Friday, March 27, 2009

O OBJECTIVO da ArTe

"... Se a realidade impressionasse directamente os nossos sentidos e a nossa consciência(!...), se pudéssemos entrar em comunicação (i)mediata com as coisas (e seres) e nós próprios (!...), julgo bem que a arte seria inútil, ou melhor, que todos seríamos artistas, porquanto a nossa alma vibraria então continuamente em uníssono com a natureza (e todo o existente)!..!... Os nossos olhos, ajudados pela memória seccionariam no espaço e fixariam no tempo quadros inimitáveis.Dum relance, o nosso olhar fixaria, esculpido no mármore vivo do corpo humano, fragmentos de estátuas tão belas como as da estatuária antiga. Ouviríamos ecoar no fundo nas (das) nossas almas como que uma música por vezes ( sempre) alegre, quase sempre (nunca) plangente (triste), sempre original, a melodia initerrupta da nossa vida interior (e exterior).... (Cheiraríamos somente os inebriantes cheiros das larangeiras, dos tremoçais, das rosas... dos mais bem cheirosos acepipes e jardins, e perfumes, e mulher...).. Entre nós ... e a nossa própria consciência, um véu se interpõe, espesso para o comum dos homens,LEVE VÉU,(Podendo-se ver,transparente)para o artista e para o PO-E-TA..."(Fecha os olhos:com menina dos olhos todo o cuidado é pouco:mas olhos entreabertos,por causa dos albertos,é que são certos, rouco!)Que fada teceu tal véu? Foi (é) preciso viver!.

(Mistério:Adoramos o mistério!)...

A sinceridade é comunicativa. O que o artista viu, não o veremos nós, é certo, da mesma maneira; mas se ele o viu inteiramente, o esforço que fez para desviar ou pôr? o véu, impõe-se à nossa imitação. A sua obra é um exemplo que nos serve de lição. E é precisamente pela eficácia da lição que se mede a verdade da obra. A verdade traz, pois, em si, um poder de convicção, de conversão mesmo, que é a marca pela qual a reconhecemos. Quanto maior for a obra e mais profunda a verdade entrevista, mais poderá demorar o seu efeito, mas/e mais esse efeito tenderá a tornar-se universal...Muito diferente é o objecto da COMÉDIA...""

Fonte: O RISO – ensaio sobre o significado do cómico, de Henri Bergson, da Guimarães Editora, 1993 - Lisboa

Nota: o que está entre parêntesis é...Mistér.o ... Mistério.!...

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