Friday, July 30, 2010

Acordo ortográfico

Base I

3º) Em congruência com o número anterior, mantém-se nos vocábulos derivados
eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas
ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes:
comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; jeffersónia/ jeffersônia, de
Jefferson; mülleriano, de Müller; shakesperiano, de Shakespeare...

Pergunta, quem me responde: é mantém-se ou mantêm-se ? Então sujeito já não tem de concordar com verbo, predicado? Verbos já não contam?

Thursday, July 29, 2010

O problema, é o problema da maldade que por vezes é tanta que até aborrece! Mas, o próprio castigo tem de ser justíssimo, sempre em conformidade com a gravidade do crime, nunca excessivo, o próprio castigo sendo por amor... aos frágeis e indefesos(as), e, aos agressores(as).
Amor é dar e ajudar com justiça, nunca permissividade para com o mal, que é egoísmo.

Wednesday, July 28, 2010

É impressionante como, apesar de fazermos bem a quem nos faz mal ou bem, ainda nos fazerem mal. Que fiquem com o mal então, se assim o querem. E, depois ainda há o mal que fazem sem querer. E, convém amar, sempre, até quem nos faz mal, minorando o mal que nos fazem!
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ACORDO ORTOGRÁFICO
DA LÍNGUA PORTUGUESA
BASE I
DO ALFABETO E DOS NOMES PRÓPRIOS ESTRANGEIROS
E SEUS DERIVADOS
1º) O alfabeto da língua portuguesa é formado por vinte e seis letras, cada uma
delas com uma forma minúscula e outra maiúscula:
a A (á) j J (jota) s S (esse)
b B (bê) k K (capa ou cá) t T (tê)
c C (cê) l L (ele) u U (u)
d D (dê) m M (eme) v V (vê)
e E (é) n N (ene) w W (dáblio)
f F (efe) o O (o) x X (xis)
g G (gê ou guê) p P (pê) y Y (ípsilon)
h H (agá) q Q (quê) z Z (zê)
i I (i) r R (erre)
Obs.:
1. Além destas letras, usam-se o ç (cê cedilhado) e os seguintes dígrafos: rr (erre
duplo), ss (esse duplo), ch (cê-agá), lh (ele-agá), nh (ene-agá), gu (guê-u) e
qu (quê-u).
2. Os nomes das letras acima sugeridos não excluem outras formas de as designar.
2º) As letras k, w e y usam-se nos seguintes casos especiais:
a) Em antropónimos/antropônimos originários de outras línguas e seus derivados:
Franklin, frankliniano; Kant, kantistno; Darwin, darwinismo: Wagner,
wagneriano, Byron, byroniano; Taylor, taylorista;
b) Em topónimos/topônimos originários de outras línguas e seus derivados:
Kwanza; Kuwait, kuwaitiano; Malawi, malawiano;
c) Em siglas, símbolos e mesmo em palavras adotadas como unidades de medida
de curso internacional: TWA, KLM; K-potássio (de kalium), W-oeste
(West); kg-quilograma, km-quilómetro, kW-kilowatt, yd-jarda (yard); Watt.
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3º) Em congruência com o número anterior, mantém-se nos vocábulos derivados
eruditamente de nomes próprios estrangeiros quaisquer combinações gráficas
ou sinais diacríticos não peculiares à nossa escrita que figurem nesses nomes:
comtista, de Comte; garrettiano, de Garrett; jeffersónia/ jeffersônia, de
Jefferson; mülleriano, de Müller; shakesperiano, de Shakespeare.
Os vocábulos autorizados registrarão grafias alternativas admissíveis, em casos
de divulgação de certas palavras de tal tipo de origem (a exemplo de fúcsia/ fúchsia
e derivados, bungavília/ bunganvílea/ bougainvíllea).
4º) Os dígrafos finais de origem hebraica ch, ph e th podem conservar-se em
formas onomásticas da tradição bíblica, como Baruch, Loth, Moloch, Ziph,
ou então simplificar-se: Baruc, Lot, Moloc, Zif. Se qualquer um destes dígrafos,
em formas do mesmo tipo, é invariavelmente mudo, elimina-se: José,
Nazaré, em vez de Joseph, Nazareth; e se algum deles, por força do uso,
permite adaptação, substitui-se, recebendo uma adição vocálica: Judite, em
vez de Judith.
5º) As consoantes finais grafadas b, c, d, g e h mantêm-se, quer sejam mudas,
quer proferidas, nas formas onomásticas em que o uso as consagrou, nomeadamente
antropónimos/antropônimos e topónimos/topônimos da tradição bíblica:
Jacob, Job, Moab, Isaac; David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat.
Integram-se também nesta forma: Cid. em que o d é sempre pronunciado;
Madrid e Valhadolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calcem ou Calicut,
em que o t se encontra nas mesmas condições.
Nada impede, entretanto, que dos antropónimos/antropônimos em apreço
sejam usados sem a consoante final Jó, Davi e Jacó.
6º) Recomenda-se que os topónimos/topônimos de línguas estrangeiras se substituam,
tanto quanto possível, por formas vernáculas, quando estas sejam antigas
e ainda vivas em português ou quando entrem, ou possam entrar, no uso
corrente. Exemplo: Anvers, substituído por Antuérpia; Cherbourg, por Cherburgo;
Garonne, por Garona; Genève, por Genebra; Justland, por Jutlândia;
Milano, por Milão; München, por Muniche; Torino, por Turim; Zürich, por
Zurique, etc.
BASE II
DO H INICIAL E FINAL
1º) O h inicial emprega-se:
a) Por força da etimologia: haver, hélice, hera, hoje, hora, homem, humor.
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b) Em virtude da adoção convencional: hã?, hem?, hum!.
2º) O h inicial suprime-se:
a) Quando, apesar da etimologia, a sua supressão está inteiramente consagrada
pelo uso: erva, em vez de herva; e, portanto, ervaçal, ervanário, ervoso (em
contraste com herbáceo, herbanário, herboso, formas de origem erudita);
b) Quando, por via de composição, passa a interior e o elemento em que figura
se aglutina ao precedente: biebdomadário, desarmonia, desumano, exaurir,
inábil, lobisomem, reabilitar, reaver.
3º) O h inicial mantém-se, no entanto, quando, numa palavra composta, pertence
a um elemento que está ligado ao anterior por meio de hífen: anti-higiénico/
anti-higiênico, contra-haste, pré-história, sobre-humano.
4º) O h final emprega-se em interjeições: ah! oh!
BASE III
DA HOMOFONIA DE CERTOS GRAFEMAS CONSONÂNTICOS
Dada a homofonia existente entre certos grafemas consonânticos, torna-se
necessário diferençar os seus empregos, que fundamentalmente se regulam pela
história das palavras. É certo que a variedade das condições em que se fixam na
escrita os grafemas consonânticos homófomos nem sempre permite fácil diferenciação
dos casos em que se deve empregar uma letra e daqueles em que, diversamente,
se deve empregar outra, ou outras, a representar o mesmo som.
Nesta conformidade, importa notar, principalmente, os seguintes casos:
1º) Distinção gráfica entre ch e x: achar, archote, bucha, capacho, capucho,
chamar, chave, Chico, chiste, chorar, colchão, colchete, endecha, estrebucha,
facho, ficha, flecha, frincha, gancho, inchar, macho, mancha, murchar, nicho,
pachorra, pecha, pechincha, penacho, rachar, sachar, tacho; ameixa, anexim,
baixei, baixo, bexiga, bruxa, coaxar, coxia, debuxo, deixar, eixo, elixir, enxofre,
faixa, feixe, madeixa, mexer, oxalá, praxe, puxar, rouxinol, vexar, xadrez,
xarope, xenofobia, xerife, xícara.
2º) Distinção gráfica entre g, com valor de fricativa palatal, e j: adágio, alfageme,
Álgebra, algema, algeroz, Algés, algibebe, algibeira, álgido, almargem,
Alvorge, Argel, estrangeiro, falange, ferrugem, frigir, gelosia, gengiva, gergelim,
geringonça, Gibraltar, ginete, ginja, girafa, gíria, herege, relógio, sege,
Tânger, virgem; adjetivo, ajeitar, ajeru (nome de planta indiana e de uma espécie
de papagaio), canjerê, canjica, enjeitar, granjear, hoje, intrujice, jeco4
ral, jejum, jeira, jeito, Jeová, jenipapo, jequiri, jequitibá, Jeremias, Jericó, jerimum,
Jerónimo, Jesus, jibóia, jiquipanga, jiquiró, jiquitaia, jirau, jiriti, jitirana,
laranjeira, lojista, majestade, majestoso, manjerico, manjerona, mucujê,
pajé, pegajento, rejeitar, sujeito, trejeito.
3º) Distinção gráfica entre as letras s, ss, c, ç e x, que representam sibilantes surdas:
ânsia, ascensão, aspersão, cansar, conversão, esconso,farsa, ganso, imenso,
mansão, mansarda, manso, pretensão, remanso, seara, seda, Seia,
Sertã, Sernancelhe, serralheiro, Singapura, Sintra, sisa, tarso, terso, valsa;
abadessa, acossar, amassar, arremessar, Asseiceira, asseio, atravessar, benesse,
Cassilda, codesso (identicamente Codessal ou Codassal, Codesseda, Codessoso,
etc.), crasso, devassar, dossel, egresso, endossar, escasso, fosso,
gesso, molosso, mossa, obsessão, pêssego, possesso, remessa, sossegar, acém,
acervo, alicerce, cebola, cereal, Cernache, cetim, Cinfães, Escócia, Macedo,
obcecar, percevejo; açafate, açorda, açúcar, almaço, atenção, berço,
Buçaco, caçanje, caçula, caraça, dançar, Eça, enguiço, Gonçalves, inserção,
linguiça, maçada, Mação, maçar, Moçambique, Monção, muçulmano, murça,
negaça, pança, peça, quiçaba, quiçaça, quiçama, quiçamba, Seiça (grafia que
pretere as erróneas/errôneas Ceiça e Ceissa), Seiçal, Suíça, terço; auxílio,
Maximiliano, Maximino, máximo, próximo, sintaxe.
4º) Distinção gráfica entre s de fim de sílaba (inicial ou interior) e x e z com idêntico
valor fónico/fônico: adestrar, Calisto, escusar, esdrúxulo, esgotar,
esplanada, esplêndido, espontâneo, espremer, esquisito, estender, Estremadura,
Estremoz, inesgotável; extensão, explicar, extraordinário, inextricável, inexperto,
sextante, têxtil; capazmente, infelizmente, velozmente. De acordo
com esta distinção convém notar dois casos:
a) Em final de sílaba que não seja final de palavra, o x = s muda para s sempre
que está precedido de i ou u: justapor, justalinear, misto, sistino (cf. Capela
Sistina), Sisto, em vez de juxtapor, juxtalinear, mixto, sixtina, Sixto.
b) Só nos advérbios em -mente se admite z, com valor idêntico ao de s, em final
de sílaba seguida de outra consoante (cf. capazmente, etc.); de contrário, o s
toma sempre o lugar do z: Biscaia, e não Bizcaia.
5º) Distinção gráfica entre s final de palavra e x e z com idêntico valor fónico/
fônico: aguarrás, aliás, anis, após, atrás, através, Avis, Brás, Dinis, Garcês,
gás, Gerês, Inês, íris, Jesus, jus, lápis, Luís, país, português, Queirós, quis,
retrós, revés, Tomás, Valdês; cálix, Félix, Fénix flux; assaz, arroz, avestruz,
dez, diz, fez (substantivo e forma do verbo fazer), fiz, Forjaz, Galaaz, giz, jaez,
matiz, petiz, Queluz, Romariz, [Arcos de] Valdevez, Vaz. A propósito,
deve observar-se que é inadmissível z final equivalente a s em palavra não
oxítona: Cádis, e não Cádiz.
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6º) Distinção gráfica entre as letras interiores s, x e z, que representam sibilantes
sonoras: aceso, analisar, anestesia, artesão, asa, asilo, Baltasar, besouro, besuntar,
blusa, brasa, brasão, Brasil, brisa, [Marco de] Canaveses, coliseu, defesa,
duquesa, Elisa, empresa, Ermesinde, Esposende, frenesi ou frenesim,
frisar, guisa, improviso, jusante, liso, lousa, Lousã, Luso (nome de lugar,
homónimo/homônimo de Luso, nome mitológico), Matosinhos, Meneses,
narciso, Nisa, obséquio, ousar, pesquisa, portuguesa, presa, raso, represa, Resende,
sacerdotisa, Sesimbra, Sousa, surpresa, tisana, transe, trânsito, vaso;
exalar, exemplo, exibir, exorbitar, exuberante, inexato, inexorável; abalizado,
alfazema, Arcozelo, autorizar, azar, azedo, azo, azorrague, baliza, bazar, beleza,
buzina, búzio, comezinho, deslizar, deslize, Ezequiel, fuzileiro, Galiza,
guizo, helenizar, lambuzar, lezíria, Mouzinho, proeza, sazão, urze, vazar,
Veneza, Vizela, Vouzela.
BASE IV
DAS SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS
1º) O c, com valor de oclusiva velar, das seqüências interiores cc (segundo c
com valor de sibilante), cç e ct, e o p das seqüências interiores pc (c com valor
de sibilante), pç e pt, ora se conservam, ora se eliminam.
Assim:
a) Conservam-se nos casos em que são invariavelmente proferidos nas pronúncias
cultas da língua: compacto, convicção, convicto, ficção, friccionar, pacto,
pictural; adepto, apto, díptico, erupção, eucalipto, inepto, núpcias, rapto.
b) Eliminam-se nos casos em que são invariavelmente mudos nas pronúncias
cultas da língua: ação, acionar, afetivo, aflição, aflito, ato, coleção, coletivo,
direção, diretor, exato, objeção; adoção, adotar, batizar, Egito, ótimo.
c) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa
pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre
a prolação e o emudecimento: aspecto e aspeto, cacto e cato, caracteres e
carateres, dicção e dição; facto e fato, sector e setor, ceptro e cetro, concepção
e conceção, corrupto e corruto, recepção e receção.
d) Quando, nas sequências interiores mpc, mpç e mpt se eliminar o p de acordo
com o determinado nos parágrafos precedentes, o m passa a n, escrevendose,
respetivamente, nc, nç e nt: assumpcionista e assuncionista; assumpção e
assunção; assumptível e assuntível; peremptório e perentório, sumptuoso e
suntuoso, sumptuosidade e suntuosidade.
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2º) Conservam-se ou eliminam-se, facultativamente, quando se proferem numa
pronúncia culta, quer geral, quer restritamente, ou então quando oscilam entre
a prolação e o emudecimento: o b da seqüência bd, em súbdito; o b da seqüência
bt, em subtil e seus derivados; o g da seqüência gd, em amígdala,
amigdalácea, amigdalar, amigdalato, amigdalite, amigdalóide, amigdalopatia,
amigdalotomia; o m da seqüência mn, em amnistia, amnistiar, indemne,
indemnidade, indemnizar, omnímodo, omnipotente, omnisciente, etc.; o t da
seqüência tm, em aritmética e aritmético.
BASE V
DAS VOGAIS ÁTONAS
1º.) O emprego do e e do i, assim como o do o e do u em sílaba átona, regula-se
fundamentalmente pela etimologia e por particularidades da história das palavras.
Assim, se estabelecem variadíssimas grafias:
a) Com e e i: ameaça, amealhar, antecipar, arrepiar, balnear, boreal, campeão,
cardeal (prelado, ave, planta; diferente de cardial = "relativo à cárdia"), Ceará,
côdea, enseada, enteado, Floreal, janeanes, lêndea, Leonardo, Leonel, Leonor,
Leopoldo, Leote, linear, meão, melhor, nomear, peanha, quase (em vez
de quási), real, semear, semelhante, várzea; ameixial, Ameixieira, amial, amieiro,
arrieiro, artilharia, capitânia, cordial (adjetivo e substantivo), corno/a,
crânio, criar, diante, diminuir, Dinis, ferregial, Filinto, Filipe (e identicamente
Filipa, Filipinas, etc.), freixial, giesta, Idanha, igual, imiscuir-se, inigualável,
lampião, limiar, Lumiar, lumieiro, pátio, pior, tigela, tijolo, Vimieiro,
Vimioso.
b) Com o e u: abolir, Alpendorada, assolar, borboleta, cobiça, consoada, consoar
costume, díscolo, êmbolo, engolir, epístola, esbafonir-se, esboroar, farândola,
femoral, Freixoeira, girândola, goela, jocoso, mágoa, névoa, nódoa, óbolo,
Páscoa, Pascoal, Pascoela, polir, Rodolfo, tá voa, tavoada, távola, tômbola,
veio (substantivo e forma do verbo vir); açular, água, aluvião, arcuense,
assumir, bulir, camândulas, curtir, curtume, embutir, entupir, fémur/fêmur,
fistula, glândula, ínsua, jucundo, légua, Luanda, lucubração, lugar, mangual,
Manuel, míngua, Nicarágua, pontual, régua, tábua, tabuada, tabuleta, trégua,
vitualha.
2º) Sendo muito variadas as condições etimológicas e histórico-fonéticas em que
se fixam graficamente e e i ou o e u em sílaba átona, é evidente que só a consulta
dos vocabulários ou dicionários pode indicar, muitas vezes, se deve
empregar-se e ou i, se o ou u. Há, todavia, alguns casos em que o uso dessas
vogais pode ser facilmente sistematizado. Convém fixar os seguintes:
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a) Escrevem-se com e, e não com i, antes da sílaba tónica/tônica, os substantivos
e adjetivos que procedem de substantivos terminados em -elo e -eia, ou com
eles estão em relação direta. Assim se regulam: aldeão, aldeola, aldeota por
aldeia; areal, areeiro, areento, Areosa por areia; aveal por aveia; baleal por
baleia; cadeado por cadeia; candeeiro por candeia; centeeira e centeeino por
centeio; colmeal e colmeeiro por colmeia; correada e correame por correia.
b) Escrevem-se igualmente com e, antes de vogal ou ditongo da sílaba tónica/
tônica, os derivados de palavras que terminam em e acentuado (o qual pode
representar um antigo hiato: ea, ee): galeão, galeota, galeote, de galé; coreano,
de Coreia; daomeano, de Daomé; guineense, de Guiné; poleame e poleeiro,
de polé.
c) Escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tónica/tônica, os adjetivos e
substantivos derivados em que entram os sufixos mistos de formação vernácula
-iano e -iense, os quais são o resultado da combinação dos sufixos -ano
e -ense com um i de origem analógica (baseado em palavras onde -ano e -
ense estão precedidos de i pertencente ao tema: horaciano, italiano, duniense,
flaviense, etc.): açoriano, acriano (de Acre), camoniamo, goisiano (relativo a
Damião de Góis), siniense (de Sines), sofocliano, torniano, torniense (de
Torre(s)).
d) Uniformizam-se com as terminações -io e -ia (átonas), em vez de -eo e -ea, os
substantivos que constituem variações, obtidas por ampliação, de outros
substantivos terminados em vogal; cúmio (popular), de cume; hástia, de haste;
réstia, do antigo neste, véstia, de veste.
e) Os verbos em -ear podem distinguir-se praticamente, grande número de vezes,
dos verbos em -iar, quer pela formação, quer pela conjugação e formação
ao mesmo tempo. Estão no primeiro caso todos os verbos que se prendem
a substantivos em -elo ou -eia (sejam formados em português ou venham
já do latim); assim se regulam: aldear, por aldeia; alhear, por alheio;
cear por ceia; encadear por cadeia; pean, por pela; etc. Estão no segundo caso
todos os verbos que têm normalmente flexões rizotónicas/rizotônicas em -
eio, -eias, etc.: clarear, delinear, devanear, falsear, granjear, guerrear, hastear,
nomear, semear, etc. Existem, no entanto, verbos em -iar, ligados a substantivos
com as terminações átonas -ia ou -io, que admitem variantes na conjugação:
negoceio ou negocio (cf. negócio); premeio ou premio (cf. prémio/
prêmio); etc.
f) Não é lícito o emprego do u final átono em palavras de origem latina. Escreve-
se, por isso: moto, em vez de mótu (por exemplo, na expressão de moto
próprio); tribo, em vez de tribu.
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g) Os verbos em -oar distinguem-se praticamente dos verbos em -uar pela sua
conjugação nas formas rizotónicas/rizotônicas, que têm sempre o na sílaba
acentuada: abençoar com o, como abençoo, abençoas, etc.; destoar, com o,
como destoo, destoas, etc.; mas acentuar, com u, como acentuo, acentuas,
etc.
BASE VI
DAS VOGAIS NASAIS
Na representação das vogais nasais devem observar-se os seguintes preceitos:
1º) Quando uma vogal nasal ocorre em fim de palavra, ou em fim de elemento
seguido de hífen, representa-se a nasalidade pelo til, se essa vogal é de timbre
a; por m, se possui qualquer outro timbre e termina a palavra; e por n se é
de timbre diverso de a e está seguida de s: afã, grã, Grã-Bretanha, lã, órfã, sãbraseiro
(forma dialetal; o mesmo que são-brasense = de S. Brás de Alportel);
clarim, tom, vacum, flautins, semitons, zunzuns.
2º) Os vocábulos terminados em -ã transmitem esta representação do a nasal aos
advérbios em -mente que deles se formem, assim como a derivados em que
entrem sufixos iniciados por z: cristãmente, irmãmente, sãmente; lãzudo,
maçãzita, manhãzinha, romãzeira.
BASE VII
DOS DITONGOS
1º) Os ditongos orais, que tanto podem ser tónicos/tônicos como átonos, distribuem-
se por dois grupos gráficos principais, conforme o segundo elemento
do ditongo é representado por i ou u: ai, ei, éi, ui; au, eu, éu, iu, ou: braçais,
caixote, deveis, eirado, farnéis (mas farneizinhos), goivo, goivar, lencóis
(mas lençoizinhos), tafuis, uivar, cacau, cacaueiro, deu, endeusar, ilhéu (mas
ilheuzito), mediu, passou, regougar.
Obs.: Admitem-se, todavia, excepcionalmente, à parte destes dois grupos,
os ditongos grafados ae (= âi ou ai) e ao (âu ou au): o primeiro, representado nos
antropónimos/antropônimos Caetano e Caetana, assim como nos respectivos derivados
e compostos (caetaninha, são-caetano, etc.); o segundo, representado nas
combinações da preposição a com as formas masculinas do artigo ou pronome
demonstrativo o, ou seja, ao e aos.
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2º) Cumpre fixar, a propósito dos ditongos orais, os seguintes preceitos particulares:
a) É o ditongo grafado ui, e não a seqüência vocálica grafada ue, que se emprega
nas formas de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e igualmente
na da 2ª pessoa do singular do imperativo dos verbos em -uir: constituis,
influi, retribui. Harmonizam-se, portanto, essas formas com todos os casos
de ditongo grafado ui de sílaba final ou fim de palavra (azuis, fui, Guardafui,
Rui, etc.); e ficam assim em paralelo gráfico-fonético com as formas
de 2ª e 3ª pessoas do singular do presente do indicativo e de 2ª pessoa do
singular do imperativo dos verbos em -air e em -oer: atrais, cai, sai; móis,
remói, sói.
b) É o ditongo grafado ui que representa sempre, em palavras de origem latina, a
união de um u a um i átono seguinte. Não divergem, portanto, formas como
fluido de formas como gratuito. E isso não impede que nos derivados de
formas daquele tipo as vogais grafadas u e i se separem: fluídico, fluidez (ui).
c) Além dos ditongos orais propriamente ditos, os quais são todos decrescentes,
admite-se, como é sabido, a existência de ditongos crescentes. Podem considerar-
se no número deles as seqüências vocálicas pós-tónicas/pós-tônicas,
tais as que se representam graficamente por ea, eo, ia, ie, io, oa, ua, ue, uo:
áurea, áureo, calúnia, espécie, exímio, mágoa, míngua, ténue/tênue, tríduo.
3º) Os ditongos nasais, que na sua maioria tanto podem ser tónicos/tônicos como
átonos, pertencem graficamente a dois tipos fundamentais: ditongos representados
por vogal com til e semivogal; ditongos representados por uma vogal
seguida da consoante nasal m. Eis a indicação de uns e outros:
a) Os ditongos representados por vogal com til e semivogal são quatro, considerando-
se apenas a língua padrão contemporânea: ãe (usado em vocábulos oxítonos
e derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados), ão e
õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo;
mão, mãozinha, não, quão, sótão, sotãozinho, tão; Camões, orações, oraçõezinhas,
põe, repões. Ao lado de tais ditongos pode, por exemplo, colocarse
o ditongo ũi; mas este, embora se exemplifique numa forma popular como
rũi = ruim, representa-se sem o til nas formas muito e mui, por obediência à
tradição.
b) Os ditongos representados por uma vogal seguida da consoante nasal m são
dois: am e em. Divergem, porém, nos seus empregos:
i) am (sempre átono) só se emprega em flexões verbais: amam, deviam, escreveram,
puseram;
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ii) em (tónico/tônico ou átono) emprega-se em palavras de categorias morfológicas
diversas, incluindo flexões verbais, e pode apresentar variantes gráficas
determinadas pela posição, pela acentuação ou, simultaneamente, pela posição
e pela acentuação: bem, Bembom, Bemposta, cem, devem, nem, quem,
sem, tem, virgem; Bencanta, Benfeito, Benfica, benquisto, bens, enfim, enquanto,
homenzarrão, homenzinho, nuvenzinha, tens, virgens, amém (variação
do ámen), armazém, convém, mantém, ninguém, porém, Santarém, também;
convêm, mantêm, têm (3as pessoas do plural); armazéns, desdéns, convéns,
reténs; Belenzada, vintenzinho.
BASE VIII
DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS OXÍTONAS
1º) Acentuam-se com acento agudo:
a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas abertas grafadas -
a, -e ou -o, seguidas ou não de -s: está, estás, já, olá; até, é, és, olé, pontapé(
s); avó(s,), dominó(s), paletó(s,), só(s).
Obs.: Em algumas (poucas) palavras oxítonas terminadas em -e tónico/
tônico, geralmente provenientes do francês, esta vogal, por ser articulada nas
pronúncias cultas ora como aberta ora como fechada, admite tanto o acento agudo
como o acento circunflexo: bebé ou bebê, bidé ou bidê, canapé ou canapê,
caraté ou caratê, croché ou crochê, guichê ou guichê, matiné ou matinê, nené ou
nenê, ponjé ou ponjê, puré ou purê, rapé ou rapê.
O mesmo se verifica com formas como cocó e cocô, ré (letra do alfabeto
grego) e ré. São igualmente admitidas formas como judô, a par de judo, e metrô,
a par de metro.
b) As formas verbais oxítonas, quando, conjugadas com os pronomes clíticos
lo(s) ou la(s), ficam a terminar na vogal tónica/tônica aberta grafada -a, após
a assimilação e perda das consoantes finais grafadas -r, -s ou -z: adorá-lo(s)
(de adorar-lo(s)), dá-la(s) (de dar-la(s) ou dá(s)-la(s) ou dá(s)-la(s)), fá-lo(s)
(de faz-lo(s)), fá-lo(s)-às (de far-lo(s)-ás), habita-la(s)-iam (de habitar-la(s)-
iam), tra-la(s)-á (de trar-la(s)-á).
c) As palavras oxítonas com mais de uma sílaba terminadas no ditongo nasal
(presente do indicativo etc.) ou -ens: acém, detém, deténs, entretém, entreténs,
harém, haréns, porém, provém, provéns, também.
d) As palavras oxítonas com os ditongos abertos grafados -éi, éu ou ói, podendo
estes dois últimos ser seguidos ou não de -s: anéis, batéis, fiéis, papéis;
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céu(s), chapéu(s), ilhéu(s), véu(s); corrói (de correr), herói(s), remói (de remoer),
sóis.
2º) Acentuam-se com acento circunflexo:
a) As palavras oxítonas terminadas nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se
grafam -e ou -o, seguidas ou não de -s: cortês, dê, dês (de dar), lê, lês (de
ler), português, você(s); avô(s), pôs (de pôr), robô(s).
b) As formas verbais oxítonas, quando conjugadas com os pronomes clíticos -
lo(s) ou -la(s), ficam a terminar nas vogais tónicas/tônicas fechadas que se
grafam -e ou -o, após a assimilação e perda das consoantes finais grafadas -r,
-s ou -z: detê-lo(s) (de deter-lo-(s)), fazê-la(s) (de fazer-la(s)), fê-lo(s) (de
fez-lo(s)), vê-la(s) (de ver-la(s)), compô-la(s) (de compor-la(s)), repô-la(s)
(de repor-la(s)), pô-la(s) (de por-la(s) ou pôs-la(s)).
3º) Prescinde-se de acento gráfico para distinguir palavras oxítonas homógrafas,
mas heterofónicas/heterofônicas, do tipo de cor (ô), substantivo, e cor (ó), elemento
da locução de cor; colher (ê), verbo, e colher (é), substantivo. Excetua-
se a forma verbal pôr, para a distinguir da preposição por.
BASE IX
DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS PAROXÍTONAS
1º) As palavras paroxítonas não são em geral acentuadas graficamente: enjoo,
grave, homem, mesa, Tejo, vejo, velho, voo; avanço, floresta; abençoo, angolano,
brasileiro; descobrimento, graficamente, moçambicano
2º) Recebem, no entanto, acento agudo:
a) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/tônica, as vogais
abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -l, -n, -r, -x e -ps,
assim como, salvo raras exceções, as respectivas formas do plural, algumas
das quais passam a proparoxítonas: amável (pl. amáveis), Aníbal, dócil (pl.
dóceis), dúctil (pl. dúcteis), fóssil (pl. fósseis), réptil (pl. répteis; var. reptil,
pl. reptis); cármen (pl. cármenes ou carmens; var. carme, pl. carmes); dólmen
(pl. dólmenes ou dolmens), éden (pl. édenes ou edens), líquen (pl. líquenes),
lúmen (pl. lúmenes ou lúmens); acúcar (pl. açúcares), almíscar (pl. almíscares),
cadáver (pl. cadáveres), caráter ou carácter (mas pl. carateres ou caracteres),
ímpar (pl. ímpares); Ájax, córtex (pl. córtex; var. córtice, pl. córtices,
índex (pl. índex; var. índice, pl. índices), tórax (pl. tórax ou tóraxes; var. torace,
pl. toraces); bíceps (pl. bíceps; var. bicípite, pl. bicípites), fórceps (pl.
fórceps; var. fórcipe, pl. fórcipes).
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Obs.: Muito poucas palavras deste tipo, com a vogais tónicas/tônicas grafadas
e e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n, apresentam
oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua e, por conseguinte,
também de acento gráfico (agudo ou circunflexo): sémen e sêmen, xénon e xênon;
fêmure fémur, vómer e vômer; Fénix e Fênix, ónix e ônix.
b) As palavras paroxítonas que apresentam, na sílaba tónica/tônica, as vogais
abertas grafadas a, e, o e ainda i ou u e que terminam em -ã(s), -ão(s), -ei(s),
-i(s), -um, -uns ou -us: órfã (pl. órfãs), acórdão (pl. acórdãos), órgão (pl. órgãos),
órgão (pl. órgãos), sótão (pl. sótãos); hóquei, jóquei (pl. jóqueis), amáveis
(pl. de amável), fáceis (pl. de fácil), fósseis (pl. de fóssil), amáreis
(de amar), amáveis (id.), cantaríeis (de cantar), fizéreis (de fazer), fizésseis
(id.); beribéri (pl. beribéris), bílis (sg. e pl.), íris (sg. e pl.), júri (di. júris), oásis
(sg. e pl.); álbum (di. álbuns), fórum (di. fóruns); húmus (sg. e pl.), vírus
(sg. e pl.).
Obs.: Muito poucas paroxítonas deste tipo, com as vogais tónicas/tônicas
grafadas e e o em fim de sílaba, seguidas das consoantes nasais grafadas m e n,
apresentam oscilação de timbre nas pronúncias cultas da língua, o qual é assinalado
com acento agudo, se aberto, ou circunflexo, se fechado: pónei e pônei; gónis
e gônis, pénis e pênis, ténis e tênis; bónus e bônus, ónus e ônus, tónus e tônus,
Vénus e Vênus.
3º) Não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba
tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos
casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação: assembleia, boleia,
ideia, tal como aldeia, baleia, cadeia, cheia, meia; coreico, epopeico, onomatopeico,
proteico; alcaloide, apoio (do verbo apoiar), tal como apoio (subst.),
Azoia, hoia, boina, comboio (subst.), tal como comboio, comboias, etc. (do
verbo comboiar), dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia, moina, paranoico,
zoina.
4º) É facultativo assinalar com acento agudo as formas verbais de pretérito perfeito
do indicativo, do tipo amámos, louvámos, para as distinguir das correspondentes
formas do presente do indicativo (amamos, louvamos), já que o
timbre da vogal tónica/tônica é aberto naquele caso em certas variantes do
português.
5º) Recebem acento circunflexo:
a) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas
com a grafia a, e, o e que terminam em -l, -n, -r, ou -x, assim como as
respectivas formas do plural, algumas das quais se tornam proparoxítonas:
cônsul (pl. cônsules), pênsil (pl. pênseis), têxtil (pl. têxteis); cânon, var. cânone
(pl. cânones), plâncton (pl. plânctons); Almodôvar, aljôfar (pl. aljôfa13
res), âmbar (pl. âmbares), Câncer, Tânger; bômbax(sg. e pl.), bômbix, var.
bômbice (pl. bômbices).
b) As palavras paroxítonas que contêm, na sílaba tónica/tônica, as vogais fechadas
com a grafia a, e, o e que terminam em -ão(s), -eis, -i(s) ou -us: bênção(
s), côvão(s), Estêvão, zângão(s); devêreis (de dever), escrevêsseis (de
escrever) ,fôreis (de ser e ir), fôsseis (id.), pênseis (pl. de pênsil), têxteis (pl.
de têxtil); dândi(s), Mênfis; ânus.
c) As formas verbais têm e vêm, 3as pessoas do plural do presente do indicativo
de ter e vir, que são foneticamente paroxítonas (respectivamente / tãjãj /, /
vãjãj / ou /te)e)j/, /ve)e)j/ ou ainda / te)je)j /, / ve)je)j/; cf. as antigas grafias preteridas,
têem, vêem, a fim de se distinguirem de tem e vem, 3as pessoas do singular
do presente do indicativo ou 2as pessoas do singular do imperativo; e
também as correspondentes formas compostas, tais como: abstêm (cf. abstém),
advêm (cf. advém), contêm (cf. contém), convêm (cf. convém), desconvêm
(cf. desconvém), detêm (cf. detem), entretem (cf. entretém), intervêm
(cf. intervém), mantêm (cf. mantém), obtêm (cf. obtém), provêm (cf.
provém), sobrevêm (cf. sobrevém).
Obs.: Também neste caso são preteridas as antigas grafias detêem, intervêem,
mantêem, provêem, etc.
6º) Assinalam-se com acento circunflexo:
a) Obrigatoriamente, pôde (3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo),
no que se distingue da correspondente forma do presente do indicativo
(pode).
b) Facultativamente, dêmos (1ª pessoa do plural do presente do conjuntivo), para
se distinguir da correspondente forma do pretérito perfeito do indicativo
(demos); fôrma (substantivo), distinta de forma (substantivo; 3ª pessoa do
singular do presente do indicativo ou 2ª pessoa do singular do imperativo do
verbo formar).
7º) Prescinde-se de acento circunflexo nas formas verbais paroxítonas que contêm
um e tónico/tônico oral fechado em hiato com a terminação -em da 3ª
pessoa do plural do presente do indicativo ou do conjuntivo, conforme os casos:
creem deem (conj.), descreem, desdeem (conj.), leem, preveem, redeem
(conj.), releem, reveem, tresleem, veem.
8º) Prescinde-se igualmente do acento circunflexo para assinalar a vogal tónica/
tonica fechada com a grafia o em palavras paroxítonas como enjoo, substantivo
e flexão de enjoar, povoo, flexão de povoar, voo, substantivo e flexão
de voar, etc.
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9º) Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras
paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou
fechada, são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir
pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s)
(é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo
(é), flexão de pelar, pelo(s) (é), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(
s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s);
etc.
10º) Prescinde-se igualmente de acento gráfico para distinguir paroxítonas homógrafas
heterofónicas/heterofônicas do tipo de acerto (ê), substantivo, e acerto
(é,), flexão de acertar; acordo (ô), substantivo, e acordo (ó), flexão de
acordar; cerca (ê), substantivo, advérbio e elemento da locução prepositiva
cerca de, e cerca (é,), flexão de cercar; coro (ó), substantivo, e flexão de corar;
deste (ê), contração da preposição de com o demonstrativo este, e deste
(é), flexão de dar; fora (ô), flexão de ser e ir, e fora (ó), advérbio, interjeição
e substantivo; piloto (ô), substantivo, e piloto (ó), flexão de pilotar, etc.
BASE X
DA ACENTUAÇÃO DAS VOGAIS TÓNICAS/TÔNICAS
GRAFADAS I E U
DAS PALAVRAS OXÍTONAS E PAROXÍTONAS
1º) As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas
levam acento agudo quando antecedidas de uma vogal com que não formam
ditongo e desde de que não constituam sílaba com a eventual consoante seguinte,
excetuando o caso de s: adaís (pl. de adail), aí, atraí (de atrair), baú,
caís (de cair), Esaú, jacuí, Luís, país, etc.; alaúde, amiúde, Araújo, Ataíde, atraiam
(de atrair), atraísse (id.) baía, balaústre, cafeína, ciúme, egoísmo, faísca,
faúlha, graúdo, influíste (de influir), juízes, Luísa, miúdo, paraíso, raízes,
recaída, ruína, saída, sanduíche, etc.
2º) As vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das palavras oxítonas e paroxítonas
não levam acento agudo quando, antecedidas de vogal com que não formam
ditongo, constituem sílaba com a consoante seguinte, como é o caso de nh, l,
m, n, r e z: bainha, moinho, rainha; adail, paul, Raul; Aboim, Coimbra, ruim;
ainda, constituinte, oriundo, ruins, triunfo; atrair, demiurgo, influir, influirmos;
juiz, raiz; etc.
3º) Em conformidade com as regras anteriores leva acento agudo a vogal tónica/
tônica grafada i das formas oxítonas terminadas em r dos verbos em -air e
-uir, quando estas se combinam com as formas pronominais clíticas -lo(s), -
la(s), que levam à assimilação e perda daquele -r: atraí-lo(s,) (de atrair-lo(s));
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atraí-lo(s)-ia (de atrair-lo(s)-ia); possuí-la(s) (de possuir-la(s)); possuí-la(s)-ia
(de possuir-la(s) -ia).
4º) Prescinde-se do acento agudo nas vogais tónicas/tônicas grafadas i e u das
palavras paroxítonas, quando elas estão precedidas de ditongo: baiuca, boiuno,
cauila (var. cauira), cheinho (de cheio), sainha (de saia).
5º) Levam, porém, acento agudo as vogais tónicas/tônicas grafadas i e u quando,
precedidas de ditongo, pertencem a palavras oxítonas e estão em posição final
ou seguidas de s: Piauí, teiú, teiús, tuiuiú, tuiuiús.
Obs.: Se, neste caso, a consoante final for diferente de s, tais vogais dispensam
o acento agudo: cauim.
6º) Prescinde-se do acento agudo nos ditongos tónicos/tônicos grafados iu e ui,
quando precedidos de vogal: distraiu, instruiu, pauis (pl. de paul).
7º) Os verbos aguir e redarguir prescindem do acento agudo na vogal tónica/
tônica grafada u nas formas rizotónicas/rizotônicas: arguo, arguis, argui,
arguem; argua, arguas, argua, arguam. O verbos do tipo de aguar, apaniguar,
apaziguar, apropinquar, averiguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir e
afins, por oferecerem dois paradigmas, ou têm as formas rizotónicas/
rizotônicas igualmente acentuadas no u mas sem marca gráfica (a exemplo
de averiguo, averiguas, averigua, averiguam; averigue, averigues, averigue,
averiguem; enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues,
enxague, enxaguem, etc.; delinquo, delinquis, delinqui, delinquem;
mas delinquimos, delin quis) ou têm as formas rizotónicas/rizotônicas acentuadas
fónica/fônica e graficamente nas vogais a ou i radicais (a exemplo de
averíguo, averíguas, averígua, averíguam; averígue, averígues, averígue, averíguem;
enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxágue,
enxáguem; delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas,
delínqua, delínquam).
Obs.: Em conexão com os casos acima referidos, registre-se que os verbos
em -ingir (atingir, cingir, constringir, infringir, tingir, etc.) e os verbos em -
inguir sem prolação do u (distinguir, extinguir, etc.) têm grafias absolutamente
regulares (atinjo, atinja, atinge, atingimos, etc.; distingo, distinga, distingue, distinguimos,
etc.).
BASE XI
DA ACENTUAÇÃO GRÁFICA DAS PALAVRAS PROPAROXÍTONAS
1º) Levam acento agudo:
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a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica as vogais
abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado por vogal aberta:
árabe, cáustico, Cleópatra, esquálido, exército, hidráulico, líquido, míope,
músico, plástico, prosélito, público, rústico, tétrico, último;
b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam na sílaba tónica/
tônica as vogais abertas grafadas a, e, o e ainda i, u ou ditongo oral começado
por vogal aberta, e que terminam por seqüências vocálicas póstónicas/
pós-tônicas praticamente consideradas como ditongos crescentes (-
ea, -eo, -ia, -ie, -io, -oa, -ua, -uo, etc.): álea, náusea; etéreo, níveo; enciclopédia,
glória; barbárie, série; lírio, prélio; mágoa, nódoa; exígua, língua; exíguo,
vácuo.
2º) Levam acento circunflexo:
a) As palavras proparoxítonas que apresentam na sílaba tónica/tônica vogal fechada
ou ditongo com a vogal básica fechada: anacreôntico, brêtema, cânfora,
cômputo, devêramos (de dever), dinâmico, êmbolo, excêntrico, fôssemos
(de ser e ir), Grândola, hermenêutica, lâmpada, lôstrego, lôbrego, nêspera,
plêiade, sôfrego, sonâmbulo, trôpego;
b) As chamadas proparoxítonas aparentes, isto é, que apresentam vogais fechadas
na sílaba tónica/tônica, e terminam por seqüências vocálicas póstónicas/
pós-tônicas praticamente consideradas como ditongos crescentes:
amêndoa, argênteo, côdea, Islândia, Mântua, serôdio.
3º) Levam acento agudo ou acento circunflexo as palavras proparoxítonas, reais
ou aparentes, cujas vogais tónicas/tônicas grafadas e ou o estão em final de
sílaba e são seguidas das consoantes nasais grafadas m ou n, conforme o seu
timbre é, respectivamente, aberto ou fechado nas pronúncias cultas da língua:
académico/acadêmico, anatómico/anatômico, cénico/cênico, cómodo/
cômodo, fenómeno/ fenômeno, género/gênero, topónimo/topônimo; Amazónia/
Amazônia, António/Antônio, blasfémia/blasfêmia, fémea/fêmea,
gémeo/gêmeo, génio/gênio, ténue/tênue.
BASE XII
DO EMPREGO DO ACENTO GRAVE
1º) Emprega-se o acento grave:
a) Na contração da preposição a com as formas femininas do artigo ou pronome
demonstrativo o: à (de a+a), às (de a+as);
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b) Na contração da preposição a com os demonstrativos aquele, aquela, aqueles,
aquelas e aquilo ou ainda da mesma preposição com os compostos aqueloutro
e suas flexões: àquele(s), àquela(s), àquilo; àqueloutro(s), àqueloutra(s).
BASE XIII
DA SUPRESSÃO DOS ACENTOS EM PALAVRAS DERIVADAS
1º) Nos advérbios em -mente, derivados de adjetivos com acento agudo ou circunflexo,
estes são suprimidos: avidamente (de ávido), debilmente (de débil),
facilmente (de fácil), habilmente (de hábil), ingenuamente (de ingênuo), lucidamente
(de lúcido), mamente (de má), somente (de só), unicamente (de
único), etc.; candidamente (de cândido), cortesmente (de cortês), dinamicamente
(de dinâmico), espontaneamente (de espontâneo), portuguesmente (de
português), romanticamente (de romântico).
2º) Nas palavras derivadas que contêm sufixos iniciados por z e cujas formas de
base apresentam vogal tónica/tônica com acento agudo ou circunflexo, estes
são suprimidos: aneizinhos (de anéis), avozinha (de avó), bebezito (de bebé),
cafezada (de café), chapeuzinho (de chapéu), chazeiro (de chá), heroizito (de
herói), ilheuzito (de ilhéu), mazinha (de má), orfãozinho (de órfão), vintenzito
(de vintém), etc.; avozinho (de avô), bençãozinha (de bênção), lampadazita
(de lâmpada), pessegozito (de pêssego).
BASE XIV
DO TREMA
O trema, sinal de diérese, é inteiramente suprimido em palavras portuguesas
ou aportuguesadas. Nem sequer se emprega na poesia, mesmo que haja separação
de duas vogais que normalmente formam ditongo: saudade, e não saüdade,
ainda que tetrassílabo; saudar, e não saüdar, ainda que trissílabo; etc.
Em virtude desta supressão, abstrai-se de sinal especial, quer para distinguir,
em sílaba átona, um i ou um u de uma vogal da sílaba anterior, quer para
distinguir, também em sílaba átona, um i ou um u de um ditongo precedente,
quer para distinguir, em sílaba tónica/tônica ou átona, o u de gu ou de qu de um
e ou i seguintes: arruinar, constituiria, depoimento, esmiuçar, faiscar, faulhar,
oleicultura, paraibano, reunião; abaiucado, auiqui, caiuá, cauixi, piauiense; aguentar,
anguiforme, arguir, bilíngue (ou bilingue), lingueta, linguista, linguístico;
cinquenta, equestre, frequentar, tranquilo, ubiquidade.
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Obs.: Conserva-se, no entanto, o trema, de acordo com a Base I, 3º, em palavras
derivadas de nomes próprios estrangeiros: hübneriano, de Hübner, mülleriano,
de Müller, etc.
BASE XV
DO HÍFEN EM COMPOSTOS,
LOCUÇÕES E ENCADEAMENTOS VOCABULARES
1º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas por justaposição que não contêm
formas de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, adjetival, numeral
ou verbal, constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento
próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido:
ano-luz, arce-bispo, arco-íris, decreto-lei, és-sueste, médico-cirurgião, rainha-
cláudia, tenente-coronel, tio-avô, turma-piloto; alcaide-mor, amorperfeito,
guarda-noturno, mato-grossense, norte-americano, porto-alegrense,
sul-africano; afro-asiático, cifro-luso-brasileiro, azul-escuro, luso-brasileiro,
primeiro-ministro, primeiro-sargento, primo-infeção, segunda-feira; contagotas,
finca-pé, guarda-chuva.
Obs.: Certos compostos, em relação aos quais se perdeu, em certa medida, a
noção de composição, grafam-se aglutinadamente: girassol, madressilva, mandachuva,
pontapé, paraquedas, paraquedista, etc.
2º) Emprega-se o hífen nos topónimos/topônimos compostos, iniciados pelos adjetivos
grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por
artigo: Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-
Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha,
Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-
Montes.
Obs.: Os outros topónimos/topônimos compostos escrevem-se com os elementos
separados, sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde,
Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc. O topónimo/topônimo Guiné-
Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo uso.
3º) Emprega-se o hífen nas palavras compostas que designam espécies botânicas
e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento:
abóbora-menina, couve-flor, erva-doce, feijão-verde; benção-dedeus,
erva-do-chá, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inâcio, bem-me-quer
(nome de planta que também se dá à margarida e ao malmequer); andorinhagrande,
cobra-capelo, formiga-branca; andorinha-do-mar, cobra-d'água, lesma-
de-conchinha; bem-te-vi (nome de um pássaro).
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4º) Emprega-se o hífen nos compostos com os advérbios bem e mal, quando estes
formam com o elemento que se lhes segue uma unidade sintagmática e
semântica e tal elemento começa por vogal ou h. No entanto, o advérbio
bem, ao contrário de mal, pode não se aglutinar com palavras começadas por
consoante. Eis alguns exemplos das várias situações: bem-aventurado, bemestar,
bem-humorado; mal-afortunado, mal-estar, mal-humorado; bem-criado
(cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso), bem-falante (cf malfalante),
bem-mandado (cf. malmandado). bem-nascido (cf. malnascido) , bem-soante
(cf. malsoante), bem-visto (cf. malvisto).
Obs.: Em muitos compostos, o advérbio bem aparece aglutinado com o segundo
elemento, quer este tenha ou não vida à parte: benfazejo, benfeitor, benquerença,
etc.
5º) Emprega-se o hífen nos compostos com os elementos além, aquém, recém e
sem: além-Atlântico, além-mar, além-fronteiras; aquém-fiar, aquém-
Pireneus; recém-casado, recém-nascido; sem-cerimônia, sem-número, semvergonha.
6º) Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais,
adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o
hífen, salvo algumas exceções já consagradas pelo uso (como é o caso de água-
de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia,
ao deus-dará, à queima-roupa). Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem
hífen as seguintes locuções:
a) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;
b) Adjetivas: cor de açafrão, cor de café com leite, cor de vinho;
c) Pronominais: cada um, ele próprio, nós mesmos, quem quer que seja;
d) Adverbiais: à parte (note-se o substantivo aparte), à vontade, de mais (locução
que se contrapõe a de menos; note-se demais, advérbio, conjunção, etc.), depois
de amanhã, em cima, por isso;
e) Prepositivas: abaixo de, acerca de, acima de, a fim de, a par de, à parte de, apesar
de, aquando de, debaixo de, enquanto a, por baixo de, por cima de,
quanto a;
f) Conjuncionais: afim de que, ao passo que, contanto que, logo que, por conseguinte,
visto que.
7º) Emprega-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se
combinam, formando, não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares
(tipo: a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade, a ponte Rio20
Niterói, o percurso Lisboa-Coimbra-Porto, a ligação Angola-Moçambique, e
bem assim nas combinações históricas ou ocasionais de topónimos/
topônimos (tipo: Austria-Hungria, Alsácia-Lorena, Angola-Brasil, Tóquio-
Rio de Janeiro, etc.).
BASE XVI
DO HÍFEN NAS FORMAÇÕES POR PREFIXAÇÃO,
RECOMPOSIÇÃO E SUFIXAÇÃO
1º) Nas formações com prefixos (como, por exemplo: ante-, anti-, circum-, co-,
contra-, entre-, extra-, hiper-, infra-, intra-, pós-, pré-, pró-, sobre-, sub-, super-,
supra-, ultra-, etc.) e em formações por recomposição, isto é, com elementos
não autónomos ou falsos prefixos, de origem grega e latina (tais como:
aero-, agro-, arqui-, auto-, hio-, eletro-, geo-, hidro-, inter-, macro-, maxi-,
micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto, pseudo, retro-, semi-, tele-
, etc.), só se emprega o hífen nos seguintes casos:
a) Nas formações em que o segundo elemento começa por h: anti-higiénico/antihigiênico,
circum-hospitalar, co-herdeiro, contra-harmónico/contraharmônico,
extra-humano, pré-história, sub-hepático, super-homem, ultrahiperbólico;
arqui-hipérbole, eletro-higrómetro, geo-história, neohelénico/
neo-helênico, pan-helenismo, semi-hospitalar.
Obs.: Não se usa, no entanto, o hífen em formações que contêm em geral os
prefixos des- e in- e nas quais o segundo elemento perdeu o h inicial: desumano,
desumidificar, inábil, inumano, etc.
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal
com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infraaxilar,
supra-auricular; arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-
onda, semi-interno.
Obs.: Nas formações com o prefixo co-, este aglutina-se em geral com o
segundo elemento mesmo quando iniciado por o: coobrigação, coocupante, coordenar,
cooperação, cooperar, etc.
c) Nas formações com os prefixos circum- e pan-, quando o segundo elemento
começa por vogal, m ou n (além de h, caso já considerado atrás na alínea a):
circum-escolar, circum-murado, circum-navegação; pan-africano, panmágico,
pan-negritude.
21
d) Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e super-, quando combinados
com elementos iniciados por r: hiper-requintado, inter-resistente, superrevista.
e) Nas formações com os prefixos ex- (com o sentido de estado anterior ou cessamento),
sota-, soto-, vice- e vizo-: ex-almirante, ex-diretor, ex-hospedeira,
ex-presidente, ex-primeiro-ministro, ex-rei; sota-piloto, soto-mestre, vicepresidente,
vice-reitor, vizo-rei.
f) Nas formações com os prefixos tónicos/tônicos acentuados graficamente pós-,
pré- e pró-, quando o segundo elemento tem vida à parte (ao contrário do que
acontece com as correspondentes formas átonas que se aglutinam com o elemento
seguinte): pós-graduação, pós-tónico/pós-tônicos (mas pospor); préescolar,
pré-natal (mas prever); pró-africano, pró-europeu (mas promover).
2º) Não se emprega, pois, o hífen:
a) Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo termina em vogal e o segundo
elemento começa por r ou s, devendo estas consoantes duplicar-se,
prática aliás já generalizada em palavras deste tipo pertencentes aos domínios
científico e técnico. Assim: antirreligioso, antissemita, contrarregra,
contrassenha, cosseno, extrarregular, infrassom, minissaia, tal como hiorritmo,
hiossatélite. eletrossiderurgia, microssistema, microrradiografia.
b) Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o segundo
elemento começa por vogal diferente, prática esta em geral já adotada
também para os termos técnicos e científicos. Assim: antiaéreo, coeducação.
extraescolar, aeroespacial, autoestrada, autoaprendizagem, agroindustrial, hidroelétrico,
plurianual.
3º) Nas formações por sufixação apenas se emprega o hífen nos vocábulos terminados
por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas,
como açu, guaçu e mirim, quando o primeiro elemento acaba em vogal
acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos
dois elementos: amoré-guaçu, anajá-mirim, andá-açu, capim-açu, Ceará-
Mirim.
BASE XVII
DO HÍFEN NA ÊNCLISE, NA TMESE E COM O VERBO HAVER
1º) Emprega-se o hífen na ênclise e na tmese: amá-lo, dá-se, deixa-o, partir-lhe;
amá-lo-ei, enviar-lhe-emos.
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2º) Não se emprega o hífen nas ligações da preposição de às formas monossilábicas
do presente do indicativo do verbo haver: hei de, hás de, hão de, etc.
Obs.: 1. Embora estejam consagradas pelo uso as formas verbais quer e requer,
dos verbos querer e requerer, em vez de quere e requere, estas últimas
formas conservam-se, no entanto, nos casos de ênclise: quere-o(s), requere-o(s).
Nestes contextos, as formas (legítimas, aliás) qué-lo e requé-lo são pouco usadas.
2. Usa-se também o hífen nas ligações de formas pronominais enclíticas ao advérbio
eis (eis-me, ei-lo) e ainda nas combinações de formas pronominais do
tipo no-lo, vo-las, quando em próclise (por ex.: esperamos que no-lo comprem).
BASE XVIII
DO APÓSTROFO
1º) São os seguintes os casos de emprego do apóstrofo:
a) Faz-se uso do apóstrofo para cindir graficamente uma contração ou aglutinação
vocabular, quando um elemento ou fração respectiva pertence propriamente
a um conjunto vocabular distinto: d'Os Lusíadas, d'Os Sertões; n'Os
Lusíadas, n'Os Sertões; pel'Os Lusíadas, pel'Os Sertões. Nada obsta, contudo,
a que estas escritas sejam substituídas por empregos de preposições íntegras,
se o exigir razão especial de clareza, expressividade ou ênfase: de Os
Lusíadas, em Os Lusíadas, por Os Lusíadas, etc.
As cisões indicadas são análogas às dissoluções gráficas que se fazem, embora
sem emprego do apóstrofo, em combinações da preposição a com palavras
pertencentes a conjuntos vocabulares imediatos: a A Relíquia, a Os Lusíadas (exemplos:
importância atribuída a A Relíquia; recorro a Os Lusíadas). Em tais
casos, como é óbvio, entende-se que a dissolução gráfica nunca impede na leitura
a combinação fonética: a A = à, a Os = aos, etc.
b) Pode cindir-se por meio do apóstrofo uma contração ou aglutinação vocabular,
quando um elemento ou fração respectiva é forma pronominal e se lhe
quer dar realce com o uso de maiúscula: d'Ele, n'Ele, d'Aquele, n'Aquele,
d'O, n'O, pel'O, m'O, t'O, lh'O, casos em que a segunda parte, forma masculina,
é aplicável a Deus, a Jesus, etc.; d'Ela, n'Ela, d'Aquela, n'Aquela, d'A,
n'A, pel'A, tu'A, t'A, lh'A, casos em que a segunda parte, forma feminina, é
aplicável à mãe de Jesus, à Providência, etc. Exemplos frásicos: confiamos
n'O que nos salvou; esse milagre revelou-m'O; está n'Ela a nossa esperança;
pugnemos pel'A que é nossa padroeira.
23
À semelhança das cisões indicadas, pode dissolver-se graficamente, posto
que sem uso do apóstrofo, uma combinação da preposição a com uma forma
pronominal realçada pela maiúscula: a O, a Aquele, a Aquela (entendendo-se
que a dissolução gráfica nunca impede na leitura a combinação fonética: a O =
ao, a Aquela = àquela, etc.). Exemplos frásicos: a O que tudo pode: a Aquela
que nos protege.
c) Emprega-se o apóstrofo nas ligações das formas santo e santa a nomes do hagiológio,
quando importa representar a elisão das vogais finais o e a:
Sant’Ana, Sant'Iago, etc. É, pois, correto escrever: Calçada de Sant'Ana. Rua
de Sant'Ana; culto de Sant'Iago, Ordem de Sant'Iago. Mas, se as ligações
deste gênero, como é o caso destas mesmas Sant'Ana e Sant'Iago, se tornam
perfeitas unidades mórficas, aglutinam-se os dois elementos: Fulano de Santana,
ilhéu de Santana, Santana de Parnaíba; Fulano de Santiago, ilha de Santiago,
Santiago do Cacém. Em paralelo com a grafia Sant'Ana e congêneres,
emprega-se também o apóstrofo nas ligações de duas formas antroponímicas,
quando é necessário indicar que na primeira se elide um o final: Nun'Álvares,
Pedr'Eanes.
Note-se que nos casos referidos as escritas com apóstrofo, indicativas de elisão,
não impedem, de modo algum, as escritas sem apóstrofo: Santa Ana, Nuno
Álvares, Pedro Álvares, etc.
d) Emprega-se o apóstrofo para assinalar, no interior de certos compostos, a elisão
do e da preposição de, em combinação com substantivos: horda-d'água.
cobra-d'água, copo-d'água, estrela-d'alva, galinha-d'água, màe-d'água, paud'água,
pau-d'alho, pau-d'arco, pau-d'óleo.
2º) São os seguintes os casos em que não se usa o apóstrofo:
Não é admissível o uso do apóstrofo nas combinações das preposições de e
em com as formas do artigo definido, com formas pronominais diversas e com
formas adverbiais (excetuado o que se estabelece nas alíneas 1º) a) e 1º) b) ).
Tais combinações são representadas:
a) Por uma só forma vocabular, se constituem, de modo fixo, uniões perfeitas:
i) do, da, dos, das; dele, dela, deles, delas; deste, desta, destes, destas, disto; desse,
dessa, desses, dessas, disso; daquele, daquela, daqueles, daquelas, daquilo;
destoutro, destoutra, destoutros, destoutras; dessoutro, dessoutra, dessoutros,
dessoutras; daqueloutro, daqueloutra, daqueloutros, daqueloutras; daqui;
daí; dali; dacolá; donde; dantes (= antigamente);
ii) no, na, nos, nas; nele, nela, neles, nelas; neste, nesta, nestes, nestas, nisto;
nesse, nessa, nesses, nessas, nisso; naquele, naquela, naqueles, naquelas, na24
quilo; nestoutro, nestoutra, nestoutros, nestoutras; nessoutro, nessoutra, nessoutros,
nessoutras; naqueloutro, naqueloutra, naqueloutros, naqueloutras;
num, numa, nuns, numas; noutro, noutra, noutros, noutras, noutrem; nalgum,
nalguma, nalguns, nalgumas, nalguém.
b) Por uma ou duas formas vocabulares, se não constituem, de modo fixo, uniões
perfeitas (apesar de serem correntes com esta feição em algumas pronúncias):
de um, de uma, de uns, de umas, ou dum, duma, duns, dumas; de algum,
de alguma, de alguns, de algumas, de alguém, de algo, de algures, de
alhures, ou dalgum, dalguma, dalguns, dalgumas, dalguém, dalgo, dalgures,
dalhures; de outro, de outra, de outros, de outras, de outrem, de outrora, ou
doutro, doutra, doutros, doutras, doutrem, doutrora; de aquém ou daquém; de
além ou dalém; de entre ou dentre.
De acordo com os exemplos deste último tipo, tanto se admite o uso da locução
adverbial de ora avante como do advérbio que representa a contração dos
seus três elementos: doravante.
Obs.: Quando a preposição de se combina com as formas articulares ou
pronominais o, a, os, as, ou com quaisquer pronomes ou advérbios começados
por vogal, mas acontece estarem essas palavras integradas em construções de infinitivo,
não se emprega o apóstrofo, nem se funde a preposição com a forma
imediata, escrevendo-se estas duas separadamente: afim de ele compreender;
apesar de o não ter visto; em virtude de os nossos pais serem bondosos; o fato de
o conhecer; por causa de aqui estares.
BASE XIX
DAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS
1º) A letra minúscula inicial é usada:
a) Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes.
b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera.
c) Nos bibliónimos/bibliônimos (após o primeiro elemento, que é com maiúscula,
os demais vocábulos, podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes
próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do paço de Ninães, O Senhor
do paço de Ninães, Menino de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e
Tambor.
d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.
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e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas: SW sudoeste).
f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste
caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel
Mário Abrantes, o Cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena).
g) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente,
também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou
Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas).
2º) A letra maiúscula inicial é usada:
a) Nos antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios: Pedro Marques; Branca
de Neve, D. Quixote.
b) Nos topónimos/topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de
Janeiro; Atlântida, Hespéria.
c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Neptuno/
Netuno.
d) Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias
da Previdência Social.
e) Nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos.
f) Nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado
de São Paulo (ou S. Paulo).
g) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente:
Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo
sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente,
por oriente asiático.
h) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas
com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas:
FAO, NATO, ONU; H2O, Sr., V. Exª.
i) Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierarquicamente,
em início de versos, em categorizações de logradouros públicos:
(rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou
Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios
(palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha).
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Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam
a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos
ou normalizações específicas (terminologias antropológica. geológica, bibliológica,
botânica, zoológica etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras,
reconhecidas internacionalmente.
BASE XX
DA DIVISÃO SILÁBICA
A divisão silábica, que em regra se faz pela soletração (a-ba-de, bru-ma, cacho,
lha-no, ma-lha, ma-nha, má-xi-mo, ó-xi-do, ro-xo, te-me-se), e na qual, por
isso, se não tem de atender aos elementos constitutivos dos vocábulos segundo a
etimologia (a-ba-li-e-nar, bi-sa-vó, de-sa-pa-re-cer, di-sú-ri-co, e-xâ-ni-me, hipe-
ra-cús-ti-co, i-ná-bil, su-bo-cu-lar, su-pe-rá-ci-do), obedece a vários preceitos
particulares, que rigorosamente cumpre seguir, quando se tem de fazer em fim
de linha, mediante o emprego do hífen, a partição de uma palavra:
1º) São indivisíveis no interior de palavra, tal como inicialmente, e formam, portanto,
sílaba para a frente as sucessões de duas consoantes que constituem
perfeitos grupos, ou sejam (com exceção apenas de vários compostos cujos
prefixos terminam em h, ou d: ab- legação, ad- ligar, sub- lunar, etc., em vez
de a-blegação, a-dligar, su-blunar, etc.) aquelas sucessões em que a primeira
consoante é uma labial, uma velar, uma dental ou uma labiodental e a segunda
um l ou um r: ablução, cele-brar, du-plicação, re-primir; a-clamar, decreto,
de-glutição, re-grado; a-tlético, cáte-dra, períme-tro; a-fluir, a-fricano,
ne-vrose.
2º) São divisíveis no interior da palavra as sucessões de duas consoantes que não
constituem propriamente grupos e igualmente as sucessões de m ou n, com
valor de anasalidade, e uma consoante: ab-dicar, Ed-gordo, op-tar, sub-por,
absoluto, ad-jetivo, af-ta, bet-samita, íp-silon, ob-viar; des-cer, dis-ciplina,
flores-cer, nas-cer, res-cisão; ac-ne, ad-mirável, Daf- ne, diafrag-ma, drac--
ma, ét-nico, rit-mo, sub-meter, am-nésico, interam- nense; bir-reme, cor-roer,
pror-rogar; as-segurar, bis-secular, sos- segar; bissex-lo, contex-to, ex-citar,
atroz-mente, capaz-mente, infeliz- mente; am-bição, desen-ganar, en-xame,
man-chu, Mân-lio, etc.
3º) As sucessões de mais de duas consoantes ou de m ou n, com o valor de nasalidade,
e duas ou mais consoantes são divisíveis por um de dois meios: se nelas
entra um dos grupos que são indivisíveis (de acordo com o preceito 1º),
esse grupo forma sílaba para diante, ficando a consoante ou consoantes que o
precedem ligadas à sílaba anterior; se nelas não entra nenhum desses grupos,
a divisão dá-se sempre antes da última consoante. Exemplos dos dois casos:
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cambraia, ec-tlipse, em-blema, ex-plicar, in-cluir, ins-crição, subs-crever,
trans-gredir; abs-tenção, disp-neia, inters-telar, lamb-dacismo, sols-ticial,
Terp-sícore, tungs-tênio.
4º) As vogais consecutivas que não pertencem a ditongos decrescentes (as que
pertencem a ditongos deste tipo nunca se separam: ai-roso, cadei-ra, insti-tui,
ora-ção, sacris-tães, traves-sões) podem, se a primeira delas não é u precedido
de g ou q, e mesmo que sejam iguais, separar-se na escrita: ala-úde, áreas,
co-apeba, co-ordenar, do-er, flu-idez, perdo-as, vo-os. O mesmo se aplica
aos casos de contiguidade de ditongos, iguais ou diferentes, ou de ditongos e
vogais: cai-ais, caí-eis, ensaí-os, flu-iu.
5º) Os digramas gu e qu, em que o u se não pronuncia, nunca se separam da vogal
ou ditongo imediato (ne-gue, ne-guei; pe-que, pe-quei, do mesmo modo
que as combinações gu e qu em que o u se pronuncia: á-gua, ambí-guo, averi-
gueis; longín-quos, lo-quaz, quais-quer.
6º) Na translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras
em que há um hífen, ou mais, se a partição coincide com o final de um
dos elementos ou membros, deve, por clareza gráfica, repetir-se o hífen no
início da linha imediata: ex-alferes, serená- -los-emos ou serená-los- -emos,
vice- -almirante.
BASE XXI
DAS ASSINATURAS E FIRMAS
Para ressalva de direitos, cada qual poderá manter a escrita que, por costume
ou registro legal, adote na assinatura do seu nome.
Com o mesmo fim, pode manter-se a grafia original de quaisquer firmas
comerciais, nomes de sociedades, marcas e títulos que estejam inscritos em registro
público.

Fonte: http://www.abril.com.br/arquivo/acordo_ortografico.pdf

Tuesday, July 27, 2010

Se a realidade não é boa, o mais urgente é compreendê-la, não revoltarmo-nos contra ela ou suavizarmo-la com determinações, ideais ou racionalizações astuciosas.
E, como pode a felicidade vir da tristeza, ou, a paz do conflito? Não podem, não é?
E sim, amar até quem nos faz mal. Por que não?
Sem nos considerarmos superiores.

Sunday, July 25, 2010

Todos determinamos inventar, criar,
mas, nem todos criamos...
Não sendo a invenção sem limites.

Friday, July 23, 2010

Uma nova palavra para mim,
macaxeira, por exemplo, já não nova para ti...
Uma nova composição de palavras, por exemplo,
Joana Márcia Elias Machoqueira,
ainda mais nova para ti...
E, experiência diretíssima, pessoalíssima, sem
sombra de má interferência alguma,novíssima,
sem letra, palavra alguma, indescritível,
libérrima, até de rima, sem a mínima réstia de medo...
Já o prazer parece ser assim:
tu ou eu na mesma ocasião ou em ocasiões diferentes
contentamo-nos em não ter dor(es); eu e/ou tu
em ocasiões diferentes ou na mesma procuramos o prazer.
Mas, depois do prazer vem a memória do prazer
e quase sempre o desejo de mais... até que dor re-começa,
talvez só para dizer que já chega daquele prazer,
que outro importa ou não buscar...
A mente é filha do tempo, que é palavra, pensamento... Que cria e alimenta o medo. Abrimos a porta, entramos profundamente nisto, e, em contacto com o medo e/ou com quem o personifica, e... todo o medo cessa e a enorme janela da liberdade, da alegria se abre.
Compreender a essência profunda do medo, que é a ânsia por ser, alcançar outra(s) coisa(s), com as dependências de coisas, ideias e pessoas implicadas, não o esforço, a luta para nos tornarmos corajosos, que gera ainda mais medo... Compreender totalmente o medo, só o compreender é que liberta!!
E, seguramente que o presente vem do passado,mas, nunca como repetição, imitação: o tempo eterno re-cria-se, re-nova-se a cada momento.E... nós somos UM com este glorioso Tempo!!

Wednesday, July 21, 2010

Tantos, demasiados que só falam, só debatem, e nada fazem para resolver os problemas, as questões!...
Barulho, só barulho de conchas ocas, vazias.

Tuesday, July 20, 2010

O medo é a causa de muita desgraça e sofrimento.Talvez sim ou talvez não o medo de grandes perigos se justifique: afinal, o maior dos perigos é a morte, e, não se justifica, já vimos, em absoluto, termos medo dela.
Agora, a origem, uma das essências do medo, é o desejo de estarmos sempre seguros,certo? Entretanto, na vida e nos Vivos tudo é insegurança e impermanência, e, a grande segurança é com a compreensão disto, que é a verdade, a realidade,o que é, e não pelo desejo e luta pela segurança.
E, fugir do medo ( e quantas actividades disto e daquilo, até como pintar, ler, rezar, falar de deus, escrever, cantar, e identificações com isto e com aquilo, como nação, família, ideologia...não são fugas ao medo...)só aumenta o medo, claro. Como podia ser de outro modo?
Entretanto, e em contacto com a coisa/pessoa/ser observada enquanto medo, quando a mente já não foge pela palavra ou atividade (isto aplica-se também, p.e., à dor psicológica, e, eventualmente física), não cessa a divisão entre nós e a coisa observada enquanto medo? Seguramente que cessa. E, a própria mente, nervos e todo o corpo deixam de ter medo.
E, cessando toda a divisão cessa não só o medo como toda a competição, ambição e destruição/morte.
De modo que, o urgente não é como ficarmos livres do medo, mas, compreendermos/conhecermos o medo, o que só pode acontecer ao entrarmos em contacto profundo e total com ele e com o/quem o personifica, como a fome, a sede ou quem nos ameaça com a perda do emprego, do filho(a), do marido, da mulher, dos pais, da casa, da terra, da vitória...

Monday, July 19, 2010

E não basta portanto conhecer as causas do medo ruim a fim dele nos vermos livres: é preciso compreender a natureza do medo, que é tempo, que é pensamento, que é desejo: medo é desejo, e, não ter medo ruim é fundamental à grande claridade. E, não ter medo é não ter ruim desejo.
E... temos medo do facto, da morte, por exemplo, ou da ideia, da palavra, da imagem, do símbolo a ela associados ( o cangalheiro, o carro funerário, o morto, o caixão... são símbolos da morte, não é?) ?
É da ideia, da palavra, da imagem, do símbolo da morte que temos medo, certo? Pois, diante do facto, da realidade da morte, e eventualmente até da ideia da própria morte tudo está bem, ninguém tem medo.
E, pensamento iluminado,claridade... felicidade, só sem medo!
Não há portanto vida abundante sem relação,
assim como não existe grande relação sem alguma tensão,
mas, tensão que não seja conflito da destruição,
tensão amorosa, não enganosa, de boa beneficiação.

Friday, July 16, 2010

•O pensamento não tem nada de mal; na sua essência até é bom.
•O problema do pensamento está no pensamento dividido, em querermos e não querermos, em amarmos e odiarmos, em pensarmos mal, portanto.
•Mas, pensarmos séria e profundamente nas questões, nas grandes questões, e, com grande sentimento, só pode ajudar a resolvê-las.
•Ora, a história e a observação o indicam, não conseguimos resolver o problema dos opostos, do bem e do mal, por exemplo, juntando-os: só há um modo de ultrapassarmos o problema do egoísmo, da maldade, e, é pela cessação do mau desejo, eventualmente de todo o desejo, que também é pensamento. E, não pensemos que vamos ser infelizes por causa da ausência do desejo, não forçada, claro. Isso não é possível, atendendo a que por todo o lado o problema deverá ser desejar demais, não de menos.
Há muita inveja e ódio no mundo, mas, também existe muito amor. A ideia divide e mata, mas, é possível agirmos sem ideia.
A ação sem ideia é amor verdadeiro, sem desejo.
Os opostos e as oposições não são passíveis de união, fusão ou transcendência. Mas, quando atentos, tranquilos, serenos, em silêncio o amor vem, cessa a ação conflituosa, sem estagnação, e, recomeça a ação extraordinária do amor.
A pessoa que está cheia de amor não tem ego, não quer ganhar, não se identifica, não condena, não defende, tem paciência, não deseja... e, como tal resolve, ajuda e cria.

Tuesday, July 13, 2010

Mas haverá objectivo a atingir?

A meta não é o caminho?

E falar, falar... Não é resolver.

Se cada um só quer vencer

na sua opinião, no seu fazer...

Se não observamos,

se não ouvimos,

se não concordamos

profundamente,

se eu não findar definitivamente...

Como vamos entender,

como vamos cooperar realmente?

Monday, July 12, 2010

Até pode ser que seja necessário coisas e pessoas mudar e melhorar,
mas, não temos de stressar nem de nos preocupar, nem de nos esforçar
por atingir algo, não só tão diminuto afinal, como verdadeiramente irreal
e muito maléfico: "a luta pela ilusão é a desintegração" (k.).
Libertos de todo o desejo, de todo o vir a ser, de todo o ideal,
de toda a esperança sem desãnimo, de toda a comparação, competição, defesa e condenação...
Então tudo sofre completa e boa transformação e integração. E, para o mau não havendo nomeação,
deixa ele de existir, por dissolução.

Sunday, July 11, 2010

A autoridade, nossa ou de outros, da experiência ou da ideia, é a essência do conflito, da corrupção e da destruição. O fim de toda a autoridade é pois a paz, a justiça e a vida.

Friday, July 09, 2010

Por vezes ficamos cansados do trabalho, do calor... Mas, mesmo quando só temos um ligeiro vislumbre de que algo de muito grande nos escapa... Isso é o inominável, o eterno que nos visita. E como é boa a frescura no ou depois do calor!
Não somente o conforto
mas também o que está para lá do condiconamento,
que é a liberdade, o sagrado, o intemporal, o desconhecido,
o inominável... do silêncio, do estrondo, do vazio, do pleno... não impostos.
E, o que devia ser e o que é, sem condenação nem lambe botas, sem tempo.

Tuesday, July 06, 2010

Só o empenhamento
e a atenção
libertam do padrão,
do mecânico.

Temos de descobrir
por nós mesmos:
crença até mesmo
na verdade, nada vale.

Sunday, July 04, 2010

Há uma inteligência na natureza, e, nós temos de cooperar com ela, não fugir-lhe ou explorá-la. Mas, na natureza, como entre os humanos, há seres que querem destruir outros seres: não podemos deixar que isso aconteça. Trabalhando assim, com e na natureza/humanos, realizamo-nos, somos felizes.
O que não descobrimos, quando andamos atentos, quando trabalhamos com amigos e menos amigos e natureza!
E temos de trabalhar com falecidos, vivos e por nascer, e, com todos os instrumentos de trabalho, de bem estar e produção e destruição. Mas, há seres/pessoas que se propagam desequilibradamente, prejudicando outros. Têm de ser controlados ou até destruídos.E, há segredos que são só para os amigos...
Começa tudo sempre com dois ou três ou mais... E, separados, não cooperativos, estagnamos; unidos, cooperantes vivemos, multiplicamo-nos, temos vida abundante e feliz; e uns contra os outros uns morrem e outros vivem...
Ser ilimitado é não ter centro egocêntrico, ou ter infinitos centros altruístas.
E, o molhado e o vivo não são melhores do que o seco e o morto, são somente diferentes: entendendo que vivo e morto são um só e iguais vive-se e morre-se muito melhor.
Sem egocentrismo não há sofrimento e existe compaixão, amor, afeto, alegria e felicidade.

Friday, July 02, 2010

É escusado, quem o não sabe, o esforço
para a criatividade: pelo contrário,
quanto mais me esforço, quanto mais me torço
menos originalidade,menos corço.

Criatividade é total abertura,
nenhum ego... Criatividade é candura
sem manha nem imprudência...
Criatividade é comunicação mole e dura.

Criatividade é integração,
e fragmentação...E é fruição,
alegria e fluidez sem destruição...
Portanto, quanto menos conflito, mais criação!

Procurar ter ou ser pela luta não só não é o mais
importante, como é a única causa de todos os nossos ais:
compreender e não fugir à frustração, à solidão, à probreza...
que é o que somos, é que é importante por demais!

Experimentemos aceitar estes males sem condenação nem identificação:
todo o conflito e toda a insuficiência terminam então,
devido à profunda e à larga e à alta compreensão...
Donde brotam a realidade, a inteligência criadoras de toda a felicidade...
Não há verdade real, efectiva sem a transcendência do tempo, e, alegria, felicidade são muito mais do que prazer físico, que não desprezamos.
Transcender o tempo é esvaziar a mente dos conteúdos temporais, passageiros, passados ou futuros, esvaziamento que é silêncio, serenidade, mesmo no meio do grande barulho.
Perceber, ver, ser este silêncio é a maior, a mais frutuosa e a mais digna das ações que podemos realizar e que é o semear do amor, da afeição por todo o lado, entre pessoas, animais e natureza, com toda a certeza do seu nascimento e bela frutificação imediatos.
É que, sem intervalo entre ver e fazer/agir não podem existir nem conflito, nem tristeza, nem dor, nem confusão.
Mas, não é com calculismo nem com método e invenção de cobiça que atingimos tal silêncio criativo e mui belo!

Thursday, July 01, 2010

O todo, o todo!... não só a forma, o perfume, a beleza.


Escolher, inveja, cobiça, desejo de poder... nem para com os mais chegados, pois, só geram conflitos e inimizades.



E, de que servem as falsidades das ilusões, das fantasias, dos romantismos, dos mitos...?
Irmos sempre mais além, nunca nos ficando pelos mestres, pelas preces, pelos milagres, pelos eus superiores, pelos deuses(Deus)...que mais não são do que meras projecções dos eus e suas respectivas respostas a essas projecções...
Fim do eu igual
a fim do tempo,
da monotonia,
da recordação,
da tradução,
do (re)conhecimento,
da repetição enfadonha,
da identificação...
Sem acção do eu,
a renovação,
o sempre novo,
a criatividade,
a originalidade,
o amor, a amizade,
a totalidade...
Sem a autoconsciência do eu,
o pleno amor
em toda a relação.
Instantaneamente,
sem procurar,
sem desejar...
e, o eterno novo amar.