O GRANDE ACORDO
«Alegações finais José António Pinto Ribeiro MINISTRO DA CULTURA
" O Acordo deve entrar em vigor neste semestre"
JOÃO CÉU E SILVA
Porquê o seu empenhamento na apresentação do novo software linguístico para o Acordo Ortográfico?
O Flip 7 é um instrumento de facilitação ortográfica em curso que faz a adaptação sob as normas do Acordo Ortográfico. Quando se escreve no computador, o programa trata o texto segundo as novas regras e lentamente a pessoa irá escrever da nova maneira. Tal como deixámos cair os acentos graves nos advérbios de modo, assim vai aontecer com estas alterações agora.
É uma ferramenta fundamental?
É uma ferramenta extraordinária, porque tem capacidade de simplificar o trabalho das pessoas ao permitir acesso a uma plataforma que tem a ver com a língua portuguesa, com dicionários e explicações de palavras, e facilita o perceber das grafias e transforma a ortografia utilizada por cada um na do Acordo.
A apresentação na Biblioteca Nacional é intencional?
A Biblioteca Nacional tem todas as grafias da nossa língua nos vários livros que guarda. Deve acontecer aí a apresentação de um suporte que simplifica a nossa escrita.
Quando é que o acordo entra mesmo em vigor?
O mais depressa possível, daqui a dois, três ou quatro meses. Mas tal não significa que os alunos tenham erros nas suas redacções só porque escrevem "redacção" com dois "c" em vez de um. O professor irá corrigindo porque esta nossa aprendizagem vai ser feita progressiva e lentamente. Os professores vão integrando e ensinando para que daqui a seis anos estejamos todos habituados ao Acordo Ortográfico, que entrou em vigor naturalmente, e escrever "acto" sem "c" e "acção" só com "ç".
Mas ainda não há uma data definitiva?
Não existe uma data definitiva. Estamos em contacto com Cabo Verde e S. Tomé, e com os outros países da CPLP, para o mais depressa possível e com o maior número de Estados, que tenham ratificado o Acordo, entrarmos em conjunto no mesmo dia nos jornais oficiais. O Acordo deve entrar em vigor neste primeiro semestre de 2009.
O Acordo ainda é muito criticado!
A nossa maior vantagem e património é a língua portuguesa e é impossível não ter consciência de que o seu valor depende do número que a fala. Não somos dez ou 20 milhões isolados na Europa, mas multiplicámos os falantes do português para 240 milhões, dos quais 190 milhões são brasileiros.
Ficámos reféns do Brasil
Não, o Brasil é que ficou refém de nós, porque eles é que falam portugês. A internacionalização da língua obriga a que o léxico seja enriquecido por todas estas variações, que devem ser integradas, ou a língua começa a separar-se. Uma delas é não ter uma escrita comum.»
Fonte: Dn online de 17 de Fevereiro de 2009-02-17
Comentário:
Efectivamente a língua é questão, beleza e intrumento fundamental. Basta lembrar Babel, o hebraico, o sânscrito, Camões, Pessoa, a mãe, o grego, o latim, o inglês, etc., etc., ....
E, como as línguas são faladas e escritas por pessoas, são tanto mais valiosas e belas, quanto mais bonitas, vastas e valorosas quem as escreve e fala!
Neste sentido, não deverá ficar de fora do Acordo nem um único falante da língua de Florbela ou de Natália e nossa, só por que a fala, escreve ou sonha num país não da CPLP!
Por outro lado, parece-me, só ficaremos reféns, mesmo da mais desenvolvida e perfeita língua do mundo, se presos pelo pecado de Babel, o que não deverá ser o caso. E, só a interdependência, não a dependência, existe, embora nem sempre justa.
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