Saturday, December 31, 2005


31 Dezembro de 5766 d. A.

Para quem persiste em dividir as pessoas em classes, convém referir que ninguém gosta de ser o povo!

Verdadeiramente, a nossa mãe Eva judia, celta, chinesa, índia, indiana... pode ser qualquer pessoa ou ser. Como podemos pois não amar e fazer bem a todos os seres?

Friday, December 30, 2005








Desejarmos e ajudarmos todos os seres, nós incluídos, à nossa volta a serem felizes é muito bom.
Possivelmente até as árvores que são maltratadas sofrem.
Todo o universo é um ser vivo. A terra é um ser vivo também. Possivelmente a terra convulciona-se, treme por sofrimento, o qual somos nós que o causamos, e, que também sofremos depois.
Não nos esqueçamos nunca que na terra estão os nossos antepassados e que espírito e matéria serão a mesma coisa.
Lá estavam outra vez... sem verem a necessidade da chuva. Atrasados mentais! Mas, mentais!
Continua a não ser justo pagar as portagens em auto-estradas em obras!
Quanto mais tontos(as), mais vão para cima!
Se ninguém quiser fazer os trabalhos sujos, não acabarão eles?
Mais importante do que o passado e o futuro serão todas as situações presentes, mau grado a importância dos três tempos e das suas combinações possíveis.
MORA=ROMA=AMOR
ALMA=MALA=LAMA
GEMEA=MEEGA
AMIGO=MAGIcO
O maior prazer de todos é o de estar com Deus.
A raiz de todos os males é o desequilíbrio: só querermos ser nós, só querermos ter para nós, ou, só querermos que seja (a)o outra(o), só querermos que tenha o(a)
outro(a).
Temos muitas almas gémeas: uma ou até nenhuma para cada momento.
"No universo nada se cria, nada se perde; tudo se transforma" - Lavoisier
O meu pai morreu em 26 de Dezembro de 1999 depois de Cristo ( mais ou menos 5766 depois de Adão e Eva), e, desde então eu sei que qualquer criança com menos de 6 anos que vejo e não vejo pode ser ele. Como posso pois deixar de amar e fazer bem a todas as crianças? Como podemos, todos, e ninguém vive que não tenha alguém já morto que o(a) tenha amado, deixar de amar e de fazer bem a todas as crianças?

29 Dezembro

Tremor de Terra com epicentro em Mora; pouca chuva.
Alegre pode dizer que não concorda com os míseros aumentos dos que sustentam o Estado; Soares não. Cavaco também não, mas pôde sugerir mais um secretário de estado!
Na Costa Rica aposta-se se Isaltino, Felgueiras, Loureiro... que não foram condenados por muitos, o serão por alguns.
É muito tempo que o chamado amigo pode andar dissimulando até nos trair. Mas, continuamos com ele e com ela.
Afinal nem Manuela Magno nem Carmelinda Pereira foram aceites como candidatas a Belém. Nem nisto os republicanos vão conseguindo igualar os monárquicos.
E, os pais têm de cuidar dos filhos e os filhos dos pais! Os maridos das mulheres e as mulheres dos maridos! Os amigos dos amigos! E os eleitos dos eleitores e os eleitores dos eleitos! Etc., Etc..

Wednesday, December 28, 2005


Princípios e prática de vida diários - É um erro pensar que outros é que têm o poder… de resolver os nossos problemas… a não ser que o tenhamos dado a quem não devíamos! Somos nós que o temos! Não sejamos pois preguiçosos ou “burros” em usá-lo!

Não é mau ir para onde é melhor, se não se for com ganância. E, o que é melhor para uns não o é para outros, apesar de também o poder ser.

A Estrada de Santa Justa, no Concelho de Coruche, até ao Concelho de Ponte do Sôr (Freguesia de Montargil) já está alcatroada. Só lhe faltavam os riscos. Só falta a Ponte. Só falta o IC13.

Ver um Pontão a oscilar por uma janela inamovível, à noite, fixando-nos na janela, faz parecer a janela a mexer. O que ajuda a compreender que mesmo grandes objectos mais ou menos rígidos e fixos, como a Terra, se movam…

O que temos de fazer com a dor e o prazer é uni-los e separá-los também, com propensão para valorizar mais o prazer…

Deus é o todo e as partes. Há pois que dividir, unir, dividir, unir… Conforme a justiça e a conveniência… Não só unir, nem só separar.

As pessoas, os seres, as “coisas” mais importantes são o(a)s que são mais felizes. Alguém duvida? E, o dinheiro, já que existe, pode ajudar à felicidade. Há dois ou três dias um homem ficou zangado, ou fez que ficou, por não lhe ter dado uma esmola. Outros receberam por ele, e, ele também recebeu… Pois, afinal pedia dinheiro, mas, também queria acolhimento! Mas, o que é bom é não querermos demais nem de menos.

Tudo se pode manipular. A Europa foi boa para alguns portugueses, mas, parece estar a tornar-se um pesadelo para muitos. Agora o "vaidoso" quer levar-nos para a Espanha, entregar-nos aos espanhóis!



Tuesday, December 27, 2005


"O âmago da improvisação é a livre expressão da consciência quando desenha, escreve ... ou toca o material bruto que emerge do inconsciente. E essa liberdade acarreta certo grau de risco" (In: Ser Criativo)
Notícia - Ontem, dia em que Woody Allen actuou no CCB, pelas 18 horas, na Rua Augusta, em Lisboa, um bom duo jovem (violino e guitarra), de português e loura, tipo Bardo, tocava música celta, possivelmente irlandesa...
"Caldeirão da Bruxa
A mulher e a Lua
Acho que, desde que o mundo é mundo,o homem amou sob o olhar prateado dessa misteriosa dama.Desde o primeiro enamorado até nossos dias,ela desliza pelo céu tal qual preguiçosa gata que se enrosca em nossas pernas...Lírio Moon,Luna,Clara Lune,Doce Lua...não importa que nome lhe damos,pois,no fim de tudo,seu significado será mulher!Porque sempre ela e suas energias têm sido associadas ao feminino,desde o tempo em que apenas seu brilho iluminava as noites escuras.A Lua é o Sol da noite,o olhar bondoso da Deusa que nos abençoa a cada mês.Lua e Deusa são palavras sinônimas em muitas culturas,representando o princípio feminino,a eterna fonte de vida,a mulher,o mundo instintivo e o supremo movimento de vida e morte.A atitude em relação à Lua é termômetro poderoso que nos aponta sua postura em relação à mulher.Na cultura retilínea,delegou-se à Lua um papel inferior ao Sol;o próprio tempo,antes indicado pelos ciclos lunares,é agora medido a partir do movimento da Terra em torno do Sol.O poder da Lua,representado pelo inconsciente,a mente intuitiva,as energias emocionais e psíquicas deram lugar ao poderio solar,o qual representa,por sua vez,o pensamento racional,o mundo prático,ou seja,o logos masculino.Com esse movimento,foi criado um par de opostos que não mais se complementam;o que antes era oposto para unir, hoje é oposto para separar.A Lua,então,foi deixada para trás,e o Sol tomou o poder como senhor do universo.E o que isso representou?O resultado dessa ascensão solar tornou-se a pedra de toque na subjugação da mulher,ou seja,das energias femininas,que antes também eram enfatizadas nos próprios homens. A desvalorização dessas energias resulto
===




Revista Estudos FeministasISSN 0104-026X versão impressa

Rev. Estud. Fem. v.13 n.2 Florianópolis maio/ago. 2005
®carregue o artigo em formato PDF


Como citar este artigo
ENSAIO

Bruxas: figuras de poder

Witches: figures of power


Paola Basso Menna Barreto Gomes Zordan
Universidade Federal do Rio Grande do Sul


RESUMO
As mulheres que tanto a história como a imaginação popular mitificaram como "bruxas" constituem figuras que expurgam as fobias da Contra Reforma. As bruxas foram torturadas e queimadas para sinalizar os perigos de práticas e saberes à margem da Igreja e de outras instituições dominantes na Idade Moderna. Parteiras, curandeiras e carpideiras, as bruxas misturam em seu caldeirão os mistérios da vida e da morte herdados das tradições pagãs. Este artigo percorre textos de historiadores, em especial o de Jules Michelet, que no século XIX construiu a imagem romântica e martirizada da bruxa, e o manual de inquisidores do século XIV, o Malleus Maleficarum, que descreve os poderes da bruxa, sua aliança com o demônio e sua ameaça para o cristianismo. Os discursos instaurados por tais textos constroem tanto a imagem que glorifica a bruxa quanto aquela que a execra, mostrando ambas o potencial transformador de suas práticas e de sua ligação com a sexualidade.
Palavras-chave: bruxas, corpo, feitiçaria, paganismo, Inquisição.
ABSTRACT
The women whom history and popular imagination mythicized as "witches" constitute figures that purge the phobias of the Counter Reformation. Witches were tortured and burned to signal the dangers of practices and knowledge in the margins of the Church and other dominant institutions in the Modern Age. Midwives, healers and weepers, the witches blend in their large kettle the mysteries of life and death inherited from pagan traditions. This paper examines some historians' texts, especially that of Jules Michelet, who created the witch's romantic and martyred image, and the inquisitors' manual Malleus Maleficarum, that describes the witch's powers, her alliance with the demon and her threat to Christianity. These texts establish, through their different discourses, two opposing images: one that glorifies witches and another that execrates them, in order to show the transforming potential of their practices and their connection with sexuality.
Key Words: witches, the body, sorcery, paganism, the Inquisition.


Fêmea inebriante ou velha decrépita, a figura da bruxa exprime alguns conceitos que o pensamento ocidental legou ao que se entende por feminino. Trata-se de uma imagem construída por diferentes discursos, um romântico, propagado ao longo do século XIX, e outro eclesiástico, expresso nos enunciados seculares da cristandade contra arcaicas práticas pagãs. A fim de mostrar a constituição dessa imagem, o presente ensaio se pauta, entre tantas leituras, no manual de inquisidores, datado do século XIV, chamado Malleus Maleficarum,1 o "Martelo das Feiticeiras", e no livro La Sorcière (A Feiticeira), do historiador Jules Michelet. Enquanto o Malleus Maleficarum descreve a bruxa coadunada com o Mal (colocado na figura do demônio) e a execra, o romantismo de Michelet a transforma em mártir, enaltecendo suas qualidades silvestres e sua ligação com os gênios da natureza. Ambos os discursos permitem vislumbrar as paisagens paradoxais sobre as quais a imagem da mulher independente, dona de seu corpo e de seu destino, se cria.
Ambígua, a bruxa pode ser tanto a bela jovem sedutora (ainda sem marido e cheia de pretendentes) como a horrenda anciã (viúva solitária), aparentada com a morte. Como um tipo psicossocial que emerge no final da Idade Média, essa imagem abarca uma ampla gama de traçados históricos sobre as mulheres e as várias etapas de suas vidas: infância, menarca, juventude, defloramento, gravidez, parto, maternidade, menopausa, envelhecimento e morte. O que a figura da bruxa ensina é um certo modo de enxergar a mulher, principalmente quando esta expressa poder. Ao longo de muitas eras da civilização patriarcal, a lição predominante sobre as mulheres que fazem uso de poderes ou que se aliam a forças que, de um modo ou de outro, a máquina civilizatória não consegue domar é bem conhecida de todos. Toda expressão de poder por parte de mulheres desembocava em punição. Cunhada dentro do cristianismo, a figura das bruxas traduzia-se em mulheres devoradoras e perversas que matavam recém-nascidos, comiam carne humana, participavam de orgias, transformavam-se em animais, tinham relações íntimas com demônios e entregavam sua alma para o diabo. Uma análise da farta literatura sobre o assunto nos mostra que a caracterização da bruxa que vigorou durante a Inquisição, ressoando até os dias de hoje, constitui-se como um dos elementos mais perversos produzidos na sociedade patriarcal do Ocidente.
Certo tipo de conhecimento de origem camponesa, com suas práticas e crenças que delineavam modos de tratar doenças e lidar com as situações-limite da existência (nascimento, acasalamento, geração, morte), é tido como criminoso dentro do contexto histórico da Contra Reforma. Atribuíam-lhe tantas coisas ruins que o Malleus Maleficarum afirma que "seus atos são mais malignos que os de quaisquer outros malfeitores".2 Rompendo leis que certamente ignoravam, as bruxas encarnam tudo o que é rebelde, indomável e instintivo nas mulheres. Tudo aquilo que, nesse tipo de sociedade, demanda severas punições para que o feminino 'selvagem' se dobre ao masculino 'civilizado'.
Como personagem de imaginários em que as fronteiras entre real e ficcional estão densamente dissolvidas, a típica malvada dos contos de fadas e de várias histórias infantis traz muitos elementos da figura da bruxa descrita pela Inquisição. Histórica, a bruxa modifica-se dentro das eras, ficando em sua imagem as marcas que a sociedade lhe impôs. Marcas expostas em praças públicas através do espetáculo de seus suplícios e da execução das sentenças mortais que lhe eram imputadas. Pagando por crimes tais como dançar nua sob o luar, a bruxa é marcada pelo despudor e pela degeneração do corpo. Mulheres incômodas para a comunidade, viúvas solitárias ou vizinhas indiscretas, as bruxas eram aquelas cujas práticas eram consideradas crimes mais graves do que as heresias. Sedenta por poder, a bruxa é maléfica e corruptora, de modo que, tanto na realidade como na ficção, todas as histórias de bruxas terminam com o castigo por sua insubmissão: forca, fogueira, solidão.
No léxico catequizante das eras que antecedem ao contemporâneo, a bruxa era o expurgo de todos os males atribuídos ao feminino, começando com o pecado original e a desobediência da "primeira mulher", pintada como colaboradora de Satã. Protagonista de inúmeras condenações, a bruxa serviu como função pedagógica de cunho moralizador durante os séculos em que a Igreja focou a doutrina cristã no combate ao mal, inimigo personificado como o demônio, o adversário de Deus, Satanás. Vinculada à natureza, a bruxa estava ligada ao chamado "Príncipe do Mundo", o diabo, que, mesmo aparecendo hermafrodita em algumas representações, é uma entidade explicitamente fálica, masculina. A mulher não pode disputar o poder do universo nem mesmo quando se trata de ser adversária da divindade masculina central. Na lógica patriarcal, o poder da bruxa advinha de sua convivência com os demônios e do seu pacto com o diabo. Era inconcebível imaginar que a mulher, por si própria, tivesse a capacidade de curar e lançar malefícios sobre o corpo ou realizar certos fenômenos ditos "sobrenaturais". No Malleus Maleficarum fica claro que, se alguma bruxa operou algum prodígio sem a ajuda do diabo, certamente foi porque serviu como instrumento para que Deus realizasse alguma das obras necessárias para o aperfeiçoamento do 'plano divino'. Como subordinado de Deus, o diabo servia-se da bruxa para testar a fé dos homens e também de mulheres virtuosas. Mesmo as damas de 'boa conduta' eram suscetíveis aos cortejos infernais porque as mulheres eram mais 'facilmente seduzidas pelo pecado'.
Por pecado, subentenda-se a luxúria, o desejo sexual "disseminador do pecado original".3 A sexualidade, instância diabólica, era vista como "besta imunda" pelos eclesiásticos autores do Malleus. Todas as artimanhas atribuídas às bruxas, sortilégios, encantamentos, adivinhações, práticas de sedução, vôos noturnos, desembocam no ato carnal da junção de corpos e sexos ou na geração que lhe é conseguinte. Sucumbir aos desejos da matéria era tido como perdição para o espírito. Toda corrupção era oriunda do ato venéreo e as impossibilidades em praticar o ato carnal, conceber ou abortar após ter concebido eram consideradas bruxaria.4 Com o auxílio dos demônios, as bruxas tinham o poder, direto ou indireto, de impedir a aproximação dos corpos de homens e mulheres, pois "Deus outorga ao diabo poderes muito maiores sobre o ato venéreo".5
Copuladora, a bruxa é a mulher perversa que "ardentemente tenta saciar sua lascívia obscena", aquela cuja cobiça carnal é causa de infidelidade e cujo "fascínio desmedido" pela concupiscência faz dela alegoria da ambição e da luxúria.6 Mulher fatal, mortífera, causa de perdição, a bruxa advém das antigas deusas, da Lilith hebraica, dos ritos dionisíacos e dos bacanais. Aparece no Apocalipse como a grande meretriz "com a qual se contaminaram os reis da terra e que inebriou os habitantes da terra com o vinho de sua luxúria" (Ap 17,2), a toda adornada prostituta da Babilônia montada em uma fera escarlate, aquela que "se assenta sobre muitas águas" (Ap 17,1), cujo destino o profeta anuncia: vão despojar seus adornos, desnudar seu corpo, comer suas carnes e queimá-la no fogo. Torturadas, todas as acusadas de bruxaria confessavam terem mantido relações sexuais com o demônio.
O Malleus Maleficarum explica que a "natureza" dessas relações não era necessariamente carnal, visto que os demônios eram espíritos e que mesmo os corpos daquelas que estivessem aparentemente dormindo em sua cama, ao lado dos maridos, participavam dos sabás. Rituais de sexo e luxúria, os sabás eram tidos como odes a Satã, festas macabras nas quais se comia carne de recém-nascidos, entrava-se em transe e após danças frenéticas as bruxas copulavam com o diabo. Foram descritos como missas negras, nas quais os adeptos renegavam a fé cristã por meio do que a Inquisição supunha ser um arremedo das práticas católicas. Pierre Töpffer enfatiza a diferença entre a missa negra, de elementos alusivamente anti-cristãos, e o sabá, termo que aparece no final da Idade Média para aludir a festividades não-cristãs, nas quais práticas da velha religiosidade camponesa, com resquícios do paganismo, ainda vigoravam. O termo é oriundo dos sabat dos judeus, que também eram tidos como proscritos. Tanto em um como no outro ritual, o corpo ganha uma evidência bem maior do que na convencional missa cristã: os feiticeiros vão nus para o sabá e usam o corpo para dançar, comer e fazer sexo e, por sua vez, a maior parte das missas negras usam o corpo nu de mulheres, mais especificamente o ventre, como altar.
Mesmo com a finalidade de o fiel comungar 'comendo' e 'bebendo' do corpo e do sangue de Cristo, o que indica uma alusão muito forte ao paganismo, em particular aos cultos dionisíacos, a missa católica é um ritual asséptico onde ninguém come e bebe de verdade, não há saciedade para o corpo. De um modo totalmente teatral, os cultos cristãos explicitam a antropofagia das velhas religiões utilizando a simbólica do pão e do vinho, que surgem em minúsculas amostras. Todo estímulo aos sentidos, como sensações físicas, cheiros e sabores, é sutil, tal qual a música, e quase inexistente.7 Uma espécie de fusão sensorial com o divino é evocada na ritualística cristã tradicional, mas o corpo, com seus movimentos, volumes, expressões e odores, quase suprimido.
Os processos de bruxaria tinham um considerável enfoque nos corpos das bruxas: elas eram desnudadas à procura de um sinal que as pudesse recriminar. Procurando essa marca, "a marca da bruxa" e/ou a "marca do diabo", seus pêlos eram rapados e todo seu corpo examinado e perscrutado. Agulhas eram fincadas em sua carne a fim de se detectar um ponto diabólico insensível. A maior parte das confissões era obtida depois de muitas sessões nas quais eram lhes imputados flagelos. Em máquinas como "a donzela de ferro" e os "borzeguins", ou nas torturas sobre a água, no aquecimento dos pés e na introdução de ferros sob as unhas,8 a ré passava por tantos suplícios que acabava por admitir as sentenças elaboradas pelo inquisidor. "Com a tortura, pode-se fazer confessar tudo", comenta Jean Delumeau em sua História do medo no Ocidente.9 A fome e privação de sono às quais eram submetidos os acusados de feitiçaria também rompiam "qualquer resistência", 10 a ponto de admitirem todas as atrocidades que lhes eram atribuídas.
Na maior parte das vezes as bruxas eram condenadas à morte, mas não bastava enterrá-las, pois se acreditava que tinham a capacidade de emergir de dentro das sepulturas. Tal qual uma vampira, a prostituta da Babilônia aparece como "ébria de sangue dos santos e dos mártires de Jesus" (Ap 17,6), aquela cujo transe orgiástico e cuja presença no festim dos sentidos ameaçavam a doutrinação transcendental da Igreja. Por isso era necessário queimar seus corpos e lançar suas cinzas ao vento, para que, através das artes diabólicas, seu corpo não fosse capaz de se reconstituir. Há vários casos em que as filhas eram acusadas e queimadas tais quais suas mães, pois se acreditava que, desde muito cedo, além de serem oferecidas ao demônio, todas as filhas de bruxas eram iniciadas por suas mães nas artes da feitiçaria.
Não podemos dizer que as pobres acusadas dos séculos XV a XVII foram efetivamente uma ameaça para o clero vigente, mas a condenação de heresias que incentivou os processos contra bruxaria implicava a afirmação do poderio religioso, ideologicamente teocentrista, como resposta à redescoberta do humanismo greco-romano. Não há humanismo que não dialogue com o corpo, suas relações com o espaço, com as medidas e formas do homem, suas representações e sua exposição. O corpo jovem da estética clássica é valorizado como modelo de perfeição enquanto que os corpos mais grotescos e disformes abundam na iconografia do Inferno. Estreitamente ligada ao corpo (curandeira, camponesa, dona-de-casa, amante, prostituta, parteira), a bruxa é um dos agentes sociais escolhidos para expurgar os temores coletivos por meio do perecimento carnal.
Aquelas que "fizeram um tratado com a morte e um pacto com o inferno"11 traduzem o que o historiador Pierre Pierrard diagnostica como o medo presente no início da Idade Moderna: "a guerra endêmica, as epidemias, a atroz peste negra de 1348, a miséria, o banditismo dos caminheiros e a revolta dos pobres", que colocam o homem da época "em contato permanente com a morte. Às efígies suaves, sucedem-se, nos túmulos, anatomias arruinadas pela doença e a velhice, marcadas pela vida. As 'danças macabras' povoam os afrescos, as miniaturas e os poemas, misturando no mesmo desprezo papas, reis, lindas mulheres, clérigos e monges".12 Em sua História da Igreja,13 o autor comenta que a mentalidade animista, os encantamentos e os ritos de magia ocupavam considerável espaço no 'cristianismo' da população rural de modo que "a superstição mal se distingue da devoção"14, deixando espaço para todas as crenças que encontramos nos documentos relativos à caça às bruxas.
A crescente pobreza, que acompanha a extinção do feudalismo e o desenvolvimento dos centros urbanos, produziu histórias sobre bruxas que comem pessoas desenterradas e se alimentam de carne podre. Em sua pesquisa sobre missas negras, Pierre Töpffer assinala que "a miséria deve ter engendrado muitos excessos rapidamente identificados com práticas feiticeiras".15 Encontramos a freqüente imagem do caldeirão da bruxa e seu conteúdo repugnante, que se acreditava ser sopa de criancinhas assassinadas. No estudo de Fernando Del Oso, essas poções diabólicas são descritas como possuidoras de sabor hediondo, contendo ingredientes excêntricos, tais como asas de morcego, que estavam associados ao poder de voar.16 O conteúdo do caldeirão era servido nos encontros de bruxas ou usado nos preparativos para os festins. Acreditava-se que através dos ungüentos, com os quais cobriam o corpo para irem ao sabá, as bruxas podiam levantar vôo ou ir de uma cidade para outra em poucos instantes. Banhos, práticas de limpeza e medicina caseira também causavam suspeitas de bruxaria. Ao contrário do que os ocultistas denominam "alta magia" ou "magia branca", envolvida com alfabetos antigos, talismãs cabalísticos e hierarquias angélicas, a "negra" magia das bruxas constituiu-se na cozinha e sobre os demais afazeres domésticos do cotidiano das mulheres.
E é no contexto das inumeráveis tarefas do cotidiano feminino que a bruxa é descrita, no século XIX, como "mártir universal" pelo historiador Jules Michelet.17 Driblando as adversidades financeiras, a fome e o trabalho extenuante, a bruxa acabaria por deixar-se aliciar às forças malignas. Romântico, Michelet nos mostra a imagem da bruxa como exilada, morando sozinha em lugares ermos da natureza, exposta às intempéries, aos ventos fortes e às tempestades. Como uma ameaça à sociedade, muitas vezes expulsa de sua aldeia, a bruxa era isolada, uma fugitiva que, cedo ou tarde, seria procurada para servir como confessora de apaixonados e intermediar os mais diversos prodígios exigidos por aqueles que se arriscavam indo atrás de seus poderes.
Ao tratar das bruxas, Roberto Sicuteri refere-se ao arquétipo da mulher selvagem a partir da dificuldade do civilizado em conviver com a ferocidade feminina, sedimentando-se assim "a hostilidade para com os conflitos sexuais" e toda uma "aversão pelos instintos" que acompanham os preconceitos sobre mulheres independentes. Na mulher anterior a Eva (criada na semelhança e na igualdade com Adão), na mulher livre, fugitiva e "dona de si", os temores seriam projetados.18 Em sua História do medo no Ocidente, Jean Delumeau mostra a mulher como bode expiatório, sobre o qual "uns e outros exprimiam seu medo de subversão com a ajuda de um estereótipo há muito tempo constituído":19 a bruxa de olhar petrificante, mortal, enrijecedor. Personificação da atordoante falicidade do feminino, provocando ereções, causando impotência e até retirando ilusoriamente o membro viril, as bruxas manejam amplamente as partes mais íntimas dos corpos, transitando por tudo aquilo que se denomina "os terrores do coito". Cheia de raiva e agressividade, a mulher que detém o falo é a efígie castradora que ameaça o masculino, sendo comum que a misoginia inerente à figura da bruxa seja interpretada dentro do binômio falo/castração da tradição psicanalítica.
Mesmo nas velhas, a presença de todo um clamor desejante e de inevitáveis atribuições fálicas faz de todas as bruxas figuras sexualizáveis por excelência. Como fator- chave na diabolização da mulher, a sexualidade feminina20 apresenta-se sempre acompanhada de insaciedade, produzindo-se, assim, a imagem da bruxa voraz, a ogra devoradora que engole todos os seus filhos. Talvez como subproduto da miséria, sua fúria é o resultado de um imenso apetite impossível de ser satisfeito. Essa fome é intensificada no sexual e vem impressa no mito da avidez vaginal, sendo a boca da vulva considerada como a parte mais insaciável da mulher.21
Seus aspectos noturnos, funestos e lunares afastam-na das racionalidades. Parece difícil concebermos a bruxa como um personagem conceitual, pois seu devir não faz parte de uma filosofia, mas frui de sentimentos, percepções, intensidade pura de um corpo que sofre e goza. Sua existência histórica se deve à poesia clássica e ao direito canônico, literatura e retórica, fontes documentais que registram a bruxa como elemento lendário e ao mesmo tempo vívido para muitas sociedades. Seu tipo psicossocial está na fila das anormalidades, enquadrando-se na categoria dos monstros, próxima do animal, mas cheia de humanidade.22 Defeituosa, a bruxa não consegue ser descolada de seu corpo e de suas artes. Felix Guattari e Gilles Deleuze dizem que a arte é um modo de pensar através do percepto. Primeiramente, a bruxa é o que eles chamam de "figura estética", pura potência de "afetos que transbordam as afecções e percepções ordinárias".23
Senhora dos descontroles, a bruxa guarda, sob os panos, truques que servem para confundir, embaçar e atrapalhar a razão, fazer com que os cursos do pensamento sejam deslocados. No alvorecer das ciências psíquicas, as mulheres atordoadas pelo demônio, assim como toda sorte de "enfeitiçados", como, por exemplo, as religiosas do convento de Loudun, serão tidos como histéricos. A identificação da histeria, espécie de sujeição a uma "dupla mudança", com o feminino se deve ao fato de que o histérico, como aponta o psicanalista Philippe Julien, "procura confundir os hábitos de pensamento socialmente aceitos, perturbar os referenciais do saber universitário pondo à mostra seus limites, seus avatares e seus percalços".24 Os efeitos somáticos da histeria não se descolavam da sexualidade; era uma "desordem das paixões" com sua duplicidade "que não se deixa agarrar", uma patologia advinda do útero e se seus imensuráveis humores. Doença manifestada pelo corpo, a histeria é o sintoma do desejo de um desejo, expressão física da Falta, do amor pelo pai derrotado e diminuído, colocando para fora a própria castração através de gritos, uivos lancinantes de impotência, paralisações, dores, palpitações.
Com sua gargalhada estridente, pode-se dizer que a bruxa é personagem conceitual da psicanálise e das psicologias; a bruxa-histérica e suas disfunções da libido são os extremos da mascarada: choro e riso, mutismo e rumor, crueldade e compaixão – oscilações que configuram os humores femininos presos à matéria instável, sujeitos ao tempo e às mutações que o homem pouco controla. É uma figura que transita no pantanoso terreno do irracional, da carne e da animalidade. Andrógina, a bruxa é monstruosa porque traz consigo a mistura das espécies e a mistura de sexos diferentes. Mulher-árvore encarquilhada pelo tempo, mulher-loba correndo pela floresta nas noites de lua cheia, mulher e besta, a bela e a fera. A bruxa, como todos os monstros, é híbrida. Bissexual, a promiscuidade da bruxa mostrava o quanto era perversa e animalesca. Disfarçando seus pés com formas de garras, a bruxa engana fazendo com que todo seu hibridismo pareça ilusão, pois seu aspecto monstruoso esconde-se por baixo das saias.
O território da bruxa é como o deserto produtor de miragens, o mundo alucinatório dos transes, o discurso eterno e atordoante da confusão infernal, o limiar da loucura. Como solucionadora ou culpada dos problemas, sua figura faz parte de acontecimentos drásticos: o desespero de certos apaixonados, o acometimento de enfermidades, acirradas lutas pelo poder e outros abalos, como tempestades, a morte do gado ou o extravio de colheitas. As bruxas podem ser personagens conceituais, pois cumprem com o papel de "manifestar os territórios, desterritorializações e reterritorializações absolutas", porque marcam um modo de pensar cujos "traços personalísticos se juntam estreitamente aos traços diagramáticos"25 que constituem o plano de imanência. Este é o plano dos pensamentos, uma superfície na qual estão colocados os conceitos e suas incontáveis possibilidades de composição. A bruxa é aquela que se compõe junto a uma grande variedade de pré-conceitos pensados sobre o feminino, sobre o corpo, a natureza e os ciclos de nascimento, vida e morte.
As descrições do Malleus Maleficarum ajudaram a construir uma imagem fantástica sobre pessoas, na maior parte das vezes mulheres, capazes de se transformarem em animais, voarem, percorrerem grandes distâncias em segundos e manipularem os humores corporais. Todos esses prodígios eram ineficientes depois que as bruxas eram tomadas sob o jugo da Igreja, conseguindo, no máximo, ludibriar seus algozes por meio de palavras ou olhares diabólicos. Acreditar ou desacreditar nas incríveis proezas da bruxa não é servir-se de um certo encadeamento simbólico e de configurações imaginárias, que fazem com que seus traços passem ao ilusório campo das sublimações. Pensar sobre uma ótica psicanalítica é fazer da bruxa uma alegoria, típica projeção dos terrores da castração.
Tipo psicossocial ligado aos resquícios pagãos da Idade Moderna, a bruxa carregou em seu corpo os saberes não-racionais que a sociedade dessa época temia. Como figura estética, potência plena de afetos, a bruxa expressa o poder das grandes Deusas, a divinização da Natureza e a terra-corpo como sagrados. É um pensar que sente a matéria que nos engole, não mais sob a perspectiva egóica e neurótica, mas sim com a percepção esquizóide de que tudo faz parte dessa imensurável devoração. É um pensamento indistinto, demoníaco, arcaico e em devir. Como personagem conceitual para esse pensamento, diferente daquele instaurado pela História da Filosofia, a bruxa traz um conhecimento 'outro', marcado pela indistinção. Conhecer sua realidade, pele concreta das coisas marcada na passagem da vida, é extrair o ardente espectro de um corpo agonizante. Corpo pleno, que fulgura na singularidade da carne, além do organismo, estendido ao corpo da Terra e ao do céu que a circunda. Corpo-mundo engolidor.

Referências bibliográficas
ARAGÃO, Teixeira. Diabruras, santidades e prophecias. 1. ed. Lisboa: Veja, 1894.
BORNAY, Erika. Las hijas de Lilith. Madrid: Cátedra, 1998.
DELUMEAU, Jean. História do medo no Ocidente: 1300–1800, uma cidade sitiada. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.
FOUCAULT, Michel. Os anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
JULIEN. Philippe. "Histeria". In: KAUFMANN, Pierre. Dicionário Enciclopédico de Psicanálise: o legado de Freud e Lacan. Rio de janeiro: Jorge Zahar, 1996. p. 245-252.
KOLTUV, Bárbara Black. O livro de Lilith. São Paulo: Cultrix,1997.
SPRENGER, James; KRAMER, Heinrich. Malleus Maleficarum, o martelo das feiticeiras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1991.
MICHELET, Jules. A feiticeira. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.
NOVINSKY, Anita. A Inquisição. São Paulo: Brasiliense, 1993.
OSO, Fernando Jiménez Del. Brujas, las amantes del diablo. Madrid: Anaya, 1995.
PIERRARD, Pierre. História da Igreja. São Paulo: Edições Paulinas, 1982.
SALLMAN, Jean Michel. As bruxas, as noivas de Satã. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.
SICUTERI, Roberto. Lilith: a Lua Negra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
RUSSEL, Jeffrey Burton. A história da feitiçaria. Rio de Janeiro: Campus, 1991.
TÖPFFER, Pierre. As missas negras. Póvoa de Varzim: Publicações Europa-América, 1980.


[Recebido em outubro de 2004 e aceito para publicação em maio de 2005]


Copyright © by Revista Estudos Feministas 1 Escrito pelos inquisitores Heinrich Kramer e James Sprenger, foi incansavelmente consultado nos tribunais eclesiásticos dos séculos precedentes nos processos de bruxaria (SPRENGER e KRAMER, 1991). 2 SPRENGER e KREMER, 1991, p. 67. 3 SPRENGER e KREMER, 1991, p. 247. 4 SPRENGER e KREMER, 1991, p. 155. 5 SPRENGER e KREMER, 1991, p. 328. 6 SPRENGER e KREMER, 1991, p. 121. 7 Não incluo o sentido do olhar porque este é a percepção corpórea tradicionalmente legada ao espírito. As grandes catedrais, por exemplo, mostram que o olhar, sendo o olho um atributo da onipresença divina, era o sentido do qual a Igreja viria se ocupar. A abundância de imagens e motivos no catolicismo é tão grande que é sobre sua história que a História da Arte ocidental vai se constituir. 8 Jean Michel SALLMAN, p. 74. 9 DELUMEAU, 1989, p. 381. 10 DELUMEAU, 1989, p. 381. 11SPRENGER e KREMER, 1991, p. 172. 12 PIERRARD, 1982, p. 158. 13 Publicado por uma editora católica, o livro omite a sordidez e a crueldade da Inquisição, embora tenha passagens que se refiram à corrupção do clero e a autoridades eclesiásticas que viviam em concubinato. 14 PIERRARD, 1982, p. 164. 15 TÖPFFER, 1980, p. 43. 16 OSO, 1995, p. 162. 17 MICHELET, 1989, p. 240. 18 SICUTERI, 1985, p. 111. 19 DELUMEAU, 1989, p. 382. 20 DELUMEAU, 1989, p. 327. 21 SICUTERI, 1985, p. 114. 22 Sobre o misto inerente aos monstros, ver FOUCAULT, 2001, p. 79. 23 GUATTARI e DELEUZE, 1992, p. 87-88. 24 JULIEN, 1996, p. 246. 25 DELEUZE e GUATTARI, 1992, p. 92.

© 2005 Revista Estudos FeministasCampus Universitário - Trindade88040-970 Florianópolis SC - BrasilTel. (55 48) 331-8211Fax: (55 48) 331-9751

Sunday, December 25, 2005



O caminho

Já lá vão uns anos, a Câmara comprou em Montargil duas pequenas casas para médicos: estão agora à venda, na Rua da Misericórdia, respectivamente por 15 e 20 mil euros, só para quem não tem casa, diz-se.
E a saúde e o bem estar, estarão melhor em Ponte do Sôr? Atendendo aos hábitos alimentares, de higiene e de vida, que estão uns melhores e outros piores, talvez tenham melhorado um pouco, mas, podem melhorar muito mais.
Por exemplo: continua-se a abusar dos fritos, dos salgados, das carnes, do açúcar... nem sempre por falta de dinheiro. Também por falta de alternativas, boa comida macrobiótica, por exemplo. Parece também haver ainda uma certa falta de união entre os opostos/complementares, e, uma certa deficiência na informação e comunicação. Mas, isto é quase por todo o lado.
Muitas coisas, animais e pessoas, algumas bem valiosas, são postas de lado ou não se fala mais nelas, caindo-se no velho mal de só querer o novo, mesmo que não preste. Mas, por mim e por vós, estou muito contente com a maravilhosa chuva que voltou, e que é como uma bela música para os nossos ouvidos ressequidos; não esquecendo o sol rei, que se digne esconder-se por mais uns tempos! E, um catamaran, ao acostar, quando bem conduzido, quase que é como um grande berço, em que os filhos que são pais com o universo são embalados!...
===
Nascemos da terra, do ar, da chuva, da electricidade, do sol... e a eles voltamos ao morrer.
Agarramos num pedaço de barro, numas sementes, numas tintas e juntamente com nossos pais e Deus damos-lhes formas belas, úteis, saborosas que nos fazem e dispõem bem. Quem é Deus? O primeiro dos pais, os filhos, todos os pais e mães, a forte, o sábio, a justa, o visível, a invisível, o harmonioso, a guerra, o pacífico, a calada, o silêncio...
É um erro procurarmos Deus só fora de nós, só longe do sítio onde estamos, só nas origens, só nos finais... Apesar d'Ele(a) também estar aí, claro!
Não desprezamos pois o barro, os sons, os cheiros, as letras, as cores, os materiais por trabalhar, informes, quase feios... mas, damos-lhes agradáveis, belas e úteis formas.
O futuro é claramente a consequência do presente e do passado. E, tão bons são os grandes como os pequenos rasgos, quando é caso disso!
Possivelmente, nem mesmo as verdades fundamentais e universais devemos impôr. Só teremos de viver de acordo com elas. Cada um tem de as (re)descobrir, com as devidas perspectivas e actualizações, por si próprio!...
Somos vários sentidos: "lembramo-nos" por meio deles todos, da memória e dos amigos.
Para o criador não há erros: somente passos em direcção à descoberta, à boa e bela criação.
É muito importante ouvirmos, vermos, apercebrmo-nos de tudo e todos. Isso também é Deus!
A fim de não devermos sem sabermos temos de estar muito atentos a tudo e a todos!!!!

Friday, December 23, 2005





Originalidade é irmos às origens, sermos nós próprios. Que pena que o mundo de alguns seja só a sua aldeia, e, que pareçam não ter passado, ou antes, que o ignorem! Vai até Belém, homem, mas não te fiques por aí. E tu, que europeu és, mergulha na Atlândida!
Imitar pode ser bom, se o mestre é o melhor. Mas, como podemos ser felizes sendo outros? Sejamos pois nós próprios!

Sites: http://rdz.sites.uol.com.br/lua.htm


http://www.umoncton.ca/soeler/panteao5t.htm


Boas festas, portanto!!

Wednesday, December 21, 2005





1. Beauty

“... Beauty is an holistic feature of objects (or persons, beings, worlds, say I)... Every feature of the object in relation to all the others, contributes to its beauty – which is why a failing in any of these can detract from its beauty”. (Pag. 37 of: the secret power of beauty, by john armstrong, PENGUIN BOOKS)

“ ... A beleza é uma característica holística dos objectos (ou pessoas, seres, mundos, digo eu)... cada característica do objecto em relação com todas as outras, contribui para a sua beleza – sendo por isso que uma falha em qualquer uma dessas características pode prejudicar a sua beleza”.


Holismo – ideia que defende que o todo é mais do que as partes, tem propriedades que faltam aos seus elementos constituintes; Site:
http://geocities.com/vienna/2809/holistic.htm

Http://www.anna­­_kingsford.com/portugues/obras_de_anna_Kingsford/textos

2 – Evolução

Uns evoluiem, e, vão de verdade em verdade, de beleza em beleza, de graça em graça, de força em força... Outros nem tanto!

3 – O Caminho

Quando descobrimos o caminho da felicidade e do bem estar (há sempre mais caminho...) desejamos que os demais percorram o mesmo caminho. Que mal pode haver nisso?

Os índios espantavam-se pelo modo explorador e impiedoso como certos brancos tratavam terra, animais, água, etc... Mas, há quem nem animais mate a não ser em legítima defesa...

QUE FAZER COM O D.N.?

XLVI

AVANÇO

Assim como as raízes da oliveira
se desviam dos obstáculos, lentamente,
e avançam, eu, o Joaquim Machoqueira,
avanço devagar e resolutamente.

Mesmo que com renúncia e sacrifício.
E, o que é sublime e grande alçanço.
Graças a Deus, o momento é bem propício.
Por isso, p’ró alvo com firmeza avanço.

No nosso avanço, como amigos veros
e capazes, estorvos não encontraremos.
Atendo-nos à modéstia, sendo sinceros
e prudentes, o DEUS sábio procuremos.

Recontinuar o bom trabalho devemos.
Sem ímpetos parvos. Com determinação.
Tão somente às condições nos adoptemos
do momento. Contra a continuação

do progresso nenhum obstáculo existe.
Mesmo que nada esteja contra não há
que duvidar. Se a má dúvida persiste,
só bloqueia a força que impulsão dá

ao avanço. Mas, unidos com o momento,
devemos é aproveitar as favoráveis
condições que oferece, para o lento,
contínuo caminhar p’rás pazes duráveis.


Joaquim

5759 d. A.Mar2315h



XLIII

DETERMINAÇÃO


Há condições para a acção
firme, suave, decidida,
pelo bem estar da nação.
Os menores ’stão de saída.

Um só inferior e uma
só paixão são suficientes
para nos retirar a suma
paz, e nos fazer pacientes

sofredores. Luta sem fim
é precisa, para o bem
prevalecer sobre o ruim.
Luta que princípios tem:

um: ter determinação forte;
dois: força amável usar;
três: em nós próprios o corte
do mal sempre iniciar;

quatro: indirectamente
injustiça repreender
e os ruins; precisamente,
sem ao irado responder;

cinco: castigar sem paixão
nem ódio; seis: premiar
em nós e neles a acção
para o comum bem estar.



FORMA DE HOMEM




Esquerda, centro e direita
temos. Para se completarem.
Nação adulta e já feita
somos. Não p’ra se derrotarem

mas p’ra se entreajudarem,
e amarem, interior
e costa temos. P’ra se darem
ao respeito, com menos dor.

Forma de homem Portugal
tem. E temos também cabeça,
coração e zona central.
Logo, p’ra que não enfraqueça,

mas para que mais enriqueça,
o nosso país mui amado,
útil é que não se esqueça,
o português equilibrado,

de partido vero, decente,
do meio formar. Que sem manha
equilibre a complacente
destra e a restrita canha.




1999-07-27

Joaquim


11




IV


INSENSATEZ JUVENIL


A meticulosidade
em tudo, fundamental
é p’rá grandiosidade
bem justa ser mundial.


Apesar do não juízo
de alguns, o bom sucesso
na volta ao paraíso
é possível. Tal regresso


é possível com o SÁBIO,
que mostra os bons caminhos,
com ou sem astrolábio,
aos na justiça velhinhos.





III

DIFICULDADE INICIAL



Tenho de mudar
de método. Mais
pensando. Matar
inimigos vais.

À pessoa certa
peço a ajuda.
E dou-lhe oferta
justa e não muda.

XXXIX

OBSTRUÇÃO



Não irei lutar
até à vil morte.
Porque ajudar
meus é minha sorte.


XLIV


MAUS ENCONTROS


A situação é perigosa e contrária.
Aparecem os inferiores insolentes,
qual jovem que facilmente, como sendo pária,
se entrega para ter o poder que tu sentes.




TU !



Tu foste impaciente
e pouco clarividente.
Não olhaste p’ra poente
e oriente,


para baixo e p’ra cima.
E assim, um que não rima
és. Um que não anima.

LIX

DIVISIONISMO

Com a chuva vai-se a geada,
cessando a “queima”. E já nada
impede a boa unidade.
A ganância e a maldade
matam. Mas o orar verdadeiro,
grupal, tira o ego grosseiro!

É o orgulho mau, inflexível,
que a família divide terrível
e a sociedade destrói.
São precisos santos e herói
à frente de comum movimento,
trabalhando p’lo não sofrimento.

Mas, suprimindo já qualquer
mal entendida coisa que fere,
qualquer tendência à discórdia
que obstrui. Mas com misericórdia
punindo os filhos da manhosa,
sem inocência cautelosa.

P’ra vencer o empreendimento
todo o egoista sentimento
poderemos ter de esmagar.

XLVII


ESGOTAMENTO


Por vezes os inferiores
sugam, oprimem e limitam
por todo o lado. Então
não existe progresso mais.

Mas, p’rós homens superiores,
fortes, do bem, e que imitam
os Invisíveis, que estão
tranquilos e joviais,

mesmo no perigo e dores,
essas são as bases que ditam,
para os dias que virão,
o êxito. E se ficais

estáveis assim, dissabores
até da sorte não vos fitam.
Aquele que a opressão
o espírito põe aos ais,

não vence. Mas se tu só fores
vergado, os bons que militam

XLI

HUMILHAÇÃO

Refreando os inferiores
instintos, nós bem fortalecemos
qualidades superiores.
Quando poucos recursos temos
para viver sem quaisquer dores,
o melhor mesmo é que paremos.

As condições de simplicidade
e falta externa, o poder
dentro reforçam. Facilidade
há agora em planos fazer,
e, em ajudar, com humildade,
outros. Sem injusto, vão querer.

Mas, ao ajudar, de medir temos
se eles não ficam humilhados.
E, se for dirigente, havemos
de estudar se ao ajudado
e a nós convém que ajudemos.
Erro é ajudar por agrado.

Aceitar ajuda, não pensando
nos danos, é prejudicial.
Servir, princípios violando,
é valorizarmo-nos bem mal.
Com outro, nos vamos completando.
Mais do que dois, inveja no final.

Se humildemente nos livramos
das falhas e erros, o caminho
abrimos para os que amamos
se encostarem ao nosso ninho.
E contentamento geral damos.
Não haja nem um duvidarzinho!

Quando bem intencionados
crescemos no nosso poder, não
é erro. Pois não há humilhados,
mas todos favorecidos são.
Lutemos assim, que levantados
bem ao alto, seremos então.

1999.1.12



IX
O PODER DO PEQUENO
(Pequena restrição)

Se realizar não podemos
o grande à vista, retomemos
já as pequenas melhorias
das qualidades d’Elias.

O momento ainda não
é propício p’rá decisão
de vulto. Ainda assim,
haverá sucesso no fim.

Mas, convém tomar já medidas
iniciais p’ra sucedidas
bem serem as obras. Conter-
mo-nos um pouco é saber.

Aos casos com delicadeza
nos adaptarmos, e, certeza,
imprescindível é p’rá meta
obtermos da vida correcta.

’stão fracas as oposições
e sem verdadeiras opções.
Mas, não podemos avançar
sem mais sério ponderar.

Más adversidades impedem
a adesão dos que nos seguem.
Seríamos contrariados
e não logo vitoriados.

Quando a sinceridade
vivemos e a lealdade,
mutuamente, pactuamos
a grande força que ter vamos.


LIV

RELACIONAMENTOS

Os relacionamentos
estão sujeitos a altos
e baixos, por os momentos
se sucederem aos saltos.

Pequenos mal entendidos
podem ocasionar
mal estares estendidos.
Para bem se evitar

tal ruim consequência,
é necessário ter
a constante consciência
do final fim a obter.

Muito diferentemente
das relações formais, em
que direitos legalmente
’stão fixados, e, também

deveres, a relação
espontânea depende
da pessoal decisão.
Por isso, só se distende

por um longo tempo, com
discrição, particular
cautela e mui senso bom.
Os direitos respeitar

dos outros e sentimentos,
é o bom alimentar
p’ra relacionamentos
duradoros cultivar.

Em cima, Senhor, te temos,
e possuimos a paz.


QUE MAIS PERIGOS VIRÃO ?

III

DIFICULDADES DO REINÍCIO


Um guarda bêbado, mas sem arma,
incomodou-me ontem, na floresta
da Machada. É o enorme carma
dos invejosos que impede festa

e obriga a castigá-los. Sem
ficarem melhores não cessará
o seu castigo. Oh justo DEUS, vem
pois ajudar-me a: pôr ordem lá

e cá; os obstáculos eliminar
ao justo, ao belo, ao santo, ao amar;
os aspectos contrários desprezar;
e, dos bons todos a força juntar.

Vê: no início dificuldades,
são prenúncio de grande sucesso.
mas, devo agir também nas cidades
com perseverança. O que Te peço.

Obras não iniciando agora
difíceis, como a da formação
do novo partido, porá de fora
a hipótese da humilhação.

Servir ainda mais, antes de vir
O QUE QUEREMOS




O que nós queremos
é geral bem ’star.
E projecto temos
para lá chegar.

Primeiro: devemos
querer bens precisos
que ’inda não temos.
Com garra e risos.

Querer é obter!
Quem nada requer
não tem. Mas querer
só, é mal que fere.

Segundo: saber
fundo procurar,
sempre é dever
de recompensar.

Somos vida vera
de Deus. Se há
um deveras bera,
ferido será.

Terceiro: com Deus,
nossa relação
não é luta d’eus,
mas amor mui são.

Só queremos ser
vidas de Deus, não
ser Deus. E, não ver
pessoas no chão.

13




Queremos também
grandes horizontes
p’rós homens de bem.
Com cuidadas fontes.

Quarto: que sejamos
todos bem perfeitos
também desejamos.
Todos sem defeitos.

E, que não troquemos
alma já irmã,
nem p’la que pensemos
gémea e “fã”.

Filho culpa não
tem da pouca calma.
Reencarnação
e gémea alma

existem? Então
a seguir, com arte,
gémea, se não
complementar parte,

vamos ter, que é
melhor. Se quisermos
ouvir Deus e fé,
e, justo fizermos.


1999-07-27XL
PROGRESSO

Recolho o exemplo do bem
que outros dão e me aprimoro.
O mau, meu e d’outros, não demoro
a deitar fora, não só, também.

Este é um período bom,
de progresso. Bem aproveitado
deverá pois ser, com afincado
trabalho, a fim de, todos com

um, um com todos, em aliança,
construir as mais difíceis obras.
Isto acontece se redobras,
dirigente, do povo a confiança

em ti. Se obras valentemente
pelo bem comum. Salvo melhor
ideia, quem Portugal adore
lutará agora prontamente

p’lo semelhar de habitações,
empregos e ’scolas, começando
pelas famílias e finando
pelos outros. Mas de condições

sempre melhores. Quando vem
grande inspiração, também devemos
fazer obras grandes; podemos,
por exemplo, melhorar o en-

sino, as estradas, as mudanças,
a indústria, mal que vejas,
a saúde e as igrejas,
os impostos e as seguranças.

P’ra mantermos nossa influência
sobre os demais e recebermos
deles apoio, ’té a enfermos
temos de prestar-lhes assistência,

mesmo que tenhamos de tirar



VI

CONFLITO


Para que não
haja mais guerra,
mortes não vão
’star mais na terra.

Certeza vera,
básica é
p’ra vencer ’té
astuto bera.

Acordos, só
justos. Mais guerra
vale, que dó
p’lo vil que ferra!



Se o vencer
tardar, o mental


QUE MAIS PERIGOS VIRÃO ?

III

DIFICULDADES DO REINÍCIO


Um guarda bêbado, mas sem arma,
incomodou-me ontem, na floresta
da Machada. É o enorme carma
dos invejosos que impede festa

e obriga a castigá-los. Sem
ficarem melhores não cessará
o seu castigo. Oh justo DEUS, vem
pois ajudar-me a: pôr ordem lá

e cá; os obstáculos eliminar
ao justo, ao belo, ao santo, ao amar;
os aspectos contrários desprezar;
e, dos bons todos a força juntar.

Vê: no início dificuldades,
são prenúncio de grande sucesso.
Mas, devo agir também nas cidades
com perseverança. O que Te peço.

Obras não iniciando agora
difíceis, como a da formação
do novo partido, porá de fora
a hipótese da humilhação.



LIV

RELACIONAMENTO
(Amizade e casamento)

Quando o relacionamento
entre duas pessoas coroado
é pela união do sacramento,
intrínseca, apesar de voado

ter para longe um, ou se haver
envolvido em problemas, fiel
o outro à aliança manter-
-se vai. Mesmo que tenha de na pele

sofrer. O ideal que foi plantado
pelos dois não morre, mas deverá
alcançar-se. Nem o articulado
mau do contrato o impedirá.

Por vezes, os melhores objectivos
não se alcançam por vias normais.
Então, com procedimentos nocivos
em mui comuns ocasiões, por mais

incompatíveis com a dignidade
que sejam, teremos de proceder.
E, fortíssimo compromisso há-de
consigo mesmo o nosso eu ter.

Em grupo, com interesses comuns,
êxito, só se se verificar
uma aliança interna de uns
com os outros firme, p’lo respeitar.

COMO GANHAR 2ª FEIRA ?


LXIV

ANTES DA CONCLUSÃO

Como é o funcionar
das coisas? Que é mais urgente
fazer? É o vil castigar,
e instaurar ordem crescente,

2ª e 3ª
e justa. Nasce a nova era
e comemoramos. Mas sem
excessos. Para a vil fera
não voltar, porca, com mais cem.


XVI

ENTUSIASMO
( Harmonia)

As músicas apropriadas
são as de Israel. Tensões
partem e também ocultadas
emoções. Trazem uniões

e alegrias. E, elevam
os sentimentos. Viajai.
Vinde a Deus, não aos que levam
nosso dinheiro. Animai!

2ª, 6ª e Julgamento

Se cobiçam o que nosso é,
mesmo quando justamente
detido, e guerras até
querem, saimos novamente.



Entusiasmo a mais não
vale. Impede-nos de ver
bem a verdade. E, não vão
bajular acima, nem ter

os de baixo em conta pouca.
Bons anseios, como perfeitos
sermos e não fazermos mouca
orelha ao justo, são feitos.



Machoqueira




1999 d. C.Março17
Joaquim




Servir ainda mais, antes de vir
ajuda como forma de incentivo
e força, não só ao seu, garantir
é o sucesso do bom objectivo.


Joaquim

parar, vital
é p’ra bem ter.



5759 d. A.
Joaquim

do só nosso ou de outros com
mais. Isto é que é de bom tom.
Isto é que é optimizar.

1999.2.10



Joaquim

14


ajuda como forma de incentivo
e força, não só ao seu, garantir
é o sucesso do bom objectivo.


Joaquim

Que nunca nos revoltemos
pois contra Ti, ó veraz.

1999.Mar.17
Joaquim















5759 d.A.Mar29
Joaquim










em ti geram a reacção
que dá vitórias gerais.



1999119


E não devemos autorizar,
nem que os amigos e o mano
descaracterizem o bom plano.

1999.1.8
M


Um que não mima.




10





1999-1-19




5759

Joaquim



Joaquim

1999 d. C.Mar2211.40


1999.1.7
Mosqueira

VII
FORÇAS ARMADAS

Há água oculta dentro
da terra. Também o poder
do colectivo deve ver-
-se, bem escondido, no centro

de cada um dos membros seus.
O homem superior au-
menta o poderio ao
grupo, sendo, como o Deus,

generoso p’ra com seus ho-
mens e mulheres. Pois, assim
ganha seu afecto, sim,
e também seu apoio. Só

podemos ter total certeza
do ganho, se é observável
aliança inquebrantável
de colaborar com firmeza!

Todo grupo que fortaleza
tenha, bem requer dirigente
que organize, diligente;
que mande, com delicadeza.

A boa disciplina deve
surgir da consideração-
-respeito p’lo chefe patrão
capaz, cuja acção não leve

ninguém à dúvida. Se é
muito grande a aflição,
uma drástica decisão
que ocasione seve-

ras perdas, só pode ser feita
após séria reflexão.
C’os poderes da convicção
e união é que deita





o inimigo ao inferno.
Mas, quando os lutadores
forem claros conhecedores
do alvo justo e superno

a alcançar p’la decisão
tomada, e, concordam com
ele num consciente bom,
e também na intuição.

Nós e os líderes impedir
devemos injusta conduta
vinda do ímpeto da luta
e do ardor do conseguir.

Com perseverança vencemos.
E, ao iniciarmos um
empreendimento comum,
plano de pormenor havemos

também de ter. Um coerente
e sempre ordenado plano,
em correcção todo o ano
e execução! E, a gente

que o projecto executa
deve ter as suas funções
e cargos com definições
delimitadas por batuta!

E, o líder de excelência
chega até aos comandados
conhecendo seus ordenados;
não mandando com prepotência.

Se, como grupo, chefe temos
inútil, ineficiente,
substituí-lo é urgente.
Se não, chegar desgraça vemos.

De um inimigo diante
claramente superior,
o melhor, seja como for,
é recuar. P’ra que não cante




ele vitória por ter
grupo nosso desintegrado.
Se invade o mau, malvado,
nosso espaço, tem de haver

combate severo com gente
experiente no comando.
E tudo se realizando
como fixado com o Ente

antes, e, na união, pois,
de contrário, por defesa
só pessoal, mesmo acesa
a luta, terás dor depois.

Vitória se comemora.
Cada um tem a recompensa,
conforme tarefa intensa
e útil, ou, que nem decora.

Recompensas como as terras,
carros e cargos importantes,
não se dão a figurantes
simples. Se o fazes, então erras!!


1999=5759? d. A.Fevereiro25

JMM

Tuesday, December 20, 2005


1 - Os capitalistas e os fracos dizem que estamos numa grande crise, nomeadamente por produzirmos pouco. Mas, a verdade é que o suficiente que produzimos somos nós que o produzimos, e, não eles! O capitalista é todavia pior do que o fraco!!
2 - Uma das grandes alegrias da vida é sermos\termos bons filhos, sermos bons pais. Quem o pode negar? E, uma das tristezas é vermos pessoas, terras, seres e coisas abandonadas e abandonados!
Há pessoas muito zelosas, e, infelizes e eventualmente perigosas, por uma ou outra religião, uma ou outra ideologia, só por não conhecerem as restantes ideias, que são sem fim. Que alegria conhecermos sempre mais verdade(s)! Ignorantes de todo o mundo: unamo-nos!
Roubados de todo o mundo: unamo-nos também! Mesmo sabendo que podem vir outros ladrões de entre nós!
Se não nos estamos a divertir à custa de ninguém nem nenhum, devemos divertir-nos, porque, onde há diversão há poucos ou nenhuns problemas. E, podemos e devemos divertir-nos tanto nos trabalhos, é tudo uma questão de atitude, como findo o trabalho, nas artes, nos espectáculos, nas diversões, que não são ainda muitas vezes devidamente consideradas e remuneradas, já que é tão importante o que precisamos de fazer como o que gostamos de fazer!

Monday, December 19, 2005


Somos, com seres e coisas, um todo, mais ou menos indivisível, mas, também somos indivíduos. Uma das condições da poderosa beleza parece pois ser uma perfeita relação entre o todo e as partes.
Haverá mais do que uma beleza, e, a beleza faz-nos felizes, ao passo que a feiura, seja no que for, nos causa repulsa.
Como são belas e belos a harmonia, a paz, a chuva, a funcionalidade, o equilíbrio, a unidade, a diversidade, a justiça, a coragem, a prudência, a higiene, a vivacidade, a alegria, a sabedoria...
E, como é feio fazermos mal a seres/pessoas que confiam em nós ou que são indefesos ou até insignificantes diante de nós!

Sunday, December 18, 2005


É impressionante como nem políticos, nem padres, nem pastores, nem capitalistas, nem todos os que se armam em grandes, apesar de ter hoje ouvido um anónimo dizer que há muito frio por não haver chuva... se apercebem de que o urgente é estarmos unidos para atrair a chuva, que é suave, yin, feminina! Apesar do frio também ser bom!

Saturday, December 17, 2005


Eleições de 22\01\2005 – Para as próximas eleições presidenciais, em boa consciência, eu não votaria em nenhum dos candidatos. O próprio Mário Soares, por exemplo, que noutros tempos dizia que não se deviam tirar direitos adquiridos, por definição justos, senão não seriam direitos, já não o diz agora, em princípio por pessoal conveniência. Precisamos urgentemente dum novo D. João IV, que nos liberte agora não dos espanhóis, mas de todos os oportunistas, enganadores e exploradores, políticos ou empresários (aqui só Soares teve coragem de o dizer). Mas, dado o empenhamento da direita em dividir e maltratar a esquerda, nomeadamente com os falsos apoios dados e recebidos por M. Alegre, não só votarei como continuo a apoiar M. Soares, que pelo menos só tem uma reforma, ao contrário de Cavaco, que parece já ter três…

Friday, December 16, 2005



Agricultura Montargilense nos finais do séc. XVIII

Saibam quantos este Instrumento de Arrendamento virem que no Ano do Nascimento de Nosso senhor Jesus Cristo de mil setecentos e noventa e dois aos vinte e cinco dias do mês de Janeiro na Cidade de Lisboa e Rua Diraita da Calçada de Santa Ana a Casa de minha residência apareceram presentes o Doutor Luis José Pereira ... morador na praça do Rossio que outorga na presente em nome e como Procurador de Tomás Godinho, lauvrada digo lavrador e morador na vila de MonteArgil em virtude de uma procuração que fica neste Cartório e se trasladará nos traslados que deste se extrairem isto de uma parte e da outra estava José Narciso ... morador na Cruz de Santa ..., que outrorga na presente em nome e como Procurador de Dona Clara Joaquina da Cunha da Ribeira Tojal e Benevide em virtude de uma Procuração que ... partes aprovam que fica neste Cartório e se trasladará nos traslados que deste se extrairem isto de uma digo se extrairem e logo pelo referido José Narciso ... foi dito perante mim Tabelião e testemunhas adiante nomeadas que a sua dita constituinte é senhora e possuidora de uma herdade denominada de Aldeia das Sebes sita no Termo de Monte Argil a qual herdade com todas as suas pertenças usando dos poderes da sua Procuração arrenda e dá de arrendamento por este instrumento a ele Tomás Godinho das cláusulas, condições e obrigações seguintes; que este arrendamento valerá somente por tempo de seis anos hão-de ter por princípio no primeiro de Janeiro do Ano que há-de vir de mil setecentos e noventa e três e fim no último de Dezembro de mil setecentos e noventa e ... por modo que sejam seis anos completos com as novidades que Deus der e mais não; que pagará de renda em cada ano a quantia de vinte e seis mil réis em dinheiro, e dois porcos de cinco arrobas cada um e duas marrãs de ano cada uma , tudo posto em casa da senhoria conduzido a conta e risco do rendeiro e pago tudo no mês de Dezembro de cada ano antes do dia de S. Tomé sendo tudo livre de Décima ou de qualquer outro tributo ou direito ou desconto pois tudo quanto se dever pagar da dita herdade o pagará este herdeiro à sua custa por ser este contrato expresso entre ... partes e tudo lhes ir já abonado na dita renda; que os dois porcos de que trata sejam pesados vinte e quatro horas depois de ..., e não tendo as cinco arrobas de peso cada um, que devem ter, pagará o rendeiro o que faltar pelo preço que correr nesta cidade, e se ... maioria que o excesso lho pagará a senhoria pelo mesmo dito preço; que este rendeiro beneficiará a dita Herdade e Monte tudo à sua conta sem descontar nada na dita renda; que o rendeiro não poderá cortar Árvore ou Madeira alguma da dita Herdade nem ainda para sua Lavoura sem licença expressa, e por escrito dela senhoria a fim de toda se conserve na dita Herdade e esta vá em aumento; que pagando bem o dito rendeiro, e cultivando o melhor que poder ser a dita Herdade se obriga ele Procurador no nome que representa a fazer bom este arrendamento pelo dito tempo, mas faltando o rendeiro a qualquer de suas ditas obrigações poderá a sua constituinte remover este arrendamento pelo tempo que faltar, arrendando a herdade a quem quiser ou obrigar o rendeiro a que cumpra este Instrumento, o que fica a eleição de sua constituinte; e pelo Procurador do rendeiro foi dito, que aceita este arrendamento para seu constituinte pelo modo que está comtinuado, e que o obriga a tudo cumprir e pagar como fica estipulado para o que o obriga os bens de seu constituinte móveis e ... e os submoventes de sua lavoura, e que o obriga a responder por este instrumento nesta cidade de Lisboa na Correcção do Cível da Corte na qual não tem dúvida que este se julgue por sentença e em virtude dela ser extraída mandado para ser executado o dito rendeiro e seu fiador abaixo declarado por tudo o resultante deste Instrumento e ainda pelo despejo que desde já aconteça para qualquer tempo que o mereça dizendo mais ele Doutor, que muito de sua livre vontade ficava por fiador e principal pagador dele rendeiro e por ele se obrigava pagar tudo o neste estipulado e para o que ... obrigava seus bens e se sujeitava a responder na dita correcção para o que se dava por citado e o seu constituinte e renunciava todos os seus privilégios e do ..., que ambos pudessem alegar e pelo Procurador da Senhora foi dito que aceitava as preditas obrigações para sua constituinte pelo modo que em direito mais firme for, e em testemunho de verdade afim a outorgaram e a ... de parte a parte sendo testemunhas presentes meu filho Francisco ... Xavier morador em minha casa, e João Lopes Carreira oficial papelista? E morador na Rua Augusta que conhecemos os outorgantes que ... ... assinaram e testemunhas depois deste ser por mim lido e Eu Francisco Xavier Vieira Henriques o escrevi ... José Narciso rezam?= Luis José Pereira Cleto de Vadconcelos=João Lopes Carreira=Francisco .. Xavier Vieira Henriques

Afonso de Sousa Pacheco Leitão da Ribeira Benavides, senhor e possuidor da herdade denominada da Aldeia das Ceves, cita em Alem Tejo, no termo da vila de Monte Argil, em cujo domínio entrou por morte de sua mãe D. Clara Joaquina da Cunha, pretende expulsar o actual colono que nela se acha, Tomás Godinho.
Funda-se a sua súplica em que este colono, vivendo distante da herdade légua e meia, não só tem deixado arruinar a sua cultura, porque não tem para ela o gado suficiente, nunca semear as três folhas de que ela se compõe deixando reduzir parte dela a mato, mas tem até queimado pinheiros da mesma herdade, cortando outros, e vendido a madeira, e deixou arruinar palheiro.
O colono suplicante na sua resposta ... diz que há mais de sessenta anos que se acha por si e sues antepassados cultivando esta herdade, sem nada dever ao impetrante, que não tendo nas casas da herdade as precisas acomodações, habita na vila, pouco menos de légua, aonde contudo vai, frequentes vezes, providenciar sobre a sua cultura: que possui gado, em quantidade bastante, para os fabricos, de que ela precisa, e que tem aumentado a sua cultura, com benfeitorias á sua custa; não devendo ser arguido por se achar mato nas folhas, pois que segundo a prática dos lavradores se não roça este, se não de anos a anos, par que se não tornem infrutíferas as terras: diz-se autorizado pela mãe do impetrante para se poder ter utilizado de alguns pinheiros, bem como para vender outros para a reedificação do palheiro: e finalmente que a ruína deste é tanto anterior ao tempo, em que ele entrara na herdade que já na factura de arrrendamento ficara a ... mãe do impetrante de o mandar levantar, o que nunca fizera.
Quanto se prova do .... cujas testemunhas (lavradores, peritos e vizinhos da herdade) depuseram à matéria da sua súplica, e resposta é que, podendo sem incómodo seu e a exemplo de todos os caseiros seus antecessores habitar nas casas da herdade o não faz, morando na vila, que fica, que fica em distância de mais de légua; que as três folhas de que se compõe a herdade não andam cultivadas pelo suplicante com a precisa ordem, porque havendo deixado crescer mato em todas, não tem semeado nenhuma como devera, nem o pode fazer, porque precisando de oito a dez bois para o fabrico da terra, ele só tem dois, sendo que as pastagens da herdade já, em outro tempo, admitiram vinte rezes de gado vacum: que lançando, o mesmo colono, fogo a um mato, se queimaram também muitos pinheiros da herdade ; e que a ruína do palheiro sucedra depois que o suplicante entrara para a herdade, aonde como rendeiro, somente o conhecem, há sete ou oito anos.
Da escritura de arrrendamento ... se vê também, que claramente foi proibido ao dito colono, que pudesse cortar madeira alguma da herdade, salvo com licença expressa, e por escrito, a qual ele não mostra; e finalmente que este arrendamento seria só por espaço de seis anos, que findaram em dezembro do ano de 1798 ...
Nestes termos posto que o dito colono não seja ... por falta de pagamento, como se convence de menos sincera a sua resposta, e se verifica a determinação da cultura da herdade e danificação das suas oficinas, e arvoredos, no tempo do seu arrendamento, que é findo, que é findo, parece-me que em observação do Decreto de ... de 21 de Maio de 1764, sua resolução de 6 de Novembro de 1770, e... deve o dito colono ser expulso da herdade e atendido a esse fim o recurso do Impetrante, com a provisão que ele suplica. Vossa Magestade porém mandará o que for justo. Santarém, 22 de Março de 17799
O Provedor da Comarca de Santarém, Manoel José de Arriaga Brum da Silveira.



Wednesday, December 14, 2005


1 - Prazer infinito (Cont.)... O prazer dos gestos, caras e corpos únicos e belos; dos gestos meigos ou agressivos, quanto basta.
O prazer de brincar, imaginar que uma mulher é um homem e um homem uma mulher (só por pouco tempo!)
O prazer de voar, de mudar, de nadar, de não mudar, de correr, de trabalhar, de resolver problemas, de beber, de ouvir música...
O prazer de (nos)mostrar-(mos) e de (nos)vermos e às nossas e de outros obras e descobertas, o prazer de descobrir, de ir mais além.
O prazer de partilhar, de unir/dividir, de ver de perto ou de longe.
Possivelmente o prazer de estar\pensar em alma gémea – a nossa metade e complemento primordial – é tão importante como o do orgasmo...
O prazer de relaxar\contrair, de ver pessoas e seres justamente felizes/infelizes, dum grande sorriso, dum grande cranio, dum grande coração, duma grande beleza, dum grande artista. De fazer como Krishna e Lilit! De recordar amores, paixões, outras almas quase gémeas! O prazer da variedade/não variedade, da comodidade, do agreste, da mão, da associação, do só... do equilíbrio. Equilibrar os prazeres: o maior dos prazeres!
O prazer da concentração e da dispersão, do tudo e do nada, do mais secreto e do mais divulgado...
O prazer de não ter dores, de ser rico, de nada ter, de continuar, da firmeza, da cedência, de retribuir, de todas as maneiras... Da velocidade, da lentidão, do falar e escrever, e, do calar! O prazer dos cabelos, e, da ausência deles. O prazer do todo e da parte!
O prazer do realismo, das nossas mulheres e homens. Mulher é mãe! E, morto o pai, somos pai! O prazer de procurar e encontrar melhor. O prazer de fazer melhor!
O prazer de experimentar\descobrir que há coisas que não mudam! Se estamos saciados, estamos saciados! E, o que é a vida se não o saciar de desejos?
Quando é que dormimos? Quando estamos saciados de um certo tempo. Quando é que morremos? Quando estamos saciados de uma certa vida. Quando é que acordamos? Quando estamos saciados de um certo sono? Quando é que reencarnamos? Quando estamos saciados de uma determinada morte? Há vida depois da morte? Certamente. Como a há no sono, semelhante á do sono, de preferência com bons sonhos, não com pesdelos!
E, depois de estarmos saciado de um prazer, vamos saciar-nos doutro! O prazer de viver... O prazer de morrer... De jogarmos, a treinar e a sério... O prazer de sonhar... De resolver problemas... De nos defendermos... De ganharmos.
Uma pessoa é tanto mais importante quanto mais feliz é, quanto mais prazer tem!




2 - EXERCÍCIO DO PODER – O caso da Misericórdia de Montargil , e não só…, em 1778


“O Provedor da Comarca informe com seu
Parecer; Lixª. 12 de Fevereiro de 1778
(Assinatura ilegível)




Senhora.



A Vossa Magestade representam alguns do Povo da vila de Monteargil, comarca de Santarém o deplorável estado em que há tempos se acha o Governo da Misericórdia da mesma Vila, sem aquela distribuição para que precisamente se devem aplicar as suas rendas: e a razão disto é por que devendo eleger-se um Provedor e mais oficiais da Misericórdia, que não sejam daqueles que depois de absorverem as ditas rendas, tornam a ficar eleitos sem mais diferença de que ficarem servindo na mesma Misericórdia em lugares diversos, e todos inclinados a utilidade própria, atropelando o direito que os referidos pobres têm às referidas rendas, e por isso mesmo não .... este Governo do capitão? António José Bernardes, de seu cunhado Manoel Cardoso, José Soeiro Magro, seu primo, José Cario Marques, António Francisco, José Bernardes, Miguel João, sendo todos parentes, e alguns mais da sua parcialidade para que na ocasião da eleição sejam sempre alguns destes os Eleitos, para se utilizarem das rendas da dita Misericórdia a seu arbítrio, e alguns dos mesmos lhe são devedores, não só dos alcances? com que vaga? O lugar de Tesoureiro de uns para outros, mas também de alguns legados sobrogados?, e desta sorte são distribuídos os ditos bens, não chegando estes nunca para se darem a viúvas, pobres e pessoas necessitadas de esmolar o pão que por elas costumavam repartir-se anualmente, e do mesmo modo nenhuma caridade há com os pobres doentes, porque chegando um miserável conduzido sobre um carro, à porta da Misericórdia a pedir o socorro para a sua necessidade, não há quem lhe responda, escusa-se o Provedor, e padece o miserável o rigor da muita chuva sobre o mesmo carro, até que sabendo disto o Reverendo Prior daquela vila o mandou conduzir para sua casa aonde morreu dentro de poucas horas e semelhantemente tem praticado esta mesma caridade com outros doentes pobres, João Soares de Andrade, recolhendo-os em sua casa e tratando deles mais sua mulher, e irmã, ajudados de outras esmolas que algumas pessoas de caridade lhe dão para o mesmo ..., o que muito bem sabe ... ... Neto, cirurgião daquela vila o qual também por esmola tem ... destes, e outros ... enfermos, por cujo motivo se poderá dizer que naquela terra faltam ambas as coisas; tanto a Misericórdia, como a justiça, visto os ditos Irmãos da Misericórdia não querem o dinheiro dos pobres senão para usarem dele em utilidade própria. E como Vossa Magestade costuma prover de remédio semelhantes necessidades


Vossa Magestade seja servida
ocorrer
A semelhantes desordens pelo meio
que lhe
Parecer justo






Se parecer ao..... se deve passar ordem ao Provedor da Comarca que proceda a nova eleição, e havendo-se por nula a dos actuais .... como ilegítima; e que faça a nova na conformidade do compromisso, ficando inabilitados por termo para sempre, para não tornarem aos empregos da Casa, os que com suborno, conluio, e parcialidade , alternaram entre si os ofícios da Casa, conservando-se alternadamente na administração dos bens da Casa. Outrossim que se proceda a prisão pelo tempo que a ... ordenar, contra os ... do compromisso, e das ordens ...., e se há alguns antecedentes; ao mesmo Provedor da Comarca se dê poder para providenciar quanto for necessário para a melhor economia, não admitindo reeleição; e que tomando as contas sem limite de tempo, faça restituir, pelos que causaram os danos, procedendo logo a sequestro dos bens dos danificantes. Com o .... rigor. E que se pode fazer exemplo, para se evitar a universal cavilação, com que esta, e as mais Casas do reino são danificadas com equivalentes procedimentos, como tem mostrado a experiência nas frequentes queixas”

Fonte: Arquivos Nacionais da Torre do Tombo


3 - Perfection - Our objective is only one: justice, joy, creativity, pleasure. We can't conform ourselves with pain, ignorance, deceiveness and err. An action that implies pain is not good, is not perfect. What we have to live are just and creative lives, not negative lives.

Tuesday, December 13, 2005


1 – Uns morrem, mais novos ou mais velhos, de doenças cardíacas, de cancro e de outras doenças semelhantes, e, outros suspeitam que seja do que comem, bebem e fumam. Mas, não deixam de continuar a fazê-lo também, preferindo antes sugerir que terá sido por outros motivos, talvez por não serem bons como eles, pensando assim que escapam, que será tudo uma questão de esperteza. Mas não é. E, é por isso que não podemos ser bons demais.

2 – Se o frio é necessário, a chuva é-o, neste momento em Portugal, ainda muito mais. Convém não nos esquecermos disto. Mesmo que alguns não a mereçam, temos de estar de acordo nisto!

3 – É de uma estupidez atroz que seres que se pensam superiores façam egoisticamente sofrer outros seres ditos inferiores, quando, unicamente devemos defender-nos de quem nos ataca.

Monday, December 12, 2005


EXERCÍCIO DO PODER – O caso da Misericórdia de Montargil , e não só…, em 1778


“O Provedor da Comarca informe com seu
Parecer; Lixª. 12 de Fevereiro de 1778
(Assinatura ilegível)




Senhora.



A Vossa Magestade representam alguns do Povo da vila de Monteargil, comarca de Santarém o deplorável estado em que há tempos se acha o Governo da Misericórdia da mesma Vila, sem aquela distribuição para que precisamente se devem aplicar as suas rendas: e a razão disto é por que devendo eleger-se um Provedor e mais oficiais da Misericórdia, que não sejam daqueles que depois de absorverem as ditas rendas, tornam a ficar eleitos sem mais diferença de que ficarem servindo na mesma Misericórdia em lugares diversos, e todos inclinados a utilidade própria, atropelando o direito que os referidos pobres têm às referidas rendas, e por isso mesmo não .... este Governo do capitão? António José Bernardes, de seu cunhado Manoel Cardoso, José Soeiro Magro, seu primo, José Cario Marques, António Francisco, José Bernardes, Miguel João, sendo todos parentes, e alguns mais da sua parcialidade para que na ocasião da eleição sejam sempre alguns destes os Eleitos, para se utilizarem das rendas da dita Misericórdia a seu arbítrio, e alguns dos mesmos lhe são devedores, não só dos alcances? com que vaga? O lugar de Tesoureiro de uns para outros, mas também de alguns legados sobrogados?, e desta sorte são distribuídos os ditos bens, não chegando estes nunca para se darem a viúvas, pobres e pessoas necessitadas de esmolar o pão que por elas costumavam repartir-se anualmente, e do mesmo modo nenhuma caridade há com os pobres doentes, porque chegando um miserável conduzido sobre um carro, à porta da Misericórdia a pedir o socorro para a sua necessidade, não há quem lhe responda, escusa-se o Provedor, e padece o miserável o rigor da muita chuva sobre o mesmo carro, até que sabendo disto o Reverendo Prior daquela vila o mandou conduzir para sua casa aonde morreu dentro de poucas horas e semelhantemente tem praticado esta mesma caridade com outros doentes pobres, João Soares de Andrade, recolhendo-os em sua casa e tratando deles mais sua mulher, e irmã, ajudados de outras esmolas que algumas pessoas de caridade lhe dão para o mesmo ..., o que muito bem sabe ... ... Neto, cirurgião daquela vila o qual também por esmola tem ... destes, e outros ... enfermos, por cujo motivo se poderá dizer que naquela terra faltam ambas as coisas; tanto a Misericórdia, como a justiça, visto os ditos Irmãos da Misericórdia não querem o dinheiro dos pobres senão para usarem dele em utilidade própria. E como Vossa Magestade costuma prover de remédio semelhantes necessidades


Vossa Magestade seja servida
ocorrer
A semelhantes desordens pelo meio
que lhe
Parecer justo



Haja vista ao Processo da Coroa, Lxª 16 de setembro de 1782


Seja V. Magestade servida mandar-me informar o requerimento junto do Povo da vila de Monte Argil, interpondo o meu parecer.


Se parecer ao..... se deve passar ordem ao Provedor da Comarca que proceda a nova eleição, e havendo-se por nula a dos actuais .... como ilegítima; e que faça a nova na conformidade do compromisso, ficando inabilitados por termo para sempre, para não tornarem aos empregos da Casa, os que com suborno, conluio, e parcialidade , alternaram entre si os ofícios da Casa, conservando-se alternadamente na administração dos bens da Casa. Outrossim que se proceda a prisão pelo tempo que a ... ordenar, contra os ... do compromisso, e das ordens ...., e se há alguns antecedentes; ao mesmo Provedor da Comarca se dê poder para providenciar quanto for necessário para a melhor economia, não admitindo reeleição; e que tomando as contas sem limite de tempo, faça restituir, pelos que causaram os danos, procedendo logo a sequestro dos bens dos danificantes. Com o .... rigor. E que se pode fazer exemplo, para se evitar a universal cavilação, com que esta, e as mais Casas do reino são danificadas com equivalentes procedimentos, como tem mostrado a experiência nas frequentes queixas”

Fonte: Arquivos Nacionais da Torre do Tombo