SEM MEDO

Medo de emprego, comida, posição ou dinheiro perderes?
De sucesso não teres ? De amigos, familiares perderes?
De desprezado, ridicularizado(a) seres?
De pela doença, guerra e dor apanhada seres? De fé, sanidade perderes?

E, que fazes em relação aos medos? Não
é verdade que deles foges ou os encobres
com ideias e imagens e assim de vergonha te cobres?
E, todavia, quanto mais foges, maiores eles são!

Não adianta querer dominar, reprimir
Ou tentar em coisa diferente traduzir
O medo – isso só resulta em arrefecimento
E enfraquecimento.

O que é o medo? Não do que temos medo, que isso já vimos. Medo é a perturbação
do movimento do certo para o incerto: separando-nos ou sendo separados
do conhecido em direção ao desconhecido, tanto mais medo, quanto menos seguros
do que iremos encontrar estivermos: quanto mais rapidamente pois do padrão
velho as células saírem e criarem o novo, menos medo e dor, bem estar e alegria grados!

Também é mui claro que, esquecidos
De nós mesmos pela intensidade
De vida do momento presente, eternidade,
Por nada podemos ser esmorecidos!
Olhemos pois o nosso medo
Particular sem fugas, sem o justificar,
Sem o condenar,
Sem a palavra causadora desse medo.

Olhemos, por exemplo, a morte,
Sem o estremecimento
Da palavra que, sabe-se lá por que sorte,
Suscita o medo da morte.

São imagens passadas de visão
Da morte e a palavra morte que te estão
Criando o medo, ou, o medo
É mesmo o da de finação?

As imagens, a palavra, os factos, as recordações
O medo criaram: viste a morte , e observado
É observador; se teu pensamento não fosse retardado,
Dizia: morri, sem morrer, claro, e, ficava tudo resolvido,
mas,sendo-o, deixa-se amedrontar .

Conclusão: ou pensamos rápido e bem,
Ou, é melhor não pensarmos: não pensarmos
É o medo e a morte não deixarmos
Entrar; se não pensarmos, morte não tem
Como nos meter medo.

Que não morremos não quer isto dizer,
Apesar de 900 anos Matusalém ter
Vivido, mas, quer sem dúvida alguma dizer
Que aguilhão da morte acaba de ceder!