunday, December 30, 2007

NÚMEROS
.
O queijo da serra e o vinho
De pias! Cerveja e tremoço!
E, por que sobre inveja ouço,
Se comer demais faz mal, povinho?
.
Como falam os números: foi,
Em Évora, na ocupação
Filipina, que inquisição
Mais queimou! Deus todos abençoe!
.
Mas, não me digais p’ ra esquecer
O passado, pois: carma existe,
Justiça triunfa e persiste
Passado ‘ té ela se fazer!
.
Só interessam coisas profundas?
Não! As superficiais também.
Pois, se almas gémeas são cem
Ou mais! E, primeiras são segundas!

Friday, December 28, 2007

PRESENTE DIVINAL
.
Comer carne faz mal,
Faz doer, mata… Final
Ponto devia ser, Al
Berto? À ‘stomacal
.
Dor e talvez anal,
Entretanto, o chá
Do hipericão dá
Alívio! Mahal!
.
Morrer pelo poder:
Grande estupidez!
Morrer p’ ra renascer:
Não é insensatez?
.
Viver, estar presente,
Perfeição atingir,
Ver o divinal ente:
Não é inteligente?
.
A pasta esqueceu;
Mas, ninguém lhe mexeu.
E, muito menos eu!
Por fim, apareceu.

Thursday, December 27, 2007

BÉLGICA
.
Morrer pela verdade é
Um erro porquê? Talvez seja
Porque verdade erro beija.
Não imponhas pois tua fé!
.
Nem sequer a tua ciência
Imponhas: há duas metades
Em todas as realidades:
Há que ter toda a pa-ciência!
.
Como é bonita a paz
E a união, com justiça:
Com a meditação, ou a missa,
Ou a mesquita… Tanto faz!
.
Assim inquisição não mais
Haverá, nem um só partido,
Nem P.I.D.E., nem um oprimido.
Belgas: governo precisais?

Tuesday, December 25, 2007

POTENTE
.
Haviam os “balseiros”
Tomado do lugar conta;
Lá em cima, sobreiros
Bons e secos. Remonta
Olival a herdeiros
Velhos: envelhecido
Está, bom p ‘ra madeiros;
Mas, duro chão vencido
Hoje foi por potente
Tractor com “Tonho”, ido
Já; para “carraceiros”
Um festim! E, quem sente
Filho de boa gente
É. Há que olival
Podar e semear
Chaparros, pois, cortiça
Um bom dinheiro vale,
E, tradicional
Azeite faz cobiça!

Thursday, December 20, 2007

O PAI/MÂE
.
O pai está sempre presente:
O pai cuidadoso, amoroso;
E a mãe também, no “Carvalhoso”:
Há ligação para o ausente.
.
Ouve: ar condicionado,
Só com ar vivo à mistura;
E, filho\filha é ventura,
Mesmo que seja adoptado.
.
Pai, herói, filho, poderoso;
Mãe extremosa, deleitosa,
(Não interpreteis mal), viçosa.
Todo se quer mui engenhoso.
.
Bons e fortes antepassados
Dão bons filhos, os quais há
Que melhorar; não bastará
Ser sério… seremos julgados.
.
Mais um dia passou: não fiz
Sofrer ao ser superior,
Com capacidade p’ rá dor
E prazer: sinto-me feliz.
.
Trato-te bem, tua belaz
Aprecio, te alimento,
‘ stou contigo em pensamento…
Fazes-me feliz com firmeza!...
.
Só uma coisa interessa:
Não fazer sofrer e prazer
Dar; não mais nada p’ ra fazer;
Não mais nada que me impeça.
.
Precisavas de mim e eu
De ti: sempre será assim.
Nunca digas: acabou. Vim
De ti; vens de mim. Não morreu.
.
Tudo e todos belos somos,
Dependendo da circunstância;
Porém, inveja e ganância
No cabo do mundo as pomos.
.
Recomeçou-me a doer
O estômago, e, paraste
De ressonar. E, ressonaste
Muito. Resolvi a comer.
.
Como faz mal carne comer
De animais! Porque não vês
Tu isto? Pensa no que lês.
E, o vento chegou de vez.
.
Ressonas como animal,
Não cessas de incomodar;
Como de ti irão gostar?
‘ inda irás acabar mal!!


TRÊS DIAS
.
Ser político é resolver
Comuns problemas: dar, receber,
Gostar, amar, ser amado, ver
Trabalho recompensado, crer.
.
Se todos comem, como deixar
Completamente de a comer,
A carne? Mas, não farei sofrer
Nem o animal. Só se matar.
.
Há uma velocidade certa,
E a vaidade não vale nada;
E, ciência multiplicada
Tem de ser, ciência correcta.
.
Mas há coisa como um bom lar,
Uma boa família, bons pais,
Bons filhos, um bom nome? Que mais
Pode o “experto” desejar?

Sunday, December 16, 2007

GANHAR…
.
Reencarnar a bébé voltar
É pouco? Com Bethoven não foi,
Que, tão novo foi génio dar.
Mas, Pessoa vários não foi?
.
Ganhamos sempre, se não queremos
Ganhar em demasia: um só
Jamais poderemos ser: Seremos
Felizes sendo justos com dó.
.
Pessoas não valem mais que terra:
Sem bom território é vil
O viver; também sem plantas; erra
Quem não faz concelho Montargil!

"O QUE CARACTERIZA A BELEZA É A INOVAÇÃO", de Baudelaire, citado por Niemyer, em RTP Memória.
Livro de VISITAS

Visitei hoje EXPOSIÇÃO
Em Alhos Vedros,
Sobre O Ciclo do Pão,
No Moinho de Maré.
Nos Sábados, Domingos
e Feriados, até
13 de Março de 2008,
Das Catorze às Dezanove, são:

“Muito interessante e importante.
Merece ser permanente. Uma lição.
Fazer aqui a farinha e o pão
Atrairá ainda mais o visitante”

Thursday, December 13, 2007

RESTAURAÇÃO
.
Fernando, o Formoso,
No-lo deu, o Concelho
De Montargil, já velho
De anos, ‘ té glorioso.
.
Era p’ ra ser eterno;
Mouzinho e a Ponte
De Sôr o ArgilMonte
Roubaram, até terno.
.
Não é impunemente
Que se rouba e Deus
Se contraria. Meus
Votos são que em mente
.
Tenhas, oh Montargil:
‘ inda és Freguesia;
Unos na poesia
Valemos bem dez mil!!
.
Poder há que usar
Para ser exemplar,
P’ ra tudo restaurar,
‘ té p’ ra ladrões amar.
.
E tu, bela Lisboa:
P ‘ra que nada te doa
A MonteArgil vai, doa
Dinheiro, obra boa.
.
E tu, lá de S. Bento,
Tem também bom intento,
Vê se ganhas alento,
Deixa de ser tão lento!
.
Deixa de ser tão fraco,
Deixa de enganar.
Onde irás parar?
Não te matará naco?

DOUTOR MORTE
.
Para muitos semeei;
E, num lado semeamos,
Para que nesse colhamos
E, noutro. Também amei.
.
Aos doentes as bananas
Se dão: doentes estamos
Todos; mas nós melhoramos
Tu também, se não enganas.
.
O animal não tem alma?
Mas, há animais melhores
Do que pessoas! Que melhores,
Que vejas tudo com calma.
.
Um doutor há na Suiça
Morte: ajuda doentes
Incuráveis, com ingentes
Sofreres, a morrer. Chiça!
.
Ajudem é a viver;
Digam para não fazer
Mal a nenhum ser e ter
Amor ‘té por ele, o Morrer!

Monday, December 10, 2007

DOUTOR MORTE
.
Para muitos semeei;
E, num lado semeamos,
Para que nesse colhamos
E, noutro. Também amei.
.
Aos doentes as bananas
Se dão: doentes estamos
Todos; mas nós melhoramos
Tu também, se não enganas.
.
O animal não tem alma?
Mas, há animais melhores
Do que pessoas! Que melhores,
Que vejas tudo com calma.
.
Um doutor há na Suiça
Morte: ajuda doentes
Incuráveis, com ingentes
Sofreres, a morrer. Chiça!
.
Ajudem é a viver;
Digam para não fazer
Mal a nenhum ser e ter
Amor ‘té por ele, o Morrer!

Saturday, December 08, 2007

SÓ UMA FAZ MAL
.
A questão é só uma:
Fazer sofrer o menos
Possível os pequenos
E Deus: ser bom, em suma.
.
Só uma coisa faz
Mal: é fazer sofrer,
Com directo morrer
Ou não, tal tanto faz.
.
Não, não; não quero nada;
Quanto mais queremos
Pior: que respiremos
Basta; que goze fada.
.
Morreu de quê? De mal
Fazer. Tão bom de ver.
Há que não esquecer
Nunca pois hospital.
.
Não te respondo: vês
Como eu vejo, sabes
Que já vi isso; cabes
Ao lado: um, dois, três…
UM(a) SÓ
.
Melhorar a semente
É urgente: doente
Curar também. Sintoma
Tratar é pouco: toma
As devidas medidas
Preventivas, com idas
Às verdadeiras causas,
Não descorando pausas.
Matas para comer
E p’ ra te defender...
Pões muitos a sofrer...
Como te vai deixar
Então dor? E, roubar
E mesmo explorar
Mais baixo sem parar
Tem de causar mal ‘star
A todos, pois, Um somos
Só, em infindos tomos.

Tuesday, December 04, 2007

PRAZERES
.
Como tudo na vida,
O maior dos prazeres
Muda conforme lida,
De pessoas e seres.
.
O desagradar pode
Ser preciso, e, Deus
Vê tudo e acode
A maltratados seus.

Friday, November 30, 2007

ENSEJO
.
Um toque, um olhar,
Um som ou um desejo,
DA(O) complementar
É um grande ensejo!
.
SOLTAS
.
Matar, nem o mais
Pequeno ser vivo...
Ou, talvez demais
Isto, muito divo.
.
Como é forte
O pensamento!
E, como morte
Morre, p’lo lento!
.
Justiça, pendendo
Para a compaixão,
Para o amor, vendo
Com exaltação!
.
DEUS É PRAZER GERAL
.
Deus é vida e prazer,
Justiça, felicidade,
Amor, inacção, fazer,
A parte, totalidade.
.
No dever, procurar
Prazer: maior prazer
Do mundo? É curar
Dor, gozo lhe fazer.
.
No prazer, o dever
Não esquecer, cuidado
Ter em não ofender;
Isto é Deus prezado.
.
Maior prazer do mundo:
Que todos seres sejam
Felizes e amados,
Que gémeos se vejam.

.
Loka Samasta Sokino Bhavantu - Que todos os seres de todos os mundos sejam felizes!
Pensamento Hindu


EU TE AMO... NÃO DIZ TUDO!Você sabe que é amado(a) porque lhe disseram isso?A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras.Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida,Que zela pela sua felicidade,Que se preocupa quando as coisas não estão dando certo,Que se coloca a postos para ouvir suas dúvidas,E que dá uma sacudida em você quando for preciso.Ser amado é ver que ele(a) lembra de coisas que você contou dois anos atrás,É ver como ele(a) fica triste quando você está triste,E como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d'água.Sente-se amado aquele que não vê transformada a mágoa em munição na hora da discussão.Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro.Aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido.Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é,Sem inventar um personagem para a relação,Pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.Sente-se amado quem não ofega, mas suspira;Quem não levanta a voz, mas fala;Quem não concorda, mas escuta.Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo!"Para conquistarmos algo na vida não é necessário, apenas, força ou talento; é preciso, acima de tudo, ter vivido um grande amor"

(Arnaldo Jabour)



Se tens um amigo, visita-o com frequência, pois as ervas daninhas e os espinheiros invadem o caminho por onde ninguém passa...Provérbio árabe

O pensamento, apesar de tudo, é uma esterilização. Não há perigo de que ele venha, algum dia, a triunfar sobre a natureza, que é a vida.
Joaquim Nabuco

O homem não morre quando deixa de viver,mas sim quando deixa de amar...
Charlie Chaplin

O amor nascente é tão melindroso, pueril e tímido, que receia desagradar até com o pensamento ao ídolo da sua concentrada adoração.
Camilo Castelo Branco

Não é o que possuímos, mas o que gozamos, que constitui nossa abundância.
Provérbio árabe

Uma inteligência vulgar é como um mau cão de caça, que depressa encontra a pista de um pensamento e depressa a volta a perder; uma inteligência invulgar é como um cão de fila, que segue firme e resolutamente a pista até atingir o que é vida.
Hugo Hofmannsthal

Quem pensa pouco, erra muito.
Leonardo da Vinci

NÃO DEIXE O AMOR PASSARQuando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.
Carlos Drummond de Andrade

Quero conhecer os pensamentos de Deus...O resto é detalhe
Albert Einstein



FONTE: http://www.pensador.info/p/pensamento_arabe/6/

Que gémeos se vejam.

Wednesday, November 28, 2007

Nyanatiloka Mahathera Buddhist Publication Society Sri Lanka 1982
Karma e Renascimento
Ao observar este mundo e pensando nos destinos dos seres, parecerá à maioria dos homens como se tudo na natureza não fosse justo. ?Por que?, perguntariam eles, ?um homem é rico e poderoso, e o outro pobre e desgraçado? Por que um homem é saudável e tem boa vida, enquanto outro é doente desde o nascimento? Por que um homem é dotado de aparência atraente, de inteligência e perfeitas faculdades dos sentidos, enquanto um outro é repulsivo, feio, um idiota, cego, talvez surdo e mudo? Por que uma criança nasce num meio de proverbial miséria e de pessoas sem moral, sendo criadas como criminosos, enquanto outra criança é nascida na abundância e no conforto, com pais de natureza nobre, usufruindo de todas as vantagens de um tratamento generoso e a melhor educação mental e moral? Por que um homem, freqüentemente sem o menor esforço, é bem sucedido em todas as suas empresas, enquanto outro que labuta duro falha em todos os seus planos? Por que pode um homem viver no luxo, enquanto outro homem tem de viver na pobreza e na angústia? Por que um homem é feliz e outro não? Por que um homem desfruta de vida longa, enquanto outro é arrebatado pela morte no nascimento? Por que isto é assim? Por que tais diferenças existem na natureza??
Estas perguntas são satisfatoriamente respondidas pelo Budismo. De todas as circunstâncias mencionadas no parágrafo anterior e todas as condições que constituem o destino dos homens, nenhuma pode, de acordo com os Ensinamentos do Buddha, vir à existência sem uma causa prévia ou a presença de um número de condições necessárias. Por exemplo, assim como de uma semente doente de manga nunca sairá uma mangueira saudável, assim também as ações volitivas, or Karma, produzidas numa vida anterior, são sementes, ou causas-raízes, de um destino desfavorável num nascimento subsequente. É um postulado necessário pensar que um destino mau ou bom de um ser, assim como seu caráter latente, não podem ser produtos de mero acaso, mas por necessidade tem suas causas em um nascimento prévio. De acordo com o Budismo, nenhuma entidade orgânica, física ou psíquica pode vir à existência sem uma causa prévia, isto é, sem um estado congênito precedente a partir do qual desenvolveu. E nenhuma entidade orgânica viva pode ser produzida por algo de todo externo a ela. Ela pode surgir somente a partir de si mesma, isto é, ela deve já ter existido na forma de semente. Além desta causa, condição-raiz, ou semente, existem muitas outras condições menores requeridas para seu atual aparecimento e desenvolvimento, assim como a mangueira necessita de terra, água, luz, e calor para germinar, além da semente. Assim, a verdadeira causa do nascimento de um ser, junto com seu caráter e destino, tem precedentes no Karma-volição produzido num nascimento prévio.
De acordo com o Budismo, existem três fatores necessários para o renascimento de um ser humano, isto é, para a formação do embrião no útero da mãe. São eles : o óvulo feminino, o esperma masculino e a energia cármica, kamma-vega, a qual, nos Suttas (sutras, discursos do Buddha) é chamada metaforicamente de ?gandhabba?, isto é, o ?fantasma?. Esta energia cármica é liberada por um indivíduo moribundo no momento da morte. O pai e a mãe somente provém a base material ou física necessária para a formação do corpo embrionário. Com relação aos pontos característicos, as tendências e as faculdades que jazem latentes no embrião, isto se explica da seguinte forma, nos Ensinamentos do Buddha: o indivíduo moribundo, com todo o seu ser apegado à vida, no momento da morte, irradia energias cármicas, como raios, os quais atingem o útero de uma nova mãe, pronta para a concepção. Assim, através da imposição das energias cármicas num óvulo e no esperma, ali surge, como que um precipitado químico, a chamada célula primária.
O processo pode ser comparado ao princípio do funcionamento das ondas sonoras, através das vibrações criadas pela fala, as quais, pela imposição do órgão acústico de um outro homem, produzem o som em nós, o qual é puramente uma sensação subjetiva. Neste processo, nenhuma transmigração de uma sensação do som ocorre, mas somente uma transferência de energia, chamada aqui de vibrações do ar. De forma semelhante, as energias cármicas, enviadas pelo indivíduo que morre, produzem um novo embrião a partir do material genético fornecido pelos pais. Entretanto, não há realmente uma transmigração de um ser de um corpo para outro, ou de uma entidade-alma - o que ocorre simplesmente é a transmissão da energia-Karma, tais como as ondas (a luz ainda é mistério por ter comportamento ambíguo, seja como fenômeno ondulatório mecânico, seja como fenômeno ondulatório magnético. Mas como toda onda, a luz agita a matéria e transporta energia, sem transferir massa. Muito antes e Max-Planck e Einstein, os quais se preocuparam só com a luz, o Buddha já falava do comportamento especial de todos os fenômenos, que se transformam e se reproduzem, sem que transfiram uma entidade independente e autônoma).
Assim podemos dizer que o processo da vida atual (uppatti-bhava) é a materialização do correspondente processo cármico pré-natal (kamma bhava). Portanto, na visão budista, não existe algo como uma alma transmigrando de uma vida para a outra. E o que chamamos de nosso ego é, em realidade, este processo de mudanças contínuas, de contínuos aparecimentos e desaparecimentos dos componentes (?agregados?) mentais, tais como percepções, sensações, tendências, contato, etc, momento após momento, dia após dia, ano após ano, vida após vida. Como a onda - que agita visivelmente a superfície do oceano - na realidade não passa de uma sucessão contínua de subidas e descidas de massas de água, transportando energia para frente, assim também, quando se observa de perto, não há qualquer entidade-Ego permanente que atravesse o oceano do Samsara (nascimentos e mortes cíclicas), porém tão somente um conjunto de fenômenos ou processos mentais e físicos (psicofísicos), sempre e novamente impelidos para frente pelo impulso da vontade de viver.
É um fato inquestionável que a condição mental dos pais no momento da concepção tem influência sobre o caráter do ser embriônico, e que a natureza da mãe pode causar um profunda impressão na criança que carrega em seu ventre. Contudo, a individualidade mental única da criança não pode ser produzida pelos pais de forma alguma. Aqui não podemos confundir a causa real produtora - isto é, o estado precedente do qual o estado posterior surgiu - com as influências contribuintes e as condições do meio exterior. Se fosse possível que o novo indivíduo, como um todo inseparável, fosse produzido inteira e exclusivamente por seus pais, então dois gêmeos não poderiam nunca apresentar tendências opostas de comportamento. As crianças, especialmente gêmeas, sem qualquer exceção, possuiriam a mesma personalidade dos pais.
Em todos os tempos, e provavelmente em todos os países do mundo, a crença em nascer repetidamente tem sido acalentada por muitas pessoas; e esta crença parece ser devido a um instinto intuitivo que jaz dormente em todos os seres. Vários grandes pensadores do mundo também ensinaram a continuidade da vida após a morte. Já nos tempos de antanho, imemoriais, ensinava-se alguma forma de metempsicose, isto é, ?transformação da alma?, ou metamorfose, ?transformação do corpo?, como por exemplo, nos ensinamentos esotéricos do Egito antigo, nos de Pitágoras, em Empédocles, Platão, Plotino, Píndaro, Virgílio, e mesmo entre os negros africanos. Muitos dos pensadores modernos também ensinam a continuação do processo da vida após a morte.
O grande cientista alemão Edgard Dacque, no seu livro intitulado ?O Mundo Primitivo, Saga e Humanidade?, comentando a respeito da crença da transmigração após a morte, mundialmente encontrada e compartilhada por todos os povos, dá o seguinte aviso : ?Os povos com cultura e conhecimento científico, tais como os antigos egípcios e os sábios indianos, agiam de acordo com suas crenças. Eles se desinteressaram por esta crença somente após o surgimento de um Helenismo e Judaísmo de realismo simplório e racionalista. Por esta razão, com relação a este assunto, seria melhor não assumirmos uma atitude anêmica de civilizados modernos, mas sim uma reverente atitude para resolver este problema e apreendê-lo em sua profundidade?.
A Lei do Renascimento pode ser feita compreender somente através do ?fluxo de vida? subconsciente, em páli, ?bhavanga-sota?, que é mencionado no Abhidhamma Pitaka, e explicado nos comentários, como por exemplo, no Visuddhi-Magga. A importância fundamental do ?fluxo de vida? subconsciente, como hipótese de trabalho para a explicação de várias doutrinas budistas, tais como o Renascimento, Karma e Lembrança de Vidas Passadas, etc, até hoje ainda não foi suficientemente reconhecida, ou compreendida, pelos estudiosos ocidentais. O termo bhavanga, ou bhavanga-sota, é similar, embora não totalmente idêntico, ao que os modernos psicólogos, tais como Jung e outros, chamam de ?alma?, ou ?Inconsciente?, mas que de maneira alguma significam a entidade-alma eterna do ensinamento cristão, porém referem-se a um processo subconsciente em eterna mutação. Este fluxo de vida subconsciente é condição imprescindível de toda a vida, e nele todas as impressões e experiências são guardadas, - ou melhor dizendo, surgem como m&uacutte;ltiplos processos de imagens do passado, ou imagens da memória, as quais, contudo, estão normalmente escondidas do plena conscientização, mas que, especialmente em sonhos, podem atravessar a porteira da consciência e tornar-se plenamente conscientes.
O Professor William James (cujas palavras sobre o ?fluxo de vida subconsciente? são traduzidas aqui da versão alemã) diz : ?Muitas realizações do gênio tem aqui o seu começo. Na conversão, na experiência mística, nas rezas, coopera com a vida religiosa. Contém todas as reminiscências que estão momentaneamente inativas, e é fonte de todas as nossas paixões, impulsos, intuições, hipóteses, preferências, superstições, em resumo, todas as nossas operações não-racionais resultam dela. É a fonte dos sonhos, etc?.
Jung, em seu ?Problemas da Alma Moderna?, diz : ?Da fonte viva do instinto surge tudo que é criativo?. E alhures : ?Tudo que foi criado pela mente humana resulta do conteúdo que foram anteriormente sementes inconscientes e subconscientes?. E ?a palavra ?instinto? não é nada mais do que um termo coletivo para todos os fatores orgânicos e psíquicos possíveis, cuja natureza é, em sua maior parte, desconhecida de nós?.
A existência do fluxo de vida subconsciente, ou ?bhavanga-sota?, é um postulado necessário. Se tudo o que nós vimos, ouvimos, sentimos, percebemos, experimentamos e fizemos, externa e internamente, se tudo isto, sem exceção, não foi registrado em algum lugar e de alguma forma, seja no extremamente complexo sistema nervoso, seja no Subconsciente ou no Inconsciente - então não seríamos capazes de lembrar o que pensamos no momento precedente; e não saberíamos nada da existência de outros seres e coisas; não conheceríamos nossos pais, mestres, amigos, etc; não seríamos capazes de pensar, já que o pensar é condicionado pelas lembranças de experiências precedentes; e nossa mente seria uma completa tábua rasa e mais vazia do que a mente de um recém-nascido, ou mais do que a de um embrião.
Assim, este fluxo de vida subconsciente, ou ?bhavanga-sota?, pode ser considerado o precipitado de todas as ações e experiências prévias, que devem ter estado em movimento desde tempos imemoriais, e deve continuar por períodos imensuráveis de tempo no futuro. Portanto, aquilo que constitui a verdadeira e mais interior natureza do homem, ou de qualquer outro ser, é seu fluxo de vida subconsciente, o qual não sabemos de onde veio e para onde vai. Como diz Heráclito : ?Nós nunca pisamos num mesmo rio duas vezes. Somos idênticos a ele, mas também não somos?, da mesma forma que lemos no Milinda-Panha : ?na ca so, na ca añño; não é a mesma, nem é outra pessoa (que renasce)?. Toda a vida, seja corpórea, consciente ou subconsciente, está em fluxo, num processo contínuo de transformação, mudança e vir-a-ser. Nenhum elemento permanente há neste processo que possa ser encontrado. Logo, não há qualquer Ego permanente, ou personalidade permanente, a ser encontrada nisto, porém meramente fenômenos transitórios. Sobre esta ?irrealidade? do Ego, o psicólogo húngaro Völgyesi em sua ?Mensagem para Um Mundo Nervoso?, nos diz:
?Sob a luz do mais novo conhecimento dos psicologistas, já começamos a reconhecer a verdade da natureza ilusória da entidade-Ego, o valor meramente relativo de seus sentimentos, e a grande dependência deste pequeno ?homem? de toda a rede complexa de fatores de todo o mundo exterior... A idéia de um ego independente, auto-sustentado e com vontade própria..... deveriam ser descartadas e para nos reconciliar com a verdade de que não existe qualquer Ego real (como já o tinha dito o Buddha há mais de 2.500 anos). O que tomamos como nosso Ego que sente é em realidade a mais maravilhosa Ilusão da natureza, etc...?. Em última análise, nem mesmo existem tais coisas como estados mentais, isto é, coisas estacionárias. Sensação, percepção, consciência, etc são, na realidade, meros processos de passagem do sentir, do perceber e de estar consciente, dentro dos quais ou fora dos quais nada de uma entidade separada ou permanente se esconde.
Assim, uma real compreensão da Doutrina de Buddha sobre Karma e Renascimento é possível somente para aquele que apreendeu, ou teve pelo menos um lampejo, da Impessoalidade, ou anattata, e da Condicionalidade, ou ida-paccayata, de todos os fenômenos da existência. Por isto, diz o Visuddhi-Magga, Capítulo 19 : ?Em todo lugar, em todos os reinos da existência, o nobre discípulo vê somente fenômenos corporais e mentais, que se mantém em movimento devido à energia de causas e efeitos. Nenhum produtor do ato volicional ou Karma vê ele separado do Karma, nenhum recebedor do Karma-resultado vê ele separado do resultado. O discípulo deve estar bem consciente que os homens sábios utilizam somente a linguagem convencional quando, com relação ao ato cármico, falam de um ?fazedor? ou, com relação ao Karma-resultado, eles falam de um ?recebedor? dos resultados.
?Nenhum fazedor dos atos é encontrado, ninguém que possa colher os frutos das ações; Fenômenos vazios se multiplicam: Esta é a única Visão Correta.
?E enquanto os atos e seus resultados persistem e continuam, todos condicionados, Não se pode encontrar um início, Como se pode ao analisar a semente e a árvore...
?Nenhum deus, nenhum Brahma, podem ser chamados de criadores desta Roda da Vida : Fenômenos vazios se multiplicam : Todos dependentes de causas e condições.?
No Milinda-Panha (Perguntas do Rei Milinda), o Rei Milinda (o Menandro dos gregos), pergunta ao monge Nagasena :
O que é isto, Venerável, que renasce?
Uma combinação psicofísica de agregados (nama-rupa, em páli), Majestade !
Mas como, Venerável ? É a mesma combinação psicofísica que a presente?
Não, ó Rei ! Porém, a presente combinação psicofísica realiza atividades volicionalmente salutares e não-salutares, e através desse Karma uma nova combinação psicofísica renascerá !
Do ponto de vista da Verdade Absoluta, ou paramattha-vasena, não existe tal coisa como uma entidade-Ego, ou Personalidade (do latim ?persona?, ou ?máscara?), assim não podemos falar verdadeiramente de renascimento deste ou daquele indivíduo. O que de fato ocorre é que um processo psicofísico (humano ou outro qualquer), o qual foi cortado pela morte do corpo, continua imediatamente em algum outro lugar, em conformidade estrita às suas causas e condições.
Similarmente nós lemos no Milinda-Panha :
O renascimento, Venerável, então acontece sem transmigração?
Sim, ó Rei !
Mas como, Venerável, pode um renascimento acontecer sem a transmissão de alguma coisa ? Por favor, ilustre-me com um exemplo.
Se, ó Rei, um homem desejar acender uma lamparina com a ajuda de uma outra lamparina, neste caso a luz de uma lamparina passou para a outra ?
Não, Venerável !
Da mesma forma, ó Rei, o renascimento ocorre sem a transmigração.
Mais além no Visuddhi-Magga, lemos no Capítulo 17 : ?Aquele que não tem um idéia clara a respeito da morte, e que não sabe que a morte consiste na dissolução dos cinco grupos de agregados da existência (a saber : corporalidade, percepções, sensações, formações mentais e consciência), pensa e acredita que é uma pessoa ou ser, que morre e transmigra para um novo corpo, e assim por diante. E aquele que não tem uma idéia clara a respeito do renascimento e não sabe que o renascimento consiste no surgimento dos cinco grupos de agregados da existência, pensa e acredita que é uma pessoa, ou um ser que renasceu, ou que a pessoa reapareceu num novo corpo. E aquele que não tem uma idéia clara sobre o Samsara (roda da vida, roda nascimentos e mortes no Budismo), pensa e acredita que uma entidade real vagueie deste mundo para outro, venha daquele mundo, etc. E aquele que não tem uma idéia clara sobre os fenômenos da existência, pensa que os fenômenos são seu Ego ou qualquer coisa relativa a ele, como algo permanente, alegre e prazeroso. E aquele que não tem uma idéia clara sobre o surgimento condicionado dos fenômenos da existência, e a respeito do surgimento das volições cármicas devido à ignorância, or avijja, pensa e acredita que é o seu Ego que compreende ou não compreende, que age ou faz agir, ou que entra numa nova existência no renascimento. Ou pensa e acredita que os átomos ou um Criador, paralelo ao processo embriônico, moldam o corpo e provém as várias faculdades; que exista um Ego que receba as impressões sensórias, que sinta, que deseje, que se apegue, que de novo entre numa nova existência. Ou pensa e acredita que todos os seres vêm à existência devido à fatalidade ao casualidade..?
?Um mero fenômeno é isto, uma coisa condicionada, que surge numa existência adiante. Mas não de uma vida prévia ela transmigra, Ainda assim, não pode surgir sem uma causa prévia?.
?Quando surge este fenômeno mental-corporal condicionado (o feto), as pessoas dizem que ele entrou numa nova existência. Contudo, nenhum ser (satta), ou princípio de vida (jiva) transmigrou de uma vida passada para a presente, e ainda assim, o feto não viria à existência sem uma causa prévia?.
Este fato pode ser comparado ao reflexo da nossa própria face num espelho, ou a repetição de nossa voz num eco. Assim como a imagem no espelho ou o eco surgiram sem a transferência de nossa face ou de nossa voz, da mesma forma ocorre o surgimento da consciência no renascimento. Se existisse uma completa identidade ou igualdade entre o nascimento anterior e o posterior, assim o leite não viraria coalhada, por exemplo, seria sempre leite; e se existisse uma completa falta de identidade ou dessemelhança, a coalhada não poderia nunca surgir a partir do leite, por exemplo. Portanto, não se pode assumir nem uma completa identidade, nem a total diferença nos diversos estágios da existência. ?Na ca so, na ca añño?, ou ?nem o mesmo, nem outro?. Como já dissemos, toda a vida corpórea, consciente ou subconsciente, está fluindo, um processo contínuo de transformação, mudança e vir-a-ser.
Resumindo, podemos dizer : em última análise, não há realmente seres ou coisas, criador nem coisa criada, o que existe são somente estes processos mentais e corporais. Todo o processo da existência tem um lado ativo e outro passivo. O lado ativo ou causal, consiste no processo cármico - kamma-bhava - isto é, de atividade cármica salutar (?boa?) ou não-salutar (?má?), enquanto o lado passivo ou causado consiste de resultados ou kamma-vipaka, ou seja, o conhecido Renascimento ou Processo da Vida (uppatti-bhava), de nascimento, crescimento, decadência e morte.
Portanto, no sentido absoluto, não existe qualquer ser real que vagueie nesta roda de renascimentos, mas tão somente este processo dual e sempre mutante de atividades cármicas e resultados cármicos.
A vida presente é um reflexo da vida passada (vide o exemplo do espelho), e a vida futura, será um reflexo da presente. Ou, a vida presente é o resultado de atividades cármicas passadas, e a vida futura, o resultado da atividade cármica presente. Não há como encontrarmos uma entidade-Ego que poderia ser o Realizador das atividades cármicas ou ser o recipiente de seus resultados. Portanto, o Budismo não ensina qualquer transmigração, já que no mais lato sentido, não há tal coisa como um Ser, ou entidade-Ego, muito menos sua transmigração.
Em cada homem, como já mencionado, existe latente um instinto nato de que a morte não pode ser o fim de todas as coisas, mas que, de alguma forma uma continuação deve ocorrer. De que maneira, contudo, as pessoas não sabem claramente.
Talvez seja verdadeiro que uma prova direta do renascimento não possa ser dada. Nós temos, contudo, relatos autênticos de crianças em Burma (Birmânia), e de outros lugares, que são capazes de lembrar eventos distintos de vidas passadas. E como poderíamos explicar o nascimento de tais prodígios, como Bentham, que podia ler Latim e Grego aos quatro anos de idade, ou como Stuart Mill, que na idade de três anos lia em Grego, e aos seis anos escreveu a História de Roma, ou ainda como Babington Macaulay, que com seis anos escreveu um Compêndio de História mundial; ou como Beethoven, que dava concertos públicos aos sete anos; ou como Mozart, que escreveu composições musicais antes dos seis anos, ou como Voltaire, que leu as Fábulas de Fontaine quando tinha só três anos de idade...Não é razoável assumir que todos estes prodígios e gênios, que na maioria vieram de pais humildes e incultos, já haviam lançado os fundamentos de suas faculdades extraordinárias em vidas passadas (dizer que são bênçãos de ?Deus? revela o caráter exclusivista, elitista e até impiedoso e sem amor deste mesmo ?Deus?, que na teoria cristã dota um de faculdades soberbas e outro com nada para travar a vida)?
Como poderíamos explicar também que uma criança nascida de pais e ancestrais corretos, sadios de corpo e mente, às vezes demonstrem tendências do tipo de um criminoso, percebidas até pela forma do crânio, pela expressão facial, pela atitude mental e pelo comportamento, reconhecidos por frenologistas, por fisiognomonistas e psicólogos?
Podemos, logo, dizer com segurança que a doutrina budista de Karma e Renascimento oferece a explanação mais filosoficamente plausível para todas as variações e diferenças na natureza, como apresentamos até aqui.
O Budismo ensina que, se numa existência prévia, o Karma físico, verbal e mental, ou atividades volicionais, foram determinadas pelos três venenos (avidez, raiva e ignorância), assim influenciarão desfavoravelmente o ?fluxo de vida? subconsciente, manifestando resultados desagradáveis e ruins na vida presente; e desta forma, o caráter e as novas ações serão induzidas ou condicionadas pelas más imagens mentais do ?fluxo de vida? subconsciente. Se, por outro lado, em vidas prévias os seres semearam boas sementes (ações de corpo, palavra e mente baseadas no desapego, no amor-compaixão e na sabedoria), então eles colherão bons frutos no presente. Está dito no Majjhima Nikaya, 135 : ?Os seres são os donos de seu Karma - as ações volicionais -, são os herdeiros de seu Karma, o Karma é o ventre de onde eles nasceram, Karma é o amigo e o refúgio. Seja qual for o Karma que realizem, salutar ou não, kusala ou akusala, eles são os herdeiros de seu Karma? (as palavras kusala e akusala significam muito mais do que ?saudável? ou ?não-saudável?. Significam ?total?, ?pleno?, ?hábil? para kusala e o oposto para akusala).
No Majjhima Nikaya, 135, um brâmane propõe a seguinte pergunta ao Buddha : ?Existem homens que vivem pouco, e aqueles que vivem bastante; existem homens que são muito doentes, e aqueles que são muito saudáveis; existem homens que são muito feios, e outros que são muito belos; existem homens que não tem poder, e outros que são poderosos; existem homens que são pobres, e outros que são ricos; existem homens que são de famílias de moral baixa, e outros que vem de famílias de moral alta; existem homens estúpidos, e outros inteligentes. Qual a razão, Mestre Gautama, de encontrarmos tantas diferenças entre os seres humanos??
O Abençoado deu a seguinte resposta : ?Donos de seu Karma são os seres, herdeiros de seu Karma; o Karma é o ventre de onde eles nasceram, Karma é o amigo e o refúgio. Assim o Karma divide os seres.
No Anguttara-Nikaya, III, 40, lê-se : ?Matar, roubar, adultério, mentir, difamar, palavras duras e ofensivas, conversas vãs, se praticadas, cultivadas e freqüentemente realizadas, levarão a estados de miséria, ao reino animal ou dos fantasmas (petas)?. E mais : ?Aquele que mata e é cruel, ou cairá em estados infernais ou, renascendo como ser humano, terá vida curta. Aquele que tortura outros seres, será afligido por doenças. Aquele que odeia será horrível; aquele que inveja não terá influência, o estúpido será de baixa estirpe, o indolente será ignorante?. No caso inverso, o homem renascerá em céus felizes; ou se renascer como ser humano, será dotado de saúde, beleza, influência, riquezas, nobreza e inteligência.
O Dr. Grimm, em seu livro ?A Doutrina de Buddha?, tenta mostrar como a Lei da afinidade pode, no momento da morte, regular a tomada de um novo germe. Ele diz: ?Aquele que, destituído de compaixão, pode matar seres humanos ou mesmo animais, carrega no seu íntimo uma inclinação para encurtar a vida. ele encontra satisfação, ou mesmo prazer, em encurtar a vida de outros seres. Germes de vida curta, portanto, tem uma afinidade com ele uma afinidade que se faz valer no momento da morte de tal pessoa, levando-a para um outro germe de vida, para seu próprio detrimento. De forma análoga, germes que estão se desenvolvendo num corpo deformado tem uma afinidade com aqueles que encontraram prazer em tratar mal desfigurando o próximo. Qualquer pessoa que carrega muita raiva ou revolta dentro de si tem uma afinidade com corpos esteticamente feios, sendo uma característica da raiva desfigurar rostos. Aquele que é invejoso, mesquinho, avarento, egoísta, arrogante, carrega em seu íntimo a tendência de ter aversão a outras pessoas e odiá-las. De acordo com isto, os germes que tem afinidade com este tipo de pessoas são os destinados a se desenvolverem em circunstâncias miseráveis e pobres?.
É desejável que aqui retifiquemos o significado de ?Karma? em sânscrito, - ou ?Kamma?, em páli, - de algumas concepções errôneas da palavra no ocidente. ?Karma? vem da raiz ?kar?, ?fazer?, ?agir?, e assim significa ?feito?, ?ação?. No uso budista da palavra (o que difere muito do uso hinduísta), ?Karma? é o nome que se dá para o impulso de volição ou vontade, seja salutar ou não-salutar (kusala cetana - akusala cetana) e à consciência ou fatores mentais associados com estes, exteriorizados como atos mentais, verbais e corporais. ?Karma?, no Budismo, é vontade. Nos Sutras encontramos o Buddha dizendo : ?Cetanaham bhikkhave kamman vadami, cetayitva kamman karoti kayena vacaya manasa? : ?a Vontade, ó monges, é o que chamo de Karma. Através da Vontade a pessoa gera ?Karma? pelas portas do corpo, da palavra e da mente?. Assim, ?Karma? é ação volicional, nada mais, nada menos. Deste fato, resultam os três seguintes pontos :
O termo ?Karma? não compreende o resultado da ação, como muitos no ocidente acreditam, confundidos pelos ensinamentos teosóficos. Karma é ação volicional salutar ou não-salutar; para o resultado da ação temos o termo ?Karma-vipaka?.
Existem pessoas que erroneamente consideram cada acontecimento, até mesmo nossas novas ações salutares ou insalutares, como o resultado de nosso Karma pré-natal. Em outras palavras, elas acreditam que os resultados novamente tornam-se causa de novos resultados, assim ad infinitum. Pensando desta forma elas estão rotulando o Budismo como fatalismo; mas elas terão de chegar à conclusão de que, se for esse o caso, nossa sorte não poderá nunca ser influenciada ou mudada, e nenhuma liberação (que tantas religiões pregam) será alcançada. Budismo não é fatalista, nem tudo é ?Karma? !
Existe uma terceira aplicação errônea do termo ?Karma?, sendo uma implicação da visão de que este termo também inclua e signifique o ?resultado da ação?. É o conceito do assim chamado ?Karma distributivo?, isto é, ?Karma de grupo?, ?Karma das massas?, ou ?Karma nacional?. De acordo com este ponto de vista, um grupo de pessoas, ou nação, ?paga? pelas ações más realizadas pelos ancestrais dessas pessoas, na família ou numa nação. Em realidade, contudo, nem todas as pessoas no momento presente são herdeiras cármicas dos indivíduos que as precederam... de acordo com o Budismo, é realmente verdade que qualquer um que sofra fisicamente, esteja sofrendo pelos seus atos passados e presentes. Mas também ensina que os indivíduos nascidos no seio de uma nação (ou família) sofredora deve, se em verdade sofre com eles, ter feito alguma coisa em algum lugar, em alguma das inúmeras esferas da existência, para que isto viesse a ocorrer com ele, em particular; mas ele pode não ter tido nada a ver com tal nação ou família anteriormente. Poderíamos dizer que, através de seu ?mau Karma?, ?a pessoa? (o fluxo de vida subconsciente) foi atraída para as más condições daquela nação ou família, que lhe era afim (em outras palavras, não há como ?distribuir? igualitariamente os atos dos nossos antepassados por todos os membros de uma nação ou família. O que os antepassados fizeram só pôde criar o ambiente histórico-sócio-cultural presente para o qual ?pessoas? afins são atraídas carmicamente, individualmente). Em resumo, o termo ?Karma? se aplica, em cada caso, somente para as ações salutares ou não-salutares de um único indivíduo. ?Karma? então forma a causa, ou a semente, da qual os resultados surgirão para o indivíduo, seja nesta vida ou numa posterior (o Budismo não pode ser fatalista, pois o ?Karma?, como toda semente, igualmente pode ?morrer?, também devido a tantas outras causas e condições).
O termo páli ?vipaka? é geralmente traduzido nas línguas européias como ?efeito? ou ?resultado?, o que não é muito exato. De acordo com o Katthavatthu, refere-se unicamente aos resultados cármicos produzidos mentalmente, tais como as sensações prazerosas e dolorosas e outros estados mentais primários, enquanto que para os fenômenos corpóreos, tais como os cinco sentidos, o termo aplicado não é ?vipaka?, mas ?kammaja? ou ?kammaja- samutthana?, isto é, ?nascido do Karma?, ?produzido pelo Karma?.
O homem tem em seu poder a capacidade de moldar seu destino futuro por meio do uso (consciente) da Vontade e da ação. Depende de suas ações, ou Karma, se seu destino o levará às alturas ou jogá-lo na lama, à felicidade ou à miséria. Além disso, Karma é a causa e semente não somente para a continuação do processo de vida após a morte, isto é, para o renascimento, como mesmo na vida presente nosso Karma pode produzir bons e maus resultados, e exercer influência sobre o nosso caráter e destino. Assim, por exemplo, se diariamente a pessoa praticar atos de bondade para com todos os seres, pessoas e animais, ela crescerá em bondade. O ódio, e todas as ações realizadas através do ódio, bem como todos os estados mentais maus e agonizantes produzidos pelo ódio, não poderão surgir numa mente treinada em bondade. Nossa natureza e caráter tornar-se-ão firmes, felizes, pacíficos e calmos.
Se praticarmos o não-egoísmo e a tolerância, a avidez e a avareza diminuirão. Se praticarmos o amor e a bondade, a raiva e o ódio desvanecerão. Se desenvolvermos Sabedoria e conhecimento, a ignorância e a ilusão gradualmente desaparecerão. Esta é a prática budista! Quanto menos avidez, ódio e ignorância (lobha, dosa e moha) existir no coração do homem, menos ele cometerá ações não-salutares do corpo, da palavra e da mente. Devemos saber que todas as coisas más, todo mau destino, estão enraizados nestas raízes de avidez, ódio e ignorância; e destas três a ignorância (moha ou avijja) foi apontada por Buddha como a principal causa de todos os males e misérias no mundo. Se não existisse mais qualquer ignorância (a respeito da vida e da Realidade), não existiriam mais a avidez e o ódio, a raiva, nem mais renascimentos, sofrimentos, ou insatisfatoriedade.
O objetivo, contudo, no sentido último, só será atingido pelo ?arahat ou arahant?, ou aquele que para sempre e definitivamente conseguiu livrar-se destas três raízes em si mesmo, e isto se consegue através do crescimento em Visão penetrante (especial) ou vipassana, que apreende perfeitamente as três características de toda a existência e de todos os fenômenos, a saber: Impermanência, Impessoalidade e Insatisfatoriedade. Este Insight, através de um total desapego, penetra todas as formas da existência. À medida que a avidez, a raiva e a ignorância forem completamente banidos, a vontade pela vida, este apego tenaz à vida, terminará. Não ocorrerão mais renascimentos, e o objetivo do homem nesta Terra será cumprido, a saber: a extinção de todo renascimento e sofrimentos. Assim o ?santo? ou ?arahant? não gera mais Karma, isto é, ações volitivas boas ou más que produzam nova existência. Embora um ?santo? certamente não seja inativo e tudo que faça, pense e fale seja considerado ?bom?, ele não tem o mais leve traço de apegos, orgulho ou asserção de ego. Não deixa mais pegadas.
O que chamamos de caráter de uma pessoa em realidade é o somatório das tendências subconscientes parcialmente produzidas em condições pré-natais, e parte produzida pelas ações volitivas do presente. Estas tendências são, durante a vida da pessoa, as indutoras de atividades salutares ou não-salutares, através do corpo, da palavra ou da mente. Se, contudo, esta sede pela vida, enraizada na ignorância, for plenamente extinta, então não haverá renovação de renascimento. Uma vez que a semente de um coqueiro é destruída, não teremos mais coqueiro. De maneira idêntica, não haverá a entrada de novo numa nova existência, uma vez que as três raízes que a afirmam - a avidez (apego),o ódio (raiva) e a ignorância, forem destruídas. Aqui não devemos nos esquecer que expressões que se referem à personalidade, tais como ?eu?, ?ele/ela?, ?Abençoado?, são meros nomes convencionais que damos para um fenômeno de vida impessoal.
Com relação a isto, devemos dizer que, de acordo com o Budismo, a última volição cármica antes da morte (ou perda da consciência), maranasanna-kamma, determina de imediato a direção do novo nascimento. Em países budistas, é portanto um costume relembrar à pessoa moribunda as boas ações que realizou em vida, com o intuito de levá-la a um estado cármico puro e feliz, como preparação a um renascimento favorável. Ou parentes oferecem coisas à Sangha (Comunidade) monástica, em benefício do morto, dizendo (e gerando a intenção mental) : ?Estas coisas oferecemos à Comunidade, pelo bem de seu futuro e pela sua felicidade?. Ou eles pedem que se faça um sermão, uma recitação de noite e dia, freqüentemente o Satipatthana Sutta.
O Visuddhi-Magga, 17, diz que no momento antes da morte, aparecerá, via de regra, à memória de um malfeitor, a imagem mental de qualquer mal que tenha feito anteriormente, ou pode surgir ante seus olhos mentais uma circunstância relacionada, ou um objeto, chamado kamma-nimitta, relacionado com o mal feito, tal como sangue derramado, uma adaga manchada de sangue, etc; ou aparecerá para ele a imagem de seu renascimento miserável iminente, gati- nimitta, tal como fogos ardendo, e assim por diante. Para um outro homem moribundo, pode aparecer em sua mente a imagem de um objeto voluptuoso, excitando seu desejo sensual.
Para um bom homem pode surgir à sua mente qualquer ato nobre que tenha realizado anteriormente, ou a imagem de um objeto que estava presente então, como kamma-nimitta, ou ele pode ver em sua mente seu renascimento iminente, como gati-nimitta, tal como um palácio celestial, etc (os tibetanos tem ensinamentos análogos no Bardo Thödol)
Na versão chinesa do texto Mahayana ?Bhavasankranti Sutra?, encontramos : ?quando, ao fim da vida, a consciência mental está para desaparecer, então todas as ações realizadas surgem ante a pessoa, assim como a imagem de uma mulher surge nos sonhos para um homem... Assim, ó Rei, quando a consciência desaparece e a futura consciência renasce, ela renasce entre os homens, ou entre deuses, semideuses, espíritos famintos ou em estados de miséria. Imediatamente após o surgimento da futura consciência, ó Rei, uma nova série de pensamentos (citta-santati) surge para usufruir os frutos resultantes que deverão ser usufruídos. Ó Rei, nunca houve coisa alguma que possa transmigrar do mundo presente para o mundo futuro. Porém o fruto de qualquer ação pode ser alcançado no renascimento. Você deve saber, ó Rei, que quando a consciência passada desaparece, a isto chamamos de morte. Quando a consciência futura surge, a isto chamamos de nascimento. Quando a consciência passada desaparece, ó Rei, não há lugar algum em que ela se esconda. Quando a consciência futura surge, não há lugar algum do qual ela tenha vindo?.
Nos discursos (sutras) do Cânone Páli, três tipos de Karma, ou ação volicional, são descritas, com relação ao tempo em que frutificam, a saber:
Karma que dá fruto nesta vida - ditthadhamma-vedaniya-kamma;
Karma que dá fruto vida seguinte - upapajja-vedaniya-kamma;
Karma que dá fruto nas próximas vidas - aparapariya-vedaniya-kamma;A explanação destes termos são muito técnicas para o espaço que temos neste livro, no momento. Mas podemos dizer que elas implicam no seguinte : o que parece um único ato de percepção sensorial, por exemplo, ou de reconhecimento mental, na verdade consiste de uma série de momentos de pensamentos consecutivos realizando diferentes funções no processo cognitivo (análogo a um computador ?rodando? ou executando milhões de informações a cada instante). A fase do processo onde a volição cármica é produzida consiste de inúmeros momentos de pensamento impulsivos, ou javana-citta, que passam e grande velocidade, um após o outro, em rápida sucessão (interessante o Buddha ter descrito o princípio de funcionamento de um processador de computador ao descrever a mente). Agora, desta série momentos de pensamentos impulsivos (na hora da morte), o primeiro dará fruto na vida presente, e o último na vida seguinte, e os outros entre estes dois frutificarão nas vidas futuras.
Os dois tipos Karma que frutificarão nesta e na próxima vida, podem às vezes, tornar-se sem efeito, ou ahosi- kamma. O Karma, contudo, que frutificará em vidas mais além, irá, assim que a oportunidade e o lugar permitirem, dar seus frutos, e enquanto este processo de vida continuar, este tipo de Karma nunca se tornará sem efeito.
O Visuddhi-Magga divide Karma de acordo com suas funções, em quatro tipos :
1.-
reprodutivo (janaka);
2.-
de suporte (upatthambhaka),
3.-
desfavorável (upapilaka),
4.-
destrutivo (upaghataka), sendo que qualquer um destes podem ser ou salutares ou não-salutares.
O Karma reprodutivo, ou janaka-kamma, é o Karma que predomina na hora da morte e condiciona a existência presente. Ele funciona desde o momento de nascimento e continua a gerar, através da sucessiva continuidade da vida, fenômenos corpóreos e fenômenos mentais neutros, tais como os cinco sentidos e os fatores mentais associados aos sentidos, como sensação, percepção, impressão sensorial, etc.
O Karma de suporte, ou upatthambhaka-kamma, é o Karma que suporta, conforme sua natureza, os fenômenos agradáveis e desagradáveis que surgem durante a vida da pessoa, assegurando a continuidade desses fenômenos.
O Karma desfavorável, ou upapilaka-kamma, é o Karma que contrabalança e confronta os fenômenos agradáveis e desagradáveis, gerados pelo Karma reprodutivo, e não os permite continuar.
O Karma destrutivo, ou upaghataka-kamma, é o Karma que destrói um Karma mais fraco, e admite somente seus próprios resultados, sejam eles agradáveis ou não.
No Comentário ao Majjhima-Nikaya, 135, o Karma reprodutivo é comparado ao fazendeiro que faz a semeadura; o Karma de suporte é comparado à irrigação, à adubação e à observação dos campos; o Karma desfavorável é comparado à seca que causa uma colheita magra, e o Karma destrutivo, ao fogo que destrói toda a plantação.
Uma outra ilustração : o renascimento de Devadatta (um primo do Buddha) numa família real foi devido ao seu bom Karma reprodutivo. Ele se tornar um monge e desenvolver poderes espirituais foi devido ao seu Karma de suporte. Sua intenção de matar o Buddha foi um Karma desfavorável, enquanto que ele ter causado dissensão na Comunidade monástica foi um Karma destrutivo, devido o qual ele renasceu em estado de miséria.
Esta fora do escopo deste trabalho dar uma descrição detalhada das muitas divisões do Karma que encontramos nos Comentários. O principal objetivo aqui neste ensaio foi enfatizar que a Doutrina Budista do Renascimento não tem nada a ver com a transmigração das almas, ou de uma entidade-Ego, já que na Realidade Última, não há egos, mas meramente a continuação de um processo de mudança mental e corporal, que é um fenômeno psicofísico da existência. E que ambos os processos de Karma quanto o de Renascimento só podem ser compreendidos com o postulado da fluxo de vida subconsciente, que jaz em toda natureza animada.
Tradução não oficial, por Carlos Lessa, em 10/06/2.001

http://www.geocities.com/callceb/Karma.html
RENCARNAÇÃO/KARMA
.
Carma serão precipitados
De paixões, impulsos, tendências...
Por tempo e tempo parados,
Que voltam em novas vivências.
.
Todos estes precipitados,
Mais percepções e preferências,
Em energia transformados,
Passarão, maus e excelências,
.
Para nova mãe, novo pai,
Em particular no momento
Da morte. Assim, filho(a) vai
Também influir nascimento.
.
E, reparai, o que atrai?
Talvez dívidas a pagar,
Talvez um ódio que trai,
Talvez um eterno amar...

Tuesday, November 27, 2007

HAJA ALEGRIA
.
Haja alegria:
Não há má vontade
Onde se recria
Alegria; há-de
.
Também o desejo
Ser de existir
Feliz: com o pejo
D' injusto ferir.
.
Montargil: cantar
Espanta os males:
Música no ar
Haja, e, nos vales!

NAMO BUDDHAYA - NAMO DHARMAYA - NAMO SANGHAYA !

A CONSCIÊNCIA E COMO PODEMOS ALCANÇAR A LIBERAÇÃO ATRAVÉS DELA Prof. Ven. P. Vipassi

Um estudioso budista, um erudito chamado Francis Story, tem enfatizado em seus trabalhos o fato de como ele tinha sido influenciado por filósofos, tais como Sócrates, Aristóteles , Platão, e outros, tais como Spinoza, Kant, Berkeley, etc. Quando ele começou a se familiarizar com a filosofia budista, ele percebeu como a filosofia ocidental ignorava a filosofia do Budismo. Ele se questionava então porque não havia menção alguma nos meios acadêmicos sobre a filosofia budista. Nada à respeito do Abhidhamma (que é o conjunto filosófico das doutrinas budistas), ou de qualquer outro Ensinamento profundo, como a Originação Dependente ou a teoria do Karma. Assim, depois que ele passou a conhecer o Budismo, ele dizia que as teorias dos filósofos ocidentais o deixavam vagueando sem rumo. Por séculos os filósofos ocidentais desconheceram a mais alta e mais racional das filosofias que jamais surgiu no mundo - a do Buddha. Ele compreendeu como o Budismo, seus termos e seus princípios fundamentais eram muito diferentes de qualquer coisa que ele pôde aprender da tradição filosófica grega. Pelo menos ele observou uma ligeira semelhança do Budismo com o filósofo grego Heráclito, que via o Universo como um fluxo ou processo, e com o alemão Schopenhauer, que teve um pouco de sua inspiração tirada de fontes budistas.
Os temas da filosofia ocidental são de ordem morais e tentam definir a natureza da vida. A essência da personalidade humana é expressa em termos de “espírito” , “alma” , “consciência”, e assim por diante. Sendo confrontado por tais termos genéricos, Francis, ou qualquer outro, não poderiam deixar de se sentir perdidos com a falta de precisão e especificidade, quando se compara o mesmo tema com o conteúdo do Abhidhamma, que é, como já disse, a parte filosófica dos Ensinamentos do Buddha.
Existem duas vertentes filosóficas no ocidente. Uma pode ser denominada de “Clássica” , que derivou das fontes tradicionais escolásticas; e a outra, que pode ser chamada de “Científica”. A Clássica ainda está emaranhada com os conceitos de “espírito”, “alma” e afins. Mas a vertente Científica está rapidamente se aproximando do que o Budismo ensina, porque ela se viu compelida a se descartar dessas premissas tradicionais estabelecidas, tomando uma visão dinâmica e evolucionária da vida. Ela lida com processos, e não com coisas estáticas; lida com princípios ou leis, e não com entidades.
Bem, vejamos porque se diz que a filosofia budista contida no Abhidhamma é superior à filosofia clássica ocidental. O Abhidhamma lida com fatores conhecidos ou reconhecíveis da Consciência; lida com o princípio de causa-e-efeito, e não com problemas generalizados. O Abhidhamma obtém seus dados de fontes que podem ser investigadas e verificadas, sem qualquer relação com idéias pré-concebidas. Não postula a existência de qualquer coisa que não pode ser provada. Isto representa a única aproximação realmente científica da filosofia, e é uma das principais diferenças entre o sistema Abhidhamma e os outros. Mas esta não é a única razão para sua superioridade. Abhidhamma faz uma sistemática classificação de todos os fatores, externos e internos, que compõem a Consciência de um ser vivo. Apresenta um padrão compreensivo do todo. O Abhidhamma prescinde de qualquer crença num substratum ou numa entidade pessoal. Assim, evita contradições que a crença em uma entidade implica. Ninguém que tenha estudado o Abhidhamma, mesmo que superficialmente, consegue voltar à crença em um “eu” ou “alma” , sobre o que a maioria das filosofias foram construídas. O estudioso terá que reconhecer o Princípio do eterno fluxo, ou mudança, o que elimina a eternidade da “alma”.
O Buddha redescobriu a Lei da Originação Interdependente (Paticca Samuppada) e ensinou a análise “abidâmica” da Consciência. Nesta análise, todos os elementos se encaixam e dissolvem as dissonâncias causadas pela compreensão imperfeita do tema “causalidade”; especialmente quando nós apreendemos a idéia central do “não-eu” .
A Consciência é o único meio pelo qual estamos conscientes de tudo. Portanto, é necessário que tenhamos um conhecimento geral e claro das leis que a governam. É somente através de uma busca sincera que podemos realizar a natureza da existência.
O desenvolvimento científico através da astronomia, matemática, física, química e ciências aliadas, permitiu uma penetração mais aprofundada nos mistérios do universo. E, em conjunto, estas ciências se transformaram numa grande ciência ontológica. O pensamento moderno, profundamente desenvolvido por Einstein, Eddington, Sir H. Jeans e muitos outros, tem nos mostrado mais e mais a extrema vacuidade da matéria , bem como a universalidade de leis e uma arquitetura básica do universo. O átomo ocupa aproximadamente o espaço de um bilionésimo de metro em diâmetro. A matéria é composta de áreas carregadas eletricamente chamadas elétrons e prótons. Este exemplo ajuda a entender cientificamente a vacuidade da matéria. As substâncias são definidas por uma quantidade de elétrons - para generalizar. E o estudo da astronomia não ensina outra coisa que não a impermanência da existência.
De acordo com os comentários em língua páli, a palavra do Buddha é conhecida como “Dhamma”. O termo “Abhidhamma” significa “doutrina sutil, final, superior ou última”. Neste sistema, tudo é analisado e explicado, e por isto o Abhidhamma é conhecido como “doutrina analítica” . Segundo o Abhidhamma, quatro coisas existem, a saber: (1) Citta - ou Consciência; (2) Cetasika - ou Estados Mentais; (3) Rupa - ou Matéria; estado de ser material; (4) Nibbana - ou Nirvana, o Incondicionado.
Numa outra abordagem, podemos depreender do estudo do Abhidhamma que todos os seres são compostos de fatores (1) mentais ou “Nama”, e fatores (2) materiais ou “Rupa”. O indivíduo é dito ser um “Nama-rupa”. O indivíduo pertence ao mundo. O Nirvana é supramundano. Nama denota tanto a consciência como os estados mentais. Assim, o Abhidhamma enumera 52 tipos de estados mentais. Um destes é “vedana” ou sensação; outro é “sañña” , ou percepção. Os restantes 50 tipos são coletivamente chamados de “sankharas”, ou estados mentais generalizados. O receptáculo das propriedades mentais é “Viññana”, ou Consciência. De Rupa, ou materialidade, o Abhidhamma enumera 28 tipos. Por esta análise, o tão conhecido ser é composto de cinco principais grupos de agregados, conhecidos em páli como “Pancakkhanda” , a seguir resumidos: Rupa - ou materialidade, Vedana - ou sensação, Sa&ntillde;ña - ou percepção, Sankhara - ou estados mentais, e Viñ&nntilde;ana - ou Consciência.
Consciência, estados mentais e materialidade pertencem a este mundo (Lokiya), e Nibbana é supramundano (Lokuttara). O supramundano Nibbana é a única realidade absoluta, que é o summum bonum do Budismo. Nestes não há quaisquer almas (atta). Não-eu é uma das bandeiras do Budismo.
Citta ou Mente é aquilo que se direciona para os objetos. É um dos 4 princípios. A palavra Citta deriva da raiz cit-to , pensar ou discernir (vijanati). Aquilo que discerne um objeto ou é meramente o discernimento de um objeto chama-se “Citta”. Em outras palavras, aperceber-se de um objeto é Citta. Existem diferentes tipos de Consciência, a saber, as benéficas, as maléficas, as nascidas de uma causa e as indeterminadas. O tipo de consciência que é condicionada pelas três boas qualidades do não-apego, não-ódio, e sabedoria é “kusala” ou benéfica. O tipo de consciência que é condicionada pelas três más qualidades do apego, do ódio, e da ignorância é “akusala” ou maléfica. Todos os pensamentos benéficos e maléficos são coletivamente geram Karma (kamma). As atividades volicionais produzem efeitos desejáveis e indesejáveis, da mesma forma como todo objeto é acompanhado por sua sombra. Assim, o pensamento ativo, condicionado pelas seis raízes expostas acima, produz o seu correspondente efeito. Estes tipos de consciência uma pessoa experimenta como a consequência inevitável dos bons e maus pensamentos - e isto é a consciência nascida de causas (vipaka).
Existem alguns outros tipos de consciência que são experimentadas principalmente pelos Buddhas e Arahants (seres realizados). Estes tipos de consciência são chamados de indeterminados (kriya), porque eles não produzem quaisquer reações, devido ao fato de que Buddhas e Arahants destruíram todas as impurezas.
De acordo com o Abhidhamma, existem 89 tipos de consciência. Destas, 80 são características deste mundo, “mundanas”, e as 9 restantes são “supramundanas”, pois estas últimas transcendem aos cinco agregados. Destas nove, 8 classes de consciência tem o Nirvana como seu objeto e são livres de toda mácula. A nona é o próprio Nirvana. Nos tipos de consciência “mundanas” de um ser humano (puthujjana) predomina “Cetana” ou volição . Nos tipos de consciência “supramundanas” predominam “Pañña” ou sabedoria. Por isto, os nove tipos de consciência supramundanas não são consideradas Karma.
As oito classes de consciência supramundanas são os “Quatro Caminhos e Quatro Frutos” que pertencem aos quatro estágios de santidade, a saber: (1) Sotapatti, (2) Sakadagami, (3) Anagami e (4) Arahant.
Entre os tipos de consciência mundanas existem algumas classes de consciência experimentadas somente por aqueles que cultivam as “Jhanas” ou êxtases meditativos. Pela concentração uma pessoa desenvolve estes tipos de consciência. Aquele que desenvolveu plenamente Jhana pode, se assim o desejar, obter 5 tipos de faculdades, ou Abhiñña, a saber: (1) Iddhi vidha ou poderes psíquicos; (2) Dibbasoti ou clariaudiência; (3) Paracittavijjañana ou capacidade de ler o pensamento alheio; (4) Pubbenivasanussatiñana ou relembrança de vidas passadas; (5) Dibba cakku ou clarividência. Estas cinco faculdades estão ao alcance de qualquer pessoa.
Se classificarmos as consciências de acordo com os planos de existência ou “esferas da existência”, teremos: (1) Kamavacara ou consciência pertinente à esfera dos sentidos, das sensações; (2) Rupavacara ou consciência pertinente à esfera da forma; (3) Arupavacara ou consciência pertinente à esfera do sem-forma; (4) Lokuttara ou consciência pertinente à esfera supramundana.
Existem cinco obstáculos que impedem nosso progresso para o Nirvana. Estes obstáculos são erradicados pelos constituintes de Jhana (absorção meditativa), que o Abhidhamma enumera, a seguir: (1) Vitaka ou aplicação inicial; (2) Vicara ou aplicação sustentada; (3) Piti ou alegria; (4) Sukha / Upekkha ou felicidade / equanimidade; (5) Ekagata ou concentração da mente.
Os desejos dos sentidos (Kamacchanda) são inibidos pela mente dirigida (Ekagata). A má vontade é inibida pela alegria (Piti). Lerdeza e torpor (Thina e Midha) são inibidos pela aplicação inicial ou esforço (Vitaka). A dúvida (Vicikiccha) é inibida pela aplicação continuada do esforço (Vicara).
Os budistas falam, como já dissemos, de mais oito tipos avançados de consciência, que são ditas “supramundanas” ou Lokuttara. Com uma mente purificada por Jhana, as pessoas são capazes de ver as coisas como elas realmente são. Contemplando as coisas desta maneira, as pessoas eliminam a auto-ilusão (sakkaya ditthi), as dúvidas (vicikiccha), e o apego a ritos e rituais (silabbata paramasa). Desta forma, esta pessoa torna-se um Sotapanna , ou “aquele que entrou na corrente”. A consciência que se experimenta nesta situação chama-se a “consciência do caminho (magga) do Sotapatti”. Isto é seguido imediatamente da “consciência-fruto” (phala). Como a consciência do Caminho é seguida imediatamente pelo consciência de seu fruto, ela é chamada de “akalika” , ou atemporal, isto é, de fruto imediato.
Existem 2 impurezas que são muito difíceis de erradicar, que são o desejo sensual (kama) e a raiva (patigha). O Sotapanna que obteve um lampejo da verdade e obtém um aprofundamento de sua força moral, consegue atenuar estas duas impurezas e logra o estágio mais avançado de santidade conhecido como Sakadagami, ou “aquele que terá de voltar à vida” . Ele está preso a esta roda de nascimento e morte, já que ainda tem pela frente outras 5 impurezas para debelar. As cinco impurezas são: (1) Ruparaga ou apego à esfera da forma; (2) Aruparaga ou apego à esfera do sem-forma; (3) Mãna ou auto-conceito; (4) Uddhacca ou inquietação, e (5) Avijja ou ignorância.
Quando se atinge o estágio de Arahant, é porque todas estas impurezas foram debeladas, e assim nasce um Perfeito. O Perfeito está além de todo mal e bem, e é chamado “Asekha”, ou “aquele que não luta mais”.
Os Quatro caminhos e Quatro Frutos equivalentes aos quatro estágios de santidade são as oito classes de consciências supramundanas. Antes que atinjamos o estágio de Sotapanna, o primeiro deles, somos chamados de “puthujjanas”, seres humanos comuns. Os quatro estágios de santidade são conhecidos como “Áryas”, seres nobres e superiores. E aquele que é um Sotapanna, até que atinja o grau de Arahant, é chamado de “Sekha” , “aquele que ainda luta”.
De acordo com o Abhidhamma, nós vivemos exatamente pelo tempo de duração de um pensamento, e todos eles só ocorrem no momento presente. Cada momento de pensamento é composto de três fases, a saber: nascimento (uppada), meio (thiti) e cessação (bhanga). Estes três compõem uma unidade de consciência, e cada unidade morre somente para dar início a outra unidade de consciência. O momento de pensamento subsequente não é inteiramente igual, nem é inteiramente diferente do momento de pensamento anterior, já que tudo é um fluxo de energia cármica.
Devemos saber, contudo, que a consciência não é repartida em pedaços e depois religada, como os vagões de um trem ou elos de uma corrente. Ao contrário. A consciência “flui como um rio, que recebe as águas dos rios tributários dos sentidos, fazendo variar seu fluxo, dispersando-se para o mundo sem o material dos pensamentos acumulados pelo caminho”. A consciência tem nascimentos e mortes. Aqui encontramos uma justaposição de estados mentais transitórios de consciência, em oposição à superposição de estados mentais. Nenhum estado, uma vez ido, retorna ou é absolutamente igual ao estado precedente. Estes estados mudam constantemente, nunca permanecendo iguais dois momentos de pensamento consecutivos.
Cada unidade de consciência consiste de estados mentais transitórios, conhecidos na língua Páli como “Cetasikás”. De acordo com o Abhidhamma, existem 52 estados mentais concomitantes. Assim, de acordo com esta análise, não existe consciência divorciada das propriedades mentais. Vedana, isto é, sensação, é comum a todas as consciências. A sensação pode ser de cinco tipos: felicidade (sukha), dor (dukkha), prazer (somanana), lamentação (domanssa) e indiferença (upekkha). Felicidade e prazer são corporais. As outras são puramente mentais.
Existem sete estados mentais que são comuns a toda consciência, e são tidos como universais. São eles o (1) contato - phassa; (2) sensação - vedana; (3) percepção - sañña; (4) voli&ção - cetana; (5) unidirecionamento, concentração - ekagata; (6) vida psíquica - jivitindriya; (7) atenção - manasikaro.
De acordo com o Abhidhamma, existem dois tipos de tempo de vida, nomeadamente (1) Námajivitindriya ou tempo de vida psíquica, e (2) Rupajivitindriya ou tempo de vida física. Os estados mentais são vitalizados pela energia psíquica, enquanto os fenômenos materiais são vitalizados pela energia material. Uma unidade de tempo de vida física dura 17 momentos de pensamento. Dezessete tempos de vida psíquica aparecem e desaparecem dentro da duração de um tempo de vida física. Ambos os tempos de vida começam com o nascimento e cessam simultaneamente na morte.
Uma importante coisa para se lembrar é que numa consciência maléfica estão presentes quatro propriedades mentais, a saber: (1) ignorância - moha; (2) ausência do senso de vergonha - ahirika; (3) arrojo para cometter o mal - anotappa; e (4) inquietação - uddhacca.
A consciência que consiste de estados mentais transitórios recebe objetos de fora. Quando uma pessoa está num estado de sono profundo, diz-se que sua mente está num estado vazio ou, em outras palavras, num estado de “Bhavanga”. Experimentamos tal estado de consciência quando nossas mentes não respondem aos objetos externos. Este estado de consciência de Bhavanga é interrompido quando os objetos entram na mente, e esta passa a responder aos estímulos. Bhavanga dura dois momentos de pensamento e então passa. Então aquele tipo de consciência “Pancadvárávajjana” , que apreende a sensação, surge e desaparece. Neste estágio, o fluxo natural é checado e posto em funcionamento; a consciência visual (cakkhuviññana) do objeto surge e desaparece . A vibração dos sentidos são seguidas por um momento de recepção do objeto então visto (sampaticchana). Depois surge a faculdade investigadora ou a investigação momentânea do objeto. Depois surge o estágio de cognição representativa chamada “consciência determinante” (votthapana) na qual depende o estágio importante subsequente - a apercepção ou “Javana”. Este estágio Javana dura por sete momentos de pensamento, ou, na hora da morte, dura cinco. Todo o processo acontece num tempo infinitesimal e termina com a consciência registradora (tadalambana), durando por dois momentos de pensamento, e completando um processo de pensamento ao final de dezessete momentos de pensamento. É neste importante estágio de “apercepção” que uma pessoa acumula Karma bom ou mau.
O fluxo da consciência impulsionada pela força do Karma flui ad infinitum. As impressões recebidas dos sentidos tributários são gravadas indelevelmente na mente. O que nós chamamos de morte é um fenômeno passageiro. Embora o corpo desintegre com a cessação da faculdade vital e consciência, a energia cármica sobrevive. Quando o corpo perece, a energia cármica se manifesta em uma outra forma como uma criatura nascida de um ovo (andaju), uma criatura nascida de um ventre (jalubuja), uma criatura nascida no elemento úmido (samsedaju), ou uma criatura espontânea (apapatika). Devemos lembrar que o último nascimento é definido pelo Karma.
Agora, nós devemos saber o que é o Nirvana. Conforme seja apreendido, o Nirvana tem duas acepções: quando é realizado em vida, mas com os “agregados” ainda presentes, é chamado de “Sopadisesa Nibbana”. Quando o Nirvana é realizado por um Arahant (Iluminado), é chamado de “Anupadisesa Nibbana”. Até o estado Nirvânico, são sete estágios de pureza. Durante o estado de pureza, desenvolve-se a concentração da mente. Para conseguirmos a unicidade da mente, existem 40 (quarenta) objetos de meditação, cada um se ajustando a um temperamento. Quando uma pessoa desenvolve a visão pura , isto permite que as coisas sejam vistas como elas são. Através de uma correta visão da vida, obtém-se uma liberação das falsas noções de identidade e substancialidade da matéria e da mente. Ao investigarmos as causas deste “eu” ou personalidade, compreendemos que a ignorância (avijja) gera as nossas atividades volicionais (sankhara). Através desta atividade volicional, surge a consciência (vijnana), e por este tipo de consciência são condicionados os fatores mentais e corporais (nama-rupa). Também através da clara visão, podemos ver como pela cessação da ignorância, cessam as atividades volicionais; que pela cessação das atividades volicionais cessa a consciência; que pela cessação da consciência, cessam nome-e-forma (mente e materialidade). Com a cessação do nome-e-forma, cessam os seis sentidos; com a cessação dos seis sentidos, cessa o contato; com a cessação do contato, cessa a sensação; com a cessação da sensação, cessa o desejo; com a cessação do desejo, cessa o apego; com a cessação do apego, cessa o vir-a-ser; com a cessação do vir-a-ser, cessam a decadência e a morte. Assim todas as coisas condicionadas chegam a um fim.
Além disto, é possível atingir a consciência “arupa jhana” , nos seus quatro estágios; bem como atingir os quatro caminhos da consciência transcendental, onde tanha, ou o forte desejo - uma causa dos renascimentos - é completamente erradicado. Isto significa a inexistência completa do desejo sensual pelas coisas materiais; do desejo pela existência imaterial; do auto-conceito; da distração e da ignorância. O Nirvana se manifesta em sua gloriosa e pacífica beleza. Alcançou-se a liberação dos três sinais da existência, a saber: da impermanência, do sofrimento e da ilusão. Esta é a realização final da Consciência. E a Consciência se compreende num solo de virtudes.

http://www.geocities.com/callceb/Conscios.html


AS LEIS DO KARMA
A base dos ensinamentos de Buda prende-se com a ideia de renascimentos cíclicos que os seres têm de passar antes de se libertarem e atingirem o Nirvana.
O ciclo de renascimentos sucessivos (Samsara) está directamente ligado à lei do Karma, o que pressupõe a existência de um efeito causal das acções. O renascimento é uma continuidade de acções e reacções (incluindo acções mentais que não se concretizaram) porque os Karma fornecem a energia para renascer uma e outra vez. Ou seja, quando um ser renasce traz com ele uma herança kármica que é o resultado de acções praticadas em anteriores existências.
Com esta doutrina, o Budismo primordial negou duas teorias religiosas da altura: a teoria da criação que atribui a responsabilidade da felicidade ou infelicidade do indivíduo a Brama e a teoria do acaso, segundo a qual a felicidade ou infelicidade do indivíduo não têm causas específicas.
A teoria dos Karma explica a diversidade de vidas dos seres vivos. Quem praticou boas acções em anteriores existências, irá ter uma vida melhor do que quem praticou más acções. Ou seja, bons karma dão bons frutos.

Fonte: http://religioesnaocristas.no.sapo.pt/as_leis_do_karma.htm
Espanta os males:
Música no ar
Haja, e, nos vales!
.

Sunday, November 25, 2007

Coletânea de Poemas de RUMI

Vem, Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.
Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.
.
Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.
.
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um, falemos desse outro modo.
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te.
.
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode isto ser segredo para ti?
Finalmente, foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo - um punhado de pó -
vê quão perfeito se tornou!
Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.
.
Não durmas, senta-te com teus pares
A escuridão oculta a água da vida.
Não te apresses, vasculha o escuro.
Os viajantes noturnos estão plenos de luz;
não te afastes pois da companhia de teus pares.
Faltam-te pés para viajar?Viaja dentro de ti mesmo,
e reflete, como a mina de rubis,os raios de sol para fora de ti.
.
A viagem conduzirá a teu ser,
transmutará teu pó em ouro puro.
Sofreste em excesso por tua ignorância,
carregaste teus trapos para um lado e para outro,
agora fica aqui.
.
Na verdade, somos uma só alma, tu e eu.
Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti.
Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo,
Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu.
.
Oh, dia, levanta-te! Os átomos dançam,
As almas, loucas de êxtase dançam.
A abóbada celeste, por causa deste
Ser, dança,
Ao ouvido te direi aonde a leva sua dança.
.
Ontem à noite, confidencialmente,
eu disse a um velho sábio:-
Não me esconda nada dos segredos do mundo!
Muito docemente, ele me disse ao ouvido:-
Chut! Podemos compreender, mas não exprimir!
.
Quero fugir a cem léguas da razão,
Quero da presença do bem e do mal me liberar.
Detrás do véu existe tanta beleza: lá está meu ser.
Quero me enamorar de mim mesmo, ó vós que não sabeis!

.

Eu soube enfim que o amor está ligado a mim.
E eu agarro esta cabeleira de mil tranças.
Embora ontem à noite eu estivesse bêbado da taça,
Hoje, eu sou tal, que a taça se embebeda de mim.
.
Ele chegou... Chegou aquele que nunca partiu;.
Esta água nunca faltou a este riacho
Ele é a substância do almíscar e nós o seu perfume,
Alguma vez se viu o almíscar separado de seu cheiro?
.
Se busco meu coração, o encontro em teu quintal,
Se busco minha alma, não a vejo a não ser nos cachos de teu cabelo.
Se bebo água, quando estou sedento
Vejo na água o reflexo do teu rosto.
.
Sou medido, ao medir teu amor.
Sou levado, ao levar teu amor.
Não posso comer de dia nem dormir de noite.
Para ser teu amigo
Tornei-me meu próprio inimigo.
.
Teu amor me tirou de mim.
De ti, preciso de ti
Noite e dia, eu me queimo por ti.
De ti, preciso de ti.
.
Não posso dormir quando estou contigo por causa de teu amor.
Não posso dormir quando estou sem tipor causa de meu pranto e gemidos.
Passo as duas noites acordadomas, que diferença entre uma e outra!
.
Não temos nada além do amor.
Não temos antes, princípio nem fim.
A alma grita e geme dentro de nós:-
Louco, é assim o amor.
Colhe-me, colhe-me, colhe-me!
.
À noite, pedi a um velho sábio
que me contasse todos os segredos do universo.
Ele murmurou lentamente em meu ouvido:-
Isto não se pode dizer, isto se aprende.
.
A fé da religião do Amor é diferente.
A embriaguez do vinho do Amor é diferente.
Tudo que aprendes na escola é diferente.
Tudo que aprendes do Amor é diferente.
.
- Vem ao jardim na primavera, disseste.-
Aqui estão todas as belezas, o vinho e a luz.
Que posso fazer com tudo isso sem ti?
E, se estás aqui, para que preciso disso?
.
Jalaluddin Rumi agradecimentos a M.Baird

Fonte: http://www.sertaodoperi.com.br/poesiasufi/poesia/rumi_colet.htm
NÃO TE PRE-OCUPES
.
Não te preocupes,
Nem minimamente;
Para que te ocupes
Prazenteiramente.
.
Comunhão com todo,
Que é Deus: sofrer
Não fazer de modo
Injusto um ser.
.
A vida é tudo:
O herói maior
É aquele mudo
Feliz, muito sénior.
.
Medo de morrer?
Porquê, se não tens
Medo de viver?
E, se por bem vens?

Saturday, November 24, 2007

Um gostinho de Rumi para iluminar o texto:
.
"Vem. Conversemos através da alma.
Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos.
Sem exibir os dentes, sorri comigo, como um botão de rosa.
Entendamo-nos pelos pensamentos, sem língua, sem lábios.
Sem abrir a boca, contemo-nos todos os segredos do mundo, como faria o intelecto divino.
Fujamos dos incrédulos que só são capazes de entender se escutam palavras e vêem rostos.
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um, falemos desse outro modo.
Como podes dizer à tua mão: "toca", se todas as mãos são uma?
Vem, conversemos assim.Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te."

Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=6788
POESIA SUFI
.
Não passa daquilo:
Tudo igual
A ele, com quilo,
É fenomenal?
.
O sufi poeta
Ibn' Arabi,
Filho do Profeta:
Só amor, eu li:
.
"O meu coração
´stá todo aberto:
É claustro cristão,
Templo do incerto...
.
E, santa caaba,
Judaica Torá.
Só amor na baba
Do camelo há!"
.
ARANHA
.
Faz a teia por fazer,
Dançando sem grande jeito...
E, bichinho vai comer...
Fica tudo sem efeito.
.
Algo impulsionando
Há: comemos e comidos
Somos; mas, se vai gozando...
Esquece tempos sofridos....

Thursday, November 22, 2007

MONTARGILENSES (I)
.
João cesteiro,
Mas não sesteiro?
Bom corticiero:
Lembra ferreiro.
.
Manel Macedo:
Ferreiro, medo
Não tem; dedo
Fino; não ledo?
.
Artur Miguel:
Cavalo sele
P’ ró rei, e, vele
Pelo bom mel.
.
Mãe invisível,
A mãe de nível,
A mãe mui crível,
Inteligível!
.
O José Gato,
Perito nato,
Desiderato.
Ato, desato
.
Manuel Pires:
Não te retires:
Em bem servires
Lembras menhires.
.
Manel Luis,
Não aprendiz,
Horta feliz;
Volta petiz.
.
José Palrante,
Está diante
Do Bem falante;
Um mareante?
.
O senhor Mário
Barriga: Dário
Não viu; diário
Dos nados páre-o?
.
Doutor Godinho:
Um belo ninho
P’ ró doentinho.
Não tem moinho?
.
Sousa Falcão:
Hospitalão
E azeitão.
Conhecerão?
.
Dona Lourença
Que pouco pensa?
Carvão dispensa;
Que ela vença.
.
Berta Courinha:
Uma rainha:
A terra minha
Levou sozinha?
.
Arminda Marques:
Tu não embarques;
Brasil e Vasques;
Não te enrasques.
.
Prates Miguel:
Que carrocel!
O bom Manel,
Merece El.
.
Dona Emília:
É da família;
Há chá de tília;
Não há quesília.
.
O Machoqueira:
Que maluqueira?
Só talvez queira.
O sol na eira!
.
Rui Carapinha?
A grande pinha
(Cabeça) tinha
De ter; certinha?
.
Do Lino Mendes:
Cultura vendes...
Se me entendes,
Não te ofendes.
.
A Beatriz
É quem me diz
Que um é tris.
E vós floris!

Tuesday, November 20, 2007

SEM EGO
.
Sem desejos ou intenções,
Sem ego, é muito feliz;
Cumpre sua obrigação,
Alguns meditam no que diz.
.
Paciente, tem paciência
Com o aluno e o mestre:
Somente p’ la experiência
Aprendemos, com a rupestre.
.
Nada o perturba, nem dor
Ou morte, e, se de errar
Tem, e, sofrer, o causador
Ama, em vez de odiar.
.
Mas, amar não é aceitar
Egoísmos e injustiças
Somente: também rejeitar
É injustiças e preguiças.
.
Ido o ego, Ele e Ela
Vêm, deliciosamente.
Mas, muito tempo na janela
Não fiques… Vai, serenamente!

Monday, November 19, 2007

VIDA E MORTE
.
Vida e morte são iguais;
Quem faz mal é sempre castigado;
Delícias podem dar em ais;
Quem faz bem é sempre premiado.
.
São fundamentais as artes belas;
Minha arte é a poesia;
Música, tiro com arco, telas,
Cinema, futebol, fantasia…
.
Eugen Herrigel: “Zen e a Arte
Tiro com Arco”- Biblioteca
Independente: concentrar-te
Faz, e, nem destruirás a Meca.
OMNIPRESENÇA
.
Ser omnipresente
Não ser de lugar
Nenhum é, e, ente
Ser de todo o ar.
.
Graças pela chuva,
Comida e paz:
Ave comeu uva;
Barreiro foi Ás.
.
Tempo ao tempo dá:
Justiça se faz
Sempre: há Deus, há.
E, mulheres más.

Saturday, November 17, 2007

Muita Fibra...

O consumo adequado de fibras não só previne as doenças do intestino, como ajuda na terapia e prevenção do Diabetes tipo 2, na redução dos níveis de colesterol e nas dietas de emagrecimento. Estudos mostram que a fibra consegue eliminar os picos glicémicos e também reduzir em 7% a 10% os níveis de colesterol. As fibras também auxiliam nas dietas de emagrecimento, pois aumentam de volume no estômago até sete vezes, proporcionando a sensação de saciedade, ajudando na ingestão de menores quantidades de alimento. Segundo o FDA – Food And Drug Administration, é preciso ingerir cerca de 20 gramas de fibras diariamente porém 91% das pessoas, incluindo aquelas que realmente se esforçam, não conseguem ingerir esta quantidade somente com alimentação. A principal consequência da insuficiência de fibras no organismo é o mau funcionamento do sistema gastrointestinal, podendo levar ao cancro nos intestinos, mal que atinge anualmente 130 mil pessoas nos EUA. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, mais de 890 mil pessoas receberam diagnóstico de cancro colorrectal e mais de 525 mil pessoas morreram desta doença só em 1997. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), Um estudo recente da Universidade da Califórnia mostrou que apenas 9% da população norte-americana ingere a quantidade de fibras adequada. A conclusão fica evidente: os hábitos alimentares da vida moderna prejudicam a saúde, especialmente a da população ocidental, que não tem tempo para alimentar-se correctamente, e ingere uma maior quantidade de alimentos ricos em gorduras e proteínas, como sandes, fritos e massas. As causas das modificações alimentares observadas no ocidente nos últimos anos são decorrentes da transformação da sociedade rural em urbana, a maior disponibilidade de recursos económicos para a alimentação e uma maior variedade de alimentos. A baixa ingestão de fibras pode causar, entre outras doenças, prisão de ventre, hemorróidas, fissuras anais e em último estágio o cancro colorrectal, terceira causa de mortalidade relacionada ao cancro em todo o mundo. Uma das formas de prevenção dos males gastrointestinais é a ingestão de fibras solúveis, ou seja, aquelas que em contacto com a água se diluem. As fibras solúveis são encontradas especialmente em frutas, verduras e legumes. Quando uma pessoa ingere a fibra solúvel, esta entra em contacto com as bactérias presentes no intestino, produzindo diversos elementos químicos, entre eles o butirato, um ácido responsável pela alimentação das células do intestino. Neste facto está a relação entre a ingestão de fibras e a prevenção do cancro colorrectal. Sabemos que o cancro é a designação genérica para doenças que se caracterizam pelo crescimento autónomo e desordenado de células, sendo assim, uma célula mal alimentada pode gerar tumores e alterações. O adenocarcinoma de cólon e recto (colorrectal) é o cancro mais frequente (caso seja somada a incidência em homens e mulheres) e desta forma a primeira causa de morte por cancro nos países ocidentais. A constipação intestinal também está relacionada com o aumento da possibilidade de desenvolver cancro de intestino, devido a redução do trânsito intestinal e consequentemente aumento na formação e no contacto de substâncias cancerígenas encontradas nas fezes em contacto com o intestino grosso, além de levar à alteração da flora intestinal. Mas as indicações da fibra dietética não se restringem às doenças gastrointestinais. Diversos estudos têm demonstrado que, além de beneficiarem o tratamento da constipação intestinal, as fibras contribuem também como tratamento auxiliar de outras doenças como Diabetes Tipo II e a dislipidemia (excesso de colesterol no sangue). Nestes dois casos, as fibras auxiliam na retenção de açúcares e gorduras, diminuindo a quantidade a ser absorvida pelo organismo.
Formas de prevenção das doenças gastrointestinais
- Beber líquidos em abundância, na quantidade mínima de 2 litros diários;- Exercício físico, como correr, andar ou nadar durante 30 minutos, 3 vezes por semana;- Ir ao quarto de banho sempre que tiver vontade, quanto maior tempo de retenção das fezes no intestino, mais secas e duras ficam;- Acrescentar fibras à alimentação, na quantidade ideal de 20 g diárias;- Substituir os alimentos ricos em gorduras e calorias pelos ricos em fibras;- Acrescentar mais frutas e vegetais à dieta.

Fontes: Organização Mundial de Saúde e FDA (Food and Drug Administration).



3Fitness.com

Adverte-se para o facto de as informações
apresentadas pelo 3Fitness.com se destinarem
Nota: Farelo de aveia, à venda nas casas com produtos alimentares naturais, é rico em fibra.

Thursday, November 15, 2007

ABUTRE
.
Fomos óvulo, esperma
Deitados para o lixo,
Em chaneca vasta, erma;
Fomos menos que um bicho.
.
Mas agora somos quem
Somos: ou superiores
Ou inferiores: vem.
Não lêem inferiores,
.
Mas, abutre à cidade
Vai, de Montargil e Faro:
Azinheira sem idade
Não é fenómeno raro?
.
E, claro, quem faz sofrer
Injustamente a ser
Qualquer, irá doer-
Lhe; a causa irá ver?

Monday, November 12, 2007

Ansiedade e Yoga Regiane Cristina RochaPortuguês





Os benefícios oriundos da utilização de técnicas do Yoga para pessoas com distúrbios psíquicos como ansiedade, depressão e síndrome do pânico nos ajudam a compreender melhor a psicoterapia implícita no caminho do Yoga. Nos mostram na prática, que a integração mente – corpo – emoções está repleta de sentido e é fundamental para nossa saúde. O Yoga nos propõe caminhos e técnicas para equilibrarmos esta integração e entrarmos em contato com a nossa essência, nossa principal fonte de cura.
A ansiedade é um estado emocional com componentes psicológicos e fisiológicos, e faz parte do espectro normal das experiências humanas, sendo propulsora do desempenho. O processo gerador da ansiedade/stress é normal e necessário para o ser humano; Do contrário, em situações de perigo, não iríamos nos proteger ou fugir;
Fisiologia da Ansiedade
Tensão -> Glândula Adrenal libera adrenalina e cortisol -> Ansiedade
A ansiedade passa a ser chamada de patológica ou ansiedade crônica quando é desproporcional a situação que a desencadeia, ou quando não existe um objeto específico ao qual se direcione. Podemos dizer que já não se trata de uma reação normal e a pessoa se torna mais vulnerável a sentir mais ansiedade e desenvolver outras doenças;
A causa exata da ansiedade não é conhecida. Hoje sabe-se muito sobre stress e ansiedade, tanto do ponto de vista comportamental quanto neuroquímico, mas pouco se sabe ainda sobre seu aspecto principal ou primordial ou seja, seu estímulo desencadeador. É por aí onde tudo começa, ou seja, todas as reações orgânicas, as atitudes, emoções, comportamentos, alterações químicas fisiológicas, etc; Tudo começa a partir do tal estímulo. Estímulo esse que tem forte componente subjetivo.
Apresentação sintomática predominante nos Transtorno de Ansiedade:
Ansiedade Generalizada - Se houver predomínio de ansiedade ou preocupação excessivas com diversos eventos ou atividades na apresentação clínica.
Ataques de Pânico - Se houver predomínio de Ataques de Pânico na apresentação clínica.
Sintomas Obsessivo-Compulsivos - Se houver predomínio de obsessões ou compulsões na apresentação clínica.
Para ajudar nos sintomas da ansiedade é interessante que a prática do Yoga seja direcionada e individual objetivando uma melhora integral, ou seja, atingir uma melhora espiritual, psicológica e fisiológica. A proposta é se utilizar de forma inteligente e ampla, dos 8 passos de Patanjali (Ashtanga Yoga): Yamas, Nyamas, Asanas, Pranayamas, Pratyahara, Dharana , Dhyana e Samadhi; aplicar a meditação, os asanas e pranayamas, os estudos das escrituras, e etc considerando e respeitando as diferenças de idade, saúde física, saúde mental e cultura , procurando uma adaptação entre necessidades pessoais e as técnicas tradicionais do Yoga.
“ O Yoga já está sendo aceito como auxiliar no tratamento de distúrbios de ansiedade. Estão disponíveis pesquisas comprovando seus benefícios” Christian Komor – Especialista em distúrbios obssessivos compulsivos - OCD Recovery Center of América
Atualmente, os profissionais da saúde e psicólogos (principalmente nos USA) recomendam uma “mistura” entre Programa de Yoga Consciente ( meditação, asanas e respiração) + terapia cognitiva comportamental para os casos de ansiedade crônica.
A prática do Yoga aumenta a capacidade de estarmos conscientes dos nossos próprios pensamentos, e de como eles vem e vão; Observamos os pensamentos mas não os buscamos ou os retemos. Os especialistas atentam para a relação da prática do Yoga com a maneira como lidamos com nossas preocupações. Em vez de brigarmos com nós mesmos quando as preocupações invadem nossos pensamentos, tentamos fazer o oposto: pensamos nas preocupações como persuasivos negativos.
Perceber os pensamentos, como eles vem e vão, sem apego é um treinamento perfeito para mantermos as preocupações em perspectiva. Concentrando-se para meditar, você pode perceber as maneiras pelas quais sua mente falante atrapalha sua concentração.
Percebendo objetivamente o que acontece na mente e o quanto isso é simples e um pouco bobo, tiramos o poder da ansiedade. O Yoga promove, sutilmente, um curto-circuito nos padrões mentais que causam a ansiedade. O estado de ansiedade é como se estivéssemos sempre em alerta laranja e quando nos concentramos nos asanas e nos pranayamas limpamos a mente e o corpo sai do “modo de luta”, do alerta. No estado de alerta não somos capazes de nos deixar levar, é como se nosso corpo tivesse esquecido de como sair deste estado. O Yoga nos ensina novamente como voltar ao estado relaxado.
Um estudo conduzido por Eric Hoffman* mediu as ondas cerebrais antes e depois de 2 horas de prática de Yoga ; encontrou ondas Alfa (relax) e ondas Thetas (inconsciente, memória, sonhos e emoções) 40% aumentadas. Isso significa que o cérebro é profundamente relaxado após a prática e se consegue melhor contato com inconsciente e emoções.
*Yoga journal – jan 2006-04-25 Article: Better than Prozac
Os estudos também mostraram que o otimismo, a extroversão e aumento de químicas cerebrais responsáveis pelo bem estar são características de uma atividade das ondas alfa no lado direito do cérebro, exatamente o que ocorre na medição da pesquisa de Hoffman. Além disso, o alívio para as pessoas que sofrem de distúrbios ansiosos advém de um melhor acesso ao seus próprios sentimentos.
Em outro estudo feito pelo Jefferson Medical College e Yoga Reserarch Society identificou-se uma diminuição no nível de cortisol após a prática de uma aula de Yoga. O cortisol alto é característica de stress. Uma diminuição de cortisol e aumento de prolactina (hormônio de efeito antidepressivo natural) também foram demonstrados em testes conduzidos no National Institute of Mental Health and Neurosciences of Índia, utilizando técnicas de respiração Yogue. (Sudharshan Krya).
Percebemos então que as técnicas do Yoga tem sido experimentadas, estudadas cientificamente e absorvidas no ocidente como úteis no tratamentos de distúrbios de ansiedade.
Recomendações específicas para a prática
Asanas
O ansioso tem pouco contato com seu corpo, a não ser para perceber seus sintomas ou possibilidades de doenças. É hipervigilante, procurando tudo fora de si e incapaz de se perceber ou observar dentro de si mesmo.
Os sintomas mais comuns incluem aceleração cardíaca, sudorese, excesso de adrenalina e cortisol, tensão no pescoço, peito e ombros, respiração curta, dores de cabeça, tensão muscular.
São recomendados asanas que estabilizam e aterrizam o corpo para diminuir a agitação mental. O foco da prática é induzir a glândula adrenal a voltar ao equlíbrio, energizar o primeiro chacra e acalmar a mente. Asanas que aumentam o contato com a terra são muito eficientes, por exemplo Guerreiro II (virabhadrasana II); os asanas de equilíbrio ajudam na concentração; os asanas que pressionam a pélvis ativam o primeiro chacra e os asanas lentos acalmam a respiração e também aterrizam. Saudações ao Sol (surya namaskar) com poucas repetições, flexões para frente, árvore (vrksasana) e posição da cobra (bhujangasana) também são indicadas.
É muito importante trazer a consciência para os sentimentos através do corpo, por exemplo, manter o asana Savasana orientado a focar em partes do corpo, sentindo cada parte durante 2 ou 3 respirações. Fazer a pessoa sentir-se segura e acolhida é a chave de sua melhora e para isso, é muito útil utilizar-se de cobertores e suportes como bolster, bloquinhos .
Pranayamas
O primeiro ataque da ansiedade é inibir nossa respiração natural. O diafragma endurece e não conseguimos encher nossos pulmões de ar plenamente. Quando não temos oxigênio suficiente, o cérebro entende que isso é um sinal de perigo, o que perpetua o estado de ansiedade. Portanto, utilizar o controle da respiração no tratamento da ansiedade é praticamente intuitivo.
De maneira geral, todos os pranayamas são eficientes. A energia não esta fluindo harmoniosamente, está desorientada e o chacra do coração (anahata) está fechado. Como recomendação específica podemos citar a prática de pranayamas que aterrizam, que focam no próprio corpo e que acalmam a mente. Os pranayamas e bandhas equilibrantes são: nadi shodhana, respiração diafragmática, respiração ujjayi , kapalabhatti e mula bandha.
Meditação
Nas pessoas que sofrem de ansiedade crônica, o corpo emocional esta profundamente afetado. As manifestações estão nos pensamentos muito rápidos e nas preocupações crônicas. Não estão no momento presente, ou presente em seus corpos, estão sempre focado em sua própria cabeça, se preocupando ou pensando em eventos do passado ou do futuro. O corpo está sempre no modo “ fazer algo” , correndo em direção ao seus desejos (rajas*), em constante agitação. Parece que se torna amedrontador o fato de diminuir a agitação e entrar em contato com emoções desconfortáveis e dores, que devem então serem mantidas represadas. Existe muita dificuldade de concentração e foco. A pessoa ansiosa pode ser bem irritada, compulsiva e pessimista, precisam aprender a sair do modo “operando” e estar presente no silêncio e na quietude.
As recomendações para os sintomas emocionais são a repetição dos bijas mantras** – lam , ram , sham (intuição e percepção mental), os mudras*** , kalesvara mudra, shakti mudra, mahasirs mudra, matangi mudra, mushti mudra;
A mente ansiosa é de concentração pobre, pensamentos rápidos e muito reativa. Muito pouco tempo entre receber um estímulo e reagir a ele. O ansioso ainda nem recebeu a mensagem completamente e já esta reagindo. Pouca habilidade em colocar a vida sob perspectiva e muito foco em sintomas. O foco mental é muito comprometido.
São muito úteis as meditações que exercitam foco e concentração. Focando em chamas, na respiração, com olhos abertos; fazer afirmações positivas sobre segurança. Incentivar a prática com diciplina de tempo, horário e local; as meditações devem ter início, meio e fim;
Na visão yogue, o sofrimento é causado pela ignorância (avidya) que é a identificação do nosso Eu mais profundo com o que fazemos, temos, amamos; esta identificação em si já é um convite ao desapontamento; Nossas angústias advém da nossa inabilidade de nos aliviar e nos sentirmos seguros.
Se os traumas afetam nossa química cerebral causando inúmeras doenças psíquicas, as experiências saudáveis também o fazem. Nossa natureza básica é não julgar, temos de cultivar essa visão encorajando a não identificação: “eu não sou essa emoção”, “eu não sou a tristeza mas a tristeza esta presente na minha consciência”.
Benefícios da Prática contínua dos Asanas , Pranayamas e Meditação
Fisiológicos
· Estabilidade do sistema nervoso autônomo,tendendo a predominar o sistema nervoso parassimpático ao invés do sistema nervoso simpático, indutor do stress.
· Aumento da eficiência respiratória: amplitude e vitalidade aumentam.
· Melhora na qualidade do sono
· Melhora do sistema imunológico
Psicológicos
· Humor melhora juntamente com a auto aceitação e um melhor ajuste social
· Ansiedade e depressão diminuem, bem como a hostilidade
· O tempo de reação para escolhas melhora
· Aumenta a percepção interna de si mesmo
· O equilíbrio melhora bem como a integração das várias partes do corpo
Funções cognitivas
· Aumento da concentração , atenção e memória
· Aumento da capacidade de aprendizado
Bioquímicos
· Aumento da prolactina (antidepressivo natural)
· Aumento dos níveis de oxigênio no cérebro ( normaliza o funcionamento dos neurotransmissores)
Para o futuro não é difícil prever que a aproximação entre a medicina e tratamentos convencionais e a filosofia YOGUE tende a ser cada vez mais estreita trazendo benefícios a todos. A absorção dos conceitos filosóficos do oriente tem sido observada no ocidente e esse conhecimento esta disponível a quem se interesse pelo assunto. Esperemos que a prática do yoga se desenvolva no ocidente sem perder sua base filosófica e que os professores sejam éticos e responsáveis repassando a técnica experimentada e somente indicando aos alunos o que para eles, já faça parte de sua verdade interior.
*rajas : Segundo o Yoga e o Ayurveda, a Natureza consiste em 3 qualidades básicas, q são as principais forças da Inteligência Cósmica que determinam nosso desenvolvimento espiritual. Sattiva, partilha equilíbrio. Rajas, causa desequilíbrio e Tamas que cria a inércia.
** Bija mantras : são sons condensados que trazem uma energia em si e ajudam a curar a mente. Popularmente os bija mantras tem propostas terapêuticas, efeitos sobre o carma e autotransformação.
***Mudras: Mudras são gestos realizados com a mente, as mãos, os pés, a boca, os olhos ou com o corpo todo. os mudras estão ligados às principais técnicas utilizadas no Hatha Yoga, e em geral são praticados concomitantemente com elas

Fonte:http://www.dharmabindu.com/gera_pagina.php?lingua=pt&pagina=pratica&id_artigo=146